‘DISCURSO DO MÉTODO’ DE DESCARTES

 

Inicio o presente texto indagando: O que é a Verdade?

 

E, replico com algumas sentenças de Jesus, que expressava:

 

-Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará! (João 8:32).

 

-Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! (João 14:6).

 

Entretanto, ao ser perquirido por Pilatos, sobre o que é a Verdade, constam, nos escritos da época, que Jesus se calara nada pronunciando a respeito. (João 18:38).

 

Do meu restrito, e, mui deficiente ponto de vista penso que a Verdade é progressiva e relativa à dinâmica dos seres, sujeitos que estão aos aperfeiçoamentos morais e cognitivos de si próprios, e, tendentes, pois, ao que seja, ou, ao que é, a Verdade Terminante: como Máxima Compreensão do Eterno. Neste sentido, a Verdade se pronuncia como uma espécie de desvelamento, ou, de retirada paulatina do véu das coisas, de algo que está sempre, e, estará sempre em construção, e que, ao seu topo, se é que se pode chegar a tal, se aproximaria dos cem por cento (100%) da Verdade Contida em Deus, ou, do paradoxal: Uno-Infinito de Deus.

 

No artigo intitulado “Teoria dos Montantes Evolucionais”, estive a propor uma fórmula matemática como sugestão para entender-se tal aproximação da criatura ao seu Criador que, por incessantes impulsos evolutivos vai se abeirando e se unificando ao Conhecimento Pleno das Coisas em Deus: Onipotente, Onisciente, Onipresente.

 

Por outro lado, alegarão os céticos que: Deus não existe!

 

Entretanto, nunca, jamais, nenhum deles pôde estabelecer provas cabais e definitivas do que dizem: de que Deus não existe. Sendo tais, tão só dignos de pena por suas fanfarronices e tolas pretensões.

 

Ora, dizer que Deus não existe é fácil. Difícil é provar. E creio, com absoluta convicção, que jamais o farão, destacando-se, da parte de tais, tão somente vãs palavras e falsos argumentos de sua filosofia anarquista, incorporando Nietzsche sua mais doentia e inconseqüente expressão. Pelo contrário, o cético puro, de incredulidade absoluta, é que não existe; como pessoa e como inteligência-moral, este sim, vem a ser algo apenas imaginário, inexistente, como já ratificado por um dos mais respeitáveis autores do século vinte, esclarecendo que:

 

“O ateísmo ou a incredulidade absoluta não existe, a não ser no jogo de palavras dos cérebros desesperados, nas teorias do mundo, porque, no íntimo, todos os Espíritos (homens) se identificam com a idéia de Deus e da sobrevivência do ser, que lhes é inata. Essa idéia superior pairará acima de todos os negativismos e sairá vitoriosa de todos os decretos de força que se organizem nos estados terrenos, porque constitui a luz da vida e a mais preciosa esperança das Almas”. (1).

 

Por outro lado, e, por mais neguem, sempre se obterá, na sua negativa mesma, a Prova Existencial do Supremo, pois que tais não negariam a Deus se Ele não existisse, pois que o inexistente não existe e, portanto, não precisa ser contestado ou negado. Indubitavelmente, pois, Deus Existe! Conquanto seja indivisível, Deus Existe no aspecto Transcendente: em Si mesmo, como Deus Pessoal; e, no aspecto Imanente: nas suas criaturas, como Deus Impessoal, no mais íntimo de nós mesmos, de nossas consciências que não podem negá-Lo, conquanto cérebros desesperançados e frios o façam por pensamentos e palavras, se contrapondo, em vão, ao que deles dimana de forma ininterrupta e incessante expressando-lhes: “Eu Estou Aqui, Bem Dentro de Ti”!

 

Quero crer que, se a rebeldia de Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) representa a não-conformidade humana, em seus antípodas René Descartes (1596 - 1650) representa a conformidade plena, em sua máxima expressão filosófica, e, por que não dizer: científica, no próprio campo dos conhecimentos acadêmicos, provando a Existência de Deus a partir de si mesmo, de sua existência permanente contida no “Cógito Ergo Sun”; do seu famoso: “Penso Logo Existo”.

Em seu célebre: “Discurso Sobre o Método”, mais conhecido como “Discurso do Método”, parte quatro, após exposição de suas mais importantes e mais profundas elucubrações pessoais, envolvendo aspectos de teor científico, e, onde descobrira o que considerava como sendo o mais importante princípio filosófico, proferia Descartes - ao constatar que podia existir e pensar, independentemente da existência do corpo, o que mais modernamente se constata por criteriosas pesquisas, sejam elas espiríticas (Allan Kardec, Denis, Delanne e demais clássicos), metapsíquicas (Richet, Geley, Crookes e outros), parapsicológicas (Rhine, Mc Dougal, e etc) - que:

 

“De maneira que eu, ou seja, a Alma, por causa da qual sou o que sou, é completamente distinta do corpo e, também, que é mais fácil de conhecer do que ele, e, mesmo que este corpo nada fosse ela não deixaria de ser tudo o que é”. (2).

 

E, mais adiante, o ilustre sábio conclui pela Existência de Deus por sermos detentores da idéia da Perfeição, do que seja Perfeito e, não podendo tal idéia ter por princípio o próprio homem, em toda a sua imperfeição e mazela, a causa da mesma provém de algo Perfeito, provém de Deus. E, mais ainda: o notável filósofo irá completar logo adiante suas elucubrações acerca do Existir Divino, pelo fato de que, afinal: eu, não me dou a mim mesmo, ou, noutros termos, eu não surjo neste mundo por mim mesmo; eu não me dou existência e não me crio por minha própria e específica vontade, e, portanto, devo a minha existência a Outrem, à Vontade Suprema, ou seja:

 

-À Existência de Deus.

 

E afirmava, se acrescente ainda, a genialidade cartesiana:

 

“Pois, por exemplo, eu percebia muito bem que, ao imaginar um triângulo, fazia-se necessário que seus três ângulos fossem iguais a dois retos; porém, malgrado isso, nada via que garantisse existir no mundo qualquer triângulo”. (2).

 

E prosseguia adiante seu indubitável pensamento:

 

“Enquanto, ao voltar a examinar a idéia que eu tinha de um Ser Perfeito, verificava que a existência estava aí inclusa, da mesma maneira que na de um triângulo está incluso serem seus três ângulos iguais a dois retos, ou na de uma esfera serem todas as suas partes igualmente distantes do seu centro, ou ainda mais evidentemente; e que, por conseguinte, é pelo menos tão certo que Deus, que É esse Ser Perfeito, É ou Existe quanto seria qualquer demonstração de Geometria”. (2).

 

Eis aí, por conseguinte, algumas descobertas de um verdadeiro gênio da humanidade que, amparado por sérias elucubrações filosóficas e matemáticas, e, portanto, por critérios favoravelmente científicos, encontrou a Verdade de nossa existência imortal, e, indo além, encontrou a Verdade da Existência de Deus, o Criador. De fato, para os Espíritos superiores, com o renomado Kardec:

 

“Deus existe, não o podeis duvidar, é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não poderíes sair”. (3).

 

Pela sua impotência em penetrar a grandeza do que é impenetrável, muitos dos nossos pares, em sua soberba fala, e, tola presunção, ao invés de se submeterem, combatem o Espírito e sua consciência mesma, discursando que Tudo surgira do nada, nesta arrogante aversão que tais elementos tem pelo Criador, para eles: o não-Ser, o inconcebível de um nada, porquanto Deus, que Tudo É (*), para tais enceguecidos nada representa, pois que, em sua fala, nada é!

 

(1) “O Consolador” (Espírito Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier – 1940 - Feb);

 

(2) “Discurso do Método” (Tradução de Enrico Corvisieri – versão eletrônica – homepage: http://br.egroups.com/group/acrópolis/ );

 

(3) “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec – 1857 – Ide);

 

(*) Deus Tudo É: Transcendente: como Deus Pessoal, e Imanente: como Deus Impessoal, presente na Sua própria criação.

 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocinio

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