Introdução

O trabalho apresentado aqui é o resultado de leituras realizadas durante o Curso de Especialização em Educação (PROEJA) e que me levaram a questionar a respeito da existência de pesquisas na área da educação relacionadas ao campo específico do marxismo e outras propostas libertárias para a sociedade. O artigo pode ser considerado de revisão bibliográfica e procurei me ater às leituras realizadas durante o curso e aos debates provocados a partir daí.

Considero importante esta investigação por se tratar de uma ferramenta para o meu engajamento no processo ensino-aprendizagem com um viés crítico e libertário, bem como contribuir para que outros professores de História tenham mais possibilidades de refletirem e agirem no seu lócus de ação e assim superarem as dificuldades apresentadas em nossa área, como resultado da falência dos paradigmas que persistem em direcionar a prática pedagógica dos profissionais da educação neste país.

Procuro mostrar como a escola reproduziu o sistema produtivo e de que forma foi influenciada pelas demandas do mercado de trabalho no sistema capitalista. Apresento críticas a esse modelo pedagógico e algumas propostas de inserção político-pedagógica para o ensino médio, especificamente na modalidade PROEJA na qual irei trabalhar ao concluir este curso de especialização. Destaco as implicações metodológicas e avaliativas no ensino de História, por estar nesta área profissional por mais de 20 anos e verificar a necessidade de superação de paradigmas iluministas/positivistas com visão linear do processo histórico e um grande distanciamento da práxis dos alunos, em especial daqueles que ficaram excluídos da descola por muitos anos.

Este artigo foi dividido em três partes, sendo que a primeira trata especificamente sobre as formas de administração empresarial do sistema capitalista e suas influências na área pedagógica. No segundo momento procuro mostrar um pouco das influências dessas práticas político-pedagógicas no Brasil, sem a preocupação de dar conta de todos os períodos, pois seria completamente inviável neste momento. Por último, faço algumas reflexões a respeito das propostas que considero libertárias e que estão afinadas com um projeto socialista como, por exemplo, a Economia Solidária.

2. Taylorismo, fordismo e toyotismo: edições variadas de um mesmo projeto de exclusão.

Maria Queiroz (2003) fez uma abordagem a respeito dos modelos de administração científica adotados em dois momentos históricos distintos: "o período da pré-globalização" e "a era global". Ela mostrou que no primeiro momento foi criado e adotado, inicialmente nos Estados Unidos, o modelo Fordista/Taylorista[3] e no segundo momento, partindo de uma experiência japonesa, foi implantada na empresa Toyota [4]uma nova forma de gerenciamento que vem substituindo gradativamente o modelo anterior.

A autora comenta que o capitalismo nasceu e se desenvolveu a partir do sistema artesanal que vinha sendo praticado desde a Antiguidade e da Idade Média. A manufatura[5] foi substituída pela maquinofatura[6] que deu impulso a uma revolução no modo de produção capitalista que paulatinamente tornou-se globalizado. O capitalismo contou com a contribuição de teóricos do liberalismo[7] como Adam Smith que propôs que a fonte das riquezas é o trabalho e não o comércio, como havia sido preconizado anteriormente pelos mercantilistas (teóricos da primeira fase do capitalismo).

O trabalho que no sistema artesanal (manufatura) era realizado passo a passo por um mesmo trabalhador, passou a ser fragmentado no decurso do aperfeiçoamento do sistema capitalista, surgindo daí uma crescente especialização. Economia de tempo, maior produtividade, racionalização dos espaços, hierarquização e forte controle; enfim um "modelo científico" que desse conta desses novos tempos foi a formulação teórica preconizada por Frederick Taylor. Além de tudo isso, este engenheiro propunha o banimento do trabalho cerebral da oficina e sua centralização no departamento de planejamento. Dessa maneira, os trabalhadores foram sendo afastados dos processos de tomada de decisão e passaram a ser meros executores.

O processo de taylorização dos sistemas de produção e distribuição reproduziu-se no âmbito da educação. Constatamos que nas instituições educacionais, os alunos não eram estimulados a refletir criticamente sobre a realidade e as escolas passaram a valorizar a submissão e a obediência às autoridades; enfatizou-se também um planejamento com o máximo de racionalização para eliminar a subjetividade e maximizar resultados, utilizando-se de provas objetivas e estímulo a respostas rápidas e claras que estivessem de acordo com um propósito pré-definido (Ex: estudos dirigidos). Esta pedagogia tecnicista não passou de uma sistematização do modelo taylorista/fordista aplicados à educação, com a introdução de um dos seus pilares: "aprender a fazer".

Com o processo de globalização, o capitalismo passou por marcantes transformações e o caminho criado para a superação dessa crise aliou uma nova forma de organização econômica e ideológica: o neoliberalismo. O modelo taylorista/ fordista entrou em exaustão neste novo mercado, levando a uma forte descentralização e desconcentração do processo de produção. A palavra nesta nova ordem é "flexibilidade" para que as empresas possam se adequar às novas formas de produção e distribuição de mercadorias e serviços. Passa a existir uma crescente valorização do trabalho em equipe em detrimento ao trabalho individual, surgindo uma maior valorização do modelo toyotista de gerenciamento e um descrédito às formas tayloristas e fordistas de administração científica.

O toyotismo implantou a idéia de "qualidade total", um esforço concentrado para eliminar os defeitos de fabricação e comercialização o quanto antes. Outra invenção toyotista é o investimento constante na reciclagem dos trabalhadores e a criação da "polivalência"[8] dos funcionários para garantir a produção e o lucro das empresas. O modelo toyotista valoriza a iniciativa e a habilidade de identificar e resolver problemas. "Iniciativa é tudo": este é um slogan adotado por diversas empresas que pretendem tornar-se competitivas neste novo mercado.Verificamos que a economia globalizada tem influenciado os sistemas educacionais ao ponto de o mercado decidir cada vez mais que cursos devem ser implementados pelas instituições educacionais de iniciativa privada. "É importante observar que as mudanças educacionais estão ocorrendo fundamentalmente na forma e no conteúdo, mas o caráter produtivista e pragmático mantém-se arraigado..." (QUEIROZ - Apud FRIGOTO: 2000, p. 224).

Para Giovanni Alves (2007) o toyotismo pode muito bem ser chamado de "neofordismo" e pode ser assim conceituado como "uma nova ideologia orgânica da produção capitalista sob a mundialização do capital" (p.60). O autor considera o toyotismo como "um estágio superior de racionalização do trabalho que não rompe, a rigor, com a lógica do taylorismo e fordismo" (p. 58). Sendo uma continuidade do sistema capitalista, o toyotismo exerce a mesma exploração sobre os trabalhadores e continua sendo excludente, pois mantém o seu exército de reserva como forma de garantir a acumulação do capital. Por isso, o autor é bastante crítico com relação às promessas de empregabilidade apresentadas neste "novo modelo" e denuncia que, mesmo que fosse possível qualificar todos os trabalhadores e adequá-los às novas exigências, o mesmo não absorveria a todos.

No campo educacional vemos a mesma continuidade, ou seja a preparação para o mercado exige uma nova proposta de avaliação. Apenas para dar um exemplo, vemosa substituição da prova individual por trabalhos em equipe tornando o primeiro tradicional e até autoritário e o segundo em uma prática inovadora e quase revolucionária sem, na maioria das vezes, se fazer a crítica da presença do modelo toyotista nesta mudança de paradigma e continuidade das formas de legitimação e aperfeiçoamento do sistema capitalista.

3. Educação no Brasil: perspectivas e frustrações

Não é novidade afirmar que a educação nunca atingiu toda a população brasileira e que, no seu conjunto, os esforços dos políticos brasileiros não tiveram como objetivo central efetivar uma política de inclusão social. Pelo contrário, a evolução do sistema capitalista em nosso país foi um aprofundamento das desigualdades sócio-econômicas e um desrespeito às populações indígenas e de origem africana. As políticas neoliberais amadureceram em nosso país e encontraram solo fértil, na era FHC, para produzirem os seus frutos com o apoio dos organismos internacionais, especialmente do Banco Mundial, que investiu e planejou as diretrizes para o ensino de jovens e adultos e o ensino profissional. Os programas executados nos governos de FHC criaram uma crescente exclusão dos trabalhadores do processo de divisão dos bens produzidos neste período e como tal a política educacional foi danosa ao país, aumentando ainda mais o número de excluídos.

Após a vitória de LULA as aspirações de mudança aos poucos foram sendo refreadas e substituídas por ações políticas que levaram a uma profunda decepção por parte dos brasileiros pela constatação de que nesse governo houve uma reprodução de modelos e práticas de seu antecessor. O que fica claro, é que mesmo neste governo com um forte apelo eleitoral socialista, a redução ontológica (termo forjado por Marx e bastante utilizado por KUENZER, 2006), como recurso da burguesia para manter os trabalhadores submissos ao capitalismo e aceitar que o desemprego é pior que o subemprego, permanece no governo LULA pela tímida presença do Estado na educação pública que não aumenta a capacidade dos trabalhadores de inserirem-se no mercado com qualificação.

O governo LULA é, a meu ver, uma amálgama que reflete muito bem os arranjos partidários que o colocou e que o mantém no poder até hoje. Se por um lado o governo federal criou um programa ousado como o PROEJA ele também libera vultosas somas de dinheiro para a ESCOLA DE FÁBRICA, gerida por empresas particulares. Essa contradição produz uma crescente desarticulação dos programas elaborados pelo governo e impede a formação de políticas públicas consistentes e de longa duração. Esse Estado que não se apresenta de forma arrojada e não cria efetivas políticas públicas acaba aprofundando a prática neoliberal e o incentivo ao empreendedorismo como solução às graves distorções na geração de emprego e distribuição de renda. A desculpa do governo, combinada com discursos de consultores, apregoa a idéia do não emprego e da iniciativa individual para a conquista de sonhos empresariais. Assim, o governo tenta escamotear sua incompetência e abre espaço para que empresários criem cursos em várias áreas de formação profissional sem o devido acompanhamento dos órgãos públicos competentes, ligados ao ministério da educação e às secretarias de educação.

4. Economia solidária e uma proposta de ensino de história no PROEJA

Paul Singer (2005) e Cláudio Nascimento (2005) fazem interessantes considerações a respeito da funcionalidade da Economia Solidária a algumas sugestões para uma proposta educacional libertadora que pretendo comentar em conjunto com as propostas de Acácia Kuenzer (2006). Porém, antes disso considero necessária a apresentação de conceitos básicos de uma Economia Solidária:

Economia Solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valorização do ser humano - e não do capital - de base associativista e cooperativista, voltada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução ampliada da vida. Assim, nesta economia, o trabalho se transforma num meio de libertação humana dentro de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do trabalho capitalista. Além disso, a Economia Solidária possui uma finalidade multidimensional, isto é, envolve a dimensão social, econômica, política, ecológica e cultural. Isto porque, além da visão econômica de geração de trabalho e renda, as experiências de Economia Solidária se projetam no espaço público, no qual estão inseridas, tendo como perspectiva a construção de um ambiente socialmente justo e sustentável; vale ressaltar: a Economia Solidária não se confunde com o chamado "Terceiro Setor" que substitui o Estado nas suas obrigações legais e inibe a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores, enquanto sujeitos protagonistas de direitos. A Economia Solidária reafirma, assim, a emergência de atores sociais, ou seja, a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores como sujeitos históricos. (WIKIPEDIA. Extraído em 05/01/2008)

Segundo a CARTA DE PRINCÍPIOS DO FÓRUM BRASILEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA:

"A Economia Solidária constitui o fundamento de uma globalização humanizadora, de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo e voltado para a satisfação racional das necessidades de cada um e de todos os cidadãos da Terra seguindo um caminho intergeracional de desenvolvimento sustentável na qualidade de sua vida".

(Site: ims.marista.edu.br. Extraído em 26/01/2008, p. 1)

O mesmo documento estabelece os princípios gerais da Economia Solidária, que são:

- A valorização social do trabalho humano;

- O reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade;

- A busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza; (...)

- Um caminho que valoriza os seres humanos, independente da sua cor de pele, sexo, idade, orientação sexual, condição econômica ou cultural.

(Site: ims.marista.edu.br. Extraído em 26/01/2008, p. 2)

Se compararmos os princípios acima apresentados com o Plano Nacional de Qualificação analisado por Cláudio Nascimento (2005, p.60), perceberemos diversas similitudes com o documento acima citado, pois o PNQ estabelece que na escola deve existir:

1.Uma orientação pedagógico-metodológica que tem a cultura como elemento central e que valoriza os educandos como sujeitos dotados de saberes e identidades socialmente construídas, assim como reconhece e valoriza a diversidade cultural, étnica, social, regional e de gênero.

2.Um projeto pedagógico que tenha como eixos gerais articuladores os temas do trabalho e da cidadania, para proporcionar aos educandos uma articulação virtuosa entre sua inserção no mundo do trabalho e sua participação social e política.

3.Uma construção curricular que envolva as dimensões técnico-científica, sociopolítica, metodológica e ético-cultural.

4.A articulação ente os conteúdos, a realidade, a população local e os projetos de desenvolvimento territoriais.

5.A construção coletiva do conhecimento valendo-se da realização de trabalhos em grupo, debates em plenário, avaliações e sistematizações de prática educativa.

6.A valorização dos procedimentos e das mudanças de posturas no campo da intersubjetividade e do cotidiano, que permitam a construção de uma nova cultura do trabalho.

7.A utilização de elementos lúdicos que tenham correspondência com a cultura popular (vídeos, textos, poesias, músicas, teatro, etc.)

Acácia Kuenzer (2006) apresenta propostas para uma nova formulação no âmbito educacional que possibilita realizarmos uma análise marxista e propormos uma nova intervenção dos educadores em nossa sociedade, em especial àqueles envolvidos na educação básica. Assim como os autores citados acima, Kuenzer mostra as diversas alterações no sistema produtivo na passagem do taylorismo-fordismo para o toyotismo e apresenta as implicações disso tudo para os trabalhadores, mas além disso faz uma interessante proposta de reformulação de conteúdos e métodos de ensino que deveriam, segundo a autora, levar em consideração o mundo do trabalho e não o ideário iluminista/ positivista que ainda impera em nossas instituições de ensino.

Reformulados a partir das relações sociais e produtivas, os currículos adotados para a formação de cidadãos e trabalhadores deveriam articular conhecimento sobre o trabalho e conhecimento sobre as formas de gestão do trabalho. Dessa forma os trabalhadores/estudantes iriam conhecer na disciplina de História, por exemplo, o que ocorreu no Brasil no mundo do trabalho no período da escravidão; poderiam analisar as mudanças ocorridas com a migração de europeus e a utilização de mão-de-obra assalariada e as mudanças ocorridas com a implantação da CLT, no governo de Getúlio Vargas. Esses temas, porém poderiam ser mesclados com a compreensão de noções de gestão em cada período histórico, possibilitando aos alunos senso crítico para uma intervenção em seu próprio mundo do trabalho.

No entanto, o que normalmente se vê na escola é uma divisão clássica das diversas áreas do conhecimento, da forma como foi criada pelos educadores europeus no início do mundo contemporâneo, tendo como modelo uma sociedade burguesa. A meu ver, esses pressupostos devem ser deixados de lado para que possam ser criados novos arranjos definidos pela práxis social e pelas peculiaridades do locus em que está inserido o trabalhador ou aquele que busca oportunidade no mercado de trabalho.

Segundo Kuenzer (2006), os conteúdos poderiam ser os mesmos, mas a seleção e a metodologia seriam diferenciadas, evitando as fragmentações existentes no modelo tecnicista que ainda encontramos nas práticas dos nossos educadores. A partir deste quadro constata-se a necessidade de alterações nos procedimentos metodológicos que permitam superar a memorização por uma conseqüente formação de habilidades para localizar informações e produzir de forma criativa a partir dos dados selecionados. O fim desta educação seria a capacidade de resolver problemas apresentados pela própria prática social e produtiva. Na nova função exercida pelo professor, ele não mais ensinaria de forma direta os conteúdos julgados necessários para um aluno que deveria aprender de forma passiva.

Kuenzer (2006) afirma que o toyotismo criou novas formas de controle da produção e comercialização e a escola precisa promover a participação do aluno no acompanhamento de sua própria construção de conhecimento para que ele possa também compreender as novas formas de controle social e do trabalho. Assim, de forma crítica, o trabalhador poderia participar ativamente das diversas negociações articuladas no âmbito do trabalho. A concretização desses objetivos não é algo fácil, mas é possível para quem acredita na construção de uma utopia em que os trabalhadores possam inventar e reinventar o seu próprio destino.

Uma escola que possa formar "... cidadãos de novo tipo, intelectual, técnica e eticamente desenvolvidos e politicamente comprometidos com a construção da nova sociedade" (KUENZER, 2006, p. 49) é o desejo expresso pela autora, mas que só será possível realizar no Brasil quando o a educação básica, gratuita e de qualidade, aliada à formação profissional for direito de todos os brasileiros. Em minha opinião a implantação do PROEJA, apesar das fragilidades nas instituições públicas, é um passo para construirmos essa sociedade mais justa e menos excludente, pois este programa pode reconduzir à escola uma significativa parcela de brasileiros que foram excluídos do direito ao conhecimento acadêmico e ao preparo profissional, elementos básicos para construção de cidadania.

É importante reconsiderar juntamente com Paul Singer (2005, p. 16) que "... a prática de uma Economia Solidária exige que as pessoas que foram formadas no capitalismo sejam reeducadas. Essa reeducação tem de ser coletiva, pois ela deve ser de todos os que efetuam em conjunto a transição...". Daí a importância de transformar as aulas de História em momento de multiplicação das idéias aqui defendidas.

5. Considerações finais

É possível perceber, no relato acima, que a educação foi condicionada por formas de produção e por direcionamentos liderados pela classe burguesa predominante no sistema capitalista. A possibilidade de inserção de elementos de um modo de produção socialista depende de diversos fatores, não sendo a educação o elemento determinante dessa mudança. Na verdade a análise marxista nos mostra exatamente o contrário: a educação como elemento resultante das práticas sociais e econômicas de um sistema produtivo mais amplo. Portanto, não seria coerente pensar em mudanças na escola sem mudanças substanciais na sociedade e na economia. Daí a proposta deste artigo de articular a implementação de projetos de Economia Solidária, concomitantemente à substituição da atual prática escolar por uma Pedagogia Libertária.

Ao finalizar este artigo percebo diversas lacunas, mas me sinto satisfeito pelo aprendizado obtido. Possivelmente não há aqui novidades para a reflexão teórica e metodológica, pois se trata de uma revisão bibliográfica e procurei ser fiel aos autores consultados. Penso que o que há de novo e de desafiador seja a apresentação de propostas para a mudança de práticas pedagógicas relacionadas especificamente ao ensino de História no PROEJA, por se tratar de uma nova modalidade de ensino e por isso mesmo pouco explorada sob o ponto de vista da pesquisa acadêmica.

Escolhi o eixo temático de história social do trabalho e defini o espaço e o tempo, delimitando o estudo sobre o Brasil em três momentos: a escravidão negra e indígena, o trabalho assalariado de migrantes europeus e as mudanças no mundo do trabalho a partir da implantação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Desta forma procurei estabelecer um campo epistemológico que considero crucial para os candidatos aos cursos do PROEJA, por entender que nesta modalidade de ensino as propostas de conteúdo devam estar atreladas ao currículo integrado que poderá ser aplicado na instituição.

As atividades escolares devem acompanhar o mundo do trabalho e a avaliação também deve priorizar a práxis dos estudantes. Como por exemplo: a utilização de músicas conhecidas por eles e que tenham relação com os temas estudados, o aproveitamento da experiência e do conhecimento tácito desses alunos em debates realizados em sala de aula, solicitação de trabalhos de pesquisa que mesclem os novos conhecimentos apresentados na escola com aquilo que os alunos possam colher em seu próprio ambiente de trabalho ou familiar.

Referências

ALVES, Giovanni. Reestruturação produtiva, novas qualificações e empregabilidade. In: Dimensões da reestruturação produtiva: ensaios de sociologia do trabalho. Londrina: Práxis, 2007.

KUENZER, Acácia. "As mudanças no mundo do trabalho e a educação: novos desafios para a gestão". In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2006.

NASCIMENTO, Cláudio. Educação como elemento estruturante da economia solidária. In: KRUPPA, Sônia (Org.) Economia solidária e educação de jovens e adultos. Brasília: INEP, 2005.

QUEIROZ, Maria T. S. "Desafios à Educação num Mundo Globalizado". In: RBPAE - v.19, n° 1, Jan/Junho, 2003.

SINGER, Paul. A economia solidária como ato pedagógico. In: KRUPPA, Sônia (Org.) Economia solidária e educação de jovens e adultos. Brasília: INEP, 2005.

Fontes da Internet

http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_solid%C3%A1ria . Extraído no dia 5/01/2008.

Carta de Princípios do Fórum Brasileiro de Economia Solidária.

http://ims.marista.edu.br/Ecosol/tabid/103/Default.aspx .

Extraído no dia 26/01/2008.



[1] Trabalho apresentado no I Seminário sobre PROEJA do CEFET-PA.

[2] Professor de História do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará. Mestre em Antropologia e Graduado em História pela Universidade Federal do Pará.

[3] O sistema taylorista-fordista percebe as organizações como máquinas e administrá-las significa fixar metas e estabelecer formas de atingi-las; organizar tudo de forma racional, clara e eficiente, detalhar todas as tarefas e principalmente, controlar.

[4] A história da Toyota começa em finais do século 19, no momento em que Sakichi Toyoda inventou a primeira máquina de fiar elétrica no Japão, que acabou por revolucionar a indústria têxtil do país. A Toyota Motor Corporation (TMC) está entre as dez maiores empresas da listagem da Fortune Global 500, e posiciona-se entre as mais importantes corporações mundiais globais. A Toyota é, neste momento, o terceiro maior fabricante de automóveis mundial, com vendas anuais superiores a seis milhões de veículos nos cinco continentes.

[5]Manufatura é um processo de produção de bens em série padronizada, ou seja, são produzidos muitos produtos iguais e em grande volume. O processo pode ser manual (origem do termo) ou com a utilização de máquinas. Para obter maior volume de produção é aplicada a técnica da divisão do trabalho, onde cada trabalhador executa apenas uma pequena porção da tarefa. Assim, especializa-se e economiza movimentos, o que vai conferir a maior velocidade de produção.

[6] Na maquinofatura, o trabalhador estava sub­metido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.

[7] Corrente política que se afirma na Europa, mas também na América do Norte a partir de meados do século XVIII. Combate o intervencionismo do Estado em todos os domínios. Na economia defende a propriedade e a iniciativa privada, assim como a auto-regulação econômica através do mercado. Na política preconiza um Estado mínimo confinado a simples funções judiciais e de defesa. 

[8] O conceito moderno de administração inclui a polivalência entre os requisitos básicos de um profissional bem-sucedido. Se quiser vencer, o profissional deve agregar valores e desenvolver o maior número possível de habilidades.