O treinador Dunga, após a vitória do Brasil sobre a Suíça por 2x1, desfilando sua roupa très chic à beira do gramado, com a ponta de uma gravata vermelha enfiada no bolso do paletó, confirmou que sua filha lhe dá alguns conselhos sobre como se vestir bem: "Gabriela dá alguns sugerimentos" - saiu-se com essa pérola.

Isso me faz lembrar de Roberto Rivelino, o inventor do drible chamado "elástico": logo depois de se aposentar, começou num novo emprego, o de comentarista esportivo. No primeiro trabalho, Riva saiu-se também com palavras que não constam nos dicionários, dizendo "lançação" no lugar de "lançamento". Felizmente, Rivelino desistiu logo depois do novo emprego e foi cuidar de seus curiós. Ficamos livres de ouvir palavras como "impedição" (impedimento) e "expulsamento" ou "expulsação" (expulsão).

O comentarista Casagrande já melhorou bastante, fala melhor que no início do trabalho na TV Globo, em que desfila o terninho azul "três porquinhos" junto com Falcão e Galvão Bueno. Falcão é um gentleman, fala bem, é consiso. Galvão Bueno tem lá algum carisma, embora muitos achem que ele foi o culpado pela derrota do Brasil na última Copa... Pura maldade! Até a última corrida de Schumacher, que foi heptacampeão e não sei quantas vezes vice, Galvão Bueno não aprendeu a pronunciar corretamente o nome do alemão. Sempre se referia a ele como "Xúmaquer", em vez do correto "Xúmaher", o "h" aspirado - uma mistura de alemão com inglês. Tanto numa quanto na outra língua, Schumacher quer dizer "sapateiro", literalmente "aquele que fabrica sapato".

Aliás, nas últimas Olimpíadas, na Grécia, Galvão deu uma "buenada": lançou um manifesto para retirar o tiro ao alvo dos Jogos, dizendo que se tratava de uma violência sem limites... Ora, dar tiro no vento é muito mais seguro para os atletas do que a luta de boxe, p. ex., que costuma deixar muitos com o nariz achatado. Ironicamente, naqueles Jogos um atleta foi levado nocauteado para o hospital, com suspeita de fratura do crânio.

E Casagrande? Até hoje ele fala em "apesar que", em vez do correto "apesar de que". Paciência.

Voltando a Dunga. Tudo bem, o ex-jogador, hoje técnico da seleção brasileira, pode continuar a inventar neologismos, que de neologismos não tem nada, desde que continue a vencer seus adversários, ou pelo menos empatar com eles - como tem conseguido até agora.

Com "impedição", "lançação" ou "sugerimento", continue falando errado, Dunga, desde que você vença a Copa da América no próximo ano e que consiga uma vaga para o Brasil na próxima Copa do Mundo.

Um "sugerimento" meu a você, Dunga: não deixe mais o Ronaldinho Gaúcho no banco. Vai que o endiabrado jogador se enfeza e não queira mais jogar na seleção e vai em busca da modelo francesa que acabou com ele na última Copa...