INTRODUÇÃO

 

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que atinge de 3% a 7% da população. Caracteriza-se por diminuída capacidade de atenção, impulsividade e hiperatividade, de acordo com o DSM-IV-TR (American Psychological Association, APA, 2003), afetando crianças, adolescentes e adultos. O TDAH vem sendo tratado em crianças por quase um século, mas somente há algumas décadas foi dada atenção ao fato de que esta patologia persiste na vida adulta. Hoje, estima-se que 60% a 70% das pessoas que tiveram TDAH na infância mantêm o transtorno na vida adulta (Amaral, 2001; Barkley, 2002; Risueño, 2001; Souza, Serra, Mattos & Franco, 2001; Travella, 2004). (http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo)

Sendo este um tema interessante e preocupante na atualidade e que vem sendo estudados e pesquisado por médicos, psicólogos e outros grupos, pretendemos entender como foi sua evolução do conceito de lesão até os dias atuais sabendo que, muitas denominações e siglas têm sido usadas para referir-se ao Distúrbio do déficit de Atenção. Que grande problema em criar rótulos para designar alterações comportamentais é, que acabam sendo um reflexo do nível de conhecimento sobre aquele assunto, em um dado momento e, por isso mesmo, quase nunca refletem a verdade que de fato ocorre nestas alterações.

Tendo em vista que o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é mais freqüente no sexo masculino e mais facilmente observado em crianças em idade escolar, os sintomas de desatenção afetam o trabalho em sala de aula e o desempenho acadêmico. Os sintomas de impulsividade também podem levar ao rompimento de regras familiares, educacionais e interpessoais, especialmente na adolescência. Ao final da infância, os sinais de excessiva atividade motora ampla passam a ser menos comum, podendo os sintomas de hiperatividade limitar-se à inquietação ou uma sensação íntima de agitação ou nervosismo.

Na prática, DA ou DA/HI e alguns subtipos citados por diversas classificações são agrupados sob o leque da sigla DDA; isso ocorre por várias razões, mas a mais convincente deve-se a ampliação da preocupação dos sintomas dessa alteração comportamental, dando destaque especial ao déficit de atenção que subvalorizado em função da hiperatividade e da impulsividade.

Atualmente se sabe que a desatenção é o núcleo básico, comum e unificador desse tipo de funcionamento mental. Será dado no decorrer de todo o trabalho destaque a essência DDA ilustrando com historias reais, facetas íntimas desse universo ainda tão pouco conhecido pelos profissionais da saúde e da educação e do grande publico em geral.

O comportamento do DDA nasce do que se chama trio de base alterada. É a partir desse trio de sintomas formado por alterações da atenção, impulsividade e da velocidade da atividade física e mental que se irá desenvolver todo o universo DDA, que muitas vezes, oscila entre o universo da plenitude criativa e a exaustão de um cérebro que não para nunca.

Alteração da atenção é o sintoma mais importante no entendimento do comportamento DDA, onde a pessoa pode ou não apresentar hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à dispersão.

Impulsividade, a palavra impulso tem significado próprio: ação de impelir; força com que se impele; estimulo, abalo; ímpeto, impulsão. Todas essa definições irão ajudar a entender a maneira pela qual o DDA reage diante dos estímulos do mundo externo. Pequenas coisas podem despertar-lhe grandes emoções e a força dessas emoções gera o combustível aditivado de suas ações; sua mente funciona como receptor de alta sensibilidade, que ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem avaliar as características do objeto gerador do sinal captado.

Hiperatividade física e mental: é muito fácil identificar a hiperatividade física de um DDA; quando criança eles se mostram agitados, movendo-se sem parar na sala de aula, em sua casa ou n mesmo no playground, em ambientes fechados, mexem em vários objetos ao mesmo tempo derrubando grande parte deles no ímpeto de checá-los, são crianças que costumam receber designação pejorativa como: “bicho-carpinteiro”, “elétricas”, “desengonçados “, “pestinhas” entre outros. A hiperatividade mental ou psíquica apresenta-se de maneira mais sutil, o que não significa que seja menos penosa que a física. Ela pode ser entendida tal como um “chiado” cerebral, tal qual um motor de automóvel desregulado que acaba por provocar um desgaste acentuado, geralmente faz com que a pessoa não durma direito à noite, pois seu cérebro fica agitado de tal forma que não consegue desligar.

Infelizmente em grande parte dos casos, o DDA não vem sozinho, ele pode vir em dupla, em trio, até em bandos. O que os psiquiatras chamam de “comorbidades”, ou seja, um ou mais transtornos psiquiátricos em coexistência com um transtorno primário (de base). No caso do DDA a distração, os freqüentes esquecimentos, a desorganização, a perene sensação de que algo esta errado, a costumeira protelação de tarefas que causam muita ansiedade. São características que podem fazer com que a pessoa DDA acabe por desenvolver transtornos associados, como ansiedades generalizada, de pressão, pânico, fobias etc. no desenvolver do trabalho esmiuçaremos os transtornos comórbido mais freqüentes e o sofrimento de pessoas que não só tem o comportamento DDA, como também outras problemas fortemente relacionados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

 

Crianças acostumadas a dizer o que lhes vem à cabeça, que se envolvem em brincadeiras perigosas, com reações exageradas, tudo isso pode render-lhes rótulos desagradáveis. O DDA na infância em geral se associa às dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com DDA podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites, esses comportamentos quanto mais intenso e mais freqüentes é claro que será um dos fatores de grande influencia na formação de auto-estima cheia de “buracos”. Todo DDA, na sua vida adulta, apresentará problemas com sua auto-estima e este é o maior de todos os desafios de seu tratamento: a reconstrução dessa função psíquica que, em ultima analise, constitui o espelho da própria personalidade.

No DDA adulto, a impulsividade também trará serias conseqüências, ele poderá até ter aprendido a diminuir determinados riscos vitais, no entanto, seu impulso verbal pode continuar a lhe trazer sérios problemas, principalmente em situações em que esteja sob forte impacto afetivo ou sob pressão pessoal.

Os adultos com DDA costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia. Por exemplo, pode ser difícil para uma pessoa com DDA determinar o que é mais importante dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode deixar para depois. Em conseqüência disso, quem DDA fica muito “estressado” quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com freqüência, uma vez que assume vários compromissos diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os indivíduos com DDA acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão fazendo e começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido ou então se esquecendo dele.

O portador de DDA fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com outras pessoas. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para o portador de DDA, que freqüentemente “deixa as coisas pela metade”.

Se o comportamento dos DDAs não for compreendido e bem administrado por eles próprios e pelas pessoas que com eles convivem, freqüentemente, conseqüências no agir poderão se manifestar sob diferentes formas de impulsividade, tais como: agressividade, descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiados, jogos, tagarelices incontrolável , etc. o  que se vê na maioria absoluta dos DDAs, é que, no fundo de suas essências, eles tem um profundo amor a vida, tanto que passam a maior parte de seu tempo buscando emoções, aventuras, projetos, tudo para viver mais intensamente.

Um DDA pode ser caracterizado por três principais sintomas: distração impulsividade e hiperatividade, sendo estas três características um tanto comum na população infantil. Podem-se distinguir uma criança DDA de uma “normal” pela intensidade, freqüência e Constancia das três características citadas. Tudo na criança DDA parece estar “a mais”, e o principal instrumento de um médico, de um psicólogo ou de outro profissional habilitado que queira avaliar a possibilidade de uma criança ser DDA é pura e simplesmente a observação, uma observação muito especial, onde o observador deve estar treinado a captar as nuances, não só do comportamento manifestado da criança, como também deve “pesar” nos relatos dos pais, professores e de outras pessoas que convivam com a criança, os fatos acontecimentos que caracterizam uma criança com DDA.

A criança DDA pode dar tudo de si e deixar fluir sua criatividade e entusiasmo inatos se for corretamente estimulada, ela é capaz de responder maravilhosamente bem sob o calor do incentivo, e os elogios e recompensas; mas por outro lado murcha e se retrai sob o peso das criticas excessivas e da falta de compreensão; podendo responder através de um cabisbaixo recolhimento ou pela erupção de comportamento agressivo e impulsivo. Como conseqüência da hiperativdade/impulsividade, a criança DDA faz primeiro, pensa depois. Reage irrefletidamente a maioria dos estímulos que se apresentam. Não porque seja mal - educada, imatura, ou pouco dotada intelectualmente. Isso se deve ao fato de o DDA apresentara a área cerebral responsável pelo controle dos impulsos e filtragem de estímulos _córtex pré-frontal_ não tão eficiente. Há um substrato orgânico determinando essa característica. A criança DDA é bastante inteligente e criativa, pode apresentar imaturidade em relação a outras crianças de mesma idade, no aspecto emocional e no comportamento manifesto, mas não em relação à capacidade cognitiva. Com o tratamento adequado conseguem equiparar-se aos demais.

 

Critérios ou Diagnósticos para Transtornos de Déficit de Atenção – Hiperatividade:

Questionário de Diagnóstico e Estatística

 

1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.

2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer

3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele

4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.

5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades

6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.

7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).

8. Distrai-se com estímulos externos

9. É esquecido em atividades do dia-a-dia

10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira

11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado

12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado

13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma

14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.

15. Fala em excesso.

16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas

17. Tem dificuldade de esperar sua vez

18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).

É importante lembrar que tais testes podem apresentar falsos negativos ou falsos positivos. Algumas variáveis podem influenciar a disposição do examinado no momento de sua aplicação, se o examinado estiver, por exemplo: nervoso, ansioso, estressado, etc.

O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, podendo ser feito por profissional que conheça profundamente o transtorno e uma vez diagnosticado, o tratamento baseia-se em medicação se necessário e acompanhamento psicológico, fonoaudiológico ou psicopedagógico. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de DDA. Somente um médico especialista ou psicólogo especializados pode confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins. Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de minorar os sintomas de déficit de atenção/hiperatividade, entretanto nem todas respondem positivamente ao tratamento. Tendo em vista que o sofrimento humano não segue correntes filosóficas ou cientificas, apenas buscam uma saída que contribua para seu alivio, grande parte de pessoas DDA por crenças e conceitos falsos não fazem uso de medicamentos que poderiam ser visto como uma ferramenta a mais na busca de uma melhor qualidade de vida.

Há muita polêmica em torno da medicação do TDA/H. Têm-se falado que está ocorrendo um uso abusivo e indiscriminado dos medicamentos que podem auxiliar no tratamento do portador do TDA/H, que ao mesmo tempo em que auxiliam em problemas como o da concentração, por exemplo, também têm muitos efeitos colaterais. Um aspecto importante é o de que nem todo o caso pode ser beneficiado com o medicamento. Aquele grupo em que o TDA/H aparece sozinho, sem comorbidades, pesquisas mostram que a medicação tem efeito muito bom, porém por um curto período de tempo. Por outro lado, quando há comorbidades é preciso tratar conjuntamente as outras patologias, sejam com medicamento e/ou terapia. Há pesquisas que mostram que a criança, muitas vezes, tem uma perda na estatura final. Por isso, muitos especialistas não recomendam o uso dos medicamentos em idade de crescimento.

Tipos de medicamentos mais utilizados

  • Estimulante, Metilfenidato – Ritalina, Ritalina LA e Concerta (1ª escolha)
  • Antidepressivos, Norpramim R (desipramina) – Tofranil R (imipramina) prozac R (fluoxetina) apropax R ( paroxiatina);
  • Acessorios: usados para amenizar efeitos colaterais da medicação, principalmente nos casos de:, combate a irritabilidade, insônia ou sintomas físicos em forma de taquicardia, sudores ou diarréia que podem ser causadas pelos psicoestimulantes ou betabloqueadores como o propranolol, são ao mais usados para combater esses efeitos.

Terapia
                A terapia é muito eficiente em grande parte dos casos, principalmente aqueles onde encontramos comorbidades com distúrbios ansiosos e TDO (transtorno desafiador opositor).

Biofeedback (ou neurofeedback)

Uma novidade no tratamento está no biofeedback. A criança ou adulto é conectada a sensores e trabalhada em diversas atividades, como videogames, dependendo da dificuldade e da idade da criança. No caso de déficit de atenção, por exemplo, quando a criança distrai-se, a atividade não é concluída e, portanto não ganha os pontos. Ou seja, cada vez que o cérebro responde, corretamente ao estímulo esperado, recebe um reforço positivo. Esse tratamento é caro e longo. Para começar a dar resultados são utilizadas, pelo menos, de 20 sessões. O interessante neste caso é que o paciente vai assimilando e extrapolando suas reações para as atividades da vida diária. É um processo de aprendizagem, que depois de treinado, assimilado e bastante utilizado passa a facilitar a vida do paciente.

 

 

 

 

 

 

Conclusão

Estabelecer critérios para a identificação de uma pessoa DDA sempre foi um grande desafio enfrentado pela psiquiatria e a Psicologia, uma vez que não se dispõe, até o momento de um teste ou exame especifico que por si só identifique o DDA. As ciências que estudam o cérebro e o comportamento humano ainda têm como maior e melhor ferramenta a velha e boa anmines, que consiste em uma conversa detalhada sobre toda a história de vida de um individuo, desde sua gestação até os dias atuais. Surge ai a primeira grande dificuldade, em se fazer o diagnostico de DDA em adultos, já que, muitas vezes, não é possível colher dados com seus pais ou com seus cuidadores infantis, restando apenas o seu próprio relato que, obviamente será deficiente em vários registros importantes. Portanto, o melhor critério para se diagnosticar o DDA é a própria historia pessoal vista pelos mais diversos ângulos de sua existência: escolar, profissional, familiar, social e afetiva. A visão global é que nos dará oportunidade de criar, de maneira empírica, porém bastante adequada, o critério para estabelecer-se a necessidade de tratamento para essa alteração que, na realidade, precisa muito mais de um ajuste no seu comportamento do que, na verdade, um tratamento, e o que determina sua necessidade é o desconforto sofrido na sua vivencia diária. Se um DDA vem sofrendo com seus esquecimentos, desorganizações, impulsos ou com sua agitação física e mental, deve procurar ajuda, visando a estabelecer um equilíbrio entre sua forma de ser, as obrigações e encargos impostos por sua vida, principalmente na fase adulta.

Entendemos que a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade podem resultar de problemas na vida dessas crianças e não necessariamente ser causada pelo déficit de atenção com hiperatividade, principalmente quando apenas parte dos sintomas estão presentes ou quando não se manifestam o tempo todo. O déficit de atenção se manifesta continuamente. Uma criança que se comporte inadequadamente dentro das características citadas somente em casa ou somente na escola possivelmente encontra problemas nesses locais e não apresenta o transtorno de déficit de atenção. Sistemas educacionais inadequados e problemas conjugais são as primeiras coisas a serem analisadas. Portanto, o contexto onde a criança vive além dos sintomas deve sempre ser considerados para o diagnóstico.

Bibliografia

 

Silva, Ana. Beatriz. B. (2003). Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. Rio de Janeiro: Napedes.

http://www.educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/hiperatividade-na-escola.htm. Acesso em 09/09/2008