VÂNIA VIEIRA D. DA CRUZ*

Domínio Morfoclimático dos Chapadões Recobertos por Cerrados e Penetrados por Matas Galerias

1. INTRODUÇÃO

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Este artigo tem por objetivo central, abranger como um todo, os aspectos naturais do Centro-Oeste; referindo-se, sobretudo, ao conhecimento do domínio morfoclimático da região em questão.

Ocontexto de domínio morfoclimático que será enfatizado permite conhecer o clima, a vegetação, o tipo de relevo, extensão territorial, entre outros aspectos naturais, de uma forma mais abrangente da região e não referindo-se, fragmentadamente, aos estados que a compõem.

2. METODOLOGIA

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A concepção teórico-metodológica adotada para o desenvolvimento desse trabalho cujo tema é Domínio Morfoclimático dos Chapadões Recobertos por Cerrados e Penetrados por Matas Galerias refere-se a uma abordagem científica, tendo como origem os pressupostos teóricos de Aziz Nacib Ab'saber (1973) em sua bibliografia Geomorfologia: A Organização Natural das Paisagens Inter e Subtropicais Brasileiras. A bibliografia acima foi a mais utilizada, tendo assim maior contribuição na elaraboração deste trabalho.

Nessa mesma linha, a metodologia fundamenta-se também as propostas de Guerra e Cunha (1998), em seu livro Geomorfologia do Brasil, cuja contribuição possibilitou a tipologia e definição dos solos encontrados no Centro-Oeste; também como a variação dos índices pluviométricos e ostipos de relevo.

*Estudante do Curso de Geografia da IES: Fundação Educacional de Duque de Caxias/ 8° Período.

3. CONCEITO DE DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO

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Segundo Ab'saber (1973), domínios morfoclimáticos, são grandes domínios paisagísticos, definidos inicialmente pelos principais quadros de vegetação, tipo de clima, intemperismo[1], fatores pedogenéticos[2], apresentando padrões de paisagens, de caráter regional.

4. DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO DA REGIÃO CENTRO-OESTE

CARACTERISTICAS

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O nome utilizado para designar o domínio morfoclimático da Região Centro-Oeste é Domínio dos Chapadões Recobertos por Cerrados e Penetrados por Florestas- Galerias, Ab'saber (1973).

Área de primeira grandeza espacial, avaliada em 2 milhões de km2. A precipitação tem uma variação de 1.300 e 1.800 mm, concentradas no verão e relativamente baixa no inverno; definindo o verão como estação úmida e o inverno seco. O Centro-Oeste é uma área continental, ou seja, não tem saída para o oceano; em virtude da expansão da MEC (Massa Equatorial Continental) no Verão, possibilita períodos de fortes precipitações, Ab'saber (1973).

Essas chuvas, que se concentram em aproximadamente 6 meses, em especial durante o verão, caem, muitas vezes de forma torrencial, com totais que chegam a atingir mais de 150 mm em um único dia, Guerra e Cunha (1998) apud Macedo (1994).

4.a. RELEVO:

Segundo Ab'saber (1973), predominam os Planaltos Cristalinos, Planaltos Sedimentares, Depressões e Planícies.

ØPlanaltos Cristalinos, cujo substrato rochoso tem a sua origem magmática intrusiva, ou seja, formam-se a partir da solidificação do magma nas porções inferiores da Terra, Guerra e Cunha (1998) apud Toledo (1980).

ØPlanaltos Sedimentares são àqueles cujo substratotemsua origem a partir da Litificação; variação de temperatura e pressão onde sedimentos são submetidos, passando de um material friável para coeso, Guerra e Cunha (1998) apud Toledo (1980).

ØDepressões: circundam os planaltos e foram geradas pelo desgaste erosivo das massas rochosas menos resistentes. As bordas de contato das depressões com os planaltos, constituída muita das vezes por escarpas praticamente verticais, atestam a resistência desigual do substrato rochoso à erosão, Guerra e Cunha (1998).

ØPlanícies: São áreas mais baixas em relação aos planaltos; ocorre a deposição de sedimentos advindos do planalto. As superfícies apresentam-se notavelmente aplainadas e ainda em processo de consolidação, Ab'saber (1973).

4.b. DRENAGEM

ØDrenagem perene para cursos d'água principais (primários) e secundários, Ab'saber (1973).

Apesar das chuvas concentradas no verão, caracterizando um período mais úmido, e o inverno com características peculiares, sendo a precipitação relativamente baixa, encontra-se no Centro-Oeste uma drenagem perene em detrimento ao fluxo de base[3] bem atuante nessa Região, Ab'saber (1973).

4.c. SOLOS

Segundo Guerra (1998) apud Macedo (1994), a distribuição dos solos dessa área pode ser dividida da seguinte maneira: Latossolos ( 49%), Podzólicos (15%), Areias Quartzosas (15%), Cambissolos e Litólicos (10%), Hidromórficos (8%).

ØOs Podzólicos apresentam uma suscetibilidade de moderada a alta aos processos erosivos. Possuem algumas restrições para o uso agrícola, devido à sua baixa fertilidade; quando ocorrem em relevos acidentadas possuem restrições à sua mecanização, Guerra (1998).

ØAs Areias Quartzosas correspondem a solos pouco desenvolvidos, possuindo origem nos arenitos e nos sedimentos arenosos não consolidados, Guerra (1998).

ØOs Cambissolos e os Solos Litólicos ocorrem, quase sempre, em terrenos acidentados. Possuem elevados teores de silte e são, muitas vezes, cascalhentos. Pelas suas características físicas e químicas, associadas ao relevo acidentado, onde geralmente ocorrem, não deveriam ter uso agrícola. Quando isso acontece, os processos erosivos acelerados estão sempre presentes, Guerra (1998).

ØOs Hidromórficos ocorrem em áreas inundadas, áreas de deposição de sedimentos; possuem grande quantidade de matéria orgânica. Têm baixa suscetibilidade à erosão, Guerra e Cunha (1998).

ØOs Latossolos são solos bastante porosos e permeáveis, possuem boa agregação conseqüentemente uma boa estrutura, Guerra e Cunha (1998).

4.d. VEGETAÇÃO

ØDo ponto de vista fisionômico, o Cerrado é uma savana tropical, ou seja, uma formação na qual o estrato de árvores e arbusto coexiste com a vegetação rasteira formada essencialmente por gramíneas. No mosaico do Cerrado, entrelaçam-se trechos de campos limpos (gramíneas), campos sujos (gramíneas e arbustos), campos cerrados (predominância de arbustos com espécies de 3 a 5 metros) e cerradões (bosques com copas que se tocam e criam sombra, nos quais o estrato herbáceo[4]-arbustivo[5] é menos denso), Ab'saber (1973).

ØAs Matas Galerias[6] ocorrem ao longo das margens dos rios, onde a umidade do solo é maior, Ab'saber (1973).

4.e. INTEMPERISMO

ØOcorre a atuação intensa do intemperismo químico no período de maior umidade, já que o mesmo refere-se à atuação direta da água da chuva na fragmentação litológica que posteriormente disponibiliza material para iniciação do processo edáfico[7], Ab'saber (1973).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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O estudo de um domínio morfoclimático, possibilita um conhecimento mais abrangente de uma Região em evidência.

São os grandes desígnios paisagísticos que englobam características peculiares da vegetação, tipos de solos, índice pluviométrico, entre outros aspectos naturais.

Referir-se a um dado lugar de uma forma geral e não fragmentada permite a concepção de aspectos menos detalhados, onde a escala geográfica de paisagem retrata com proeminência.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AB'SABER, Aziz Nacib. Geomorfologia: A organização Natural das paisagens Inter e

Subtropicais Brasileiras. USP, SP, 1973.

CUNHA, S. B. e GUERRA, A. J. T. Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro, Ed.

Bertrand Brasil, 2000, 3ª edição.



[1] Processo de decomposição da rocha.

[2] Fatores desencadeadores da formação do solo.

[3] Quantidade de água armazenada em subsuperfície que serve para abastecer os rios em época de estiagem.

[4] Vegetação herbácea: caracteriza-se por uma vegetação baixa e não rasteira como a gramínea.

[5] Vegetação arbustiva: é encontrada em regiões onde o clima tem variações nos índices pluviométricos; é marcada pela alternância sazonal entre uma estação úmida e uma estação seca.

[6] São também designadas como matas ciliares.

[7] Referente ao solo.