Aluízio Baraldi¹

Marcos Augusto Beato²

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1 Baraldi, Aluízio pós graduando em Educação Ambiental da UDC – União Dinâmica de Faculdades Cataratas, [email protected]

2 Beato, Augusto Marcos pós graduando em Educação Ambiental da UDC – União Dinâmica de Faculdades Cataratas, [email protected]

RESUMO

O presente artigo tem o propósito de colaborar com a consciência ambiental das famílias envolvidas no projeto de pesquisa realizado no Colégio Estadual Ipê-Roxo, localizado na zona norte do município de Foz do Iguaçu no Bairro Cidade Nova, bem como esclarecer a essa comunidade a possibilidade de renda através do reuso do óleo vegetal pós-consumo. E confrontar os malefícios desse material ao meio ambiente se descartado de forma inadequada e o seu impacto ambiental negativo.

Hoje praticamente todos os objetos descartados podem ser reutilizados. Pelo menos a tecnologia para isso já existe, o que ainda falta são condições econômicas ou políticas para realizar a reciclagem.

Nessa perspectiva, envolver as famílias no processo de conscientização ambiental e entender sua percepção sobre o ato de reciclar é o primeiro passo para realizar uma avaliação do nível de entendimento sobre o resíduo gerado em suas residências.

A metodologia desta pesquisa foi baseada em estudos exploratórios quali-quantitativos. Como o resultado deste estudo, foi constatado que os fatores prejudiciais ao desenvolvimento ambiental local são oriundos da falta de conscientização, ou melhor, da falta de educação ambiental da população, já que se trata de despejo de resíduo diretamente no meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: consciência ambiental, óleo vegetal pós-consumo, renda familiar.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil enfrentamos sérios desafios um deles é a complexidade existente na problemática ambiental. Entre eles as fontes de degradação ambiental produzido a partir dos resíduos sólidos domésticos, quando gerenciados de forma inadequada oferecem risco ao meio ambiente.

Baseado num modelo capitalista que leva ao consumo crescente a sociedade de vê numa posição em que inconscientemente através da ocupação do espaço, não inspirem um engajamento na manutenção e gerenciamento de seus resíduos. Ela acredita que a solução possa partir somente do poder público, assim isentando-se de qualquer responsabilidade e motivação na preservação do meio em que vive. É tarefa de um educador ambiental desenvolver o associativismo, difundir o conhecimento e sugerir técnicas e instrumentos que inspirem o engajamento da comunidade, em prol da manutenção de sistemas ambientais sustentáveis e que gerenciem eficientemente seus resíduos.

A educação ambiental é um processo participativo, no qual o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e em busca de soluções.

Na conferência das Nações Unidas dobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), 170 países presentes, através de seus representantes consolidaram o conceito de desenvolvimento sustentável, como diretriz para a mudança de rumos no desenvolvimento global. O fundamento deste conceito se dá através do uso racional dos recursos naturais, de maneira que possam estar disponíveis para as futuras gerações, garantindo também a construção de uma sociedade justa, do ponto de vista econômico, social e ambiental.

Nessa ocasião os governos assumiram compromissos de cumprir a Agenda 21, que nada mais é do que um plano de ação para o século XXI visando à sustentabilidade da vida na Terra sendo que a implementação pressupõe a tomada de consciência sobre a questão ambiental, econômica, social e política que cada individuo realiza na sua comunidade, exigindo a integração de toda a sociedade no processo de construção do futuro (NOVAES, 2000 p.196).

Dentro da concepção de desenvolvimento sustentável estabelecida pela agenda 21, reduzir e utilizar os resíduos e subprodutos aparece como tarefas fundamentais à sociedade atual. A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.

As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades (MONTEIRO, 2001).

Entretanto, em tempos mais recentes, a quantidade de lixo gerado no mundo tem sido grande e seu mau gerenciamento, além de provocar graves danos ao meio ambiente e comprometer a saúde e o bem-estar da população. Por esse motivo, o interesse de estudar resíduos sólidos tem se mostrado recente.

Uma alternativa para minimizar esse impacto ao meio ambiente é a reciclagem do óleo de cozinha pós-consumo que além evitar o descarte em local inadequado fornece uma opção de renda através da fabricação de sabão, detergente e sabonete a famílias de baixa renda.

Muitas pessoas não conhecem os danos que o óleo de cozinha causa ao meio ambiente ou então não sabem o que fazer com o óleo usado interpretando como um material indesejável após o seu consumo. Segundo Calderoni "O lixo é um material mal-amado. Todos desejam dele descartar-se. Até pagam para dele se verem livres". (CALDERONI, 2003, p.45)

Todos os dias milhões de litros de óleo vegetal são consumidos na preparação de alimento através da fritura. Ao ser descartado em esgoto ou em locais inadequados o óleo provoca desequilíbrio no meio ambiente. Como:

a)Permanece retido no encanamento, causando entupimento das tubulações se não for separado por uma estação de tratamento e saneamento básico;

b)Se não houver um sistema de tratamento de esgoto, acaba se espalhando na superfície dos rios e das represas, causando danos à fauna aquática;

c)Fica no solo, impermeabilizando-o e contribuindo com enchentes, ou entra em decomposição, soltando gás metano durante esse processo, causando mau cheiro, além de agravar o efeito estufa.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido e vivenciado no Colégio Estadual Ipê-Roxo localizado na zona norte do município de Foz do Iguaçu, no bairro Cidade Nova (anexo) cuja metodologia utilizada foi um questionário, proposto no capítulo 12, do livro "Métodos e técnicas de pesquisa social, do Gil (Antônio Carlos Gil, 1999). Esse é composto de cinco perguntas fechadas (apêndice).O trabalho de pesquisa foi realizada com vinte e cinco alunos do ensino fundamental , a pesquisa aborda a consciência das famílias no destino de seus resíduos com enfoque no óleo de cozinha pós-consumo. Os resultados serão apresentados em forma de gráficos.

Dos vinte e cinco questionários entregues aos alunos todos foram respondidos.

3 RESULTADOS

Figura 1.

"Segundo o art. 3°, Lei 6938/81 o "meio ambiente" é o conjunto de condições, leis, influências e interação de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida e todas as suas formas". Na figura 1 observa-se a maioria dos entrevistados (88%) entende que o meio ambiente não é apenas um fator coadjuvante na sociedade.

Figura 2.

Em relação ao consumo do óleo de soja, conforme a figura 2, pode-se dizer que todos os entrevistados o consomem , indicando a necessidade de conscientizar o impacto ambiental se descartado de forma irregular ao meio ambiente, mas também estimular a reutilização deste mesmo resíduo em forma de sabão.

O óleo vegetal é uma gordura extraída de plantas. O Brasil dispõe de uma grande diversidade de espécies vegetais oleaginosas tais como o girassol, milho, soja, oliva, arroz, uva, algodão, amendoim, canola, buriti, babaçu, mamona, dendê, urucum, entre outros. Dentre as espécies vegetais oleaginosas citadas, mais utilizada para a extração do óleo vegetal é a soja.

O cultivo da soja está sendo praticamente em todo território nacional, sendo principal produto agrícola do país, originando o seu derivado mais importante o óleo de soja.

Figura 3.

No que se referem à questão do impacto causado pelo descarte do óleo vegetal pós-consumo no meio ambiente de forma incorreta, percebe-se na figura 3, a ausência de conhecimento das causas e consequencias ao meio ambiente. Isso remota a necessidade de elaborar através de palestras e atividades com os alunos que são agentes diretos na conscientização familiar da importância de se dar um destino correto a esse resíduo, cabe ao educador ambiental ser o agente direto neste processo.

Figura 4.

Em relação aos entrevistados que fazem à separação do lixo em sua residência, verificou-se, conforme a figura 4, que a grande maioria tem o habito de separar o lixo em sua residência, isto se deve ao fato do bairro ter uma associação de catadores de materiais recicláveis.

Figura 5.

Avaliando o grau de conhecimento dos entrevistados quanto à opção do lixo como renda, observa-se na figura 5, que há um índice satisfatório de pessoas que observa o lixo como renda e não como algo indesejado.

4 CONCLUSÃO

Através dos resultados obtidos a aplicação dos questionários aos familiares dos alunos, observou-se que o problema dos resíduos gerados em suas residências principalmente o óleo vegetal pós-consumo pode ser sanado com programas de conscientização ambiental. Vale ressaltar que o Colégio Ipê-Roxo pode ser um ponto de coleta deste resíduo, além de oferecer espaço para que a comunidade possa aprender a utilizar este produto e transforma-lo em uma fonte de renda. Ações como palestras e oficinas devem ser contínuas, a participação da sociedade é fundamental para o bom relacionamento com a comunidade escolar. Neste caso o Colégio Ipê-Roxo cedeu um espaço para o armazenamento deste resíduo (anexo) e através de palestras dirigidas aos alunos e seus pais foram possíveis desenvolver um projeto no qual a comunidade possa utilizar o espaço do colégio para aprender a reutilizar este resíduo de forma consciente.

Além da reutilização deste resíduo as famílias obtêm uma fonte extra de renda, agregando valor a um resíduo rejeitado. Espera-se com este trabalho contribuir para uma melhor compreensão da viabilidade econômica do reuso do óleo vegetal pós-consumo. Evidenciando-se esta viabilidade, será também mais fácil obter os tão necessários benefícios ambientais.

REFERÊNCIAS

CALDERONI, Sabetai. Os bilhões perdidos no lixo, 4.ed. São Paulo: Humanistas,2003.

Constituição Federal – Coletânea de Legislação de Direito Ambiental. Organizadora Odete Medauar. 5. ed. Ver., ampl. São Paulo: RT,2006.

DUDAS, L. Educação Ambiental: O ciclo do lixo . Cd-rom, versão 2.1. 3R's Educação Ambiental Ltda.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 5.ed.São Paulo, Atlas, 1999.

MONTEIRO, José Henrique Penido. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduo Sólido. Disponível em: www.resol.com.br/cartilha4/. Acessado em: 04 dez.2008.

NOVAES, Washington et al . Agenda 21 Brasileira: Bases para discussão. Brasília: MMM/PNUD, 2000. 196 p.

APÊNDICE

Questionário

1. Você tem consciência da importância do meio ambiente em sua vida?

() sim

() não

2. Você utiliza óleo de cozinha com freqüência em sua residência?

() sim

() não

3. Você tem conhecimento dos problemas que pode causar ao meio ambiente com o destino inadequado do óleo de cozinha?

() sim

() não

4. Você tem o hábito de separar o lixo em sua casa?

() sim

() não

5. Para a sua família o lixo é uma opção de renda?

() sim

() não

ANEXOS

Colégio Estadual Ipê-Roxo localizado no bairro Cidade Nova

Armazenamento do óleo vegetal pós-consumo