Disraeli, hoje

*José Maria Couto Moreira

Estivesse aí o velho Dizzy ( como carinhosamente o tratava a mulher do imortal Disraeli), estaria aquela raposa inglesa repetindo para D. Dilma o que sintetizou como desabafo de uma longa carreira política, responsável pelo apogeu da imperial Inglaterra no reinado da sempre lembrada rainha Vitoria: Never complain, never explaine. Aquele bravo anglicano, inspirador e executor de políticas públicas que levantaram a Inglaterra e a alçaram a categoria de um paradigma de governo era possuído de experiência e autoridade para dizê-lo.
Pois bem. Os jornais anunciam para janeiro uma correção de 30 % !!! sobre a conta de energia e de outros serviços. Como a nossa presidente irá explicar ao povo, mais aos nordestinos carentes (núcleo que lhe garantiu a vitória por uma cabeça), uma sucessão de reajustes tarifários de serviços públicos que em 2015 se acumularam em 70 %, mais este tarifaço ora programado para Janeiro ? Onde estão seus compromissos assumidos em praça pública, enfim, sua palavra ? É a isto que os “cientistas políticos”, embora cientistas nem tanto assim, classificaram de estelionato eleitoral. E é verdade, trata-se de um estelionato contra o povo brasileiro, ainda que nem todos seus eleitores, mas vivem no território em que o primeiro mandatário é o líder institucional de todos, é quem decide a sorte de cada um. Na verdade, o que anunciam a todo dia para onerar os brasileiros já não parte mais de um cérebro saudável ou organizado e voltado para o povo, mas de um autêntico desvario ! Sim, estamos numa república de desvarios, onde o amanhã será tão incerto quanto hoje e quanto foi ontem.
Como poderá a presidente (que também reclama para si o gênero inflexível (presidenta), que não a faz mais competente nem mais patriota, como consegue ou conseguirá D. Dilma convencer seu povo de que deva ser ele o contribuinte generoso e tolerante de sempre ? A vítima será tanto vítima quanto responsável pelo suposto sucesso da política econômica ? Suposto, sim, porque não há lógica nem sustentação na melhor doutrina econômica que o confisco gera riqueza, muito menos o retorno ao crescimento, que é o interesse e o desejo de todos. Não há, na história econômica mundial, nenhum exemplo que possa sustentar que um opíparo banquete arrecadatório possa resultar em felicidade para uma nação. O contrário, sim, no século XX a América do Norte experimentou uma crise verdadeiramente alarmante, de alta depressão, e por isso trágica. E o que fizeram ? Instalaram o “new deal” (novo acordo), pelo qual o governo investiu maciçamente em obras públicas (criação de empregos), introduziu a diminuição da jornada de trabalho (defesa dos empregos) e adotou medidas a evitarem a especulação de alimentos. Isto é, o contrário do que D. Dilma impulsiona todo dia, cercada das eminências que a velam pelo dia e pela noite.
Diante desta cena tragicômica, de idas e vindas, é melhor para Sua Excelência que adote o conselho de Disraeli: Nunca se queixe, nunca se explique.

*Advogado