Introdução

As pesquisadoras argentinas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky descobriram a 30 anos, que os estudantes ordenam diversas conjecturas sobre o funcionamento do sistema de escrita, tipo degraus numa escada em direção à aprendizagem. Percebem-se alguns mitos na definição da Dislexia. Focar no procedimento escrita na oralidade, quer dizer, escrever como se fala, ou confundir foneticamente letras parecidas como F e V, juntar palavras e acoplar letras de modo aparentemente ocasional são atos categoricamente naturais do processo de alfabetização. Nota-se que saber escrever transcende a cognição da ortografia correta. Aspectos textuais, como coesão, emprego e manipulação de códigos e estrutura adjunta de conceitos, demonstram a aptidão de uso da escrita. A despeito de serem fundamentais na avaliação do grau de abrangência que cada criança tem da linguagem, quantos elementos em alguns momentos, são ignorados. Ao observar um aluno trocando letras, esta atitude pode apresentar diferentes características em seus textos, logo, o aluno não deve ser censurado, mas, acompanhar mais atentamente suas atividades para diagnosticar alguma disfunção ou não. Com isso, entendemos que a Dislexia não atrapalha na alfabetização, obtendo o diagnostico o quanto antes, pode-se trabalhar com a criança dislexia no auxilio da sua alfabetização.

Outra lenda sobre a Dislexia é que as pessoas com esta disfunção não gostam de ler ou escrever. O que acontece é o desinteresse pelas duas coisas, pois estão associadas, muitas das vezes, com a dificuldade de aprendizagem e sabe-se simbolicamente que esse processo traz estigmas entre colegas de classe. Os rótulos existem nas salas de aulas, mesmo que os professores trabalhe esse contexto, o resultado é sempre o mesmo, rotular os colegas com dificuldades na aprendizagem. Para Giselle Massi estigmatizar os colegas é uma aquisição por sentido: "Ao ser carimbado pelo professor e pelos pais, a criança desenvolve uma equivocada noção de si e passa a se ver como incapaz de avançar". Além de distúrbios físicos que podem intervir nesse problema, responsáveis que não apreciam a leitura por precário acesso a livros e jornais influenciam espontaneamente a atuação compreendida em sala de aula. No Brasil, de acordo com dados do Indicador do Alfabetismo Funcional de 2007, só 28% da população entre 15 e 64 anos é capaz de ler textos longos e fazer relações e inferências. Sendo assim, crer que a dislexia é a causadora por não se gostar de ler e escrever, gravíssima alusão, pois não serve como justificativa dos entraves do atual sistema de Educação. Telma Weiss, afirma:

"Não questiono a existência da dislexia, mas seus sinais pedem muita atenção num país como o nosso. Quando a criança é observada com mais atenção, é possível verificar que a maior parte dos problemas não é de origem patológica, mas uma junção de fatores internos e externos à escola que dificultam a aprendizagem".

Outro mito é que, as pessoas consideradas dislexias são mais inteligentes e criativas. A questão é, cada ser humano é único, cheio de astúcias e tem uma intrincada e especial maneira de analisar e interagir com o mundo. Todas as pessoas oferecem afinidade com diversas formas de linguagens. Análises do psicólogo norte-americano Howard Gardner confirmam essa diversidade, tanto que, o psicólogo denominou o procedimento de "inteligências múltiplas", pois não existe só uma inteligência a ser intercedida.Portanto, a Educação não pode se regular nesta ênfase, partindo de um veredicto final em relação às probabilidades de desenvolvimento de cada ser. Para a psicopedagoga Marice Ribenboim, de São Paulo, "Marcar uma criança como portadora de um distúrbio é, em qualquer situação, uma forma de limitação. A Educação não pode se pautar por esse tipo de evidência, como se fosse um veredicto final sobre as possibilidades de cada um."

Quanto às causas de a Dislexia ser consideradas genéticas, também é outra lenda. Pesquisas realizadas no Brasil e na Inglaterra pelo neurologista Saul Cypel, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor do Instituto de Neurodesenvolvimento Integral. Mostram o risco dos testes para o diagnóstico sobre Dislexia.Elas comprovam que não há analogia direta entre disfunções no exame eletroencefalográfico e dificuldades de aprendizagem. Como os mecanismos de funcionamento da dislexia ainda são um mistério para a Medicina, só os sintomas é que conduzem a um diagnóstico – e eles podem apontar para caminhos equivocados. Como diz o filósofo francês Edgar Morin em seu livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro: "Será preciso ensinar princípios de estratégia que permitam enfrentar os imprevistos e as incertezas na complexidade do mundo contemporâneo. É preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meio a arquipélagos de certeza".

Dislexia: Doença ou Dificuldade de Aprendizagem?

A Dislexia é um problema, bastante complexo, por isso é estudado por vários especialistas, seja na área de saúde ou da educação. As causas podem ser várias, que vão desde a congênita até a adquirida. Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem da leitura e deve ser entendida como um transtorno específico que algumas pessoas possuem para processar a informação procedente da linguagem escrita como conseqüência de certos déficits neuropsicológicos dos sistemas funcionais que são responsáveis por este processo. As crianças dislexias dispõem de um nível de inteligência normal e de um potencial de aprendizagem adequado às suas idades cronológicas. A dislexia, devido à complexidade dos sistemas funcionais integrados, pode dar lugar a distintos sintomas de leitura, e às vezes de escrita, tanto a nível gráfico como ortográfico. É extremamente importante, que se façam estudos, para a eficácia nos diagnósticos e os tratamentos dos portadores deste distúrbio, para que tenham um bom desempenho escolar, motivação e capacidade de superação das dificuldades.

As principais dificuldades apresentadas pela criança disléxica, de acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), são: demora a aprender a falar, fazer laço nos sapatos, reconhecer as horas, pegar e chutar bola, pular corda; dificuldades em escrever números e letras corretamente; distinguir esquerda e direita; dificuldade em decorar tabuada; compreensão lenta na leitura; entre outros. Os disléxicos precisam de tratamento especializado tanto quanto outros deficientes na área de linguagem, mas precisam, e muito, do auxilio do professor e da família. Para diagnosticar a dislexia, deve ser excluída a presença de alguns outros distúrbios. Segundo Tallal: "a dislexia caracteriza-se por um distúrbio na linguagem expressiva e/ou receptiva que não pode ser atribuído a atraso geral do desenvolvimento, distúrbios auditivos, lesões neurológicos importantes (como paralisia cerebral e epilepsia) ou distúrbios emocionais."A Dislexia do desenvolvimento é o distúrbio em que a criança, apesar de ter acesso à escolarização regular, falha em adquirir as habilidades de leitura, escrita e soletração que seriam esperadas de acordo com seu desempenho intelectual.

A dislexia foi descrita pela primeira vez por James Kerr em 1896, porém, designada por Pringle Morgan, como cegueira verbal congênita (atribuída a uma deficiência de desenvolvimento do córtex cerebral). Em 1900, Hinschewood verificou as pesquisas feitas por Pringle Morgam e chegaram às mesmas conclusões. Contrárias a essa crença Downing e Thackray em 1974, afirmam existir uma área cortical ou um centro específico do cérebro pelo ato de ler. Em 1983, Jhonson e Myklebust, contribuíram com o estudo da dislexia vendo como uma disfunção cerebral, no nível do sistema nervoso central ocasionado por uma disfunção neurológica passível de reeducação e nunca a uma incapacidade de aprender.

A  Associação  Brasileira  de  Dislexia (ABD) é uma  organização  não  governamental,  fundada  em  1983, sendo  o  único  ponto  de  apoio  aos  disléxicos  do  Brasil  na  realização  de  diagnóstico  multidisciplinar,  estudos,  cursos,  pesquisas  e  eventos,  reconhecidos  internacionalmente.    Agora  buscando  atender  a  necessidade  da  inclusão  escolar  do  disléxico  e  das  pessoas  com  distúrbios  de  aprendizagem  e  auxiliar  na  alfabetização  de  adultos,  a  ABD  desenvolveu  uma  cartilha  que  tem  como  principal  característica  seu  método  multisensorial,  fônico  e  articulatório.

A dislexia e os comportamentos divergentes podem levar o aluno das séries iniciais do Ensino ao fracasso, causando grande angustia aos professores, a relação se dá entre alunos e docentes, principalmente por meio da "fala". Todos esses fatos não podem ser vistos como peças enguiçadas que não tem mais conserto. O psicopedagogo é o profissional indicado para perceber através do olhar e da escuta o que se passa em um processo educativo e os motivos que levam o aluno com dislexia ao fracasso escolar e a dificuldade em construir o aprendizado. Pois a criança disléxica sem a compreensão dos pais e do professor acaba se prejudicando no processo ensino-aprendizagem e sendo mais um fracasso na escola. O ideal seria que toda criança fosse avaliada para detectar a dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente e há uma falta de recursos na maioria das escolas do país. Portanto, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de dislexia para que possam ajudar seus filhos e alunos.

Segundo o professor Vicente Marins, professor na área de Letras e Educação da Universidade Estadual Valem do Acaraú (UVA), em Sobral, Ceará e estudioso da dislexia, uma criança com dislexia não é portadora de deficiência nem mental, física, auditiva, visual ou múltipla. O disléxico, também, não é uma criança de alto risco. Uma criança não é disléxica porque teve seu desenvolvimento comprometido em decorrência de fatores como gestação inadequada, alimentação imprópria ou nascimento prematuro. A dislexia tem um componente genético, exceto em caso de acidente cérebro-vascular (AVC). Ser disléxico é condição humana. E completa: "O disléxico pode, sim, ser um portador de alta habilidade. Daí, em geral, os disléxicos, serem talentosos na arte, música, teatro, deportes, mecânica, vendas, comércio, desenho, construção e engenharia. Não se descarta ainda que venha a ser um superdotado, com uma capacidade intelectual singular, criativo, produtivo e líder." Uma das melhores definições sobre Dislexia é a do Comitê da International Dyslexia Association de abril de 1984 (IDA), apud Rita de Cássia Rocha Soares Chardelli, 2005:

"Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação à idade. Apesar de submetida à instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldades com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídos problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar".

Até pouco tempo, a criança que apresentava um desnível em sua aprendizagem era considerada incapaz deseguir um ritmo escolar desejado. Ainda hoje, muitas crianças ao apresentarem inversões ou espelhamento de letras na leitura e/ou escrita, assustam os pais e oprofessor, que por sua vez não sabem como lidar com essas dificuldades,  gerando frustrações, desinteresse e até mesmo afetando a auto-estima desse aluno.

A adaptação da criança diante desses problemas de leitura e escrita também dependerá de outros fatores, como motivação, relações afetivas, habilidades intelectuais gerais, idade e condições sociais. Os disléxicos são considerados, em geral, crianças relapsa, desatenta, preguiçosa, sem vontade de aprender, criando uma situação emocional que tende a se agravar, especialmente em função da injustiça que possa vir a sofrer. Por falta de orientação, muitos conflitos e frustrações acompanham o disléxico e sua família, pois, sendo ele normal intelectualmente, as expectativas da família são sempre muito altas. Portanto, Dislexia não é considerada uma doença, mas uma dificuldade de aprendizagem que deve ser trabalhada por profissionais habilitados. Toda criança com este problema necessita da compreensão e ajuda dos familiares e professores.

Avaliação, Diagnóstico e Orientações

Reprovações e abandono escolar é ocorrência comum na vida escolar do disléxico. Existem as conseqüências mais profundas, no nível emocional, como diminuição do autoconceito, reações rebeldes e delinqüências, ou de natureza depressiva. A motivação é muito importante para a criança disléxica, pois, ao se sentir limitada, inferiorizada, ela pode se revoltar e assumir uma atitude de negativismo. Por outro lado, quando se vê compreendida e amparada, ganha segurança e vontade de colaborar. Os disléxicos precisam de tratamento especializado tanto quanto outros distúrbios na área de linguagem, mas precisam do auxilio do Professor, que pode auxiliar seu aluno encaminhando-o ao psicopedagogo da escola, que com um trabalho em parceria com a família e o professor, com paciência, poderá prestar a criança a ajuda que ela tanto necessita.

As dificuldades de compreensão da leitura são ocasionadas por:

·Problemas relacionados à velocidade, pois a leitura silabada impede a retenção do texto, mais que a leitura fluente.

·Deficiência de vocabulário oral e visual, o que impede uma perfeita compreensão, visto que o leitor não consegue ter uma visão global do texto lido.

·Utilização inadequada dos sinais de pontuação, que reduz a velocidade da leitura e pode provocar uma interferência no significado do que esta sendo lido.

·Incapacidade para seguir instruções, tirar conclusões e reter idéias, aplicando-as e integrando-as à própria vivencia anterior. A criança disléxica tem dificuldades para: escrever números e letras corretamente; ordenar as letras do alfabeto, meses do ano e sílabas de palavras compridas; distinguir esquerda e direita; necessita de usar blocos, dedos ou anotações para fazer cálculos; apresenta dificuldade incomum para lembrar a tabuada;

·Sua compreensão da leitura é mais lenta do que o esperado para a idade; o tempo que leva para fazer as quatro operações aritméticas parece ser mais lento do que se espera para sua idade; demonstra insegurança e baixa apreciação sobre si mesma; confundem-se às vezes com instruções, números de telefones, lugares, horários e datas;

·Atrapalha-se ao pronunciar palavras longas; tem dificuldades em planejar e fazer redações.

Disléxicos também geralmente soletram muito mal. Isto não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população.

Tomando por base a proposta de Mabel Condemarín (l989, p. 55), a dificuldade de aprendizagem relacionada com a linguagem (leitura, escrita e ortografia), pode ser inicial e informalmente (um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolingüista) diagnosticada pelo professor da língua materna, com formação na área de Letras e com habilitação em Pedagogia, que pode vir a realizar uma medição da velocidade da leitura da criança, utilizando, para tanto, a seguinte ficha de observação, com as seguintes questões a serem prontamente respondidas:

·A criança movimenta os lábios ou murmura ao ler?

·A criança movimenta a cabeça ao longo da linha?

·Sua leitura silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade?

·A criança segue a linha com o dedo?

·A criança faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa?

·A criança demonstra excessiva tensão ao ler?

·A criança efetua excessivos retrocessos da vista ao ler?

Para o exame dos dois últimos pontos, é recomendável que o professor coloque um espelho do lado posto da página que a criança lê. O professor coloca-se atrás e nessa posição pode olhar no espelho os movimentos dos olhos da criança. Ao contrário do que muitos pensam a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.

A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada, mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".

Haverá sempre:

·Dificuldades com a linguagem e escrita; dificuldades em escrever; dificuldades com a ortografia; lentidão na aprendizagem da leitura; disgrafia (letra feia); discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada; dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização; dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas complexas; dificuldades para compreender textos escritos; dificuldades em aprender uma segunda língua.

Haverá às vezes:

·Dificuldades com a linguagem falada;

·Dificuldade com a percepção espacial;

·Confusão entre direita e esquerda.

Na pré- escola. A criança pode apresentar alguns desses sintomas:

·Dispersão;

·Fraco desenvolvimento da atenção;

·Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;

·Dificuldade em aprender rimas e canções;

·Fraco desenvolvimento da coordenação motora;

·Dificuldade com quebra cabeça;

·Falta de interesse por livros impressos;

·Nas séries iniciais do ensino fundamental, se a criança continuar apresentando alguns ou vários dos sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e que tenha menos prejuízo emocional tais como: tem dificuldade em dividir palavras em sílabas?

·Não consegue ler palavras simples e monossilábicas, tais como "rei" ou "bom"?

·Comete erros de leitura que demonstram uma dificuldade em relacionar letras a seus respectivos sons?

·Tem dificuldade em reconhecer fonemas?

·Reclama que ler é muito difícil?

·Freqüentemente comete erros quando escreve e soletra palavras?

·Memoriza textos sem compreendê-los?

·Comete erros ao pronunciar palavras longas ou complicadas?

·Confunde palavras de sonoridade semelhante, como "tomate" e "tapete", "loção" e "canção"?

·Utiliza excessivamente palavras vagas como "coisa"?

·Tem dificuldade para memorizar datas, nomes ou números de telefone?

·Pula partes de palavras quando estas têm muitas sílabas?

·Costuma substituir palavras difíceis por outras mais simples quando lê em voz alta; por exemplo, lê "carro" invés de "automóvel"?

·Comete muitos erros de ortografia?

·Escreve de forma confusa?

·Não consegue terminar as provas de sala-de-aula?

·Sente muito medo de ler em voz alta?

·Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita;

·Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);

·Desatenção e dispersão;

·Dificuldade em copiar de livros e da lousa;

·Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginástica, dança, etc.);

·Desorganização geral pode-se citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares;

·Confusão entre esquerda e direita;

·Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas,

·Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas;

·Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados,

·Dificuldades em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, tabuada,

·Dificuldade na matemática e desenho geométrico;

·Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias)

·Troca de letras na escrita;

·Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;

·Problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou o ''palhaço'' da turma;

·Bom desempenho em provas orais.

Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirão e irão permear a fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais e conseqüentemente sociais e profissionais.Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades:

·Continuada dificuldade na leitura e escrita;

·Memória imediata prejudicada;

·Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;

·Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);

·Dificuldade com direita e esquerda;

·Dificuldade em organização;

·Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência: depressão, ansiedade, baixa auto-estima e algumas vezes o ingresso para as drogas e o álcool.

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não pára por aí, os mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes. Então, como diagnosticar a dislexia? Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada. Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagogo deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso. A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia.

A dislexia não é o único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum. O professor que deseja ajudar seus alunos com dislexia, solucionando ou minimizando os problemas de linguagem, sabe que é necessário encaminhá-los para tratamento e colabora com o mesmo.

Sendo assim, um diagnóstico multidisciplinar poderá identificar com precisão o que está ocorrendo. Os distúrbios de leitura e escrita são os fatores de maior incidência em sala de aula, mas nem todos têm uma causa comum. Além da dislexia, outros fatores podem ter os mesmos sintomas; distúrbios psicológicos, neurológicos, oftalmológicos. O psicopedagogo juntamente a uma equipe multidisciplinar analisará o indivíduo como um todo, verificando todas as possibilidades. Não se parte da dislexia, mas se chega à dislexia, excluindo qualquer outra possibilidade.

A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.

A criança disléxica necessita do apoio da família e do professor. Uma grande parte das dificuldades de aprendizagem reflete o desequilíbrio social e emocional das relações existentes na família. Dentro da família existem problemas que afetam direta ou indiretamente a criança, refletindo no desenvolvimento escolar. O trabalho conjunto entre família e escola pode ajudar a criança a vencer as dificuldades.

Orientação da ABD para que a família auxilie a criança disléxica em casa:

 1 - dividir a lição em partes para cansar menos e a produção ser maior.

2 - alguém estar ao lado para ler os enunciados ou explicá-los, caso a criança tenha dúvidas.

 3 - dividir a leitura de livros com a criança: a criança lê uma parte à mãe (ou pai irmão, etc.) outra, depois a criança novamente. Começar a leitura do livro muito antes da data da avaliação para se ter tempo para a leitura de pequenas partes por vez. 

4 - procurar livros, sites etc. que demonstrem através de figuras, desenhos, esquemas a matéria de forma concreta para facilitar a compreensão.

5 - alugar filmes que retratem questões históricas ou literárias que estão sendo vistas na escola também ajudam na compreensão.  .

6 - valorizar os acertos da criança e não destacar somente os erros. Não somente em assuntos relacionados à escola como também no dia a dia.

7 - observar a criança e perceber o que para ela funciona melhor: estudar à tarde, pela manhã ou à noite; sozinha ou acompanhada; fazer intervalos de 15 minutos ou meia hora, etc. Cada criança é diferente da outra e com os disléxicos também funciona assim.

8 - falar com a criança quando ela estiver com atenção voltada para você. Caso contrário pedir para que olhe para você para ter certeza que ela irá "ouvir" o recado.

9 - conversar com a coordenação da escola e verificar a disponibilidade para atender às necessidades da criança quanto à prova oral, provas alternativas, etc., conforme relatório entregue.

10 - propiciar o acompanhamento indicado no relatório para melhor evolução do desempenho escolar.

11 - não corrigir sistematicamente erros da escrita e disnomias (trocas de palavras).

12 - demonstrar amor, carinho e aceitação, incentivando à superação das dificuldades.

Nunca é tarde para ensinar disléxicos a ler e a processar informações com mais eficiência, pois diferente da fala – que qualquer criança acaba adquirindo – a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser controlada. Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo apresentam uma menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita com que a criança se atrase na escola ou passe a desagradar com o estudo.

O indivíduo realmente alfabetizado não apenas quando mecanicamente decodifica sons e letras, mas quando pode transpor os sons para as letras (ao escrever) e das letras para os sons (ao ler) de forma efetiva, ou seja, quando o processo estiver automatizado, sem precisar recorrer a todo instante aos passos necessários a esta atividade; sobretudo quando puder utilizar-se desta habilidade para obter outros conhecimentos; para assimilar e montar esquemas internos que o permitam transformar os elementos brutos da realidade e que possa operacionalizar o processo contínuo de sua própria alfabetização e da aprendizagem enquanto um todo.

Em relação à família percebem-se algumas expectativas que são projetadas nos filhos, por desconhecimento da capacidade dos mesmos, ou ainda por projeções baseadas inconscientemente em suas próprias experiências escolares, causando-lhes vivências impotentes e baixas estima, quando não conseguem corresponder. É bastante comum referências de pais sobre similaridades de história de fracassos na leitura e escrita, suas e de seus filhos, estabelecendo desta forma uma identificação de modelos atávicos.

Finalizando, podemos concluir a relevância primordial de se ter o conhecimento do sujeito em seu processo evolutivo de aprendizagem, e, sobretudo focar a atenção em sua unidade, observando os aspectos individuais, os familiares e os da comunidade como um todo, já que esse todo compõe o universo de cada um. Importante ainda ressaltar que educadores por vezes, iniciam precocemente o processo de aquisição da leitura e escrita, sem dar a devida estimulação às habilidades, o que acarretará em prejuízo à aquisição. Trabalhar com o olhar e a escuta dentro de sala de aula é primordial para a percepção das dificuldades de aprendizagem manifestadas pelos alunos e que, por algumas vezes passam despercebidas. O professor deve estar sempre atento aos sinais emanados pelos seus alunos e auxiliá-lo dando segurança. O aluno precisa ter confiança para expor seu problema e muitas vezes, ele não tem o apoio necessário em casa, derivando à vergonha, a baixa estima, a insegurança, o medo de se colocar perante as outras pessoas, se auto rotulando incapaz de aprender devido ao problema desconhecido se tornando uma das causas do fracasso escolar.

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