Soráya Silva ¹

Resumo: este artigo, objetiva analisar a atual situação econômica do Estado da Bahia em relação aos outros estados, tomando como referências a posição apresentada do seu PIB (Produto Interno Bruto) e do seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Para isto será feita uma avaliação do seu processo de desenvolvimento desde o período colonial até os dias atuais.

Palavras – chave: Desenvolvimento, PIB e IDH

INTRODUÇÃO:

A Bahia ocupa a 6ª posição do PIB do país, ou seja, é o sexto estado mais rico do Brasil. No entanto é o 20º no que se refere ao Índice de Desenvolvimento Humano(IDH). A Bahia cresce, mas não se desenvolve.

Em 1970 a economia passou a ser predominantemente industrial substituindo o modelo primário-exportador do seu período colonial. Os empreendimentos industriais se concentraram na Região Metropolitana de salvador (RMS), a qual corresponde a 70% da produção industrial do Estado. O processo de industrialização inaugurado na Bahia acarretou em profundas transformações na estrutura baiana.

No entanto estas transformações não foram acompanhadas de melhores possibilidades formais, melhores condições de vida, ou equidade na distribuição de renda. A forte concentração de renda nas mãos de uns poucos ea má distribuição dos pólos industriais, são fortes empecilhos para o desenvolvimento baiano.

Para compreender o seu atual desenvolvimento econômico e social, se faz necessário antes discutir o processo a qual se deu a sua industrialização. Para isto dividimos este artigo da seguinte forma:

Inicialmente discutir-se-á o processo de desenvolvimento industrial.Em seguida falar-se-á das desigualdades sociais observáveis na Bahia. Nas considerações finais procurar-se-á responder ao questionamento principal que motiva o desenvolvimento deste trabalho: Porque a Bahia ocupa a 6ª posição no PIB e o 20º no IDH.

1.PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DO ESTADO DA BAHIA

Não diferente do Brasil, o processo de desenvolvimento econômico no Estado da Bahia é profundamente marcado pelas desigualdades sociais e regionais. Do seu período colonial até 1970, a economia baiana era primário-exportadores. A partir de 1970 ele perde esta característica, passando a ser predominantemente industrial. Foram instaladas no estado indústrias do setor petroquímico, metalúrgico, de celulose e mais recentemente pela indústria automobilística.

No seu início, como economia marcadamente primária-exportadora, o cacau, o principal produto de exportação, não possibilitou a implantação de outras atividades econômicas que favoreceu a diversificação da estrutura produtiva do estado. Mantendo, desta forma, o modelo primário-exportador e "garantindo a liderança do setor agrícola na composição do PIB estadual e na pauta de exportações baianas" (LIMA e QUEIROZ, 1996, P. 68). No entanto, com a política de substituição de importações implementadas pelo governo federal a partir da década de 70, a Bahia entrou num processo de industrialização, especificamente na produção de bens intermediários. A implementação da Refinaria de Mataripe na década de 50, pode ser considerado o marco inicial deste período. O processo de industrialização provocou uma redução do peso da agriculturaum aumento do setor secundário na participação do PIB. (Neste cenário a Bahia se transformou em uma das principais fornecedoras nacionais de matérias-primas fornecedoras ao Plano de Desenvolvimento da Bahia Iplandeb). No período era implementado o planejamento elaborado por Celso Furtado para o Nordeste, o qual projetava um setor industrial em equilíbrio com a produção de bens de consumo e de capital, além de enfatizar a prioridade para a especialização das grandes empresas produtoras de bens intermediários. O Plandeb procurava integrar os setores agrícola, industrial e comercial, a fim de promover o desenvolvimento equilibrado da Bahia.

Os distritos industriais da Bahia e da RMS (Região Metropolitana de Salvador), bem como o parque produtor de bens intermediários formam implementados entre 1970 e 1980, com financiamentos a juros subsidiados e incentivos fiscais. Entre 1975 e 1995, há um avanço considerável da participação da indústria de transformação no PIB,conseqüentemente observa-se um declínio do setor agropecuário. Na formação do PIB da indústria de transformação com 10,3%, a de produtos alimentares com 7,2%, a de papel e papelão com 5,8%, a têxtil com 4,3%, a de bebidas com 19,%, a de material elétrico com 1,2%, a de borracha com 1% e o restante com 17,8%. Porém, a partir de 1980, a participação da indústria baiana declinou em relação à industria nacional. Vale ressaltar que o complexo petroquímico não produziu os efeitos esperados. Os escassos recursos regionais foram captados para financiar outros segmentos industriais alternativos, alargando também a dependência da Bahia às flutuações da economia nacional e internacional. O aumento da concorrência pela abertura da economia nacional e aqueda no PIB e no PIB per capita da Bahia, provocou a necessidade de uma reestruturação produtiva posta em prática na década de 90. "A Bahia cresceu economicamente no período 1967/199, mas não se desenvolveu" (SPINOLA 2001, p. 35-6). Isto porque, os benefícios gerados pela industrialização baiana reproduzem a dinâmica capitalista mundial de dependência externa e, portanto repasse destes para a elite dominante. "Desta forma, a transitoriedade do investimento geraria pouco desenvolvimento de raízes mais profundas, através de encadeamentos produtivos mais complexos" (PAUPÉRIO, 1999, P. 68).

2.AS DESIGUALDADES SOCIAIS DA BAHIA

Em 1998, a Bahia era o 20º estado brasileiro no ranking do Índice de desenvolvimento Humano (IDH). Registrando, desta forma, em relação a 1970e 1980. Há uma grande concentração de renda no estado. Em 1995, 72% da população economicamente ativa ganhavam até dois salários mínimos, enquanto a minoria, 3,7% recebia de dez salários mínimos. A estagnação da economia estadual nos últimos dez anos (1991-2001) aprofundou esta desigualdade, onde mais trabalhadores ingressaram no trabalho informal. A Bahia é a quarta em maior concentração de renda do Brasil. Segundo dados do IBGE, de 1992 a 1999 dividiam apenas 1,7% da renda em 1992 e 1,5% em 1999. Enquanto os ricos degustavam suas "saborosas fatias" de 46,7% em 1992 para 47,1% em 1999. A concentração de renda faz com que totalidade dos municípios baianos sobreviva dos recursos transferidos do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Tendo em vista a arrecadação dos impostos municipais são consideravelmente baixos no estado da Bahia.

A implementação tardia dos pólos industriais para que um elevado número de residentes fosse mantido na zona rural, com uma baixa renda média. Além do mais, as cidades de médio porte não apresentaram uma oferta atrativa de empregos. A atividade agropecuária da Bahia apresenta baixa produtividade, diversificação e rentabilidade. Sobre a questão do emprego, vale ressaltar que as taxas de desemprego na RMS eram de 21,6% de 24,2% em 1998 e 199 e de 25,2% em 2000. Salvador, segundo dados do IBGE, apresenta a mais elevada taxa de desemprego aberto do Brasil. No que tange ao trabalho infantil, vedado pela constituição, na RMS houve um aumento de 8,8% em 1992 para 10,1% em 1999. Além do mais entre 1995 e 1999.Salvador foi a metrópole que teve o menor progresso no Índice de Condições de Vida. A Bahia também registrou o maior número de analfabetos, o maior número de cada sem abastecimento de água e de coleta de lixo, bem como a maior quantidade de casas sem saneamento básico em relação aos outros estados brasileiros. Isto pode ser visto por meio dos dados do IBGE, os quais apontam a Bahia como o estado de maior contingente de pessoas vivendo em condições subumana entre 1991 e 2000.

Apenas em 21 municípios apresentaram uma arrecadação per capita superior a R$ 20,00 por habitante. Além disso, apenas três municípios têm uma participação no PIB estadual superior a 5% e que Salvador constitui-se uma exceção entre 35% e 40% do PIB estadual. A Bahia apresenta três grandes empecilhos ao desenvolvimento regional. A concentração econômica excessiva na RMS é uma delas, a qual monopoliza atração de investimentos direcionados para o estado. A regressão no desenvolvimento da região cacaueira é outro fator. Este regressão deve-se a ausência de medidas para implementar modernização da cultura, a fim de elevar a produtividade e promover o desenvolvimento auto-sustentável. E por último podemos apresentar pobreza crônica da região semi-árida com um entrave ao desenvolvimento baiano.

A restrição de recursos de conhecimentos, a falta de um mercado interno de grande porte gera a dependência aos mercados externo o que é um entrave ao desenvolvimento de uma nação. À disponibilidade de infra-estrutura econômica como energia, transporte e comunicação, bem como a existência de pólos de crescimento e desenvolvimento territorialmente bem distribuídos e a existência de potencial de desenvolvimento endógeno ou local em todas as regiões são elementos fundamentais para a promoção do desenvolvimento regional.

Os fatores internos e externos desenvolvimento econômico e social de um país, estado ou região precisam ser identificados e impulsionados. Com base nas características da economia baiana abordadas neste artigo, pode-se atribuir a ausência de uma estrutura industrial com elevada competitividade, má-distribuição dos pólos industriais no estado e outros fatores como inibidores do desenvolvimento. Além disso, observar-se um baixo potencial de desenvolvimento endógeno. Além do mais, se faz necessário uma sociedade civil organizada e atuante, bem como a atuação de sindicatos de trabalhadores eu tornem possível os interesses da maioria da população.

CONCLUSÃO

A Bahia é o sexto estado mais rico do Brasil, ficando atrás apenas do Estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. No entanto há uma assustadora desigualdade social, somando a falta de políticas públicas voltadas para sua superação. A pobreza extrema da Bahia faz com que ela seja a 5ªmais miserável no ranking das unidades federativas do Brasil.

As políticas governamentais de desenvolvimento implementadas não foram capazes de fomentar os recursos humanos,e os recursos geradores de conhecimentos. Sendo importados tais recursos, das regiões mais desenvolvidas do país para suprir a necessidades de mão-de-obra qualificada para o Pólo Petroquímicode Camaçari na década de 70 e para implementação da indústria automotiva da Ford. Além disso os recursos físicos não foram bem aproveitados economicamente. A Bahia também não possuir capital para investimento a expansão econômica na segunda metade do século XX se processou graças aos investimentos oriundos de outras partes do Brasil e do exterior.

Importantes esforços para desconcentrar e diversificar o desenvolvimento devem serobjeto de políticasprioritárias, através de programas destinados criarem meios e condições para redução das desigualdades regionais da Bahia. Faz-se necessário estabelecer políticas de atração de investimentos que criem novos espaços econômicos e promovam a desconcentração dos investimentos. O estado deve estar presente para garantir a infra-estrutura econômica e social que o mercadonão pode oferecer e que é fundamental para a indução de projetos privados, além de realizar investimentos em educação e facilitar financiamentos de longo prazo.

REFERÊNCIAS

Uma proposta para o Estado da Bahia. Artigo Técnico 01/99, Nov. 1999.

Disponível

http://www.desenbahia.ba.gov.br/files/Agencia de Fomento uma proposta para o Estado da Bahia.pdf.Acesso em (15 de mar de 2009.

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