Precisei ver o filme “50 Tons de Cinza”, para tirar minhas conclusões como mulher e ser humano, confesso um certo medo, analisando os desejos de homem e mulher. Cristian Grey, galante, lindo e rico. O homem perfeito aos olhos das mulheres, até elas conhecerem o seu gosto singular. Esse belíssimo homem, amordaça, bate, faz contratos relatando o que faz e o que não faz dentro de um quarto vermelho, onde ele guarda seus apetrechos sadomasoquistas. 

Inicialmente ele oferece um mundo de luxo, de vaidade, onde conquista mulheres fáceis de serem submissas. O filme trata uma relação perigosa, com abuso físico e emocional. Parece glamoroso porque ele oferece um mundo em troca de prazer. Apesar de ser uma ficção, senti pena do personagem, que aparentemente demonstra doenças emocionais, com uma infância triste abandonado aos quatro anos de idade, por uma  mãe viciada em diversas drogas, foi adotado por uma família rica. Aos 15 anos foi seduzido por uma mulher bem mais velha e sofreu abusos iguais ao que ele praticou no filme. No seu inconsciente amor está relacionado à dor, sente prazer em machucar mulheres de forma repugnante. A personagem  Anastasia é alguém romântica e que se apaixona pelo galante e rico e ingenuamente aceita seguir os seus desejos bizarros.

Certamente, se fosse real, esse relacionamento teria um triste fim. Cristian seria preso e Ana internada para tratamento psicológico. Ou contrário, viveriam dessa forma. Sem final feliz.

Qualquer mulher que tenha amor próprio não aceita a dor. Em um homem, ela busca confiança, segurança, quer ser respeitada e amada, deseja casar-se e ter filhos. E não dessa forma, açoitada e mal tratada.

Qualquer homem normal quer uma mulher que seja forte, que saiba tomar decisões e não seja subordinada a ele, alguém que não aceita os seus desvios.

Anastasia do filme escolheu mal, tá na cara. Teve sua primeira experiência sexual com Cristian e se apaixona. Ele a manipula abusando dos seus sentimentos. Penso que essa não é uma decisão normal, racional, pensante. É algo ilusório. O filme retrata o amor irreal, levando aos expectadores a confundirem os sentimentos, alguns chegam a acreditar que essa prática é amor e romance. O filme foi lançado no dia dos namorados um marketing exemplar, fez com que as pessoas acreditassem no romântico, mas na realidade não existe romance existe dor verdadeira.

Na minha opinião uma relação íntima saudável não inclui violência. Cristian demonstra claramente no filme que tem problemas psíquicos. Bem no finalzinho do filme mostra o personagem Cristian  refletindo sobre a situação e fica no ar que ele vai em busca de Anastasia. Aparentemente ele não é curado pelo amor dela. Porque é apenas um filme, no mundo real ele não mudaria sem ajuda profissional. Anastasia devoradora de livros, principalmente de clássicos da literatura, não estudou psicologia para ajudar pessoas desequilibradas estudou literatura inglesa, e será sempre uma eterna romântica, sem capacidade de ajudar pessoas que sangram por dentro.

De qualquer forma fiquei surpresa quando a personagem toma a decisão difícil de ir embora, após ter aceitado viver o masoquismo e que a fez sofrer muito.

Abuso não é glamoroso não é bonito “ 50 Tons de Cinza” não tem nada de cinza é completamente preto.

 

Sobre o autor: Kelly Vieira Costa Santos é formada em Administração com ênfase em Recursos Humanos, pós-graduada em Metodologia do ensino superior e Gestão Pública. Estudante de Pedagogia.