Publicado originalmente por esta autora aqui no site do WebArtigos em 30 de November de 2008 e reeditado em 09 de Abril de 2020!

O ONIPOTENTE DEUS QUE SE AUTOLIMITA

Deus é Absoluto! Mas Ele por amor à humanidade não usou de absolutismo, antes permitindo que debaixo de Sua Soberania, exerçamos nossa liberdade! A vontade Absoluta de Deus é perfeita, boa e agradável!

Porém, na vontade permissiva de Deus, temos a condição de crer ou não nEle, de obedecer ou não obedecer e, como diz o autor Philip Yancey em um de seus livros: “É uma vontade baseada na força do amor e não do poder.”.

Acerca disso, recebi o seguinte comentário em meu blog: "Fiquei pensando... E nossa vontade? Seria também absoluta??? A santidade consiste em fazer como Deus e autolimitar nossa vontade???". A minha resposta, é: "Penso que sim. Pois, Ele nunca nos pediu nada que antes não tenha feito primeiro.

Um exemplo disso, é quando Jesus disse: "O maior seja como o menor"! E, não foi isso o que Ele fez? Confesso que eu ainda não havia pensado assim, mas, depois de haver lido esse comentário chego à essa conclusão: somos seres criados livres, convidados a abrirmos mão de nossas liberdades, para, entregando tudo a Ele, deixar que Ele direcione nossas vidas, por entender que Ele tem plena condição de saber o que é melhor para cada um de nós.

Até por que, se não temos certeza, nem mesmo, se chegaremos vivos do outro lado da rua, então, como seremos capazes de saber o que é melhor para nós? A melhor  alternativa que nos resta, é: “entrega teu caminho ao Senhor, confia nEle e Ele tudo fará”.

Posteriormente, recebi mais esse comentário: "Será que tudo isso que refletimos sobre Liberdade e Vontade se aplica ao Islã? Ou seja, será que isso é a chave para entendê-los??? Isto me veio à mente porque me lembrei que a palavra Islã significa “submissão" ou "submisso”". E, após refletir sobre o comentário desse leitor, cheguei a seguinte conclusão: O Islã fala de submissão a Deus (Iavé) e, o Antigo Testamento (AT) também, mas, existe uma diferença que acontece quando levamos em consideração a mensagem do Novo Testamento.

No AT, vemos Jó, os salmistas e os profetas em constantes questionamentos a Deus acerca do por quê do sofrimento, queixando-se, inclusive, do silêncio de Deus, em momentos que eles tanto precisavam de respostas! Então eu olho para o Novo Testamento com sua mensagem de que o Deus que estabeleceu as regras, desceu até nós, fazendo-se carne e se sujeitando às próprias regras que criou!

Notem que na cruz, em agonia Jesus exclamou: "Pai, por que me desamparaste?". E não é essa a sensação que temos muitas das vezes quando estamos em meio às adversidades?!? Mas, Jesus sabia que valia a pena confiar e, na cruz, nos deixa esse exemplo!

O filme "O leão, a feiticeira e o armário", das crônicas de Nárnia, também trata disso. Quando o Leão, simbolizando Jesus, oferece a si mesmo como sacrifício no lugar de Edmundo (que representa toda a humanidade), ele está retratando o Deus que se sujeitou às próprias regras que criou e, o filme deixa isso bem claro! Até por que, “sem derramamento de sangue, não há expiação pelos pecados”, dizem as Sagradas Escrituras no livro aos hebreus. E a mensagem que fica é esta: o mesmo Deus que criou esta Regra se fez homem e se sujeitou a ela, num sacrifício necessário, único e suficiente! Percebem onde estou querendo chegar? Aquele que disse: “O maior seja como o menor”, fez-se menor e, se sujeitou às próprias regras que criou e, por isso, que o autor aos hebreus fala que Jesus é o portador de uma melhor Aliança!

Em suma, o Deus que pede submissão de nossa parte, deu o exemplo de submissão quando se autolimitou, contudo, dando-nos a liberdade de escolher entre crer ou não crer! Por esta razão, discordo que o conceito de submissão e liberdade que trata este artigo se aplica ao Islã. Por que só em Jesus, esse convite à submissão Divina faz sentido! Observem o que o apóstolo Paulo em Sua carta aos Filipenses acerca de Jesus nos diz: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.".

Devo chamar a atenção para o fato de que Jesus deixa bem claro que Ele não veio para abolir a Lei (AT), e sim, para cumprí-la! Até por que, em Jesus se cumpre a Lei e os profetas!

 Sem dúvida, Ele, ao invés de optar pela força do Poder, fez opção pela força do Amor. E, na ressureição de Jesus (único fato que explica o por quê de medrosos discípulos terem se tornado ousados pregadores do Evangelho), temos a promessa de que nEle há esperança!

Disse o leitor em mais um de seus comentários: "(...) Sinceramente, não acho pouco que os “submissos” amarrem bombas em seus corpos para fazerem a vontade de Deus (ainda que eu não concorde que esta seja a Vontade dEle)! Oxalá, se nós cristãos fizéssemos a vontade de Deus com tanta veemência. É isso que me inquieta! Sigamos, pois, caminhando. E quando alcançarmos a linha de chegada tomara que descubramos que não estávamos assim tão longe uns dos outros"; e, na verdade, ele diz muito mais, mas, sobre estas outras coisas talvez falarei por aqui noutra oportunidade!

No momento, quero fazer um paralelo entre os homens-bombas do Islã e Jesus (e seus discípulos) e, a constatação que se faz, é que a diferença é crucial! Porém, antes disso, é preciso que se faça o seguinte comentário:

“Por ocasião, do período neo-testamentário, os judeus, dominados que estavam pelo império romano, ansiavam pela vinda do Messias anunciado pelos profetas.

Todavia, a visão que tinham do Messias, era a de um grande Rei que viria para libertá-los do jugo dos seus opressores, bem como, elevá-los como nação, perante as demais nações existentes em seu tempo. Ao fazer o milagre da multiplicação dos pães, alimentando toda a multidão que O seguia, Jesus fez com que os judeus se lembrassem do Maná, enviado dos céus, para alimentar o povo de Israel quando peregrinava no deserto.

Os judeus queriam um grande Rei! Para eles, o milagre da multiplicação dos pães feito por Jesus, era um sinal, de que o Messias esperado havia chegado e, por isso, tentaram coroá-LO como Rei de Israel. O fato, é que os judeus não ansiavam por um Messias sofredor, e sim, por um Messias que mesmo das pedras pudesse tirar o alimento para o sustento de Seu povo”. Feito esse comentário, quero chamar a atenção do leitor para essa diferença crucial a qual me referi.

Note, que Jesus contrariando os anseios judaicos, veio com uma mensagem totalmente diferente daquela que eles esperavam! Sem dúvida, para os judeus, oprimidos sob o jugo romano, era incompreensível a ideia de que deveriam amar e abençoar seus inimigos, que tanto tornavam suas vidas cada dia mais difícil! Quando por ocasião da prisão de Jesus, o apóstolo Pedro desembainhou sua espada e, feriu um dos soldados, fica claro que até mesmo entre os discípulos havia essa ideia equivocada do Ministério de Jesus.

Na verdade, os próprios discípulos só vieram a compreender a mensagem por Ele pregada, após a ressurreição! "Pai, perdoa-lhes por que não sabem o que fazem", disse Jesus quando na cruz era escarnecido por seus algozes. O fato é que a mensagem de Jesus na cruz fala do Amor incondicional de Deus aos homens, os quais, são igualmente chamados por Deus ao arrependimento! E, segundo o autor do livro aos hebreus, Jesus é a expressa imagem do Deus vivo, isso por que, Ele veio para nos mostrar como Deus (Pai) é: O Deus que tem muito mais prazer na benignidade do que na ira! Lembram do profeta Jonas e, da repreensão que Deus lhe fez?

Concordo com o leitor, quando diz que os homens-bombas têm uma devoção admirável, mas, eles são motivados pelo ódio e, não pelo amor e, tendo por base essa motivação, destruir milhares de vidas no 11 de setembro é motivo suficiente para estarem dispostos a morrerem! Os discípulos de Jesus, ao contrário dos homens-bombas do Islã, morreram com a convicção de que precisavam amar aqueles que lhes perseguiam e torturavam por que entenderam que o amor de Deus é o mesmo para com toda a humanidade! Finalmente, eles haviam compreendido, que a promessa de Deus feita a Abraão, era no sentido de que nele, todas as nações seriam benditas!

Dito isso, concluo este artigo com a seguinte colocação: “Não obstante, a fé ser um fator importante, mais importante ainda é o "Objeto" de fé a quem ela é dirigida! Até por que, há os que pregam: "creiam em qualquer coisa, mas, creiam", como se a fé fosse um mero amuleto no qual pudessem se recostar! Há os que creem em Buda,... etc. Os homens-bombas do Islã, por sua vez, estão dispostos a morrerem por aquilo que creem! E é por pensar nisso, que chego à conclusão de que embora, a fé tenha um papel fundamental em nossas vidas, ela só nos dá garantias se dirigida a um "Objeto" de fé que realmente seja digno de crédito! Contudo, concordo com o leitor, que nós os cristãos não temos feito a vontade de Deus com tanta veemência! E, acerca disso, Jesus nos lança a seguinte indagação: "Porventura, quando vier o Filho do homem achará fé na terra?". Não sei! Só sei que Ele julgou que valia a pena ir até o final no Plano original para a salvação da humanidade!