Adinam Franco

ICEG/PUCMINAS 

Jonathas Felício

ICEG/PUCMINAS 

Matheus Costa

ICEG/PUCMINAS 

Victor Alves

ICEG/PUCMINAS 

RESUMO

Este artigo estudou o diamante nacional de Porter e suas implicações no Japão. Através deste modelo, Porter analisa a competitividade dentro de um país. Busca-se, neste estudo, fazer uma análise dos condicionantes do modelo (Estratégia, Estrutura e Rivalidade das empresas; Condição de demanda; Indústria Correlata de apoio; Condição de fatores) bem como seu encadeamento na realidade da indústria robótica japonesa. São evidentes as limitações de tal modelo, porém uma avaliação criteriosa de suas características, a partir do estudo de caso do Japão, permite verificar a aplicação desta teoria.

  1. Introdução

 O presente artigo trata do Modelo Nacional do Diamante de Porter em que este busca defender a teoria em que a posição competitiva de um país pouco relacionava-se com a economia tradicional, que tinha como base a disposição de recursos naturais, mas da capacidade produtiva internas. 

De acordo com o modelo de Porter a vantagem competitiva tinha influência de quatro fatores interligados entre si onde o governo tinha influência, Estratégia, estrutura e rivalidade das empresas, Condição de Fatores, Condição de Demanda e Indústria Correlata de Fatores.

É objetivo deste artigo apresentar o modelo de Porter e analisá-lo se, buscando verificas se este aplica-se a realidade segundo o estudo de caso do Japão.

Está organizado em quatro partes, iniciando com a apresentação do Modelo Nacional de Porter, a segunda parte trata das Críticas ao Modelo de Porter, a terceira parte refere-se ao estudo de caso referente a indústria robótica japonesa, por fim, a conclusão deste artigo apresentando se o o modelo do diamante de Porter pode ser aplicado a realidade.

  1. O modelo nacional do Diamante de Porter 

Na atual conjuntura mundial, onde a competitividade é extremamente forte, deve-se buscar vantagens competitivas para ter sucesso. Michael Porter, um especialista em estratégia, criou um sistema em forma de diamante que estabelece relações entre os fatores que as compõe.

Segundo Porter (1989), através das indústrias que os países se tornam competitivos. Não se pode dizer que o crescimento se dá pela quantidade de recursos naturais existentes em um país, visto que existem países com quantidades semelhantes de recursos. Sendo assim, os recursos não podem ser considerados mais importantes que a capacidade produtiva que um país ou empresa pode alcançar. A riqueza é criada por empresas que conseguem oferecer produtos e serviços diferenciados para o mundo, mas para que isso ocorra, são necessários profissionais com qualidades pouco comuns no mercado. A busca por vantagem competitiva é de suma importância para determinar o nível de crescimento de um país. Porter evidencia que os competidores na maioria das indústrias de sucesso internacional estão localizados na mesma região, tornando a questão geográfica outro fator importante para o fluxo de informação e para a competição.

O Modelo do Diamante de Michael Porter, relaciona quatro elementos que combinados, promovem ou impedem, aumentam ou diminuem a criação da vantagem competitiva, ou seja, busca ser um modelo de desenvolvimento econômico que baseado na construção de vantagens competitivas para determinada Nação ou Estado. No formato de uma ambiente desafiador e dinâmico, Porter salienta que a análise de forma conjunta desses 4 determinantes é fundamental para a estruturação das vantagens competitivas das indústrias. A figura a seguir ilustra o modelo: 

Fonte: Elaborado pelos autores 

O Diamante é um sistema em que o efeito de um determinante é dependente do comportamento de outro. A combinação destes é que faz com que as empresas criem ou não vantagens umas sobre as outras. A vantagem vem da interligação de várias áreas que acabam criando um ambiente forte e difícil de ser feito pelos outros competidores. A forte ligação entre os determinantes ajuda a perceber e entender como indústrias e grupos competitivos nascem, se modificam e morrem. Além dos determinantes existem duas outras variáveis que influenciam o sistema, sendo elas: o acaso, que são as oportunidades e fogem do controle das empresas, e o governo, que dependendo da maneira como age pode influenciar positivamente ou negativamente sobre o sistema. A vantagem competitiva é perdida quando o Diamante do país para de estimular o investimento e a inovação. Sendo assim, o modelo também pode ser aplicado ao conceito de cluster, levando a análise da rivalidade e da competitividade interna ao resto do mundo e sua implicação no processo inovativo. (PORTER, 1989).

De Freitas e Freire (2009) afirmam que as condições de fatores representam os aspectos relacionados aos fatores de produção e a sua disponibilidade na indústria, que acabam determinando a atuação no mercado internacional através das exportações. Pensando pelo lado microeconômico, dentro das empresas, essas condições representam a disponibilidade e desenvolvimento das áreas de suprimentos: tecnologia, recursos naturais, recursos humanos. Para Porter (1989), é preferível que as nações criem seus próprios fatores de produção, a partir dos recursos que possui. Então, a inovação e utilização de recursos torna-se um fator importante para a criação de vantagens.

As condições de demanda correspondem a demanda interna de uma nação ou região, atuando como um guia na orientação de decisões estratégicas e ainda pressionando os padrões internos em relação ao nível global, ou seja, a demanda interna antecipa para o mercado interno os requisitos da demanda externa, contribuindo para a criação de vantagens sobre vendas e a entrada da indústria no mercado mundial. Pelo lado da empresa, as condições de demanda correspondem a demanda existente no local em que a empresa atua, levando em conta a concorrência e a sua capacidade de atender as exigências. O consumo interno acompanha os padrões externos e isso acaba gerando inovação nos produtos e processos, a concorrência interna e a competitividade. (DE FREITAS; FREIRE, 2009)

Já as indústrias correlatas e de apoio são as indústrias fornecedoras e industrias que sejam competitivas internacionalmente. É analisada a forma como estas criam vantagens, ou seja, o modo como elas interferem na sua competitividade. Porém, analisando pelo lado das empresas, as indústrias são muito importantes no processo de inovação e atualização, já que as mesmas proporcionam trocas de informação e tecnologia. (PORTER, 1989)

Por último, segundo De Freitas e Freire (2009) o determinante estratégia, estrutura e rivalidade aborda que as indústrias surgem, são organizadas, estruturadas e administradas, mas também são sujeitas aos fatores ambientais, nacionais e a rivalidade interna. A estratégia representa a estrutura do setor juntamente com a gestão e a produtividade. A pressão de demanda gera a rivalidade que gera a inovação.

É importante que o governo atue como gerador de rivalidade, para assim, gerar mais inovação. A política governamental pode afetar positivamente ou negativamente o processo de internacionalização influenciando cada ponta do diamante a construir vantagem nacional. O governo usa de alguns instrumentos como, políticas, oferta de infraestrutura, entre outros, para estimular as empresas a buscarem melhores desempenhos. (PORTER, 1989) 

  1. Críticas ao modelo de Porter 

O modelo de Porter contribuiu grandemente para a teoria econômica internacional, mas, como em todos os modelos, apresenta algumas falhas tornando sua aplicação limitada para explicar o desenvolvimento econômico.

Inicialmente, ressalta-se a imobilidade do modelo, isto é, dadas as constantes modificações nos condicionantes da economia, da estrutura de mercado e comércio, busca-se um modelo dinâmico para acompanhar as modificações nas  bases da economia.

Outra crítica ao modelo relaciona-se à peculiaridade das análises realizadas pelo autor, uma vez que este desenvolveu o modelo avaliando alguns países industrializados (Coréia, Itália, Suécia, Japão, Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha e Estados unidos), ou seja, já desenvolvidos. Dessa forma, não é posível afirmar que a explicação para o progresso econômico ocorre da mesma maneira em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

Narula (1993) evidencia como crítica a inexistência do comportamento da atividade empresarial internacional e suas consequências na determinação dos 4 componentes apresentados e seus condicionantes. Ainda conforme este autor, Porter não credita importância à tecnologia (é tratada como variável endógena ao processo de desenvolvimento) para o progresso dos países, nem ao Investimento Direto Externo (IED).

Uma situação que merece atenção, é a não citação de Porter a diversos outros autores que trararam do tema anteriormente, isto é, o autor assume a originalidade do tema, desprezando importantes teóricos econômicos como, por exemplo, Adam Smith e David Ricardo.

Krugman (1999) salienta que, ao desenvolver o modelo, Porter inverte o conceito de competitividade da base microeconômica para a macroeconômica. Para aquele, a mudança deste conceito necessita de criteriosa pesquisa dos elementos e variáveis envolvidas.

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