Disponibilidade de Água em Argissolos

Os argissolos são solos que possuem um acréscimo substancial de argila no horizonte B se comparado ao horizonte A ou E. Esse fato tem uma implicação para a disponibilidade de água para as plantas. Qual é essa implicação?

Os argissolos são solos caracterizados por ter um horizonte B textural que, em termos simples, é uma camada com um acréscimo expressivo da quantidade de argila se comparada ao horizonte A ou E, ou seja, a(s) camada(s) superficial(is) (Figura 1).

Figura 1. Argissolo. O horizonte B, camada alaranjada, possui muito mais argila do que o horizonte A ou o E.

Em termos práticos, a informação do acréscimo de argila no horizonte B se traduz no fato que a água da chuva ou da irrigação, que atravessa os horizontes A e E, que são mais arenosos e, portanto mais permeáveis. Entretanto, tal água é barrada no topo do horizonte B, devido à elevação do teor de argila.

Se o topo do horizonte B estiver na profundidade até onde as raízes das plantas das culturas ocorrem (camada arável), de 30 a 40 cm de profundidade, isso significa que as plantas terão acesso a água estocada acima do horizonte mesmo em períodos secos.

Apesar da água tender a subir rumo à superfície do solo devido ao processo de capilaridade em estações secas, que geralmente sucedem as estações úmidas, devido a intensa secagem da camada superficial por evaporação de água e por extração de água pelas raízes, a capilaridade é quebrada. Desse modo, a água fica armazenada e disponível para a planta no topo do horizonte B envolvendo também porções do horizonte E ou mesmo do A.

No entanto, se a profundidade do horizonte B ser muito profunda (acima de 60 cm de profundidade), a água estocada sobre ele não estará disponível para a planta, já que as raízes das culturas não se distribuem até essa profundidade.

Assim, fica evidente que conhecer em qual profundidade do perfil do solo se situa o horizonte B textural,  bem como a distribuição das raízes das plantas a serem plantadas são informações e extrema  relevância para o manejo ambiental e agrícola.

Preparado a partir de:

PRADO, H. Ambientes de produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas. Encarte de Informações Agronômicas, n.110, p.12-17, jun., 2005.