Às vezes pensamos que a vida toma jeito e volta a seguir seu curso normal. Tolo engano! Noticiários televisivos anunciam sempre o contrário. Assassinatos matam a esperança de se construir um povo mais civilizado. Peculatos mostram que estamos sendo guiados por mãos erradas. Droga, furtos, etc, tudo isso realmente diz que a vida segue o rumo natural das coisas.
O que é o rumo natural? Será que já nos acostumamos a ver a desgraça e nem sentir o arrepio da indignação? Não! Estamos acomodados, passivos, assistindo ao espetáculo oferecido pela mazela sem esboçar reação nenhuma. Estamos com as algemas da acomodação, elegendo, ou melhor, criando heróis para nos defender. Rezamos e usamos de fé inconsistente para amenizar a nossa inconseqüência de cidadão. Será que sabemos o que é ser cidadão?
Aprendemos a aplaudir o que deveríamos ignorar, mas a nossa perversão nos estimula. Fazemos contas, contabilizando assim o roubo de governantes. Tudo isso é de um masoquismo que não dá para explicar. Explicar a nossa permissão, nossa aceitação e ainda dizer uma antiga e estúpida frase:? Ele rouba, mas faz?. Somos sim, um povo que ainda cultiva a submissão, a subserviência.
Paga meu gás, minha conta de energia e de água e me dá um tapinha nas costas que o meu voto e dos meus familiares é seu. Esse é realmente o preço do atraso. Parecemos putas quando necessitamos do imediato, vendemo-nos barato e ainda damos até o troco. O troco da estupidez gratuita.
A vida não segue o curso normal, desse jeito ela parece andar de viés. O curso normal seria um povo com sangue nas veias, clamando, bradando por mudanças. Insistir num país menos desigual e digno, isso sim, irá fazer as coisas tomarem seus devidos lugares. Mas enquanto existir um prato vazio na mesa de um ser humano, um analfabeto e um excluído por racismo, algo está errado. A vida está ainda tomando a direção contrária da sensatez.