O envelhecimento da população mundial, inclusive da brasileira, implica em maior incidência de doenças crônico-degenerativas causadoras de demência, entre as quais destaca-se a doença de Alzheimer (DA). A DA é a causa mais comum de demência em idosos, acometendo de 1% a pouco mais de 6% da população a partir dos 65 anos e atingindo valores de prevalência superiores a 50% em indivíduos com 95 anos ou mais. No Brasil, os dados epidemiológicos são semelhantes. Em pesquisa feita em Catanduva (SP), 7,1% das pessoas com 65 anos ou mais apresentavam demência, sendo que DA foi diagnosticada em 55,1% desses casos (VILELA, 2006).

Os primeiros sintomas da Doença de Alzheimer aparecem usualmente após os 65 anos. Nos estágios iniciais da doença, o paciente demonstra dificuldade em pensar com clareza, tende a cometer lapsos e a se confundir facilmente, além de apresentar queda em seu rendimento funcional em tarefas complexas. Observa-se tendência ao esquecimento de fatos recentes e dificuldade para registrar novas informações. À medida que a doença progride, o paciente passa a ter dificuldades para desempenhar as tarefas mais simples, como utilizar utensílios domésticos, ou ainda para vestir-se, cuidar da própria higiene e alimentar-se. Na doença mais avançada, o indivíduo acaba por perder a capacidade de funcionar de modo independente, tornando-se dependente de um cuidador. O quadro se agrava quando o paciente desenvolve sintomas psicóticos ou alterações comportamentais, muitas vezes disruptivas, impondo grande desgaste para o próprio paciente e sobrecarga ao cuidador. O óbito geralmente advém após 10 a 15 anos de evolução, como complicação de comorbidades clínicas ou quadros infecciosos, em indivíduos que se tornaram progressivamente fragilizados pela doença crônica. Em cada uma destas etapas sucessivas, pode-se observar gradativa perda da autonomia, e conseqüente aumento das necessidades de cuidados e supervisão de terceiros para os portadores da doença (ABREU,2005).

O fator genético é considerado atualmente como preponderante na etiopatogenia da DA entre diversos fatores relacionados. Além do componente genético, foram apontados como agentes etiológicos, a toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associadas. É interessante ainda salientar que estes agentes podem ainda atuar por dano direto no material genético, levando a uma mutação somática nos tecidos (SMITH, 2007).

A deterioração do tecido cerebral observada na DA caracteriza-se fundamentalmente por redução do número de neurônios (morte neuronial) e comprometimento da função dos neurônios remanescentes, com decréscimo na síntese dos neurotransmissores e na condução do impulso nervoso pela diminuição da sinaptogênese. Diante da incapacidade de regeneração do tecido nervoso, os sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos instalam-se em decorrência desse comprometimento morfológico e funcional que se observa na DA. Inúmeros fatores podem produzir lesão ou morte neuronial, implicando ao final no aparecimento dos sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos que caracterizam a DA. Por outra parte, a relação dos fatores de risco e proteção atualmente considerados para a DA estão na sua totalidade catalogados na tabela abaixo (FERNANDES).
   

Fatores de risco

Fatores de proteção

Idade avançada
História familiar de demência , DA ou Síndrome de Down
Depressão
Traumatismo cranioencefálico
Uso de solventes
Intoxicação por alumínio
Nível educacional baixo
Campo eletromagnético
Sexo feminino
Fratura de quadril
Hipertensão arterial
Diabetes mellitus
Infarto do miocárdio
Anestesia geral
Fibrilação atrial
Hipotireoidismo

Ácido nicotínico
Antioxidantes
Medicações antiinflamatórias
TRH pós-menopáusica

Em resumo, do ponto de vista científico, pode-se afirmar que a incidência da doença de Alzheimer aumenta exponencialmente com a idade e que existem fortes indícios de que as formas precoces se relacionam com uma maior incidência familiar.

REFERÊNCIAS:


ABREU, Izabella Dutra de; FORLENZA, Orestes Vicente; BARROS, Hélio Lauar de. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Rev. psiquiatr. clín. ,  São Paulo,  v. 32,  n. 3, 2005.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010160832005000300005&lng=pt&nrm=iso>.Acesso em: 13  Out  2007.

VILELA, Luciana Pricoli; CARAMELLI, Paulo. A doença de Alzheimer na visão de familiares de pacientes. Rev. Assoc. Med. Bras. ,  São Paulo,  v. 52,  n. 3, 2006 .  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302006000300014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 13  Out  2007.

SMITH, Marília de Arruda Cardoso. Doença de Alzheimer. Rev. Bras. Psiquiatr. ,  São Paulo2007 .  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44461999000600003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 13  Out  2007

FERNANDES, César Eduardo; WEHBA, Salim; MELO, Nilson Roberto de; MACHADO, Rogério Bonassi. Doença de Alzheimer: a influência dos esteróides sexuais. Sociedade Brasileira do Climatério. São Paulo. Disponível em: http://www.vicnet.com.br/starfire/sobrac/9.html. Acesso em: 13 Out 2007