Universalizar e, assim, facilitar a todos o acesso a uma educação de qualidade é o melhor argumento para implantar uma medida educacional. É incontestável o fato de que os governos pensam de forma a garantir essa universalização– ou pelo menos dizem que pensam. Porém, o que se vê na prática é a perpetuação da exclusão educacional não só nos estados brasileiros mais pobres – como Alagoas, Piauí e Paraíba –, mas também nos estados mais desenvolvidos – como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O acesso ao ensino superior continua sendo um sonho – ou mesmo utopia – para a maioria dos brasileiros.

A mercantilização do ensino no país reflete na exclusão daqueles que não têm acesso a uma educação qualificada, que, no caso brasileiro, encontra-se nas escolas privadas, principalmente. Embora as escolas federais e militares também equiparem-se às escolas particulares, são uma minoria que também acaba por excluir os estudantes desfavorecidos através de seus sistemas de ingresso, que geralmente consistem de uma prova que exige conhecimentos mínimos para a aprovação. Dessa forma, aos menos favorecidos economicamente resta o ensino público, que, diferentemente da Europa, encontra-se em situação frágil e precária.

A inclusão destes estudantes não cabe apenas às tão citadas políticas públicas do Estado. Ela também necessita do entendimento da sociedade, responsável pela aparente marginalização perpétua. Quando uma sociedade de indivíduos conscientes se concretizar, será realmente possível mudar o contexto excludente e desigual. Por indivíduo consciente entende-se o indivíduo com visão de contexto, de longo-prazo e que percebe os fatos diversos que ocorrem na sociedade de modo que saiba interferir e se posicionar de forma a buscar mudança.

Deve-se, portanto, buscar a conscientização coletiva e a coletivização consciente. Desse modo, universalizar e unificar o ensino no país poderá ser considerado um passo alcançável mesmo a curto e médio-prazo, pois a sociedade consciente é plenamente capaz de acelerar o processo de inclusão e de implantação das políticas públicas. Isso significa ação conjunta entre Estado e sociedade, e, consequentemente, efetivação de resultados de forma muito mais rápida e coerente com o modelo de desenvolvimento planejado.