Hobbes em sua obra Leviatã elabora alguns fundamentos à cerca da vida politica do homem, colocando a necessidade da existência do Estado.

No título que segue: “Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil”, ele se coloca como materialista (a partir do termo apresentado), seguindo o pensamento de Heráclito e de Demócrito, em relação às formas, pensando em um constante devir e o atomismo, voltado para o modo de entender os seres vivos e o mundo, dessa forma o termo “matéria”, segue como um principio ontológico que ele irá seguir. Assim para ele o ser humano é apenas movimento e matéria não existindo nada além, entrando em conflito com a metafísica, e desvinculando-se do pensando cristão ao qual ele crítica, de forma especial nos pensadores Agostinho e Tomas, querendo também distinguir o poder politico religioso e civil.

Para Hobbes o Estado é uma criação do homem, um artifício, que é comparável a natureza divina que é onipotente, portanto na concepção medieval o Estado é uma obra de Deus, que o imita em sua possibilidade de criação. No entanto o Estado ele é apenas um artifício humano, forjado com o objetivo de consertar aquilo que é causado pelo próprio homem, sendo uma possibilidade de desordem, e “a guerra de todos contra todos”.

Essa possibilidade dos homens se confrontarem entre si é devido à existência de uma teleologia humana, que para Hobbes é simplesmente a conservação de si, a própria sobrevivência, sendo este um forte motivo para agir de forma a atingir este telos. Uma forte influência que aguça esse pensamento hobbesiano, é contrariedade do pensamento a cerca do homem na antiguidade e medievalidade, na qual o homem é alguém na polis, vive unicamente na comunidade, e a partir dos pensamentos cartesianos em relação ao “Eu” se tem uma noção de indivíduo, aquilo que não pode ser dividido, agora a pessoa está só, o telos do homem é o próprio homem. O pensamento em consideração ao indivíduo se distância grandiosamente daquilo que fora dito no passado, os homens não sentem prazer e nem ao menos precisam, estar na presença dos outros homens.

Junto com o movimento de se preservar, o homem caminha com medo, medo do mais forte, daquilo que ameaça essa preservação, por isso não prazer algum em ficar próximo de outro homem, já que este poderá causar danos em sua vida.

O homem, portanto é um ser que caminha em busca de se preservar preferindo a solidão, e segue as próprias paixões e desejos, coisas que não são mais pecados, mas parte desse ser que é movimento e matéria e que possui apenas uma vida temporal.

Nessas condições não há a possibilidade de se gerar um conceito de injustiça, pois os homens se confrontam para se conservarem, não havendo um padrão moral para ser seguido, assim se conclui que os conceitos de justiça e injustiça não fazem parte das faculdades do corpo e da alma. Surgi aqui à necessidade de se criar um Estado que paira sobre os homens a fim de governa-los, mas no fundo é para manter uma ordem.

Como pode ser visto o pensamento de Thomas Hobbes se volta ao homem enquanto indivíduo, estando criando novos conceitos para inaugurar uma nova filosofia politica, criticando assim como já fora dito, além de todo pensamento cristão, mas o próprio passado.

Hobbes possui pensamento distinto de Aristóteles em diversos pontos.

Tanto para um como para o outro a vida do homem possui um telos, uma finalidade.

Diferentemente para Aristóteles, essa finalidade é alcançar um bem máximo, sendo este algo que se concretiza com uma auto-realização, alcançada por uma vida feliz, é encontrar uma eudaimonia.

Essa eudaimonia para tanto, só pode ser alcançada na vida comum, vivendo na cidade (polis), em harmonia com os outros indivíduos, pois o ser humano é um ser que depende de uma convivência com os outros de sua espécie, e se não viver assim por não conseguir ou precisar se relacionar com os outros é porque é um deus ou um bruto, selvagem.

Para Aristóteles o homem é um Zoon Politikos, ele é naturalmente inclinado a viver na comunidade, faz parte de sua essência viver se relacionando com os outros homens.

Não é algo solitário e também não é apenas movimento e matéria, entretanto é um ser vivo, possui a vida em sua totalidade, e que é animado, possui anima (alma) e uma capacidade de pensar, ele usa o logos, para expor teoricamente a sua vida prática. E também a virtude esta intrínseca nessa alma, para que assim o homem naturalmente virtuoso, usa desta para agir de forma correta diante da vida na comunidade se relacionando com os outros.

O homem que nasce naturalmente livre possui em suma essas características ditas, mas aquele que nasce escravo é apenas um objeto algo material a ser usado.

O estado aqui surge como algo que auxilia nos parâmetros pré-estipulados para a sociedade, sabendo o seu lugar, seja de pai de família, filho, esposa ou o governante e até mesmo o escravo.