DIRETORIA REGIONAL DE ENSINO DE DIANOPOLIS
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Edna de Jesus Vieira, Mestra, professora
da educação básica, formadora do NTE.
[email protected]
Dianópolis –TO
2012
RESUMO
Este trabalho apresenta uma visão ampla direcionando o compromisso de encaminhar-se de fato a reflexão à ação da Avaliação da Aprendizagem no Ensino Fundamental e médio, no município de Dianópolis, que tem como objetivo, ressaltar e contribuir para a reflexão sobre a formação de uma postura avaliativa mediadora e de contribuir na construção de uma prática alicerçada em tal princípio. Busca-se apontar caminhos que possam levar ao domínio de se auto-avaliar e avaliar, como instrumento indispensável no cotidiano da nossa vida como um todo. Avaliação da Aprendizagem é reconhecida como o sucesso e o fracasso do educando, pois a necessidade de compreender e ser compreendido estabelece uma ação pedagógica reflexiva. Como metodologia de trabalho, foi utilizada a pesquisa exploratória, que permitiu um aprofundamento e compreensão do tema em questão. O primeiro foco foi a observação das aulas e entrevistas com professores das escolas estaduais, localizadas no município de Dianópolis-Tocantins. O segundo foco constituiu-se da discussão das respostas oferecidas por eles nas entrevistas e finaliza-se com as conclusões sobre a pesquisa realizada. Observou-se a valorização dos aspectos qualitativos preponderando sobre os quantitativos ao se avaliar em sala de aula. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de formação continuada dos docentes que atuam no ensino fundamental e médio das escolas estaduais, no que se refere à concepção de avaliação da aprendizagem e transformação de posturas quanto o ato de avaliar e auto avaliar no contexto escolar.
Palavras chaves: Avaliação, compromisso, reflexão, conhecimento, aprendizagem significativa.
SUMÁRIO
1 – Introdução --------------------------------------------------------------------------- 04
2 – Revisão de Literatura --------------------------------------------------------------05
3 – Metodologia--------------------------------------------------------------------------13
4 -- Análise Crítica e Reflexiva da Coleta de Dados-------------------------------13
5- V - Implicações da Pesquisa na Instituição da Educação Básica--16
6 – Conclusões ---------------------------------------------------------------------------18
7 – Referências ---------------------------------------------------------------------------19
I - Introdução
A avaliação da aprendizagem na educação Básica está sendo um meio desafiador, que no atual trabalho procura acertar no avanço da reflexão crítica, que aponta enormes entraves na prática efetiva da instituição de ensino básico. Dessa forma, a avaliação deve transmitir, além de aprofundar a compreensão da mesma como processo de ensino, numa perspectiva construtiva.
Nesse contexto, elaborou-se o presente trabalho que tem como objetivo, ressaltar e contribuir para a reflexão sobre a formação de uma postura avaliativa mediadora e de contribuir na construção de uma prática alicerçada em tal princípio. Busca-se apontar caminhos que possam levar ao domínio de se auto-avaliar e avaliar, como instrumento indispensável no cotidiano da nossa vida como um todo.
Avaliar para promover uma educação digna e de direito de todos os seres humanos, pretendendo dialogar com as entidades escolares, para que na coletividade se possam reforçar as setas dos caminhos em avaliação, a partir do engajamento em ações educacionais comprometidas com uma instituição do presente e do futuro. Ao trabalharmos com dimensão das mediações visando apresentar algumas possibilidades, tiradas da prática das instituições de Educação Básica e dos educadores que estão buscando uma forma de superação da avaliação seletiva, diante de tudo isso, refletir sobre possíveis enganos que se incorre na tentativa de mudar as ações tradicionais.
Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Na avaliação da aprendizagem, o docente não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimentos de observações diárias, de caráter diagnóstico, o docente, que trabalha numa dinâmica interativa, tem noção , ao longo de todo ano , da participação e produtivamente de cada acadêmico. É preciso deixar claro que prova é somente uma formalidade do sistema escolar. Como, em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória, devem-se ter inúmeros cuidados em sua elaboração e
aplicação.
Para Oliveira (2003), devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo em que forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais pertinente método didático adequado à disciplina – mas não somente, à medida que considera, igualmente, o contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível. A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações constantes.
Este trabalho está dividido da seguinte forma: introdução, que faz um breve resumo de todo o trabalho. Na Fundamentação Teórica discute-se que a avaliação significa ato continuo e discursivo, de reflexão em relação ao cotidiano dos docentes e acadêmicos do ensino superior e estabelece a partir do ato de conhecer, da necessidade de desvendar o mundo, em torno do desejo de Identificar como se dá a prática de avaliar na instituição do ensino superior.
Na metodologia, cita-se como foi feita a pesquisa, através de observações em sala de aula, entrevistas com alunos, docentes, coordenadores e gestora. Discutiram-se as respostas oferecidas por eles e finaliza-se com as conclusões sobre a pesquisa realizada.
I – Revisão de Literatura
Vivemos em época de mudanças em que a avaliação está a serviço da ação, não tem por objetivo a verificação e o registro de dados do desempenho escolar, mas a observação permanente das manifestações de aprendizagem para proceder a uma ação educativa que aperfeiçoe os percursos individuais. Através de uma avaliação bem feita, temos condições de perceber as necessidades de mudança e reformular a prática pedagógica. Todavia, enfatizamos “bem feitas”, pois, se houver um enviesamento da intencionalidade, quer dizer que o problema está no aluno, nunca se chegará a rever as práticas de ensino.
2.1 - O Que é Mesmo o Ato de Avaliar a Aprendizagem na Educação Básica?
A importância da avaliação na educação básica vem crescendo na medida em que educação ganha mais espaço. Ela existe propriamente par garantir a qualidade do processo ensino-aprendizagem, tem a função de emitir um julgamento de valor ou mérito, examinar resultados educacionais para saber se preenchem um conjunto particular de objetos educacionais. Nesse sentido Luckesi (2005), coloca que:
A atual prática da avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico, como deveria se constitutivamente. Ou seja, o julgamento de valor que teria a função de possibilitar uma nova tomada de decisão sobre o objeto avaliado passa a ter a função estática de classificar um objeto ou um ser humano histórico num padrão definitivamente determinado.
O ato de avaliar, por estar a serviço da obtenção de melhor resultado possível, antes de qualquer coisa, implica a disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável, bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que possa ser feita com ela. Para Luckesi (2000 p7). Avaliar um educando implica, antes de tudo, acolhê-lo no seu ser e no modo de ser, como está, a partir daí, decidir o que fazer. Percebe-se que essa postura deve ser do professor e não do sujeito aprendente, que é o aluno. Isso implica dizer que para se avaliar o aluno é preciso que ele seja incluso no processo.
Segundo Luckesi ( 2000), a disposição para julgar previamente não serve a uma prática de avaliação, porque exclui. Na prática da avaliação significativa expressa valores. Daí a importância dos aspectos qualitativos sobressaírem aos aspectos quantitativos. Isso possibilita avaliar o aluno em sua integridade. Nesse sentido,
diz Freire (1980): “Estou absolutamente convencido de que a educação, como prática da liberdade, é um ato de conhecimento, uma aproximação crítica da realidade”. Entende-se que a avaliação emancipa o sujeito que aprende, que de forma crítica e participativa,
transforma o seu contexto social , ao mesmo tempo que é transformado por ele. Nesse sentido. podemos então dizer que a avaliação é também um processo de inclusão social.
2 – Por Uma Compreensão No Ato de Avaliar
No ponto de partida acima estabelecido, o ato de avaliar implica dois processos articulados e indissociáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão é um processo abortado. Vasconcellos (2003) afirma que a presença da Avaliação da Aprendizagem a rigor, no processo de aprendizagem, o sujeito (aluno ou professor) está avaliando constantemente, desde se vale a pena colocar sua atenção sobre determinado objeto, o que já sabe sobre aquilo, até se está conseguindo ou não se apropriar do objeto em suas múltiplas relações, e o que fazer para melhorar seu desempenho.
O ato de avaliar, como todo e qualquer ato de conhecer, inicia-se pela constatação, que nos dá a garantia de que o objeto é como é. Não há possibilidade de avaliação sem a constatação. A constatação oferece a base material para a segunda parte do ato de diagnosticar, que é qualificar, ou seja, atribuir uma qualidade, positiva ou negativa, ao objeto que está sendo avaliado. Avaliar a aprendizagem, portanto, implica avaliar o ensino oferecido se, por exemplo, não há a aprendizagem esperada significa que o ensino não cumpriu com sua finalidade: a de fazer aprender. A principal finalidade das avaliações é ajudar os educadores a planejar a continuidade de seu trabalho, ajustando-o ao processo de seus alunos, buscando oferecer-lhes condições de superar obstáculos e desenvolver o autoconhecimento e a autonomia e nunca de qualificar os alunos. Nesse sentido Haydt (2003), coloca que:
Se avaliação permite verificar diretamente o nível de aprendizagem dos alunos, ela também, indiretamente determina a qualidade do processo de ensino, isto é, o êxito do trabalho do professor. (p.21).
O que está em jogo é, sobretudo uma mudança de prática que venha acompanhada de uma mudança de concepção, em que o docente tenha uma autêntica práxis e não uma prática diferente. Nesta medida, torna-se relevante retomarmos as concepções enraizadas
nos educadores do ensino superior quanto a avaliação, visto que o desafio não é simplesmente construir uma nova concepção, mas desconstruir uma já enraizada. É difícil este trabalho porque é como que tentar resolver um problema já resolvido. Alguns docentes ainda não estão realmente preparados para avaliar os seus alunos, e deixar o professor praticamente sozinho nessa tarefa, porque não dispõe de um profissional especializado para dar suporte ao professor, tem sido a prática de algumas instituições da educação básica. Com isso o docente que já tem dificuldade, muitas vezes, avalia erroneamente seu aluno. Reprovando por diversas vezes. Conforme Vasconcellos (1998):
Avaliação é um processo de captação das necessidades, a partir do confronto entre a situação atual e a situação desejada, visando uma intervenção na realidade para favorecer a aproximação entre ambas. Avaliar é ser capaz de acompanhar o processo de construção do conhecimento do educando, para ajudar a superar obstáculos. É diferente de ensinar e cobrar o produto final, e ser apenas capaz de dizer se confere ou não com o certo, o parâmetro.
Realizar a avaliação da aprendizagem dos acadêmicos com dificuldades requer uma constante reflexão e consciência por parte da equipe pedagógica e do acompanhamento do docente sobre as etapas de desenvolvimento, uma vez que são vários os fatores que influenciam no seu rendimento escolar. A instituição de ensino precisa trabalhar com atividades diversas e diferenciadas tais como: exposição oral, atividades em grupos, atividade de campo, ou extraclasse, etc. a correção dessas atividades deve preferencialmente passar pela equipe pedagógica, pois critérios divergentes podem aprovar ou reprovar o educando. Aprová-lo de uma série para outra, pode ser um estímulo para prosseguir nos estudos, o aluno repetente por várias vezes pode demonstrar falta de motivação para os estudos, tornando se indisciplinado ou desmotivado, e a instituição de ensino torna-se para este aluno um local de tortura psicológica, ainda segundo Haydt (2003):
A avaliação deve ser um instrumento para estimular interesse e motivar o aluno para maior esforço e aproveitamento, e não uma arma de tortura ou punição. Nesse sentido, a avaliação desempenha uma energizante à medida que serve de incentivo ao estudo. (p.26).
Assume-se, pois, a avaliação da aprendizagem como acompanhamento e transformação do processo de ensino-aprendizagem: observação, registro, análise, comunicação, e tomada de decisão.
2.3 – Avaliação Como Principio de Reflexão e Mudança
A avaliação se conecta em várias fases da aprendizagem no ensino superior, pois lhe cabe verificar e qualificar o grau em que estão sendo alcançados os objetivos; todavia, é também um momento relativamente conclusivo da fase terminal do tratamento da matéria nova.
A motivação é um fator importante na aprendizagem, sem motivação não há aprendizagem.
A ação educativa tem sempre um caráter intencional, a meta é provocar modificação específica nos docentes, nas suas ideias, valores e comportamento. No âmbito da instituição de ensino espera-se que os acadêmicos tenham uma aprendizagem significativa, os professores ensinem com eficácia e eficiência. Para verificar se de fato houve transformação, evolução e mudança é preciso avaliar.
O processo avaliativo consiste, basicamente, na determinação de quanto os objetivos educacionais estão sendo atingidos por programas curriculares e instrucionais, (Tyler, 1949). A avaliação é como um juízo de qualidade, sobre dados relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. (Luckesi, 2002). Sem a compreensão pelos docentes do significado mediador da avaliação, em termos de uma ação educativa voltada ao acompanhamento permanente dos acadêmicos, investigando e trabalhando as suas dificuldades, serão inócuas quaisquer determinação governamentais nesse sentido. Exigem tais experiências, processos avaliativos mais exigentes e rigorosos no sentido qualitativo do processo, assim como uma supervisão intensiva sobre o seu andamento, para que se criem alternativas pedagógicas adequadas a cada realidade educacional. (Jussara Hoffmann 2003). A avaliação da aprendizagem em seu sentido total, só se tornará possível, quando os profissionais da educação, família e governo estiverem efetivamente interessando na aprendizagem dos alunos, ou seja, é preciso estar todos
interessando realmente que os educandos aprendam. Resumindo a avaliação não é um fim em si, é a parte central do funcionamento didático e das atividades escolares de forma global.
2.4 – Finalidades e instrumentos da Avaliação na Educação Básica
A avaliação, portanto, questiona o caminho que está se fazendo, considerando os objetivos estabelecidos (sentido diagnóstico). Numa perspectiva mais elaborada, questiona as próprias finalidades que foram traçadas. Quando bem feita, pode ajudar a superar a contradição entre aquilo que se deseja e aquilo que está se fazendo. Uma das atividades mais complexas em todo o processo de ensino aprendizagem é a de se certificar de que o aluno se tornou capaz de executar o que lhe foi apresentado como objetivo a ser atingido. Se a habilidade pretendida, o aluno terá condições de executar aquilo que todo o esforço aplicado pelo professor e aluno, foi suficiente para capacitá-lo da determinada tarefa. Estão aí as finalidades da avaliação. Não é, portanto, apenas uma cobrança, ou um recurso para promovê-lo de uma série para outra, ou de atribuir nota ou conceito, ou, para medir apenas o nível do conhecimento assimilado, se merece cinco, seis, ou sete ou... É, portanto, muito mais. É isto sim, parte do processo de aprender. Se o docente não tiver condições de detectar em que grau está o nível de aprendizado do seu aluno, o seu trabalho com os alunos poderá estar bastante comprometido, com um rendimento até, por vezes, desprezível. Assim sendo, é necessário encontrar formas e caminhos firmes que assegurem uma informação confiável de como está realmente à condição da aprendizagem do aluno, portanto poderá elaborar instrumentos para registrar observações sobre as atividades dos alunos; como fichas para mapeamento do desenvolvimento de atitudes, que podem incluir questionamentos. Os instrumentos de avaliação expressam resultados, sejam eles provas, trabalhos, postura em sala, constituindo sempre indícios de competências e, como tal, devem ser considerados. A tarefa do docente do ensino superior, como avaliador, constitui-se num permanente exercício de interpretação de sinais, de indícios, a partir dos quais manifesta juízos de valor, que permitem reorganizar a atividade pedagógica, corrigindo na medida do possível os pontos de estrangulamento ou de dificuldades. Luckesi confirma quando diz que:
No que se refere a avaliação da aprendizagem, importa ter presente que ela permite o julgamento e a consequente classificação, mas essa não é função constitutiva. É importante estar atento à sua função ontológica (constitutiva), que é de diagnóstico, é, por isso mesmo, a avaliação cria a base para a tomada de decisão, que é o meio de encaminhar os atos subsequentes, na perspectiva da busca de maior satisfatoriedade nos resultados.
Com isso acredita-se que avaliação inicialmente busca compreender as necessidades do alunos, para então formá-lo integralmente. Este é um indicador bastante delicado e importante na relação pedagógica pelas consequências que pode ter, pois se o aluno souber antecipadamente o que o professor espera dele, logo canalizará seu comportamento para esse fim. É importante também que o professor perceba que a avaliação é uma via de mão dupla. Portanto, ao avaliar o aluno, é a sua prática que estará sendo avaliada, mesmo que ele não perceba.
Nesse sentido, Vasconcellos (1998, p.39) diz que entendemos, pois, que o núcleo da distorção está no caráter classificatório e excludente da avaliação, na possibilidade concreta de reprovar o aluno, que o sistema sócio-político-econômico deu a escola, que transferiu para o docente. Em função disso, deve-se ter em mente que a finalidade principal das avaliações é auxiliar os professores na melhoria do ato de educar, que envolve a prática constante da ação-reflexão-ação, ajustando-o ao processo de aprendizagem dos seus alunos. Ele planeja a aula, media o conhecimento, avalia o que o aluno aprendeu e o que ainda falta, reconstruindo assim o seu trabalho em benefício do processo educativo.
2.5 – A Prática Mediadora da Avaliação
Na instituição da educação básica, temos exemplos de muitas relações: docente-discente, discente-discente, docente-docente, docente-direção, direção-discente, discente-funcionários, docente-funcionário etc. Entender a integração entre conteúdo, a qualidade e
os padrões que compõem uma relação social é muito importante para compreendermos como os indivíduos estão se conhecendo, se comunicando, trocando experiências e se desenvolvendo.
O docente é parte integrante e fundamental na relação e, portanto, deve estar preparado para organizar e integrar o conhecimento, coordenando e orientando atividades e situações educativas que propiciem interações e relações, para construção do saber. Diante dessa relação vem o modelo democrático e participativo, a avaliação assume funções diagnóstica e formativa. Através da função diagnóstica, o docente tem condição de conhecer inicialmente o seu aluno e identificar as causas de suas dificuldades durante todo o processo de aprendizagem. Por meio da avaliação formativa, o docente tem condição de acompanhar cada etapa do processo de aprendizagem de cada acadêmico, mantendo, modificando ou aprimorando o ensino, no sentido de evitar que possíveis falhas possam atrapalhar a aprendizagem de cada um. É importante avaliar que a avaliação formativa também fornece informações valiosas para a avaliação somática. Então esse paradigma democrático e participativo de avaliação, estamos falando de uma concepção democrática e participativa de educação e escola. Escreve Jussara que nessa relação entre docente-discente a avaliação mediadora é:
Dossiês/portfólios tornam-se instrumentos mediadores á medida que com contribuem para entender o processo do aluno e apontar ao professor novos rumos. São registros muito importantes para o acompanhamento do aluno pelos professores de uma série e de uma série para outra, bem como atuam como mediadores de um trabalho interdisciplinar.(2003)
Para obter informações em relação aos processos de aprendizagem na educação básica, é necessário considerar a importância de uma diversidade de instrumentos e situações, para possibilitar, por um lado, avaliar as diferentes capacidades e conteúdos curriculares em jogo, e, por outro lado, contrastar os dados obtidos e observar transferência das aprendizagens em contextos diferentes.
III – Metodologia
Para desenvolvimento do referido trabalho, usou-se como procedimento metodológico a pesquisa exploratória, visto que a mesma se aplica satisfatoriamente aos objetivos da investigação. Foi utilizada para a coleta de dados, observações em sala de aula uma entrevista composta de cinco perguntas dirigidas aos pais professores e alunos. Delimitou-se o trabalho em termos de amostragem, feita de forma aleatória, realizada com 100 alunos, 80 pais e 40 professores.
Fez-se um comparativo entre o que as teorias pregam e a prática do cotidiano, na busca constante de soluções para a melhoria do processo avaliativo e da aprendizagem do aluno. Estudou-se a aplicabilidade das teorias levantadas, num universo limitado de estudantes do ensino fundamental, suficientes para a sustentação da fundamentação acerca da temática proposta. Utilizou-se como base, enfoques das correntes interacionista e humanistas dentre outras, para sustentação teórica do trabalho apresentado.
IV - ANALISE CRÍTICA E REFLEXIVA DA COLETA DE DADOS
No que se refere a apuração dos resultados, decidiu-se inicialmente por uma análise sintética dos resultados coletados nas entrevistas e avaliados separadamente por grupos:
A) Resultado das entrevistas realizadas com os pais.
1- Você orienta seu filho (a) nas atividades escolares, cotidiamente ou somente na época das avaliações? Por quê?
Verificou-se que a maioria dos pais, orienta os filhos cotidianamente, oferecendo-os suporte necessário para as avaliações.
Sabe-se que a participação e acompanhamento da família é de vital importância para que o processo educativo aconteça de forma sistematizada e significativa, pois quando os pais interagem no processo de construção dos aspectos cognitivos dos seus filhos a aprendizagem se torna primordial e a avaliação passa ser uma prática contínua, formativa e processual, na qual o educando está a cada dia avaliando não somente os seus conhecimentos, como também o seu progresso a cada etapa estudada.
2-A nota que o seu filho (a) obtém na avaliação escolar é para você um reflexo de houve uma aprendizagem significativa? Por quê?
Confirmou-se que a maioria das famílias pensa que a nota é relativa ao aprendizado dos seus filhos. Dessa forma, se tiram nota baixa, é porque não aprenderam nada.
3- Como vocês pais se comportam na época da avaliação do seu filho(a)?
Observou-se que a maioria dos pais ficam preocupados e cheios de expectativas, com o resultado das notas dos filhos.
4- Qual o seu comportamento diante do resultado das avaliações do seu filho(a)?
Observou-se que a maioria dos pais culpam os professores pelo fracasso dos filhos, mas se vangloriam diante do sucesso dos mesmos.
5- Na sua percepção, o estado emocionalo de seu filho(a) modifica-se na semana de avaliações? Caso sua resposta seja afirmativa, caracterize-o:
A maioria dos pais não percebe alteração no estado emocional dos seus filhos na semana da avaliação. Outros verificam pequenas como: preocupação com horário de prova, com os resultados e com o tempo de execusão.
B) Análise das entrevistas realizadas com os professores
1-Na sua opinião, existe uma relação entre a nota obtida pelo aluno(a) e sua aprendizagem? Justifique:
Para a maioria dos professores, as notas não refletem o nível de aprendizagem dos alunos, porém representa a reprodução do conhecimento e/ou saber momentâneo
2_Você acredita que existe alguma relação entre a família e o resultado que o aluno obtém na avaliação da aprendizagem? Por quê?
Segundo os professores entrevistados, a relação da família se dá na medida que ela acompanha, faz acordos com os filhos, ou dita as regras para as atividades e os momentos de estudos que antecipam as avaliações..
3-Na sua opinião, existem fatores que influenciam no bom aproveitamento dos alunos nas avaliações? M caso positivo, quais são eles?
Segundo os professores existem fatores como: aulas dinâmicas e diversificadas; o uso de recursos didáticos e tecnológicos variados, de acordo com a vivência dos alunos;O acompanhamento familiar na escola e em casa, na realização das tarefas;
4- Você acredita que existem fatores que contribuem para o baixo
rendimento dos alunos nas avaliações? Em caso positivo, quais são eles?
A maioria acredita que sim, sendo: a ansiedade, o medo de errar e decepcionar a família; a falta de empatia entre professor e aluno, apatia por alguma disciplina.
5- Em sua opinião, existem comuns entre o aluno “bem sucedido” e o “mal sucedido’ na avaliação da aprendizagem”? Quais/
A maioria dos entrevistados aponta: vontade de vencer e o desejo de superação,
C) Análise das entrevistas realizadas com os alunos.
1- Você gosta dos instrumentos de avaliação utilizados pelos professores? Por quê?
A maioria dos alunos se manifestou a favor das avaliações, pois são utilizados trabalhos, testes e provas. Eles acreditam que os referidos instrumentos possibilitam uma maior aprendizagem.
2- Você gosta de estudar todos os dias ou somente na semana das avaliações? Por quê?
A maioria não possuem prática de estudo diário, o que pode influenciar negativamente no resultado das avaliações.
3- Qual é o seu sentimento na hora de fazer a avaliação?
A maioria dos alunos ficam tensos, pois tem medo de não alcançar a média e decepcionar os pais. A minoria sentem confiantes, por acharem a avaliação como uma corriqueira.
4-Você acredita que a família exerce influência no resultado das avaliações dos filhos?
A maioria dos alunos dizem que sim, porque cobram resultados positivos, dão recompensas que motivam os alunos a se esforçarem mais no período das avaliações.
5_Qual o sentimento dos pais quando os filhos tiram nota baixa?
A maioria dos alunos apontam o descontentamento e a punição como os principais sentimento, tendo uma minoria que sinaliza o sentimento de culpa.
Com a pesquisa de campo verificou-se como a avaliação acontece
em sala de aula. Foram observados vários momentos com aulas diferenciadas, nas turmas do 5º, 9º ano e na 1ª, 2ª e 3ª série do ensino médio. De um modo geral, verificou-se que a avaliação ainda acontece com tempo estabelecido ( semana de provas) embora algumas escolas usam a avaliação, diagnóstica, processual e sistematizada, utilizando instrumentos variados de avaliação e o que mais se destacou, o fato dos aspectos qualitativos preponderarem sobre os quantitativos. Além disso, confirmaram-se opiniões dos pais, professores e alunos sobre as diferentes concepções da avaliação da aprendizagem e a sua importância para a aquisição e desenvolvimento da aprendizagem. Observou-se ainda que a avaliação seja via de mão única, pois os professores não realizam a auto avaliação.
V - Implicações da Pesquisa na Instituição da Educação Básica
A partir da descrição e análise dos dados, verificou-se que os alunos sentem vontade de promover-se, ser alguém na vida, pois a maioria dos entrevistados manifesta o desejo de mudança em acompanhar a construção do conhecimento. Porém, é constrangedor constatar o grave problema na Avaliação da Aprendizagem por apresentar como único recurso que a instituição de ensino ora pesquisada, expressa de diferentes formas o sentido que constrói sobre o acompanhamento aos acadêmicos em processo de aprendizagem.
Nesse contexto, é explicável que a tendência á avaliação padronizada leva docentes e instituições a uniformizar procedimentos avaliativos por falta de tempo ou por uma conjuntura que o sistema estabelece. Esses são comentários de docentes. É preciso quebrar esse padrão. Pode e devem-se analisar os dados que o docente constitui sobre o aluno, são recortes de uma história da
qual ele participa e sobre a qual tem o compromisso de atribuir significado. É essencial que tais registros sejam relevantes sobre o que observou e pensou para que possam subsidiar a continuidade de sua ação educativa.
Vale lembrar também que a auto avaliação permite acompanhar processualmente a aprendizagem, detectar os pontos positivos, os desvios e as lacunas na dinâmica da aprendizagem. A auto avaliação oportuniza relacionar os conhecimentos aprendidos com a prática e o fazer pedagógico. Deve ser uma prática cotidiana. De acordo Archibald e Porter (1994):
Acreditam que os professores sempre decidirão quando e como seguir diretrizes em suas práticas diárias. Suas decisões são tomadas com base em seus valores profissionais e em sua compreensão acerca das práticas que melhor atendem a esses valores.
A avaliação da aprendizagem neste contexto é um ato amoroso (Luckesi,2005), pois a construção, para efetivamente ser construção necessita incluir, seja do ponto de vista individual, integrando a aprendizagem e o desenvolvimento do educando, seja do ponto de vista coletivo, integrando- o num grupo de iguais e no todo da sociedade.
VI – Conclusão
Todo processo educacional reclama avaliação, portanto é um processo dinâmico e permanente que incorporam ao todo, trazendo novas experiências, capacidades e necessidades. Assim a construção de uma avaliação é um eterno diagnosticar, planejar, repensar, começar e recomeçar, analisar e avaliar, diante de tudo isso essa sistemática de trabalho dependerá da perspectiva do currículo da instituição de ensino, e de ambos dependerá o planejamento de ensino de grupos de docentes. A avaliação é ainda uma tarefa que exige dedicação cotidiana, é preciso também que se perceba a avaliação como uma categoria presente em
todos os momentos do trabalho da instituição de ensino e da sala de aula. Ela é tão poderosa que pode facilitar ou prejudicar o desenvolvimento dos discentes. Desenvolver e avaliar o trabalho que garanta a aprendizagem dos seus alunos e o uso da avaliação tem um propósito comum: formar o aprendiz independente e capaz de colaborar, interagir, inovar, comunicar-se e enfrentar diferentes situações, daí a necessidade de a escola fundamental criar ambiente de construção e participação por parte de todos os que nela atuam.
Diante dos estudos feitos sobre avaliação, percebeu-se que o ser humano gosta de desafios que consistem em problemáticas que ele só poderá descobrir em ação-reflexão-ação, além disso, não se pretende que o alcance em uma tarefa, mas ao longo de um tempo, através de um conjunto de procedimentos e reflexão e por tudo que foi analisado, percebe-se que a avaliação pode ser um poderoso instrumento de mudança, colocando-se a serviço da autêntica aprendizagem e no desenvolvimento mais pleno do ser humano, ligada num projeto de libertação. Assim, a avaliação da aprendizagem auxilia o educador e o educando na sua viagem de crescimento, e principalmente a instituição de ensino na sua responsabilidade social. Educador e educando, aliados, constroem a aprendizagem, testemunhando-a a escola e a esta sociedade.
Conclui-se que a avaliação da aprendizagem é um instrumento de fundamental importância para comunidade escolar e local, pois nos provoca a refletir sobre os diferentes processos de avalições que devem ser formativa, reflexiva, diagnóstica, processual e contínua, como sinaliza a “Proposta de Avaliação do Estado”.
Conclui-se afirmando que essa pesquisa não se constitui numa obra plenamente acabada e concluída, tendo em vista que a mesma pode ser ampliada, discutida e enriquecida, a partir de outras problemáticas pertinentes a temática, com novas visões
questionamentos e posicionamentos em tempo real.
VII – Referências
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação, 3ª ed. São Paulo: Mores. 1980.
HAYDT, Regina C. Cozaux. Avaliação do processo Ensino-Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2003.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar, - 17. ed. – São Paulo: Cortez, 2005.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Maneiras de avaliar a aprendizagem.Pátio. São Paulo, ano 3. nº 12. p. 7 –11, 2000.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar . 13º ed. São Paulo: Cortez, 2002
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
TYLER, R. W. Princípio Básico do Currículo e Ensino. Ed. Porto Alegre: Globo, 1949.
VASCONCELLOS, Celso S. – Superação da Lógica Classificatória e Excludente da Avaliação Do “É proibido reprovar” ao É preciso garantir a aprendizagem – São Paulo: Libertad,1998.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem - Práticas de Mudança: por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 2003.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação mediadora – uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2003.
OLIVEIRA, G. P. de. Avaliação formativa nos cursos superiores: verificações qualitativas no processo de ensino-aprendizagem e a autonomia dos educandos. www.campus.oei.org. Acesso em 13 de dez. de 2003.
ARCHIBALD. D. e PORTER. Avaliação e o Projeto Pedagógico Escolar, São Paulo 1994. vol. 16.