É avida! Eu sonhava acordado em exercer a profissão escolhida por outros, e pensada por mim como se a escolha tivesse sido minha. Circunstâncias externas me faziam ser um sonhador de sonhos alheios. Influenciável que era, eu falava como se já fosse o que pretendia ser um dia. Opinava a respeito, como se a muito exercesse tal profissão. Sentia-me importante. Embarcava em pretensões outras que não minhas, e sonhava ser o que não sabia que não queria. Mas para que tudo acontecesse de acordo com minhas pretensões, precisava dedicar grande parte de meus dias, a percorrer os caminhos que me levavam à elas. Mas, e a vontade onde estava? Talvez misturada ao meu jeito indolente de ser, enquanto escondia de todos e de mim, que o sonho não era meu. Eu apenas seguia o que queriam. Deixava-me levar, para que não houvesse confrontos. Nem comigo mesmo. Mas tempo foi passando e me levando com ele. Nada realizei... Sentia-me desconfortável, deixando que as decisões de minha vida fossem tomadas por outros, fantoche da vida que eu era e não sabia, ou não queria saber, tranquilo em meu conforto. As noites eram longas e eu as passava a “contar carneirinhos! E não entendia o porquê de tudo, que estava tão claro, mas não para mim.... De repente me dei conta que alguma coisa estava errada. A inquietação tomou conta de mim. Precisava mudar meu jeito de encarar a vida e aos outros, lidar com a minha frustração, com o medo de não ser aceito. Mas como? Seria fácil mudar minha história de vida? Certamente não, mas agora eu estava determinado a ser eu mesmo. Disciplinar-me-ia, movido que estava pelo desejo de ultrapassar todas as barreiras e alcançar meu objetivo final, que era ter as rédeas de minha vida nas mãos. Resolvi então dar o primeiro passo em direção à identificação de meus propósitos, de minhas prioridades, driblando todas as circunstâncias que dificultavam minha caminhada. Escolhi o melhor caminho, o que para mim valia mais, mas certamente não o mais fácil.... Mas eu estaria livre para viver. Sem amarras. Se eu consegui? Sim, pois tudo agora só dependia de mim, de minha vontade, determinação e disciplina. As escolhas agora eram minhas. Não mais me deixaria levar pelas opiniões alheias, pelo que julgavam ser o melhor para mim. Demorei saber o que realmente queria da vida, e depois não mais voltei a ser o que já tinha sido um dia. Tornei-me um outro homem. Aquele que sempre deveria ter sido.