Educação – Diário de uma Professora. 

Estava pensando em minha vida profissional e com meus botões e um pensamento surge  em minha mente: “sou mais uma professora em meu país”. Pessoa que acorda todos os dias, mais precisamente de segunda a sexta feira a partir das 06:00horas da manhã, levanto, faço meu café e como sempre me batizo ( expressão que uso para sair de casa sem estar em jejum), Saio para pegar o ônibus que passa em um ponto à cinco quadras da minha casa ,caminho que faço seis vezes no dia, ônibus este que é uma condução apenas para os professores da minha cidade, sendo eu uma professora de escola municipal, me sinto lisonjeada  por pelo menos ter uma condução particular, sem ter que estar envolvida aos gritos e manifestações de diversos alunos antes de começar meu horário de expediente.

Quando chego à escola me deparo com diversas carinhas e perfis de crianças que veem de culturas e costumes diferentes, contando também a dificuldade financeira que a maioria passa, pois se encontram em lares que muitas vezes não possuem estrutura psicológica, familiar para que possam chamar de lar.

Quando bate o sinal para entrarmos em sala, me deparo com rostos preguiçosos, pois ainda estão despertando para enfrentar o turno na escola, crianças que nem sequer tomaram seu café, pois não havia quem o fizesse, pois é muito cedo para o responsável acordar, muitas vezes estes pais não sabem nem que roupa seus filhos foram á escola porque suas atividades noturnas não o deixaram acordar. Crianças que chegam com suas roupas sujas, sem tomar banho, crianças de todo o tipo neste bairro que fica a escola que trabalho.

Com tudo isso e muito mais que observo, penso em como vamos lutar contra todas as dificuldades de aprendizagem, como ensinar crianças que não tem pelo menos uma estrutura familiar, uma moradia decente e principalmente atenção que precisam dos pais. Sinto que algumas delas são heroínas, porque com tudo que passam ainda tentam se superar,ser a diferença e muitas vezes não conseguimos enxergar esse esforço,somos abduzidos ao sistema e não conseguimos acreditar na diferença.

Refletindo também que eu e meus colegas que há décadas atrás éramos considerados os mártires, hoje não somos ninguém, nosso salário cada vez mais diferenciado das demais profissões, salas cheias, e muitas vezes despreparados para com o que vamos encontrar em nossos rituais dias de trabalho, e ainda querem que façamos milagre. Sempre nos dizendo que não somos qualificados o bastante, mas sei que somos, muitos são os que  buscam a qualificação, capacitação, mas fico pensando nos que nos adianta ter vários certificados,duas ou mais especializações, mestrado se somos esquecidos? Não quero deixar de acreditar na profissão que escolhi, mas sinto que este dia está próximo. Quero que a satisfação e o entusiasmo voltem, que o dia de amanhã seja prazeroso em acordar e dizer ter que ir trabalhar sentir realmente satisfação pelo nosso trabalho, ser Professora.