DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E SUAS CAUSAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Kênia Aparecida Silva de Moraes

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RESUMO 

Diante de um problema que se encontra cada vez mais em sala de aula atrapalhando o desempenho escolar de nossas crianças, as dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização, sentimos a necessidade de buscar por mais informações e meios que possam contribuir com a extinção ou ao menos atenuar essas barreiras encontrados no cotidiano escolar. O objetivo é o de Identificar quais os problemas de aprendizagem mais encontrados no processo de alfabetização, para tanto, utilizamos como instrumentos, a revisão bibliográfica, consultando livros, fontes de dados online, artigos científicos para o devido desenvolvimento do trabalho. Os resultados foram fundamentados pelos autores: Campos, Tfouni, Passos, Vygotsky, Piaget, entre outros. Compreender as dificuldades de aprendizagem na alfabetização não é um assunto muito fácil. Dessa maneira iniciamos conceituando a palavra “aprendizagem”, depois “alfabetização”, logo em seguida, “os fatores que interferem no processo de aprendizagem”, “o papel da família a e da escola” e por fim tratamos sobre “o desenvolvimento e aprendizagem”. Temas imprescindíveis e necessários conhecer para orientar aluno, família e professor, para que juntos, possamos buscar orientações para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades, além de buscar pela intervenção de um profissional especializado.

Palavras-chave: Dificuldades de Aprendizagem. Alfabetização.

INTRODUÇÃO

Na literatura atual, encontram-se muitas definições e terminologias referentes às dificuldades de aprendizagem, como “dificuldades de aprendizagem”, “desordens de aprendizagem”, e ainda, “distúrbios de aprendizagem”. No sistema educacional, utiliza-se mais o termo, “dificuldades de aprendizagem”, por entender que nesse enunciado há uma amplitude de significados que melhor definem os problemas apresentados nas escolas.

Segundo GRIGORENKO e STERNEMBERG,(2003, p.29) “dificuldade de aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, falada ou escrita, que pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir, pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos”. Já para SMITH e STRICK(2001, P.14) dificuldades de aprendizagem são “(...)problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações”.

Nesse sentido, quando a criança começa a ler, a maioria dos alunos tende a ver as palavras como imagens, com uma forma particular ou um padrão. É essencial que os alunos sejam ensinados e aprendam a arte básica de decodificação e soletração desde o inicio. Já que tendem a não compreender que uma palavra é composta de letras usadas em combinações particulares, que correspondem ao som falado.

A análise das questões sobre a leitura e a escrita está fundamentalmente ligada à concepção que se tem sobre o que é a linguagem e o que é ensinar e aprender. E essas concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem à escola e à escolarização.

Primordialmente a escola junto com os educadores, tem a obrigação de propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e eficaz, os mecanismos de assimilação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está consciente de seu papel político na luta contra as desigualdades sociais e assumem a responsabilidade de um ensino eficiente para capacitar seus alunos na conquista da participação cultural e na reivindicação social.

Acreditamos que este artigo contribuirá para que as dificuldades na aprendizagem sejam identificadas o mais cedo possível, resultando num melhor aprendizado por parte do aluno.

1.0- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Compreender as dificuldades de aprendizagem na alfabetização não é um assunto muito fácil. Exige uma análise minuciosa e consciente do educador. Os problemas escolares podem surgir de diferentes situações para cada aluno. 

1.1- A Aprendizagem: conceito

 Infelizmente nossos históricos escolares não são registrados apenas com boas aprovações e bons rendimentos de aprendizagens por parte de nossos alunos, há também muitos registros de insucesso na área da aprendizagem, insucessos estes que vem assombrando-nos desde tempos bem remotos.

Mas qual o significado da palavra Aprendizagem? São várias as concepções acerca deste assunto, porém podemos defini-la como um processo evolutivo e constante, conjunto de modificações no comportamento do individuo. Aprendizagem é um fenômeno ou um método relacionado com o ato ou efeito de aprender e quem aprende modifica e quem se modifica acaba de uma certa forma agindo de acordo com os resultados daquelas aprendizagens. Aprender é um processo que se dá no decorrer da vida, permitindo-nos adquirir algo novo em qualquer idade.

De acordo com CAMPOS (1979),

“A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades, potencialidades do homem, tanto físicas, quanto mentais e afetivas, isto significa que aprendizagem não pode ser considerada somente como um processo de memorização ou que emprega apenas o conjunto das funções mentais ou unicamente os elementos físicos ou emocionais, pois todos estes são aspectos necessários “(p. 33).

No processo de aquisição da aprendizagem, são vários os fatores que devem fazer parte do mesmo, para que o novo conhecimento se ocorra de forma eficaz, são elas: boa saúde física e mental, motivação, maturação, inteligência e afetividade. Quando há ausência de algum desses fatore ou até mesmo uma inadequação pedagógica, pode ocorrer uma dificuldade de aprendizagem.

O termo dificuldade de aprendizagem surgiu, com uma primeira definição proposta por Kirk (1962) em que era bem evidente a ênfase dada à componente educacional e o distanciamento, em termos biológicos, de outras problemáticas, tal como deficiência mental, privação cultural, entre outras. As dificuldades de aprendizagem resultam tanto de um funcionamento deficiente da escola como são devidas a fatores de ordem psicológica ou sócio-cultural. As deficiências sensoriais e físicas (visual, auditiva, motora) e as inquietações fisiológicas originam tipos específicos de dificuldades na aprendizagem.

A aprendizagem da criança inicia-se muito antes de sua entrada na escola, isto porque desde o primeiro dia de vida, ela já está exposta aos elementos da cultura e à presença do outro, que se torna o mediador entre ela e a cultura.  De acordo com a idade cronológica e o desenvolvimento maturacional da criança, ela vai aprendendo a falar e a gesticular, a nomear objetos, a adquirir informações a respeito do mundo que a rodeia, a manusear objetos da cultura; ela vai se comportando de acordo com as necessidades e as habilidades. Assim CAMPOS (1979) reforça que,

“Logo que a criança nasce, começa aprender e continua a fazê-lo durante toda a sua vida. Com poucos dias, aprende a chamar sua mãe com seu choro. No fim do primeiro ano, familiarizou-se com muitos dos objetos que formam seu novo mundo, adquiriu certo controle sobre suas mãos e seus pés e ainda, tornou-se perfeitamente iniciada no processo aquisição da linguagem falada. (...) vai para a escola, onde por meio de linguagem dirigida, adquire os hábitos, as habilidades, as informações os conhecimentos e as atitudes que a sociedade considera essencial ao bom cidadão” (p. 14).

E é nesse momento da escola, quando o educando chega à fase da alfabetização, que ele não consegue demostrar as mesmas aprendizagens que as crianças de sua faixa etária ocorre o que definimos como uma (D.A.) Dificuldade de Aprendizagem . Nesse momento, o olhar do professor com muita atenção para com os seus alunos é primordial, pois é ele quem dará os primeiros passos para que o sofrimento do aluno não continue causando desconfortos futuros.

A presença do “outro” (professor, família, comunidade) nas atividades é muito importante, pois é ele que diz o nome das coisas, a forma certa de se comportar; é ele que lhe explica o mundo, que lhe responde aos “porquês”, enfim, é o seu grande intérprete do mundo. São esses elementos apropriados do mundo exterior que possibilitam o desenvolvimento do organismo e a aquisição das capacidades superiores que caracterizam o psiquismo humano.

A aprendizagem é, portanto, um processo essencialmente social, que ocorre na interação com os adultos e os colegas do seu convívio social. O desenvolvimento é resultado desse processo, e a escola, o lugar privilegiado para essa estimulação. A educação passa, então, a ser vista como processo social essencial na construção da humanidade.

Voltando um pouco no foi dito, mas afinal, o que causa as tão indesejáveis Dificuldades de Aprendizagem? Veremos a seguir o que Tfouni entende por alfabetização. Logo em seguida quais as principais causas encontradas no processo da alfabetização

1.2 - O que é Alfabetização?

De acordo com Tfouni (2006),

“A Alfabetização refere-se a aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para a leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e portanto da instrução formal”(p. 9).

Tomando como ponto de partida esta definição, percebemos nela está implícita a ideia deque a aprendizagem da leitura e da escrita se torna um instrumento que permitirá a criança ter acesso às informações e a criar novos conhecimentos.

Segundo Tfouni, o processo de alfabetização não se deve privilegiar a mera codificação e decodificação de sinais gráficos no ensino da leitura e escrita, mas sim respeitar o processo de simbolização – e este a criança vai percebendo que a escrita representa, na medida do próprio desenvolvimento da alfabetização.

Percebemos então a relação de interdependência que os sistemas de representação escrita e oralidade representam. Dessa maneira, o processo de representação que o educando deve aprender a dominar durante o processo de alfabetização não é linear (som-grafema), é antes de tudo, um processo que acompanha o desenvolvimento, e que passa por estágios que vão desde a representação dos sons de grafemas até um nível mais complexo.

Em resumo Tfouni (2006) afirma que,

“A aquisição da linguagem escrita (alfabetização) corresponde a um modelo linear “positivo” de desenvolvimento, segundo o qual a criança aprende a usar e decodificar símbolos gráficos que apresentam os sons da fala, saindo de um ponto “x” e chegando a um ponto “y”” (p. 20).

Ou seja, a partir da aprendizagem da escrita na alfabetização, a criança terá um mundo de informações a serem seguidos para um melhor desenvolvimento de seu aprendizado.

1.3- Principais causas perturbadoras no processo educativo

 

Entre os fatores que interferem no processo de aprendizagem encontram-se as causas físicas; sensoriais; neurológicas; emocionais e as intelectuais ou cognitivas.

Causas físicas – São aquelas representadas pelas perturbações do tipo transitórias (são passageiras), por exemplo: dor de cabeça, cólicas intestinais, verminoses, etc. são perturbações que quando medicadas logo passa. Já os permanentes (são congênitas ou hereditárias), são provenientes de qualquer perturbação do estado físico gerais da criança. Geralmente essa pessoa que possui algum tipo de deficiência física, apresenta habilidades maravilhosas em diversas áreas do conhecimento, mas a sua deficiência acaba por impedir sua totalidade, causando prejuízos a sua aprendizagem.

Causas sensoriais– São todos os distúrbios que atingem os órgãos dos sentidos(visão, audição, gustação, olfato, tato e equilíbrio), que são os responsáveis pela percepção que o indivíduo tem do meio exterior. Qualquer problema que afete esses órgãos causará problemas no modo de a pessoa captar as mensagens do mundo exterior e, deste modo, trará dificuldade para ela compreender o que se passa ao seu redor.

Causas neurológicas– São as perturbações do sistema nervoso (cérebro, cerebelo, medula e nervos). O sistema nervoso comanda todas as ações físicas e mentais do ser humano. Ocorrendo qualquer distúrbio em uma das partes acima citadas, surgirá um problema de maior ou menor grau, de acordo com a área lesada.

Causas emocionais– São distúrbios psicológicos, ligados aos sentimentos, emoções e à personalidade dos indivíduos. Esses problemas geralmente não aparecem sozinhos, eles estão agregados a problemas de outras áreas, como por exemplo, da área motora, sensorial etc.

Causas intelectuais ou cognitivas– Se referem à inteligência do indivíduo, ou seja, à sua capacidade de conhecer e compreender tudo que esta a sua volta. Conforme Jean Piaget (apud Drouet, 1990), o ser humano inicia seu desenvolvimento a partir do seu nascimento, logo vai construindo o seu conhecimento e desenvolvendo sua inteligência partindo de alguns esquemas de ação geneticamente determinados e através das interações com o meio físico e social em que vive.

Causas educacionais – O tipo de educação que o sujeito recebe na infância irá condicionar distúrbios de origem educacional (família ou escola), perpassando pela sua adolescência e idade adulta, em qualquer ambiente que ela se fazer presente. Portanto, as falhas de seu processo educativo quando criança terão más repercussões futuras.

Segundo Guerra “as dificuldades de aprendizagem se estabelecem quando a criança encontra problemas em se perceber, perceber seu mundo e relacionar-se com outras pessoas” (apud PASSOS, 2010, p.16). A verbalização natural e um bom equilíbrio emocional podem mascarar os transtornos de aprendizagem que devem ser diagnosticados precocentemente, evitando maiores prejuízos na alfabetização ou em fases posteriores.

Problemas como atraso da fala, Dislalias, Disglossias, afasia, disfasia, dislexia, Discalculia, Disgrafia, hiperatividade, entre outros, também são fatores agravantes que resultam em dificuldades de aprendizagem.

Atraso da fala - Algumas crianças apresentam perturbação no desenvolvimento da linguagem que não pode ser explicado por déficits de percepção sensorial, capacidades intelectuais ou funcionamento motor. Os atrasos de linguagem podem acarretar dificuldades em toda a vida do sujeito, pois a aquisição de linguagem acontece como uma continuidade durante todo o desenvolvimento. Alguns processos facilitadores da fala, vocábulo restrito, uso reduzido de artigos, preposições, expressões incorretas de tempos verbais evidenciam uma habilidade reduzida do uso da língua, caracterizando um atraso leve de linguagem.

Dislalias - A dislalia (do grego dys + lalia) é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os ordenadamente.

Disglossias - É caracterizada por uma dificuldade na produção oral ocasionada por alterações físicas e/ou fisiológicas dos órgãos envolvidos na fala e cuja causa seja de origem periférica, não relacionada diretamente com alterações neuropsicológicas.

Afasia – A afasia é uma deterioração da função da linguagem. Caracteriza-se por dificuldade em nomear pessoas e objetos. Pode evoluir para um comprometimento grave da linguagem escrita e falada e da repetição da linguagem.

Disfasia - Transtornos raros da evolução da linguagem. Trata-se de crianças que apresentam um transtorno da integração da linguagem sem insuficiência sensorial ou fona tória; que podem, embora com dificuldade, comunicar-se verbalmente e cujo nível mental é considerado normal.

Dislexia - A dislexia (da contração das palavras gregas: dis = difícil, prejudicada, e lexis = palavra) caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização sendo comum provocar uma defasagem inicial de aprendizado. A dislexia não é uma doença é apenas um bloqueio apresentado por crianças que se encontram no início do processo de alfabetização. Segundo Passos, a dislexia em suma, refere-se a uma inaptidão de leitura e escrita e traduz-se em um agrupamento de sintomas que resultam nas dificuldades de processar informações recebidas da linguagem escrita, isto é, está particularmente relacionada à leitura.

O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por diferentes profissionais, já que se trata de um sistema complexo de informações que raramente é encontrada de forma isolada.

Discalculia – Compreende na dificuldade que o sujeito tem em compreender as operações básicas de adição e subtração. O aluno discalculo terá problemas também com a multiplicação e divisão, além de não entender conceitos matemáticos e não conseguir resolver problemas que envolvem estes sistemas.

De acordo com Passos o trabalho pedagógico a ser realizado com a criança que apresenta discalculia consiste em ajuda-la a simbolizar experiências em situações concretas, que podem ser manipuladas por meio de jogos em situações reais cotidianas, partindo sempre do conhecimento adquirido e assimilado por ela, para experiências mais complexas de atividades que envolvam quantidades e símbolos numéricos.

Disgrafia – Chamada também de letra feia, consiste na dificuldade da escrita, ou seja, do traçado gráfico. Ocorre devido a uma incapacidade de recordar a grafia correta da letra. Entre as características mais comuns dos digráficos, pode-se observar: lentidão na escrita, letra ilegível, traçado irregular, desorganização geral na folha e no texto, tamanho muito pequeno ou muito grande escrita, espaçamento entre as linhas, ligação das letras.

Hiperatividade - A hiperatividade é um problema muito complicado e se não for tratado na infância assim como as outras causas, trará consequências drásticas pelo resto da vida uma criança. Ela é um dos componentes mais conhecidos do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. A criança hiperativa mostra um excesso de comportamentos, em relação às outras crianças da mesma idade, além de dificuldade em manter a concentração, impulsividade e agitação. A hiperatividade pode ocorrer em diferentes graus de intensidade, com sintomas variando entre leves a graves. Dependendo da gravidade destes sintomas, a hiperatividade pode comprometer o desenvolvimento e a expressão linguística, a memória e habilidades motoras. Comumente são diagnosticadas mais em meninos, embora não isente os demais. A identificação de forma correta também é um ponto primordial para quem a detém, já que este levará a tratamentos adequados.

As crianças com dificuldades de aprendizagem comumente têm problemas em mais de uma área. Por exemplo, a deficiência primária de uma criança (aquela que está causando mais problemas na escola) pode envolver problemas com a compreensão da linguagem, mas ela também pode ter problemas com a concentração e estar um pouco atrasada no desenvolvimento de sua coordenação motora fina. Em casos como esse, é necessário compreender não apenas cada uma das deficiências, mas também como podem complicar umas as outras.

Todas essas causas de uma forma ou de outra trará a criança problemas de aprendizagem. Nesse sentido compete à escola proporcionar oportunidades adequadas às crianças que chega até ela. Sendo que quanto mais cedo essas dificuldades forem detectadas no educando, mais cedo será tratada, dessa maneira oferecendo a criança um melhor aprendizado.

1.4 - O papel do educador da família e da escola diante das dificuldades 

A identificação das D.A. deve ser feita o mais rápido possível. Cabe aos professores e pais identificá-las, observando o comportamento apresentado pelas crianças.

De quem é a responsabilidade quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem na alfabetização? O que de ser feito?

A responsabilidade é de todos, os pais, a escola (professor) e a criança, devem estar em sintonia, cada um fazendo sua parte. A reciprocidade entre todos é essencial. Na escola a criança vai receber ajuda do professor, e em casa deve ser auxiliado pelos pais. Pais e professor devem auxiliar a criança que está em processo de aprendizagem, para que ela venha a desenvolver-se integralmente.

As implicações que devem ser observadas no ambiente familiar incluem os seguintes aspectos: condições físicas de moradia, cultura, valores em que se acreditam atitudes frente à vida e expectativas de futuro.

Como afirma Passos (2010),

“A família tem papel preponderante no desenvolvimento da criança e as informações advindas do ambiente familiar podem responder as questões favoráveis ou desfavoráveis em seu desempenho escolar” (p. 69).

 Nesse sentido faz necessário que a escola conheça e entenda o modo de como a criança vive em família ou na sociedade até mesmo para poder exigir dela ações pertinentes ao seu alcance.

E o professor como mediador do conhecimento na fase da alfabetização, precisa estar atento diante dos diferentes acontecimentos de sua clientela, como disse anteriormente, ao modo como vive em família, socialmente entre outros. Na escola ele será o responsável pelos cuidados necessários para com o educando oferecendo-lhe oportunidades para que a criança possa se desenvolver com tranquilidade e confiança.

Emília Ferreiro trouxe, assim, grande contribuição ao processo de alfabetização, indicando a necessidade de conhecer o processo de aprendizagem em todas as suas formas evolutivas. “Despatologizou” os erros comuns entre as crianças; valorizou a participação delas no processo de ensino-aprendizagem; apropriou-se das atividades infantis como formas de ensino; enfim, Emília Ferreiro revolucionou a forma dese conceber e trabalhar na alfabetização de crianças.

Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do indivíduo com o mundo está sempre mediada pelo outro. Não há como aprender e apreender o mundo se não tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a nossa volta.

Infelizmente, a aprendizagem, em algumas instituições continua seguindo o modelo tradicionalista, onde é imposta e não mediada, criando uma passividade entre aquele que sabe manda e obedece aquele que tem juízo. A escola não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos, muito mais que isso, a escola tem a tarefa primordial de revigorar o papel e a figura do aluno, deixando o mesmo de ser apenas um receptor, proporcionando ao aluno que seja o criador e protagonista do seu conhecimento.

Torna-se necessário orientar aluno, família e professor, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades, buscando a intervenção de um profissional especializado. 

1.5 - Desenvolvimento e aprendizagem

Durante a fase de desenvolvimento, a criança vai experimentando situações que se configuram em pré - requisitos que serão importantes para o processo da alfabetização. Esses estímulos podem surgir de forma espontânea por meio de atividades do dia a dia; porém, se algum fator interfere para aquisição dessas estruturas, faz-se necessária a mediação do educador ou terapeuta.

Segundo Moraes (2003), o autor em uma abordagem psicopedagógica sobre os distúrbios de aprendizagem, indica possíveis áreas que, se não forem desenvolvidas pode interferir na alfabetização.

É importante que o professor perceba que ele não pode exigir que a criança ultrapassasse suas vivencias, forçando-a a escrever alfabeticamente, por exemplo, quando está experimentando a escrita silábica. A criança deve ter um tempo que lhe possibilite vivenciar cada momento em seu significado, por outro lado, ele deve saber através de que estratégias prepara-la para o momento seguinte, colocando-a em contato com novas vivencias, despertando sua curiosidade para a escrita adulta alfabética.

Para Wallon a criança experimenta tanto uma atualidade ao longo da infância, como um vir a ser, um momento que a prepara a vida adulta. Cabe-nos compreender como se dá hoje a construção social e cultural da infância ou que ele significa em termos dos processos de desenvolvimento das crianças na sociedade contemporânea, ao mesmo tempo entendemos que não são processos absolutos, mas que se transformarão no futuro.

De acordo com a concepção Piagetiana, o desenvolvimento cognitivo compreende quatro estágios: sensório-motor (do nascimento aos 02 anos), pré-operacional (02 aos 07 anos); o estágio das operações concretas (07 aos 12 anos) e, por último, o estágio das operações formais, que compreende o período da adolescência (12 anos em diante). Cada período define um momento do desenvolvimento como um todo, ao longo do qual a criança constrói determinadas estruturas cognitivas.

Ao longo de suas pesquisas Piaget observou que:

No estágio sensório-motor que compreende de 0até 02 anos  - nessa fase do desenvolvimento, que o campo da inteligência da criança aplica-se a situações e ações concretas. Este é o período em que há o desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre ações. É também o período da diferenciação entre os objetos e o próprio corpo.

Passando para o estágio pré-operatório que vai dos 02 aos 07 anos – percebemos nesta fase que as crianças reproduzem imagens mentais. Elas usam um pensamento intuitivo que se expressa numa linguagem comunicativa (fase do egocentrismo), seu pensamento está centrado nela própria.

Já no estágio operatório concreto dos 07 aos 12 anos - as crianças são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva. Podem representar variações, assim como situações estáticas. Têm capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades concretas, que não exigem abstração.

E por fim no quarto e último estágio o das operações formais dos 12 anos em diante - temos a fase de transição para o modo de pensar adulto. É durante essa fase que se configuração a capacidade de raciocinar sobre hipóteses e ideias abstratas. Nesse momento, a linguagem tem uma função fundamental, servindo de suporte conceitual.

Enfim, nesse sentido, é fundamental a ideia de que os processos de aprendizagem movimentam os processos de desenvolvimento do ser humano. Cabe ainda ressaltar a importância de encaminhamento da criança que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem aos profissionais adequados para o devido tratamento.

2.0-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que as dificuldades da aprendizagem infelizmente estão presente no cotidiano escolar, cabe ao profissional encontrar uma maneira de sanar cada caso até mesmo buscar ajuda com outros especialistas que irá auxiliar nessas dificuldades, concluímos que na maioria das vezes a principal ajuda é com a própria família que tem um papel muito importante na vida da criança. Abstrair da criança aquilo que é prazeroso para ela e através dessa ferramenta trabalhar conteúdos que vão abrir novos caminhos para contribuir na sua aprendizagem. Muitas vezes, como consequência da dificuldade da aprendizagem, vemos pessoas não alfabetizadas abrirem mão do próprio conhecimento, da própria cultura, o que caracteriza mais uma vez essa relação como de tensão constante entre poder, dominação, participação e resistência, fatores que não podem ser ignorados quando se procura entender o produto humano por excelência que a escrita, e seus decorrentes necessários: a alfabetização e o letramento. As atividades lúdicas tem um papel importante no desenvolvimento e aprendizagem da criança pela riqueza de situação que envolve as atividades de jogos e brincadeiras, além de beneficiar a criança com aprendizados envolve também muito prazer.

Dessa maneira concluímos que a aprendizagem envolve prazer, dedicação do professor, apoio pedagógico e contribuição familiar.

3.0- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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