Dissertando sobre a vida fora do armário
Publicado em 07 de janeiro de 2011 por Viviane de Sousa Furtado
Minha mãe é engraçada, ela está definitivamente fingindo que não sabe que eu sou lésbica, por outro lado, ela brincou que vai me apresentar umas meninas, acho que ela está começando a aceitar...
Ela me disse outro dia que a filha de uma amiga dela é lésbica e que a menina é linda. Acho que agora o caso nem é mais sobre a minha opção quanto a se é um homem ou uma mulher, acho que agora o caso é que ela não gosta da minha parceira...
Eu a minha parceira estamos juntas a uns cinco anos e minha mãe fazendo vista grossa, só que ela nunca gostou da menina, acho que ela pensa que a menina virou minha cabeça e de certa forma virou, só que a menina não tem como me transformar em lésbica. Quer dizer nem se ela fosse a Jolie. Ou você é ou não é.
Eu li em algum lugar esses dias que você não nasce homofóbico, você aprende a ser já a opção sexual é diferente, você nasce assim. E eu concordo. Um cara que eu não me lembro agora o nome disse uma vez: "quem em sã consciência vai escolher ser gay? Quer dizer ser humilhado, menosprezado e rotulado só por causa da sua opção". E eu também concordo com ele.
Eu perdi a conta de quantas vezes eu me perguntei o que tinha errado comigo. Eu também perdi as contas de quantas vezes eu briguei contra Deus por ele ter me feito lésbica. Até que eu percebi que Deus nunca comete erros, que eu não sou um erro e que sou muito mais feliz sendo Lés mesmo.
Já o meu pai, eu acredito que ele prefere assim, que se sente mais seguro sabendo que nenhum marmanjo vai encostar na filhinha dele...
Meu pai é mais simples...
Só que eu acho que nunca vou poder sentar e conversar com eles sobre nada. Que se um dia eu terminar com a menina (e olha que a gente vive em crise) eu não vou ter um colo para chorar.
O pior é quando eu me traio, quando minha mãe fala sobre a vida de casada dela e eu comparo a relação dela com meu pai com a minha e a da menina... Ela finge que não entende. As vezes ela me dá umas alfinetadas, do tipo você-não-sabe-como-é-você-não-é-casada.
Eu espero estar errada e que no futuro tudo possa ser as claras mesmo, que eu possa apresentar minha noiva como minha noiva e quem sabe (quem sabe mesmo), eu até possa beijar ela na frente dos meus pais... E é claro eu quero ter filhos com a minha parceira e não quero ter aqueles problemas do tipo ele-não-é-seu-filho-é-filho-dela.
A vida é engraçada.
Minha vida é uma graça.
Quem diria que a net me tiraria da posição confortável em que eu estava dentro do armário...
Aliás eu estava assim só com a manga do casaco para dentro do closet, afinal todos no meu trabalho sabiam que eu sou Lés. Claro eu sofri preconceito por causa disso, ganhar uma promoção foi um custo e todo mundo ficava falando como eu devia me vestir ou como devia agir. Mas vai saber. Talvez eles só estivessem falando e eu só não consegui a promoção. Talvez não fosse por causa da minha opção sexual. Mas acho que isso é uma coisa que você sente. Você sente quando as pessoas se incomodam só com a sua presença.
Outro dia uma menina me perguntou se eu não achava falta de respeito beijar na frente dos meus pais. Até ai tudo bem. Mas essa menina beija na frente dos pais e não parece achar que está desrespeitando ninguém. Então o que ela fez na minha opinião foi ter um pensamento um tantinho homofóbico. Mas tudo bem.
Realmente é difícil me imaginar beijando na frente dos meus pais. Ou dos meus amigos. Ou de qualquer um.
Meus beijos nesses cinco anos tem sido todos beijos secretos. Ninguém os vê, eu não falo sobre eles, mas o mais importante que eu sei que eles existem.
As vezes eu queria ter alguém, uma amiga, ou amigo, com quem eu pudesse conversar, confessar meus desejos secretos. Porque sim eu tenho amigos mas eles não são exatamente simpatizantes.
Uma vez eu perguntei para um deles o que eles achavam sobre os direitos para os homossexuais e ele respondeu que Os gays deviam ficar felizes por que ele e os outros heteros deixam eles existirem e que não deviam ter direito nenhum. Confesso que este virou meu ex-amigo.
Sabe o que eu admiro de verdade? As bofinhos. Aquele tipo de lésbica bem maria homem, sabe? Aquelas que a cem metros de distância você consegue saber que é lésbica só de olhar. Eu as admiro tanto porque elas sofrem o preconceito maior e não podem ser como certas Lés (como eu ), que podem se assim quiser fingir que são hetero ou simplesmente não contar que são Lés, como porque eu não tenho gaydar. Sabe? Aquela capacidade de saber se a pessoa joga no seu time ou não? Pois é o único jeito de eu conseguir por assim dizer "caçar" é se a menina for bofinho, do contrario eu não sei se ela é ou não é.
Mas que bobagem, eu não "caço" ninguém a cinco anos, mas me lembro muito bem que não sou do tipo que caça, sou do tipo que é caçada.
Concluindo, minha vida fora do armário é igual a vida dentro dele, com a diferença que agora eu sinto mais confiança, e de certa forma, mais orgulho de mim mesma. Como se o simples fato de me posicionar de verdade me acrescentasse uma força.
Ela me disse outro dia que a filha de uma amiga dela é lésbica e que a menina é linda. Acho que agora o caso nem é mais sobre a minha opção quanto a se é um homem ou uma mulher, acho que agora o caso é que ela não gosta da minha parceira...
Eu a minha parceira estamos juntas a uns cinco anos e minha mãe fazendo vista grossa, só que ela nunca gostou da menina, acho que ela pensa que a menina virou minha cabeça e de certa forma virou, só que a menina não tem como me transformar em lésbica. Quer dizer nem se ela fosse a Jolie. Ou você é ou não é.
Eu li em algum lugar esses dias que você não nasce homofóbico, você aprende a ser já a opção sexual é diferente, você nasce assim. E eu concordo. Um cara que eu não me lembro agora o nome disse uma vez: "quem em sã consciência vai escolher ser gay? Quer dizer ser humilhado, menosprezado e rotulado só por causa da sua opção". E eu também concordo com ele.
Eu perdi a conta de quantas vezes eu me perguntei o que tinha errado comigo. Eu também perdi as contas de quantas vezes eu briguei contra Deus por ele ter me feito lésbica. Até que eu percebi que Deus nunca comete erros, que eu não sou um erro e que sou muito mais feliz sendo Lés mesmo.
Já o meu pai, eu acredito que ele prefere assim, que se sente mais seguro sabendo que nenhum marmanjo vai encostar na filhinha dele...
Meu pai é mais simples...
Só que eu acho que nunca vou poder sentar e conversar com eles sobre nada. Que se um dia eu terminar com a menina (e olha que a gente vive em crise) eu não vou ter um colo para chorar.
O pior é quando eu me traio, quando minha mãe fala sobre a vida de casada dela e eu comparo a relação dela com meu pai com a minha e a da menina... Ela finge que não entende. As vezes ela me dá umas alfinetadas, do tipo você-não-sabe-como-é-você-não-é-casada.
Eu espero estar errada e que no futuro tudo possa ser as claras mesmo, que eu possa apresentar minha noiva como minha noiva e quem sabe (quem sabe mesmo), eu até possa beijar ela na frente dos meus pais... E é claro eu quero ter filhos com a minha parceira e não quero ter aqueles problemas do tipo ele-não-é-seu-filho-é-filho-dela.
A vida é engraçada.
Minha vida é uma graça.
Quem diria que a net me tiraria da posição confortável em que eu estava dentro do armário...
Aliás eu estava assim só com a manga do casaco para dentro do closet, afinal todos no meu trabalho sabiam que eu sou Lés. Claro eu sofri preconceito por causa disso, ganhar uma promoção foi um custo e todo mundo ficava falando como eu devia me vestir ou como devia agir. Mas vai saber. Talvez eles só estivessem falando e eu só não consegui a promoção. Talvez não fosse por causa da minha opção sexual. Mas acho que isso é uma coisa que você sente. Você sente quando as pessoas se incomodam só com a sua presença.
Outro dia uma menina me perguntou se eu não achava falta de respeito beijar na frente dos meus pais. Até ai tudo bem. Mas essa menina beija na frente dos pais e não parece achar que está desrespeitando ninguém. Então o que ela fez na minha opinião foi ter um pensamento um tantinho homofóbico. Mas tudo bem.
Realmente é difícil me imaginar beijando na frente dos meus pais. Ou dos meus amigos. Ou de qualquer um.
Meus beijos nesses cinco anos tem sido todos beijos secretos. Ninguém os vê, eu não falo sobre eles, mas o mais importante que eu sei que eles existem.
As vezes eu queria ter alguém, uma amiga, ou amigo, com quem eu pudesse conversar, confessar meus desejos secretos. Porque sim eu tenho amigos mas eles não são exatamente simpatizantes.
Uma vez eu perguntei para um deles o que eles achavam sobre os direitos para os homossexuais e ele respondeu que Os gays deviam ficar felizes por que ele e os outros heteros deixam eles existirem e que não deviam ter direito nenhum. Confesso que este virou meu ex-amigo.
Sabe o que eu admiro de verdade? As bofinhos. Aquele tipo de lésbica bem maria homem, sabe? Aquelas que a cem metros de distância você consegue saber que é lésbica só de olhar. Eu as admiro tanto porque elas sofrem o preconceito maior e não podem ser como certas Lés (como eu ), que podem se assim quiser fingir que são hetero ou simplesmente não contar que são Lés, como porque eu não tenho gaydar. Sabe? Aquela capacidade de saber se a pessoa joga no seu time ou não? Pois é o único jeito de eu conseguir por assim dizer "caçar" é se a menina for bofinho, do contrario eu não sei se ela é ou não é.
Mas que bobagem, eu não "caço" ninguém a cinco anos, mas me lembro muito bem que não sou do tipo que caça, sou do tipo que é caçada.
Concluindo, minha vida fora do armário é igual a vida dentro dele, com a diferença que agora eu sinto mais confiança, e de certa forma, mais orgulho de mim mesma. Como se o simples fato de me posicionar de verdade me acrescentasse uma força.