DISCUSSÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A partir da regulamentação da LBD de 1996, houve assim a implementação dos “ciclos básicos de alfabetização”, fazendo assim com que os sistemas de ensino e as escolas passaram a reconhecer que as formas de alfabetizar de acordo com a mecânica de ler e escrever, não estava mais sendo suficiente para uma boa alfabetização. Colocando em discussão a questão de que além da criança aprender a ler e escrever, a mesma tem a necessidade e obrigação de aprender a dominar as práticas sociais da escrita e da leitura. Segundo Soares (2003): Porque alfabetização e letramento são conceitos freqüentemente confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro do conceito de letramento, como também este é dependente daquele. (SOARES 2003, p. 90) A escrita não deve ser o único método utilizado no mundo inteiro para se alfabetizar, isso pelo fato de que se a pessoa sabe ler e escrever a mesma é alfabetizada, isso acaba tornando o individuo por fora das atualidades e das suas comunicações no meio onde está inserido. Percebe-se com isso que o cidadão não precisa apenas saber ler e escrever, mais sim fazer o uso da leitura e da escrita no seu cotidiano, inserindo-se cada vez no meio social, devido a isso surge a necessidade de além de alfabetizar é preciso letrar. Cada vez mais a sociedade tem a necessidade de praticar mais a leitura e a escrita, não só pelo seu papel cultural, mas também para contribuir com a elaboração de uma nova cultura de pessoas letradas e alfabetizadas. Devido a isso é fundamental destacar que se uma criança sabe ler, porém não consegue ler um livro ou um jornal, e muitas vezes sabe escrever pequenas frases, mas não consegue escrever uma carta, podemos considerar essa criança alfabetizada mas não letrada. Em nossa sociedade pode-se observar que as crianças independente de classe, convivem constantemente com a prática de leitura e escrita, isso pelo fato de viverem em ambientais considerados de letramento. A partir do nascimento as crianças começam a letrar-se, isso porque são rodeadas de materiais escritos e de pessoas que utilizam a leitura e a escrita, passando para as crianças a necessidade das práticas de leitura e escrita. Porém, mesmo em uma sociedade que vive em constante desenvolvimento, existe ainda as camadas menos favorecidas, que ainda não possuem contato com a língua escrita e a leitura. Devido a esse fato se fez a necessidade da entrada de criança com seis anos de idade nas escolas públicas, podendo assim proporcionar oportunidades para essas crianças terem acesso e contato com a escrita e a leitura. A escola desempenha um grande papel na construção desse conhecimento a respeito da escrita e leitura, devendo dessa maneira oferecer aos alunos diversos recursos e suporte para que através do convívio dessas crianças as mesmas possam complementando seus conhecimentos. Durante muitos anos a alfabetização vem sendo discutida com relação as suas práticas e metodologias, posicionando a escola e os profissionais da alfabetização se façam o uso das relações estabelecidas pela mesma, nas suas práticas pedagógicas. Os métodos de alfabetização durante muitas décadas geraram discussão, acabando por gerar confrontos entre os métodos sintéticos e analíticos, acabando por combinar os mesmos. Durante esse processo foram eleitos os requisitos para uma alfabetização bem sucedida, evitando assim os fracassos dos métodos de alfabetização, com isso deu-se ênfase aos aspectos perceptuais e motores relacionados ao domínio da língua. Tudo isso estava associado à concepção de que alfabetização se dá pela aprendizagem inicial da leitura e da escrita, fazendo com que o aluno tivesse o reconhecimento das palavras e o domínio das mesmas. Através de todas essas questões buscou assim assegurar algumas abordagens, que fizessem com que o aluno reconhecesse o significado das palavras no seu meio cultural. Porém naquela época a alfabetização era uma forma de aprendizagem baseada nos exercícios repetitivos, na cópia e no reforço, tentando proporcionar aos alunos a memorização e a associação do sistema da escrita. A partir do ano 80 ainda a alfabetização passa por um novo processo de discussão no Brasil, mas dessa vez o foco principal das discussões eram as novas concepções de alfabetização, que tinham a necessidade de compreender o funcionamento da escrita e de saber utilizá-la na comunicação no cotidiano do individuo. Através das pesquisas realizadas na área da escrita, foram assim sendo criadas novas propostas para a alfabetização, permitindo a compreensão do que era mais importante e necessário para que as crianças compreendessem a escrita. Daí então surgiu à idéia de que ler e escrever devem ser vistas como atividades comunicativas, proporcionando a interação dos mesmos com o seu conhecimento e praticando-os em seu cotidiano. A leitura e a escrita sem dúvida são quesitos importantes para as relações sociais, devido a oportunidade que as mesmas oferecem para a utilização de uma boa comunicação entre as pessoas. É possível observarmos como as crianças utilizam a linguagem escrita, nos dialogo com adultos alfabetizados, desenvolvendo cada vez mais o seu interesse e curiosidade pela língua escrita e falada. A leitura é importante desde a pré-escola, para assim a criança já começar a interagir e desenvolver sua leitura e escrita, auxiliando futuramente no desenvolvimento escolar da mesma. Os pais através das leituras que realizam para as crianças já estão estimulando o interesse das mesmas para a leitura. Ainda assim existe uma grande discussão a cerca da alfabetização e do letramento, estabelecendo polemicas entre as formas de alfabetizar e do desenvolvimento do conhecimento das crianças. As escolas devem vivenciar as metodologias necessárias para a realização das atividades de letramento e alfabetização, proporcionando as crianças uma melhor compreensão e desenvolvimento durante seu período na escola, fazendo o uso de suas aprendizagens no seu cotidiano. Com isso observarmos que a alfabetização desenvolve um papel importante com relação ao desempenho das crianças na leitura e na escrita, com isso Soares afirma que: Alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando pela integração e pela articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial da língua escrita é sem dúvida o caminho para superação dos problemas que vimos enfrentando nesta etapa da escolarização; descaminhos serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela faceta como se fez no passado, como se faz hoje, sempre resultando no reiterado fracasso da escola brasileira em dar às crianças acesso efetivo ao mundo da escrita. (SOARES, 2004) Percebemos com isso que o que realmente importa é a união do letramento com uma boa alfabetização para formar assim cidadãos críticos capazes de lutar e conquistar seus ideais, utilizando a leitura e a escrita para uma melhor comunicação no seu meio social. Segundo o MEC o processo de desenvolvimento da alfabetização e letramento ou da linguagem oral e escrita garante o aos alunos um desempenho positivo da sua própria construção de conhecimento durante o seu processo de educação infantil e ensino fundamental e médio. Essas questões estão sendo muito discutidas entre especialistas, pesquisadores, professores, organizações de ensino, isso pelo fato de ser uma questão que abrange todo o contexto escolar da vida de uma criança, sendo assim importante chegar a decisões e definições a cerca do assunto. Pode-se considerar essas discussões necessárias não apenas para avaliar, indicar ou assumir o melhor método de alfabetização, mas sim para fazer com que os professores e escolas tem a capacidade de escolher o método adequado de acordo com a realidade de seus alunos. Segundo Jeanete Beauchamp, diretora de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da SEB: Os sistemas têm autonomia e o MEC desempenha papel indutor de políticas, por isso é importante provocar debates sobre concepções e metodologias de alfabetização. Assim, ele se desdobra em outros debates nos estados e municípios, que são responsáveis pelos seus projetos político-pedagógicos. Durante a realização desses debates sobre a alfabetização e o letramento é preciso que sejam debatido também as histórias dos métodos de alfabetização, diagnósticos e também as políticas de alfabetização, respeitando as diversas concepções e metodologias existentes com relação ao desenvolvimento da alfabetização humana.