Capitulo - I

Introdução

O presente trabalho vai fazer abordagem sobre problemática da divisão e classificação de orações subordinadas relativas nos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Macombe. Nesta escola, uma parte inestimável da população estudantil enfrenta problema sério de divisão e classificação de orações subordinadas relativas atropelando as regras básicas que orientam esta matéria. Assim, o presente trabalho visa identificar as causas que ditam a ocorrência deste problema, para posteriormente trazer propostas de soluções da problemática.

Este trabalho é composto por 4 (quatro) capítulos dos quais o primeiro ­é o da introdução, na qual se faz uma breve apresentação do problema em estudo, incluindo os objectivos, as metodologias e as hipóteses, no segundo capítulo desta abordagem faz-se a revisão da literatura consistindo, portanto, na busca de informações ligadas ao problema em causa. Assim, serão apresentados os conceitos de subordinação, subdivisão de orações subordinadas (substantivas, adjectivas e adverbiais); conceito e levantamento de pronomes relativos bem como a descrição das relativas. No terceiro capítulo faz-se a análise dos dados recolhidos confrontando-os com os pressupostos teóricos e, finalmente, está o quarto capítulo onde se apresenta a conclusão e as recomendações bem como a bibliografia que suportou a presente monografia.

 

1.1Tema

A problemática da divisão e classificação de orações relativas. Caso de estudantes da 10ªclasse da Escola Secundária Geral Macombe.

1.2 Delimitação do tema

O presente trabalho de investigação vai-se cingir fundamentalmente na problemática da divisão e classificação de orações subordinadas relativas, algo que se regista nos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Geral Macombe em Gondola. Nesta escola lecciona-se o 1º e o 2º ciclo respectivamente. Ela, situa-se nas bermas da Estrada Nacional nº 6, junto a Igreja Católica.

1.3 Justificativa

O tema apresentado neste trabalho de pesquisa enquadra-se dentro da política de educação onde o currículo do ESG, procura por um lado, dar uma formação teórica sólida que desenvolva as competências comunicativas que garantem a integração plena na vida social e económica do país. E elas são adquiridas com um domínio das regras que regulam o uso da língua. É assim, que a partir das dificuldades existentes nos alunos da 10ª classe na ESG Macombe em dividir e classificar as orações subordinadas relativas que nasce a preocupação em encontrar as causas que estão em volta deste problema.

Nesta óptica, o presente trabalho de investigação permitirá para além de detectar as causas, procurar descobrir as metodologias que estão sendo usadas pelos professores para em caso da sua inadequação, propor outras estratégias para solucionar o problema e elevar a competência nos alunos. 

1.4 Objectivos

“A definição dos objectivos, é o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa. O objectivo é sinónimo de meta ou fim. Os objectivos podem ser definidos em objectivo geral e objectivos específicos” (BELO 2004:9).

Nesta óptica, para o presente trabalho, os objectivos que foram traçados circunscreve-se no seguinte:

1.4.1 Objectivo geral

ü    Conhecer a problemática da má divisão e classificação de orações subordinadas relativas.

Objectivos específicos

ü    Identificar as razões da má divisão e classificação de orações subordinadas relativas.

ü    Identificar as metodologias usadas na leccionação desta matéria.

ü    Identificar as circunstâncias da ocorrência da problemática

ü    Propor medidas para a minimização do problema.

1.5 Relevância

Como afirmam GONÇALVES e STROUD (1977:4), ˝o erro é um indicador para a captação das estratégias de aprendizagem que o aprendente adapta e do nível de proficiência alcançado no decurso da aquisição de uma língua segunda ˝. Portanto, o presente trabalho pretende fornecer uma caracterização de erros “na divisão e classificação de orações subordinadas relativas”.

Constitui como desafio de Educação entre outros o “saber fazer” que proporciona uma formação e qualificação profissional sólida, um espírito empreendedor no aluno, formando para que ele se adapte, não só ao meio produtivo actual, mas também as tendências de transformação no mercado o que é só possível com o conhecimento sólido de conteúdos. Portanto dominar regras enquadra-se na competência linguística que se espera na sociedade e na vida profissional de qualquer um.

1.6 Problema

O presente problema enquadra-se nos desafios que a escola tem de fornecer ferramentas teóricas e práticas relevantes para que os jovens sejam bem sucedidos como cidadãos úteis a família e a comunidade. E, existindo problema deste género, todos os actores da educação se preocupam em perceber a origem e as circunstâncias do mesmo. Dai que se questiona:

Porque é que os alunos da Escola Secundaria Geral Macombe não sabem dividir e classificar as orações subordinadas relativas?

1.7. Hipóteses

As hipóteses são umas expectativas de resultados a serem encontrados ao longo da pesquisa e sob ponto de vista operacional elas servem como bases para a definição das metodologias de pesquisa, pois, ao longo de toda pesquisa poderão ser confirmadas ou refutadas. Assim, para este estudo constitui:

1.7.1 Hipótese básica

ü    Falta de domínio das classes gramaticais por parte dos alunos contribui seriamente na má divisão e classificação das orações subordinadas relativas.

1.7.2 Hipóteses secundárias

ü    Pouco domínio das funções sintácticas.

ü    Uso de metodologias inadequadas por parte dos professores.

1.8 Metodologias de Investigação

 “Método é um conjunto de normas -padrão que devem ser satisfeitas caso deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de levar a conclusões merecedoras de adesão racional”. (RUIZ 2009:138)

Para a efectivação deste trabalho de pesquisa foi usado o método de abordagem concretamente o indutivo e/ou hipotético - dedutivo pois recolheu-se dados através de inquéritos que consistiram no preenchimento de espaços, identificação de predicados bem como de pronomes relativos em frases construídas.

1.9 Delimitação da amostra

Para o presente trabalho usou-se uma amostra de 150 alunos da 10ª classe referente a três turmas das seis, existentes na Escola Secundaria Geral Macombe, com idades entre 13 a 20 anos e de proveniência diversa sendo a maioria residente nos bairros circunvizinhos da escola. Os mesmos são falantes das línguas regionais como chiuté, chisena, chimanyika e alguns a língua portuguesa desde a infância

A escolha desta escola e classe para amostra surge precisamente pelo facto de: O estudo surge no âmbito do ensino da língua portuguesa e buscar dados numa escola como esta foi importante pois uma boa parte de alunos usa o português já há bastante tempo. Para além disso a 10ª classe como a última do 1º ciclo o torna necessário a aquisição de conhecimentos sólidos para garantir acesso ao mercado de trabalho.

       

CAPITULO II

2. Revisão da literatura

Neste capítulo torna-se indispensável a apresentação de determinados conceitos e teorias já referidos por investigadores que há muito se interessaram sobre o estudo das orações.

No presente tema faz-se referência a divisão e classificação de orações subordinadas relativas. Assim, torna-se pertinente começar a falar da frase para depois fazer-se abordagem concernente `as orações subordinadas relativas.

De acordo com BORREGANA (1996:220), ˝A frase é um enunciado ou um conjunto de palavras que formam um sentido completo.

 Exemplo:

  • .

    As rosas que tenho no meu jardim são belas

Na senda da mesma conceitualização, CASTRO e PINTO et all (1996:155), diz que “a frase é um enunciado lógico organizado de acordo com as regras gramaticais e com um sentido completo”.

 Exemplo:

  • Os olhos redondos do garoto reluziram com um brilho redondo do regalo.

Por sua vez CUNHA e CINTRA (1998:87), diz que ˝a frase é um enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação. Dos conceitos apresentados, é possível notar que todos eles referem a frase como um enunciado que tem um sentido completo, mas destas é interessante destacar o conceito de CUNHA e CINTRA pelo facto destes particularizarem o aspecto unidade mínima de comunicação distanciando-se assim, dos outros autores. Ao referenciar a unidade mínima dá-se a entender que nem sempre a frase é constituída por um conjunto de palavras, pois há frases que são formadas por uma única palavra levando consigo um sentido completo.

2.1 Frases simples e frases complexas

Ao se fazer abordagem da frase, há que ter em conta uma breve análise da frase simples e complexa que serão apresentadas segundo a óptica de alguns autores:

Para PINTO e CASTRO et all (1996:98) “frase simples ou mono oracional é aquela que é constituída por única oração, contendo, portanto, um só verbo conjugado”

. Exemplo:

  • .

    Eu tinha feito a primeira comunhão lá em casa

BORREGANA (1996:220), considera como” frase simples àquela que é constituída por uma só oração (com um só verbo em tempo finito)˝.

 Exemplo:

  • .

    Este livro é admirável

GOMES (2008:88), “frase simples sendo aquela que contém uma só proposição (e, portanto, um só sintagma verbal) ”

 Exemplos:

  • O livro é belíssimo.
  • Tu compraste o livro.
  • O livro contem ensinamentos úteis.

Nas teorizações apresentadas, torna-se imprescindível destacar que todos eles fazem menção do verbo como referência obrigatória, naquilo que se considera como frases simples, descurando destacar ou ressaltar algumas particularidades que as frases simples ostentam que é o facto de nalguns casos ocorrer sem a presença de nenhum sintagma verbal.

 Exemplo:

  • Socorro!
  • Alto ai!

2.1.1 Frases complexas

As frases complexas Segundo Álvaro Gomes (2008:89) “são aquelas em que encontramos vários sintagmas verbais.”

Ex: O sol, quando nasce é para todos.

Raposa que dorme não caça galinha.      

Para BORREGANA (1996:221) “frase complexa é constituída por duas ou mais orações (um, dois ou mais verbos em tempos finitos).”

Ex: O professor diz que este livro é admirável.

Tanto GOMES como BORREGANA comungam a mesma teoria na conceitualização de frases complexas, realçando apenas o facto de GOMES usar o termo “ vários sintagmas verbais ” e BORREGANA usar “ duas ou mais ” sendo este último o mais clarificado, pois as complexas partem sempre de duas para mais adiante o que o outro não destaca.

2.12-Organizaçao das frases complexas

Seria incongruência falar de frases complexas sem se referir da maneira como estas se organizam na frase.

De acordo com PINTO e PERREIRA et all (1996:172) diz que “há duas maneiras de organizar estas orações na frase.”

a)               CoordenaçãoAs orações não dependem uma das outras

Ex: Os campos cobriram-se de flores e as árvores encheram-se de flores.

b)               Subordinação: As orações subordinadas estão, por consequência dependentes das orações subordinadas.

Ex: Ela gritou para que a socorressem.

BORREGANA (1996:198) afirma:

“Que dentro das orações coordenadas e subordinação os períodos complexos têm mais de uma oração. E elas dentro de cada período, podem ligar-se por coordenação (mediante conjunções coordenativas) e por subordinação (através de conjunções subordinativas).”

Rosa é inteligente, mas não trabalha (coordenação)

Disse-te isto para que não enganassem (subordinação)

Numa outra perspectiva Gomes (2008:160) diz: “Frases coordenadas são aquela que não dependem umas das outras”. Na subordinação são relações em que uns comandam, outros obedecem em que uns têm o papel principal, outros lhes estão submetidos”.

CUNHA & CINTRA (1998:398) na coordenação, as “orações autónomas, independentes, isto é, cada uma tem sentido próprio; não funcionam como termos de outra oração nem a eles se requerem”

1ª As horas passam,

2ª Os homens caem,

3ª A poesia fica

Nos conceitos apresentados acima, todos foram unânimes nas suas teorizações em considerar orações coordenadas como independentes. É de notar o termo"autonomia" por se considerar relevante pois mostra a natureza das orações coordenadas.       

2.1.2.1 Subordinação

CUNHA E CINTRA (1988:398) no contexto da subordinação diz:

“As orações sem autonomia gramatical, isto é, as orações que funcionam como termos essenciais, integrantes ou acessórios de outras orações chamam-se subordinadas ”. “O período constituído de orações subordinadas e uma oração principal, denomina-se composta por subordinação”.

1ª O meu André não lhe disse

2ª Que temos ai um holandês

3ª Que trouxe material novo  

PARA BORREGANA (1996:243)

“Orações que se ligam à subordinante (principal por meio de uma conjunção ou locução conjuncional para completar o seu sentido, ou para caracterizar alguns dos seus elementos, ou para fornecer algumas circunstancias que rodeiam a acção”.

EX: O filho pede a mãe que lhe dê uma bicicleta.

Segundo CUNHA E CINTRA (1998:398):

"A oração sem autonomia gramatical, isto é, as orações que funcionam como termo, essenciais, integrantes ou acessórios de outra oração chamam-se subordinadas”.

Nos conceitos acima apresentados é notório que todos eles falam da dependência entre elas (subordinante e a subordinada). Mas é interessante observar a abordagem de CUNHA e CINTRA que é a mais detalhada ao mostrar claramente que elas não têm autonomia, funcionando muitas vezes como acessórios de outras, o que não acontece dentro das orações coordenadas. Este aspecto é deveras importante no âmbito de divisão e classificações de orações, pois esta noção permite separar a subordinante da subordinada.

Como podemos verificar, tanto as orações coordenadas como as subordinadas são introduzidas por conectores ou conjunções de que desde já se faz a sua abordagem.

2.1.2.2 CONJUNÇÕES

 BORREGANA (1996:215) considera “conjunções como vocábulos invariáveis que relacionam duas orações, ou dois termos semelhante da mesma oração”:

" Vinho e água são bebidos

Uns homens gostam de vinho

Mas outros adoram a água

Ninguém dispensa a água

Porque ela e indispensável A vida"

Para DIAS e MARTINS at all (2007:201) “conjunções são palavras que servem para relacionar duas orações ou dois elementos semelhantes de mesma oração”.

Na perspectiva de CUNHA e CINTRA (1997:575) “conjunções são vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes de mesma oração”.

Dos conceitos apresentados é possível notar que todos eles se referem a conjunção como sendo palavras que fazem ligações de duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração. Entretanto o conceito de BORREGANA é o mais completo por salientar que elas são palavras "invariáveis" o que DIAS e MARTINS não fazem referência, Pese embora não tenha influência no sentido. Todavia particularizar este pormenor permite situar ao aluno a natureza do material" com que está-se a trabalhar dando-o uma visão geral, daí que o considerou o mais ideal para sua aplicação.

2.1.3.1 Quadro de Conjunções/Locuções

Para complementar a abordagem feita sobre conjunções, torna-se pertinente fazer-se a apresentação detalhada destes conectores num quadro ilustrativo como a seguir pode ver conforme BORREGANA (1996:217)

Tabela-1

Classificação

Conjunções

Locuções

 

Causais

Porque, pois, como,

Porquanto que (porque)

Visto que, pois que, já que, por isso que,

Uma vez que

 

Finais

Que (=para que)

Para que

A fim de que, pois que

Temporais

Quando, enquanto, apenas

Mal, como que

Antes que, depois que, logo que, assim que, desde que,

Até que, primeiro que, sempre que, todas as vezes que, tanto que, a medida que, a passo que

 

 

 

Comparativas

Como, segundo, conforme, que, qual

Como…assim,

Assim como… assim, assim

Como…assim também

Bem como, como… assim

Mais do que, menos… do que

Segundo (consoante, conforme)

…assim, tão (tanto) …

Como, como se, que nem…

Condicionais

Se, caso

A não ser que, entanto que, desde que, a menos que, no caso que, uma vez que, sem que, excepto se

Concessivas

Embora, enquanto,

Que (= ainda que)

Ainda que, posto que, mesmo que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, nem que…

Integrantes

Que

 

Consecutivas

(de tal modo) que

 

Por sua vez CUNHA e CINTRA (1998:393-394) consideram que:

“Conjunções ou locuções causais são aquelas que iniciam a oração subordinada denotadora de causa: porque, pois, porquanto como (=porque) pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, que etc.”.

2.Concessivas (iniciam uma oração subordinada em que se admite um facto contrário à acção principal (mais incapaz de impedi-la): embora, enquanto, ainda que, posto que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, nem que, que, etc.

3.Condicionais (iniciam uma oração subordinada em que se indica uma hipóteses ou uma condição necessária para que seja realizada ou não o facto principal): se, caso contrário que, sem que, (=se na), dado que, a menos que, a não ser que, etc.

4. Finais (iniciam uma oração subordinada indica uma finalidade da oração principal): para que, afim de que, porque, (=para que)

5.Temporais (iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo): Quando, antes que, depois que, ate que, logo que, cada vez que, apenas, mal, que (=desde que)

6. Consecutivas (iniciam uma oração na qual se indica a consequência do que foi declarado na anterior) em conformidade com umas das palavras tal, tanto, tão, ou tamanho, presente ou patente na oração anterior de formas que, de maneira que, de modo que, etc.

 7. Comparativa (iniciam uma oração que encerra o segundo membro de uma comparada, de um conforto) que do que (depois do menos, mais, maior, menor, melhor e pior) qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), como assim, bem como, como se, que nem.

8.Integrantes (servem para introduzir uma oração que funciona como sujeito, objecto directo, objecto indirecto, predicativo, complemento nominal, ou aposto de uma oração. São as conjunções que e se.

As abordagens apresentadas são fundamentais pois ajudam bastante na identificação do tipo de oração, a se introduzir e distingue-as dumas das outras o que possibilitam a sua classificação.

No que concerne à apreciação das abordagens feitas é importante salientar a maneira como CUNHA e CINTRA fazem o tratamento da matéria detalhando particularmente a sua aplicação, o que BORREGANA não fez. Portanto a apresentação de CUNHA e CINTRA é a mais recomendável (do que apresentar apenas um quadro conforme BORREGANA.

Ora, as "conjunções" são alguns desses sinais conectores (ligadores), caracterizando os vários tipos de cooperação ou de dependência, que nos permite saber quais são umas e quais são outras. Na formação de frases complexas, alguns tipos de introdutores e de orações colocam dificuldades quer aos aprendentes de português de uma forma geral, quer aos falantes moçambicanos desta língua, podendo destacar-se a existência de conjunções que se encontram em mais de um tipo de orações.

Conforme se verifica as orações subordinadas podem ser introduzidas por conectores de subordinação (conjunções/locuções conjuncionais e pronomes relativos).

2.1.4.1 Pronomes e advérbios relativos.

  No caso das frases subordinativas o pronome relativo por exemplo é um desses elementos que vai merecer uma abordagem com mais especificidade, uma vez constitui o pano de fundo do presente trabalho.)

Para CUNHA e CINTRA (1991:133)

“Pronomes relativos se referem regra geral, a um termo anterior o antecedente.”

Parafraseando GOMES (2008:133) “o pronome relativo faz referencia ao individuo ou objecto designado pelo sintagma nominal da primeira frase e vem imediatamente a seguir. Esse sintagma nominal é o antecedente.”

Na perspectiva de MOURA (2008:133)

“Os pronomes relativos são os que substituem um nome, (pessoa, animais ou coisas) que antecede na frase (seu antecedente) e implicam a subordinação da oração que introduzem:”

Tabela-2

Variáveis

Invariáveis

Singular

Plural

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

O qual

Cujo

Quanto

A qual

Cuja

Quanta

O quais

Cujos

Quantos

A quais

Cujas

Quantas

Que

Quem

Onde

Das análises feitas sobre as teorizações apresentadas é possível notar que todos eles se referem os pronomes relativos como" elementos "que fazem referência a um termo anterior denominado por antecedente.

Entretanto, MOURA é o que apresenta a conceitualização mais completa pelo facto desta fazer referência da subordinação onde põe-se em destaque o pronome relativo como elemento introdutor da oração subordinada relativa. O tal elemento constitui elemento fundamental para a demarcação destas. "Ignorar" os pronomes, seria perder a noção de dependência pois deixariam de exercer a sua função de introduzir a oração subordinada relativa.

Tabela-3

Variáveis

Invariáveis

Singular

Plural

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

O qual

Cujo

Quanto

A qual

Cuja

Quanta

O quais

Cujos

Quantos

A quais

Cujas

Quantas

Que

Quem

Onde

Para uma abordagem integrante dos tais pronomes, a seguir faz-se uma apresentação num quadro dos pronomes relativos variáveis e invariáveis na perspectiva de BORREGANA (1996:158)

Para GOMES (2008:133)

"O pronome relativo faz referência ao indivíduo ou objecto designado pelo sintagma nominal (da primeira frase e vem imediatamente a seguir". O pronome relativo permite transformar duas frases simples numa frase composta, onde tanto pode desempenhar a função de sujeito como de complemento directo.

Para BORREGANA (1996:246)

“O pronome relativo refere-se a uma palavra antecedente, representando-a na oração subordinada, que introduzem”.

Como pode se notar, quer BORREGANA, quer GOMES apresentam o mesmo tipo de quadro o que mostra que são exactamente estes os pronomes relativos existentes e é sobre os quais que se fará uma abordagem pormenorizada sobre a sua aplicação. É pertinente trazer estas teorias porque o problema em estudo tem a ver com a divisão e classificação das orações subordinadas relativas de que esses elementos são parte integrante da matéria. A falta de domínio de tais pronomes implica haver grandes dificuldades em descortinar tais orações subordinadas. Em seguida apresentam-se detalhadamente o uso dos pronomes relativos:

Para CUNHA e CINTRA (1998:243) "Que"

Usa-se com referência a pessoa ou coisa no singular ou no plural, e pode iniciar orações adjectivas restritivas e expressivas.

Exemplos:

Não diz nada que se aproveite esse rapaz

O ministro que acabava de jantar, fumava calado e pacífico.

- O antecedente relativo pode ter o sentido de uma expressão ou oração anterior:

Exemplo:

"O seu cabelo em cachos, cachos d' uvas

E negro como a capa das viúvas…

(À maneira o trará das virgens de Belém,

Que a nossa senhora ficava tão bem!")

Por vezes o antecedente do que não vem expresso.

Exemplo:

A uma pergunta assim, a rapariga nem sabia que responder

Qual/ o qual

Nas orações adjectivas explicativas, o pronome que com antecedente substantivo pode ser substituído por o qual (a qual, os quais, as quais)

Exemplos:" Durante o seu domínio, todavia, acentuava-se a evolução do latim vulgar, falado na península, o qual vinha de há muito diversificando-se em dialectos vários."

As demais preposições simples, essenciais ou acidentais, bem como as locuções prepositivas, constroem-se obrigatória ou predominantemente com o pronome o qual.

Exemplo: Tinha vindo para se libertar do abismo sobre o qual sua negra alma vivia debruçada.

  • Uma visita de dez minutos apenas,  D. Benedita disse quatro palavras no principio: vamos para o norte.

    durante os quais

O qual é também a forma usada como partitivo apôs certos indefinidos, numerais e superlativos.

Exemplos:

  • Cinco cadeiras das quais uma de braço no centro do semi-circulo.

 

QUEM

Na língua contemporânea, quem só se emprega com referência a pessoa ou a alguma coisa personificada.

Exemplo:

  • Feliz é quem tiver neto

De quem tu sejas avó!

Como simples relativo, isto é, com referencia a um antecedente explicito, quem equivale a " o qual" e vem sempre antecedido de preposicao. Exemplo:

  • .

    A senhora a quem cumprimentará era a esposa de tenente-coronel Viegas

CUJO

Cujo é a um tempo, relativo e possessivo, equivalente pelo sentido a do qual, de quem, de que. Emprega-se apenas como pronome adjectivo e concordam com a coisa possuída em género e número. Exemplo:

  • Convento d’agua do mar, ó verde com vento, cuja Abadessa secular é a lua.

QUANTO

QUANTO, como simples relativa, tem por antecedente os pronomes indefinidos tudo, todos (ou todas), que pode ser omissos. Dai o seu valor também indefinido.

Exemplos:

  • Em tudo quanto olhei fiquei em parte.
  • Entre quantos te rodeiam, enxergas teus pais.

ONDE

Desempenha normalmente a função de adjunto adverbial (= o lugar em que, no qual), ondecostuma ser considerado por alguns gramáticos advérbio relativo

  • Sou o mar sem borrasca, onde em fim se descansa
  • Vela ao entrares no porto aonde o gigante está.
  • Não perceberam ainda onde quero chegar

Nem mesmo a concorrência de ambas as formas num enunciado

  • Ela quem é meu coração? Responde!

Nada me dizes. Onde mora? Aonde?

  • Na perspectiva de PINTO et all, o pronome relativo só tem antecedente quando precedido de preposição:

    quem 
  • O professor de quem ti falei dá-nos aulas este ano

Quanto (-a, -os, -as) é precedido dos indefinidos tudo, todo (-a, -o, -as) ou tanto (-a, -os, -as), expressos ou ocultos:

  • Trouxeram tudo quanto encontraram.
  • O Pedro teve tantas vitórias quantas quis.

Onde só se emprega para seres inanimados e exprime uma circunstância de lugar:

  • As praias onde estive. (nas quais)
  • As praias por onde passei. (pelas quais)

Cujo (-a, -os, -as) tem, ao mesmo tempo, valor relativo e possessivo, e concorda com o objecto possuído em género e número:

  • O salão, cujas portas precisam de ser pintadas, vai ficar pronto dentro de dias.

GONSALVES, Perpetua, caderno de apoio a leccionação dos conteúdos programáticos de “funcionamento da língua” 2008.

No português de Moçambique, observa-se a tendência ao usar o artigo definido antes do nome ao qual o pronome cujo está associado. Ex:

  • É preciso apoiar os professores [cuja a formação foi fraca [ (PE: cuja a formação)
  • No que se refere ao pronome relativo onde, este usa-se exclusivamente com valor locativo, sendo equivalente a um SP (em/ a que). Exemplos:
  • Adoro a praia [onde fui durante as ferias]. (onde em que)
  • O colégio [onde estudo] é longe da minha casa. (onde=em que)

Nas produções escritas de falantes Moçambicanos instruídos, verifica-se a tendência a usar 'abusivamente' o pronome onde numa variada gama de contexto.

Assim, em primeiro lugar, verifica-se que este pronome é usado em lugar de em que/no (s) qual (is), parecendo haver a tendência a associa-lo a um valor temporal.

Exemplos:

  • (17) a. O primeiro momento é o período da morte do seu irmão, o eu poético sente-se triste e infeliz. (PE:…  o eu poético se sente…)

    onde em que
  •   b. Isto aconteceu após a morte do irmão, onde o eu poético se encontrava-se abalado e triste. (PE:… [altura/período] em que o eu poético se encontrava…)

Duma forma geral as abordagens feitas por todos autores têm o mesmo teor. De salientar algumas particularidades como o caso de onde e cujo que tem sido aplicados inadequadamente pois o cujo não é posposto de nenhum artigo (…cujo o pai…) mas sim (…cujo pai…).

E para o caso de onde, é aplicável exclusivamente para indicar o lugar ou espaço, isto é, uma localização estática. Exemplos

  • Já me lembro onde encontrei porta-moedas.

 Enquanto aonde refere ao destino da deslocação.

Exemplos:

  • Irás com migo aonde eu for

Depois destas abordagens concernentes a pronomes relativos é importante realçar algumas particularidades relacionadas com o uso de alguns desses pronomes. Comecemos a falar de «cujo», que habitualmente é aplicado inadequadamente por indivíduos letrados ou não antecedendo sempre o pronome com um artigo definido o que é incorrecto, segundo a língua padrão.

Exemplo: Moçambique sendo um pais cuja a governação era da linha politica marxista-leninista não teve outra opção.

O correcto seria…cuja governação…

Enquanto para «onde» nas produções escritas ou faladas moçambicanos instruídos, verifica-se a tendência de usar abusivamente o pronome onde numa variada gama de contexto. Assim, em primeiro lugar.

No que se refere ao pronome relativo «onde», este usa-se exclusivamente com o valor locativo, sendo equivalente a um SP (em/aqui).

Exemplo:

  • Adoro a praia onde fui durante as férias. (onde = a que)
  • A sala de conferencias onde entrei esta vazia. (onde = em que)
  • O colégio onde estudo é longe da minha casa. (onde = em que)

Segundo GONÇALVES 2008-caderno de apoio a leccionação dos conteúdos programáticos de funcionamento de língua

«Dada a equivalência onde – em que/a que, o pronome onde só pode ocorrer ou com verbos que requerem um complemento locativo regido por preposição (conforme o verbo ir no primeiro exemplo dado e entrar segundo o exemplo 2 ou em frases que contêm um complemento circunstancial de lugar regido por preposição. exemplo: estudo no colégio.

2.1.6 Orações subordinadas adjectivas

Mateus et all (203:655)

“As orações relativas são orações subordinadas iniciadas pelos tradicionalmente designados “pronomes”, “advérbios” ou “adjectivos relativos”.

Na sua modalidade mais típica, as relativas são formas de modificações de uma expressão nominal antecedente mas podem ser igualmente uma forma de modificação de uma outra oração.

Existem também relativas sem antecedente expresso, as relativas livres.

As orações relativas antecedente nominais são de dois tipos: as relativas restritivas ou determinativos e as relativas expositivas ou não restritivas.

 

Orações relativas ou determinativas

As relativas ou determinativas contribuem para a construção do valor referencial da expressão nominal.

34- a) Os chapéus que estavam no armário desapareceram.

b)O homem de que tu me falaste está a chorar

c)               Compareceram várias toalhas com as quais cobriram as mesas.

d)              Gostei muito da revista cujo editorial tu escreveste.

e)               Vê-se o mar da casa onde vivemos.

 

 

Comportamentos de orações relativas restritivas

a)         Pronominalização do antecedente.

Dado que uma relativa ou determinativa tem uma oração antecedente uma expressão nominal que por se só não é datada de referencia, esse antecedente não é pronominalizável.

35- Os chapéus que estavam no armário desapareceram.

35- a) Eles que estavam no armário desapareceram.

Uma vez que aí o determinante e o N não formam uma constituinte e como tal explica-se impossibilidade da sua pronominalização.

Para MOIA (1995:275)

Uma das características mais salientes das orações subordinadas relativa é o facto do seu constituinte inicial conterem o elemento que em si próprio não tem significado. É chamadopronome relativo sozinho ou acompanhado por outras expressões… Chamaremosconstituinte relativo.

Exemplos:

  • Os documentos que estão na pasta azul ainda não estão assinados

Como já vimos na frase anterior a relativa é necessária para identificar, relativamente a um dado grupo de documento, aqueles que não estão assinados. Nestas circunstâncias, a oração relativa serve para restringir o domínio de objectos que se aplica a propriedade veiculada pela expressão predicativa complexa ainda não foram assinados, a qual só predica sobre um grupo restrito dos documentos presentes no contexto, isto é, aqueles que estão na pasta azul… A razão porque se usa designação de orações relativas restritivas.

  • Os documentos, que estão na pasta azul, ainda não foram assinados.

O este tipo de relativas, que geralmente se colocam entrem virgula, tem-se dado tradicionalmente o nome de orações relativas explicativas, devido precisamente ao facto de ela introduzirem uma informação (ou explicação suplementar, que não serve para identificar entidade. Com base em critério primordialmente sintáctico, tem-se também usado a designação de relativas apositivas

Orações relativas restritivas com antecedentes expresso e orações relativas restritivas sem antecedente expresso

Orações relativas sem antecedente expresso ou “relativas livres”

Exemplos

  • Quem casa quer casa.
  • Onde há fumo, há fogo.

Orações relativas adjectivas

BORREGANA (1996:246-247)

“São orações subordinadas que se ligam a subordinante por meio de pronome relativo (geralmente que). Chamam-se adjectivas por desempenhar função sintáctica própria de adjectivos”

Exemplos

  •  Álvaro casou com Améliaque é bonita

       Subordinante Sob. Relativa

QUE substitui Amélia na oração subordinada: Amélia é antecedente de Que.

A oração relativa pode substituir-se pelo adjectivo bonito:

Álvaro casou com Amélia, bonita.

Função sintáctica do que na oração relativa

Pode ser sujeito, complemento directo, complemento indirecto, complemento circunstancial de lugar, complemento circunstancial de tempo, complemento circunstancial de meio:

Exemplo:

  • O vinho que é bom tem cheiro agradável (que-sujeito)
  • O televisor que compraste é japonês. (que complemento directo).
  • A embaixada a que me referi é inglesa (que complemento indirecto).
  • As peças com que montaste o rádio eram velhas. (c.c.de meio)
  • O tempo em que devias falar já passou. (que tempo em que)

Oração relativa explicativa e relativa restritiva

A relativa explicativa não é indispensável ao sentido da frase, podendo suprimir-se:

Exemplos:

  • Esta menina, , precisa do nosso carrinho

    que é francesa

Mas a relativa restritiva, como introduz uma restrição de sentido, é indispensável, não podendo suprimir-se:

Exemplo:

  • O menino  terá de o pagar.

    que partiu vidro

As orações relativas explicativas devem ser colocadas entre vírgulas e as relativas restritivas não.

Orações relativas introduzidas por outros pronomes relativos

QUEM- introduz orações relativas, mais sempre precedido das preposições de, a, por, para, contra, etc.

Exemplos

  • Aqui está dizem maravilhas.

    o homem de quem se 
  • O homem contra quem lutaste não era assim tão mão.

ONDE (= em que) introduz orações adverbias relativas:

Exemplos:

  • Aquela é a região 

    onde te revelaste um bom trabalhador
  • Aqui está a dificuldade onde todos esbarram

Orações relativas com pronome relativo variável (cujo, cuja cujos, cujas, o qual a qual os quais as quais)

Exemplos:

  • João, , esteve em Angola. (relativa explicativa)

    cuja casa ontem visitamos
  • O homem cujos crimes se tornaram conhecido é preso (relativa restritiva)

Para Teresa et all (1990:94)

Orações subordinadas relativas

A oração subordinada relativa é assim designada porque é introduzida por um pronome relativo que a liga ao seu antecedente (nome ou pronome). Geralmente, estas orações correspondem a um adjectivo com função de atributo.

Exemplo:

  • O aluno  vence as dificuldades

    trabalhador

   Adjectivo

    Atributo

  • O aluno  vence as dificuldades

    que trabalha

Oração sub relativa

      Atributo

A oração que trabalha realiza a expressão de sujeito o aluno e é equivalente ao adjectivo trabalhador.

As orações subordinadas relativas podem dividir-se em:

Tabela-4

Orações relativas adjectivas

  • Restritivas

  • Explicativas

Orações relativas Substanciais

 

Orações relativas adjectivas restritivas

As crianças que estavam doentes, perderam o apetite

                 (=doentes)

Como se verifica, a oração relativa adjectiva restritiva limita o sentido da oração a que se refere. Neste exemplo, apenas as crianças doentes perderam o apetite. Assim, esta oração, que exerce a função de atributo, não pode ser suprimida pois tornaria o sentido da frase incompleto.

   As orações deste tipo ligam-se ao antecedente sem pausa oral nem vírgula.

 

Orações relativas adjectivas explicativas

O meu pai, que é um bom nadador, ensinou-me a nadar.

A oração relativa adjectiva explicativa acrescenta ao seu antecedente um pormenor explicativo, sem limitar o seu sentido, à semelhança do aposto.

  Estas orações apresentam-se delimitadas por vírgulas e podem ser suprimidas sem que a frase perca o seu sentido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPITÚLO ΙII

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Depois de um longo percurso de consultas bibliográficas e de constatações, quer a nível prático quer a nível teórico na escola secundária Macombe vai se fazer uma alusão aprofundada do problema, apresentando às realidades observadas em prol da confirmação ou refutação das hipóteses.

O presente estudo toma como base”orações relativas”, e tem como população alvo dessa pesquisa três turmas da 10ª classe dum universo de seis existentes, constituídas em média por 40 alunos cada. De acordo com os dados recolhidos, verifica-se que cerca de 60% dos alunos estão na faixa etária típica de uma população com influência do campo (16 a17 anos); estando os restantes 40% distribuída em 20% na idade de 14 a 15 anos e os restantes 10% acima dos 17 anos. Relativamente ao género, deste numero inquerido mais de 50% são raparigas.

Análise dos dados - pronomes relativos

Tomando como base do estudo os pronomes relativos, fez-se a recolha de dados, uma vez que este assunto está em volta da problemática da divisão e classificação das orações relativas, e que incorporou os seguintes itens (orações relativas, a sintaxe, e morfologia).

Do inquérito dado, apurou-se os resultados que se seguem:

Na morfologia, de um conjunto de palavras propostas, devia-se assinalar apenas o pronome relativo. Do trabalho feito, permitiu a elaboração da tabela abaixo:

TABELA-5: Identificação de pronome relativo

Respostas

N° de respostas

%

Certas

51

34

Erradas

99

66

Total

150

100

Fazendo uma interpretação dos dados ora apresentados, pode-se perceber que o número de 99 alunos teve respostas erradas o que mostra o fraco domínio das classes gramaticais, consequentemente um desconhecimento dos pronomes relativos, o que constitui base para uma má divisão e classificação das orações. De acordo com os dados da amostra só 51 alunos conseguiram respostas correctas dum universo de 150 o que correspondeu a percentagem de 34%. Esta cifra mostra por si só sérias dificuldades que os aprendentes têm com relação a morfologia.

Relativamente à aplicação de pronomes relativos “em espaços em brancos” a partir de pronomes relativos dados culminou com a seguinte tabela.

TABELA-6: aplicação de pronomes relativos

Respostas

N° de respostas

%

 Certas

60

40

Parcialmente certas

58

38.6

Erradas

32

21.3

Total

150

100

Na leitura da tabela fica evidente que o preenchimento dos espaços vazios a partir de pronomes relativos dados ofereceu aos alunos algumas dificuldades, pois dos 150 alunos apenas 60 tiveram respostas certas, o que equivale a uma cifra percentual de 40%. A partir desses dados pode-se notar a existência de certas dificuldades que os alunos têm na aplicação correcta dos pronomes relativos.

  

TABELA-7: identificação de predicados

Para a identificação de pronomes relativos nas frases elaboradas colheu-se resultados que aparece na tabela abaixo:

Respostas

N° de respostas

%

 Certas

45

30

Parcialmente certas

60

40

Erradas

45

30

Total

150

100

Nesta tabela torna-se evidente que os alunos na sua maioria, isto é, cerca de 70% dos alunos inqueridos mostraram dificuldades em identificar pronomes relativos nas frases. A acontecer isso, pode-se concluir que tal como já tínhamos deparado anteriormente sobre desconhecimento das categorias gramaticais o que engrossa mais as dificuldades concernente à divisão e classificação das orações relativas. Como exemplo ilustrativo dos erros cometidos houve alunos, ao pretender assinalar pronomes relativos acabavam por indicar: verbos, pronomes possessivos ou indefinidos, ou ainda outras palavras tão distantes dos pronomes relativos mostrando desta maneira grandes lacunas em relação à matéria.

   TABELA-8: identificação da oração subordinada relativa

Respostas

N° de respostas

%

 Certas

0

0

Parcialmente certas

35

23.3

Erradas

115

76.6

Total

150

100

Como se pode verificar a partir dos dados que se apresentam na tabela, observa-se que aos alunos têm dificuldades sérias na identificação da oração subordinada relativa. Tomemos como base algumas das respostas dadas ao quererem identificar a subordinada relativa:

  • “Aquele que entrou não fechou a porta”.

Para o aluno a subordinada relativa sublinhada é: que entrou não fechou a porta ↔ enquanto a resposta correcta seria ↔ que entrou.

  • “O cão que não ladra morde”.

 Resposta do aluno: que não ladra morde ↔ uma vez devia ser: que não ladra

  • “O anel que tu compraste foi caríssimo”.

Resposta do aluno: que tu compraste foi caríssimo uma vez devia ser: que tu compraste.

Nas respostas dadas pelos alunos é notório uma tendência de isolar o sujeito, considerando-o como oração por si só, pese embora a inexistência daquilo que se considera o fulcro da oração que é o predicado, seriamente ignorado por eles. Outrossim duma forma genérica verifica-se a tendência da junção numa única oração de duas formas verbais/ predicados, considerando como se fosse a tal relativa. Com estas constatações pode se afirmar que existe um desconhecimento daquilo que são as funções sintéticas das palavras. Por outro lado os resultados acima indicados apontam um desconhecimento acentuado das classes gramaticais de uma forma geral e em particular a falta de domínio das regras ligadas a divisão e classificação das orações, sobretudo as relativas. E ainda outros, pautam por “passar por cima” daquilo que seria paragem obrigatória”pronomes relativos” que é um elemento introdutório da subordinada, revelando um vazio em relação as funções dos pronomes relativos.

Metodologias usadas pelos professores no processo de ensino e aprendizagem dos pronomes, divisão e classificação de orações.

No âmbito de recolha de dados ligados as metodologias usadas pelos professores no processo de ensino e aprendizagem elaborou-se um inquérito com o objectivo de identificação de metodologia de ensino da língua portuguesa usadas pelos professores. Foi assim, que se fez um inquérito para dois professores que leccionam a 10ª classe nesta escola mediante algumas questões que se apresentam em tabelas:

Tabela-9: relativa ao material de apoio

Que material de apoio fora do caderno o aluno usa para se auxiliar na sua preparação

Alternativa

Nº de respostas

%

Gramática

__________

_________

Internet

__________

_________

Nenhum

2

100%

 

As resposta obtidas em relação ao material de apoio mostram que o aluno não possui nenhum outro material se não o que o professor for a dar. Sendo assim, espera-se naturalmente que os alunos tenham dificuldades em muitos assuntos relacionados a gramática.

TABELA-10: Sobre Biblioteca escolar

A escola possui biblioteca?

Alternativas

Nº de respostas

%

Sim

__________

_________

Não

2

100%

 

Como pode-se verificar, a escola não possui biblioteca escolar o que em parte influencia para a ocorrência de erros gramaticais.

TABELA11: percentagem da matéria (divisão e classificação das orações) no programa

Quantas vezes consta no programa conteúdo de divisão e classificação de orações

Alternativas

Nº de respostas

%

Muitas

__________

_________

Poucas

__________

_________

Nenhuma

2

100%

 

As respostas obtidas neste quadro mostram que dos dois professores inqueridos sobre o peso da matéria no programa apontam um a presença insignificante da mesma o que pode criar uma inconsistência nos assuntos relacionados ao problema em causa.

TABELA-12: sobre maior dificuldade

Quais são as maiores dificuldades que os alunos apresentam na subordinação (relativa)

Alternativas

Nº de respostas

%

Divisão

1

50

Classificação

1

50

Identificação

0

0

Fazendo a leitura dos dados apresentados no quadro torna-se evidente que tanto a divisão como a classificação de orações subordinadas é um problema para os alunos

TABELA-13: Sobre os métodos usados pelos professores na transmissão da matéria em causa.

Que método (s) usa

Para dar a divisão e classificação das orações

Alternativas

Nº de respostas

%

Elaboração conjunta

2

100

Trabalho

Independente

_____

_____

Expositivo

_____

_____

Fazendo a interpretação dos dados lançados na tabela indicam que os dois professores usam os mesmos métodos para transmitir o tema que tem a ver com divisão e classificação das orações. É óbvio que o método apresentado permite maior interacção com aluno, pois favorece para a recolha ou contribuição dos alunos em relação a matéria.

Capitulo IV Conclusão e recomendações

Conclusão

 Chegado ao fim do trabalho, torna-se pertinente tecer algumas conclusões com relação aos dados recolhidos por meio de entrevistas e com base nas análises feitas

Pelos dados observados durante a análise pode se concluir que as hipóteses previamente colocadas estão confirmadas, uma vez ter-se verificado grandes dificuldades na identificação de orações subordinadas relativas que é o centro de estudo, que se caracterizam no seguinte:

-Desconhecimento das classes gramaticais, acabando mesmo por apontar um verbo ou um pronome possessivo como pronome relativo

-Desconhecimento das regras da divisão e classificação das orações subordinadas relativas caracterizado pelo “desrespeito” do pronome relativo;

-fraco domínio da sintaxe que se circunscreve na junção de duas formas verbais numa única oração e a indicação do sujeito como uma oração subordinante.

-falta de noção das funções dos pronomes relativos como elementos introdutórios das subordinadas relativas.

Por parte de professores o inquérito permitiu visualizar que todos privilegiam o método de elaboração conjunta. Este método por mais que permita uma contribuição por parte dos alunos ou o controle imediato do nível de assimilação, o tal método não cria condições para maior actividade visível dos alunos individualmente ou em grupo onde os alunos sozinhos possam construir os seus saberes tornando os mais sólidos. Por outro lado, conforme a informação recolhida a partir do inquérito aponta a pouca abundância nos programas desta matéria (divisão e classificação das orações) ou reduzida carga horária para o assunto desta natureza.

Para além disso fez-se referência da falta do material de consulta (gramáticas) ou a falta de biblioteca como outro factor que contribui grandemente para o fracasso do sucesso escolar.

 

 

Recomendações

O processo de ensino a aprendizagem envolve um conjunto de intervenientes (professor, aluno, pais encarregados de educação, métodos, meios, material didáctico…). Assim, ao querermos solucionar o problema apresentado neste processo adianta-se as seguintes recomendações:

ü  Os pais ou encarregado de educação devem munir os seus filhos ou educandos de livros ou gramáticas que os possam auxiliar na aprendizagem da matéria leccionada pelo professor;

ü  Aos professores, recomenda-se que observem as metodologias a usar para determinadas aulas levando sempre os alunos a construírem os seus próprios conhecimentos.

ü  Os professores nas suas aulas devem dar exercícios específicos que envolvem a divisão e classificação das orações.

ü  Aos alunos, recomenda-se que façam, em casa, os exercícios recomendados pelos professores bem como a leitura ou estudo de conteúdos relacionados com os trabalhos dados.

ü  Ao Ministério da Educação recomenda-se que sejam inseridos, nos programas, conteúdos gramaticais com mais abundância;

ü  Igualmente, recomenda-se ao ministério que se faça a revisão da carga horária, pois conteúdo como divisão e classificação de orações devia conter mais aulas do que, tem agora.

  

BIBLIOGRAFIA

BORREGANA António Afonso, gramática língua portuguesa, 1ª edição, texto editores, Maputo, 2008.

COIMBRA et all, gramática actual, Lisboa Porto, 2002

CUNHA E CINTRA, nova gramática do português contemporâneo, Lisboa, edições João Sá da costa, 1997

CUNHA E CINTRA, nova gramática do português contemporâneo, Lisboa, edições João Sá da costa, 1997

GOMES, gramática pedagógica e cultural da língua portuguesa: Porto editora, edições, flumen, 2008.

GOMES E FIGUEIREDO 1997.J. NUNES, compêndio de gramática portuguesa, 1ª edição, porto editorial, Lisboa, 1974.

GONSALVES Perpétua, caderno de apoio à leccionação dos conteúdos programáticos de funcionamento da língua, 2008.

MOURA, gramática do português actual, Lisboa editora, 2004

PINTO E LOPES et all, gramática do português moderno, Lisboa, plátano editora, 1ª edição 2006

PINTO José M. DE Castro, PARREIRA Manuel e Lopes Maria do céu viera, gramática do português moderno, 4ª edição, plátano editora, Lisboa.

PINTO, novo prontuário ortografo, 1ª edição, plátano editorial, Lisboa, 1998 Porto editora, Portugal,1998.

Anexo-1

Universidade Católica de Moçambique

Centro de ensino a distância

Questionário direccionados aos alunos da 10ª classe

Tema problemático da divisão e classificação das orações subordinadas e relativas

Dados pessoais opcionais

Turma..... Classe…….repetente ……não repetente…….idade……sexo……

O questionário conte perguntas fechadas, leia atentamente as questões e escolha a alternativa correcta.

1. Das palavras seguintes, apenas uma é pronome relativo. Coloque X na alínea certa.

a)        Alguns

b)         Ninguém

c)        Nossas

d)        Quantos

2. Escolha a opção correcta para cada espaço indicado:

a) Aqui fica a caneta_________me emprestaste.

  1. Cujo                          ii.  Que                iii. Quem               iv. Quanto

b)_________Cala consente.

  1. Que                            ii. Onde                 iii.    Cujo                   iv. Quem

c) A Escola------------- estudo é bonita.

i. Quem                     ii. Cujo                  iii. Onde               iv. Que

d) O aluno -------------- pai é professor passou de classe.

i. que           ii. quem           iii. cujo                 iv. o qual

3. Nas frases seguintes sublinhe o pronome relativo.

a) A música que tocaste não é conhecida.

b) Encontrou-se num velho jardim de que já mal se lembrava.

c) Não acredites em tudo quanto ouves.

d) Os atletas treinaram, chegaram à meta.

4. Nas frases que se seguem, sublinhe apenas as subordinadas relativas.

a) Quem tudo quer tudo perde.

b) Aquele que entrou não fechou a porta.

c) O anel que tu compraste foi caríssimo.

d) O cão que não ladra morde.

5. Nas frases seguintes sublinhe apenas o predicado.

a) O homem que vi é alto.

b) Na escola onde estudo tem um lindo jardim.

c)Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.

d) O filho que obedece prospera.

 

 

 

 

 

 

Anexo-2

Universidade Católica de Moçambique

Centro de ensino a distância

Questionário direccionados aos professores que leccionam a 10ª classe

Tema: problemática da divisão e classificação das orações subordinadas e relativas

Dados pessoais opcionais

Local de trabalho: ESG-MACOMBE, experiencia profissional10, numero de turmas 6 idade32, sexo Masculino, carga horaria39

Categorias profissionais: formação geral……12ª+1….bacharel….licenciado….outros….

O questionário contém perguntas mistas. Com x a alternativa correcta e dê sua opinião nas questões de reflexão.

Quais são as maiores dificuldades que os alunos apresentam na subordinação

Alternativas

Nº de respostas

%

Divisão

   

Classificação

   

Identificação

   

Que método (s) usa

Para dar divisão e classificação das orações

Alternativas

Nº de respostas

%

Elaboração conjunta

   

Trabalho

Independente

   

Expositivo

   

Quantas vezes constam no programa conteúdos de divisão de orações

Alternativas

Alternativas

Percentagem

Muita

X

 

Poucas

   

Nenhuma

   

Em parte da aula tem abordado esta matéria

Alternativas

Alternativas

Percentagem

Numa aula inteira

X

 

Uma parte da aula

   

Como TPC

   

Quais são as dificuldades que tem enfrentado na abordagem dessa matéria?

Falta de domínio de conjunções e locuções subordinativas por parte dos alunos

Qual é a proposta que tem para superar as dificuldades?

  • O conteúdo devia aparecer com mais frequência no programa;

  • Dar trabalhos relacionados com o tema;
  • Criar condições para os alunos dominarem o quadro das conjunções e locuções subordinativas e as respectivas funções

 

 

 

 

 

ÍNDICE

Declaraçao de honra……………………………………………………………………… III

Agradecimentos……………………………………………………………………………IV

Dedicatoria………………………………………………………………………………….V

Resumo…………………………………………………………………………………….VI

Capitulo - I. 1

Introdução. 1

1.1Tema. 2

1.2 Delimitação do tema. 2

1.3 Justificativa. 2

1.4 Objectivos. 2

1.4.1 Objectivo geral 3

Objectivos específicos. 3

1.5 Relevância. 3

1.6 Problema. 3

1.7. Hipóteses. 4

1.7.1 Hipótese básica. 4

1.7.2 Hipóteses secundárias. 4

1.8 Metodologias de Investigação. 4

1.9 Delimitação da amostra. 4

CAPITULO II. 6

2. Revisão da literatura. 6

2.1 Frases simples e frases complexas. 7

2.1.1 Frases complexas. 8

2.12-Organizaçao das frases complexas. 8

2.1.2.1 Subordinação. 9

2.1.2.2 CONJUNÇÕES. 10

2.1.3.1 Quadro de Conjunções/Locuções. 11

2.1.4.1 Pronomes e advérbios relativos. 14

2.1.6 Orações subordinadas adjectivas. 21

CAPITÚLO ΙII. 27

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS. 27

Análise dos dados - pronomes relativos. 27

TABELA-5: Identificação de pronome relativo. 27

TABELA-6: aplicação de pronomes relativos. 28

TABELA-7: identificação de predicados. 28

TABELA-8: identificação da oração subordinada relativa. 29

Tabela-9: relativa ao material de apoio. 30

TABELA-10: Sobre Biblioteca escolar 31

TABELA11: percentagem da matéria (divisão e classificação das orações) no programa. 31

TABELA-12: sobre maior dificuldade. 32

TABELA-13: Sobre os métodos usados pelos professores na transmissão da matéria em causa. 32

Capitulo IV Conclusão e recomendações. 33

Conclusão. 33

Chegado ao fim do trabalho, torna-se pertinente tecer algumas conclusões com relação aos dados recolhidos por meio de entrevistas e com base nas análises feitas. 33

Recomendações. 34

BIBLIOGRAFIA.. 35

Anexo-1. 36

Anexo-2. 38