"Criou o Senhor Deus, o homem, à sua imagem e semelhança..."



Multipartiu-se, distribuindo em cada um dos fragmentos, suas potencialidades, como espelho que se quebra em pedaços de tamanhos diferenciados, mas conservando as propriedades.Assim, ainda que a matéria fosse de formato e tamanhos diferentes, haveria a essência divina impregnada.
E aí nascia a Matemática.
Deus usou a divisão,como critério matemático e arquitetônico para equipar a máquina humana que devora e defeca.
É o que me parece ter sido!
Dividir, em partes proporcionalmente iguais, uma matemática divina... O corpo humano muito tem de Matemática: representando os números pares, os dois rins, os dois pulmões,os dois ovários, e outros órgãos ou partes do corpo.
O coração, número primo, único, singular, divide-se por ele e pela sua unidade, ou seja, concentrado em sua tarefa rítmica de comandar a grande orquestra, disputa com o cérebro a primazia de mover a intrincada e complexa máquina humana.
Para o cérebro, engendrou uma central elétrica com pulsos, impulsos e conexões, que estabelecem sinapses e aí admitiu a possibilidade de curtos-circuitos, raios, dando início a um vasto campo de trabalho para os profissionais em neurologia, psiquiatria e afins...
Mas ainda continuou matemático na sua construção...
Ordenou os grandes órgãos e suas funções como perfeitas equações, que ao deslocarem suas partes para outro lado, equilibram com o sinal, proporcionando pesos que se correspondem. Tudo planejado... pra ser compensatório, trazer o equilíbrio.
Não é uma manobra matemática, então, quando se perde a função de um órgão e parte dele se regenera, ou , assume a função do que se perdeu? Uma pessoa pode viver com apenas um rim, um olho...


Muitas outras manobras matemáticas foram realizadas na obra da criação...mas o Senhor não se deu por satisfeito...!
Ele, como todo gênio, não suporta o mesmismo, e, no afã de renovar, algumas peças começaram a se diferenciar...faltaram partes, outras se constituíram de aspectos diferentes das originais... Eram os seres especiais, os com necessidades próprias, peculiares.... Estes sim, auxiliariam na composição da espécie humana... Atuariam como agentes de humanização e melhoria, uma espécie genial que mobilizaria os demais e neutralizaria a bestialidade de instintos, que são sempre as sobras aparadas durante um processo de lapidação civilizatória. Seriam os preparadores de uma sociedade humanitária, mais doce e justa. Mais democrática e poética, onde todos cabem e para todos o Sol deve brilhar. A promessa de um vale doce de Eden. Onde o simplorismo e a pureza sejam sinônimos de decência.
Então, a Matemática não teve mais função...
E Deus criou a Literatura!
Aí houve um impasse geral...mas revolucionário...
E Deus , na sua infinita sabedoria , percebeu logo que, o que de seu, não coubera racionalmente na máquina humana, Ele distribuiria , conforme o seu plano da essência divina, entre as partes fragmentadas desse corpo original... Mas não igualitariamente...
Assim, pelo "Grande Sertão:Veredas!" de cada um de nós, semeou em doses diferentes, um certo desejo de grandiosidade, de generosidade, de elevação espiritual, de senso estético, de inventividade, de sonho, de idealismo, de arrebatamento...
Aí , nasceu a arte!
E o Senhor deu-se por satisfeito!