A empresa Bayer CropScience da unidade de Sorriso-MT, realizou ontem (16/10/2008) na ACES (Associação Comercial e Industrial de Sorriso) um evento para discutir sobre a cultura da soja. Para alavancar tal discussão, a Bayer trouxe o Engenheiro Agrônomo, Professor Doutor Antonio Luiz Fancelli da Universidade de São Paulo (USP) com a palestra "Fisiologia e Fenologia da soja e suas implicações no manejo.

O principal ponto abordado pelo pesquisador sobre a cultura da soja é que "não existe receita de bolo, tudo muda e por isto é tão importante os técnicos, agrônomos, profissionais do campo conhecerem os processos fisiológicos das plantas, para fugirem do tão famoso "pacotão tecnológico", assim comenta o pesquisador. Segundo ele, são três os fatores determinantes da produtividade de uma cultura: o genótipo que está nas mãos dos melhoristas genéticos; o clima, que não tem comoo homem alterar, simplesmente o produtor rural precisa conhecer e compreender as suas potencialidades; e o manejo da cultura, este sim, pode ser melhoradoe é responsável pelo estabelecimento de estratégias de intervenção fundamentais para suprir as necessidades das plantas e conseqüente aumento ou não da produtividade.

Dentro do manejo da soja, as principais dicas fornecidas pelo pesquisador foram sobre:

·a importância da planta desenvolver um bom sistema radicular, uma vez que é o principal responsável na planta pela produção do hormônio citocinina que tem grande influência na produção de grãos. Além disso, quanto mais ativo permanecer o sistema radicular menos as plantas sofrerão em épocas de veranicos. Fancelli explica que para a planta desenvolver um bom sistema radicular é de vital importância a realização do tratamento de sementes contra insetos. O imidacloprid (inseticida produzido pela BAYER) foi apontado pelo pesquisador como uma boa escolha para o tratamento das sementes, pois além da sua ação inseticida ele provoca alterações fisiológicas na planta através da sua metabolização formando um composto-chavedenominado de CNA (ácido-6-cloro nicotínico). De acordo com o pesquisador, este composto funciona como estimulador do vigor e como indutor de resistência.

·a necessidade de se conhecer bem o solo, sendo assim as análises de solo precisam levar em conta amostragens nas profundidades de 0-10, 10-20 e 20-40 cm e com relação a micronutrientes como o boro e o manganês, deve ser feita análise foliar, pois nem sempre o nutriente presente no solo consegue chegar até as folhas e, não esquecer das amostragens serem realizadas com auxílio do GPS;

·Sempre realizar a inoculação na cultura da soja. Fancelli, explica que os nódulos grandes que vieram com a planta são de 20 a 30% mais eficientes dos que os nódulos pequenos formados pela bactéria que já estava presente no solo. Assim, a reinoculação garante um ganho de produção de 3 a 8,5%. Além disso, o pesquisador recomenda a aplicação de 12 até 20 kg/ha de nitrogênio na semeadura, mesmo a cultura sendo fixadora de nitrogênio. Ele lembra que a fixação biológica de N inicia-se somente após V5 (estádio vegetativo de desenvolvimento da soja até o quinto nó e o quarto trifólio aberto), deste modo, até lá a planta precisa retirar o N de algum lugar;

Outros pontos mencionados foram sobre a importância do controle da velocidade da máquina na hora do plantio, pois atualmente é recomendado de 8 até 12 sementes por metro linear; comentou que em experimentos realizados por ele, com o espaçamento de 55 cm entre plantas obteve 8% de ganho em produtividades, por isto o pesquisador mencionou a importância dos produtores e profissionais do campo sempre estarem realizando experimentos em pequenos áreas, para testarem as novas tecnologias e recomendações de manejo, pois para cada região geográfica o desenvolvimento da cultura apresenta particularidades que podem ou não afetar na produtividade total da lavoura.