E o Tupi está voltando
Atualmente, livros de tupi estão chegando às livrarias, cursos atraem cada vez mais estudantes. Uma recém-fundada organização não governamental, a Tupi Aqui, no Estado de São Paulo, já propõe a inclusão do idioma no currículo do segundo grau. E o público brasileiro já pode assistir a um filme todo falado em tupi, o Hans Staden, com a participação de atores famosos como Stênio Garcia, Sérgio Mamberti e Cláudia Liz.
Grande parte desses projetos deve-se ao esforço pioneiro de Eduardo de Almeida Navarro, professor da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo, a única em todo o país que oferece curso de tupi antigo, também chamado de tupi clássico, uma língua que, até o século 18, era falada por todos os habitantes do país, incluindo portugueses e africanos. Por conta do sonho de manter viva a cultura tupi, o professor Navarro, fundador da ONG Tupi Aqui, já foi apelidado até de Policarpo Quaresma, nome do idealista personagem criado pelo escritor Lima Barreto. No livro de Barreto, Quaresma chegou a ser internado em um hospício, ao tentar fazer do tupi a "língua oficial e nacional do povo brasileiro". Navarro espera que sua modesta proposta consiga incluir o idioma tupi nos currículos das escolas de São Paulo. Outros seguidores, como o professor Hélder Perri Ferreira participa do projeto, como revisor do livro que Eduardo Navarro acabou de lançar, o Método Moderno de Tupi Antigo - A Língua do Brasil dos Primeiros Séculos. Concebido como um manual didático para leigos, o livro ensina tanto a escrita quanto a fala tupi, por meio de notações fonéticas simples, que praticamente dispensam a presença do professor.
Neste estudo, a insistência em destacar a toponímia indígena justifica-se, tanto pela necessidade de resgate de uma história perdida em meio à diversidade de pistas, visto que é muito grande o número de vestígios de uma cultura, quanto pela marcas profundas presentes no vocabulário brasileiro, de uma língua esquecida pelos próprios descendentes indígenas, que ainda existem, e que a cada dia, com a moderna concepção inclusiva, eles encontram mais motivos para existir.