Antes de mais nada, vamos entender um pouco da história para qual estamos olhando através deste filme. Para isso, precisamos saber um pouco de Mandela, o que foi o Apartheid e o que um pais dividido entre diferenças raciais, economicas e sociais, podem reagir ao serem confrontados com a sua própria verdade, um filme que retrata o início de uma nação arco-íris.

 Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918) é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento antiapartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro em luta pela liberdade, era considerado pelo governo sul-africano um terrorista. Sua vida foi brilhantemente retratada no filme “Invictus” (2009), mostrando sua conversão em ativista com métodos pacíficos, vindo a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Passou a infância na região de Thembu, antes de seguir carreira em Direito. Em 1990 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz, que foi recebido em 2002. Na África do Sul também é conhecido como 'Madiba', um título honorário adotado por membros do clã de Mandela.

 No decorrer dos vinte e seis anos de sua sentença, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou bandeira de todas as campanhas e grupos antiapartheid ao redor do mundo

De acordo com o Wikipedia,

 O apartheid (Pronúncia em africâner: [ɐˈpɐrtɦəit], separação) foi um regime de segregação racial, ou seja, quando em determinada sociedade se impede a várias pessoas o usufruto dos direitos que estão definidos para os membros dessa sociedade, com base na origem étnica (ou “raça”) dessas pessoas, diz-se que existe segregação racial, adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela minoria branca.

 A segregação racial na África do Sul teve início ainda no período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais ("negros", "brancos", "de cor", e "indianos"), segregando as áreas residenciais, muitas vezes através de remoções forçadas. A partir de 1958, os negros foram privados de sua cidadania, tornando-se legalmente cidadãos de uma das dez pátrias tribais autônomas chamadas de bantusões, quatro das quais se tornariam estados independentes de fato. À essa altura, o governo já havia segregado a saúde, a educação e outros serviços públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos.

 O apartheid trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul. Uma série de revoltas populares e protestos causaram o banimento da oposição e a detenção de líderes anti-apartheid. Conforme a desordem se espalhava e se tornava mais violenta, as organizações estatais respondiam com o aumento da repressão e da violência.

 Reformas no regime durante a década de 1980 não conseguiram conter a crescente oposição, e em 1990 o presidente Frederik Willem de Klerk iniciou negociações para acabar com o apartheid, o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela. Entretanto, os vestígios do apartheid ainda fazem parte da política e da sociedade sul-africana.

 

Mandela, tinha diante si "um povo dividido entre os brancos – poucos e donos do poder e da riqueza – e os negros, pobres e marginalizados.

 Não há como não citar a divisão de mundos em que o filme retrata logo nos primeiros minutos de exibição, negros e brancos divididos em uma nação destruída, onde a cor é o que determina quem lidera e quem é liderado. A África do Sul estaria condenada ao preconceito, a fome e a miséria, se não houvesse um homem que podesse fazer o seu diferencial. Mandela, com todo o seu carisma e poder nato de liderar, conseguiu, após a sua liberatação, eleger-se Presidente da África do Sul, justamente ele que era o principal representante do movimento antiapartheid visando unificar os direitos dos homens, sejam brancos, sejam negros, em uma época onde os brancos eram “donos da verdade”.

Um líder precisa saber bem o seu papel, precisa além de ter inteligência para negociar, conhecimento profundo de sua missão, de seu trabalho, precisa entender de gente para que possa, rapidamente, direcionar seus liderados em busca da superação, um verdadeiro líder de um time vencedor  sempre mostra o ponto de partida e não só o de chegada.

 Mandela em seu primeiro dia eleito como presidente e Líder de um país destruído e dividido por questões raciais, mostrou em primeiro lugar a humildade, a paciência, o poder de negociação, a sensibilidade e resiliência, mostrou ter visão com um olhar crítico e apurado sobre toda a situação vivenciada nesses dias, a tarefa seria difícil, convencer homens brancos a trabalharem com homens negros, reerguer um país que não tinha mais fé nem esperança em dias melhores, que não tinha dignidade nem motivos para lutar. Mas sua fé inabalável e seu bom senso, dentre tantas outras qualidades que um líder deve ter, foi mais envolvente, mas profundo, fez com que toda resistência desaparecessem e as pessoas acreditaram que tudo era possível, bastavam estar unidos independente da cor.

 Preconceito, diferenças sociais, miséria, fome, falta de fé. Entre um capitão de jogo de futebol e um presidente negro eleito após a lutra contra as diferenças raciais, quais dos dois tinham a tarefa mais dificil de realizar? Um presidente ser reconhecido por seu país ou o capitão de um time de jogo que nunca ganhava, ganhar um capeonato? Mandela foi sábio, e quis unir a nação através de um só grito, o esporte.  Foi pensando em acabar com as diferenças através do esporte que Mandela conseguiu unir uma nação, pois o povo feliz no esporte, é um povo forte que entende que para ser uma nação, não existe cor, não existe diferenças, só precisam ter raça para vencer, juntos. Essa era a estratégia, agora ele precisaria preparar alguém para isso.

 As dificuldades foram grandes, mas a percistencia, as vezes julgada como “canduquisse”,  foram sendo levadas a frente, Mandela sabia que a cicatriz de uma nação destruída poderia ser sarada com a alegria proporcionada através de uma Copa Mudial. Foi essa a estratégia utilizada por Mandela para conquistar o País. As cores de sua bandeira deveriam ser preservadas, pois ela possuem a história de um povo sofrido, um povo que merecia sentir o gosto da vitória.

 Em contrapartida, Francois Pienaar, capitão do time de Rubgy, tentava incentivar os jogadores com frases as quais nem ele mesmo acreditava, não havia força além do tom de sua voz para poder sensibilizar aqueles jogadores, principalmente porque eles nunca haviam ganho uma partida. Totalmente desistimulados, o capitão já não sabia mais como incentivalos.

 Foi através das palavras de Mandela, em um chá, em seu próprio gabinete presidencial, chá esse, humildemente servido por uma senhora que foi extremamente elogiada e respeitada por sua idade, experiência e pelo fato de ser alguém que estava ali para servi-lo, a primeira lição ensinada ao capitão foi ser humilde, a humildade que um capitão deve levar consigo para que todos sejam capazes de respeita-lo e ouvi-lo quando for falar, e assim, ser segui-lo.

 A segunda lição ensinada foi o respeito ao próximo, a capacidade de não envolver-se com seus próprios medos, e não deixa-lo transparecer. Um lider pode até fraquejar, mas jamais deverá demonstrar que não acredita, ele acredita sim, e deve levar adiante, e assim, todos segiram em frente, pois acreditam que não existe medo, nem retorno.

 A terceira lição foi a fé, fé em dias melhores, fé em que tudo vai ocorrer da forma planejada, fé em si mesmo, na sua capacidade de entender as pessoas e saber a melhor forma de liderá-las, de empenhá-las, de incentiva-las a fazerem o seu melhor.

 Derrepente Francois Pienaar percebe que as atitudes que tomavam estava sendo corretas, porem, praticadas de forma erra, foi quando ele começou a liderar de forma eficiente o seu time, que começou a dar resultados.

O líder deve dá a devida atenção às pessoas, demonstrar gesto de confiança, e acima de tudo, ser humilde,  “precisamos de vós, não tenham medo. “. - “Agora olhamos para o futuro”. - “Se conseguirmos agir assim o nosso país será uma luz no mundo”, “A nação arco-íris começa aqui. A reconciliação começa aqui”,  “o perdão liberta a alma. Remove o medo. Por isso é uma arma tão poderosa” (Mandela).

 Mandela enxergava que era através do jogo, que ele chegaria com mais rapidez, a confiança de uma Nação. Um líder tem que se aguentar nos momentos difíceis e mobilizar a equipe para vencer os obstáculos.  Ele tinha também a misão de transformar o símbolo do Springbocks no antapartheid. “Temos de ser melhores do que isso. Temos de os surpreender com a compaixão e a generosidade”. “Não estamos no tempo de celebrar vinganças mesquinhas. Este é o tempo de construir a nossa nação. De usar todos os tijolos que podemos dispor”. “Vocês elegeram-me como vosso líder. Deixem-me liderar-vos.” Liderança a partir da frente.

 Um líder deve ser charmoso e sedutor, pois admira com respeito a capacidade de seus liderados. Um líder deve ser cuidador, pois interessa-se verdadeiramente pelos problemas dos outros, sem se envolver, porém, mostra-lhe a capacidade dentro de si de resolver seus proprios problemas. Um líder deve ser servidor, pois mais do que receber, deve saber dar. Um  líder deve ser inspirador. Deve entender-se e saber quais os passos deve seguir para alcançar seus objetivos e assim, servirá como inspiração para seus liderados.
“Qual é a filosofia de liderança? Como inspira a sua equipa a dar o melhor?” – “Liderar pelo exemplo” responde Pienaar. “Mas como se consegue que eles sejam melhores do que o que são?”. “Inspiração”.

Saber liderar um homem, é tão importante quando liderar uma equipe. É saber mostra-lhe a capacidade de encontrar-se dentro de si, encontrar forças, inteligência emocional, perseverança, é gritar com o coração “Ouçam o vosso país. É agora. Este é o nosso destino. Vamos lá, Bokke”, e saber que realmente se esforçaram para conseguir. Palavras de Mandela para Piennar: “Quero agradecer-lhe pelo que fez pelo nosso país”, “Não senhor presidente, obrigado pelo que o senhor fez pelo nosso país”. A melhor recompensa de um trabalho bem feito está no simples fato do reconhecimento de seus atos.