Autor: Rajabo Caetano Bernardo Malua

Agradecimentos

Em memória ao meu pai…

Pela busca permanente do conhecimento

Aos meus Pais: Caetano e Zelita, ao meu filho Dubois que pela primeira vez me fez chamar de pai, aos meus Irmãos: Maria, Ildefonso, Agirath, Calton, Mateus, Ascó, Mercy, Guerra e Zabiro, Avo Amana, Tios: Rui, Menória, Elias, Zacarias, Carlos, Sónia, Danane, Momade Danane, Primos: Danane, Fausto, Amide, Domingos, Jadina, Benazir, Tammy, Quichany, Rada, Sobrinhos: Chaquila, Fazila, Ruquia, Ácima, Allan, Nelva, a quem dedico esta obra, a minha família em geral, pelo amparo, paciência, amor e acima de tudo aquele apoio incondicional que sempre transmitiram.

O meu profundo agradecimento vai para os meus Professores, Colegas, Amigos e Familiares que fizeram parte do meu processo de ensino e aprendizagem por terem me aceitado como seu aluno, filho, amigo, irmão e ter me orientado, até então que escrevo este artigo, bem como pela forma inesquecível e profissional o fizeram, contribuindo assim para o sucesso e enriquecimento do trabalho.

Um agradecimento especial vai aos populares do Regulado de Naico, por me ter concedido esta oportunidade de os descreve-los. 

Finalmente, mais de certo o agradecimento mais importante aos meus amigos e colegas: Ancha, Bana, Óscar, Tiago, Maugente, Erneio, Alde, pelo apoio incondicional, incentivo, sem o qual juro esta difícil jornada não teria sido possível.


Introdução

Este artigo que tem como titulo DESCRIÇÃO GERAL DO POVOADO DE NAICO encera-se no quadro de uma pesquisa que visa focalizar acerca da descrição do Povoado ou Regulado de Naico no que diz respeito o seu modo de vida, sua integração na sociedade, a percepção do mundo de hoje que se encontra em constantes transformações no que concerne a maneira como ela é concebida, a sua localização do espaço em que esta comunidade co-habita, sua extensão, suas actividades bem como, o modo como eles transferem e conservam a sua educação as novas gerações e as suas dificuldades que enfrenta dia a pôs dia.

Primeiro é de louvar pelo esforço que tem sido evidenciado por parte desta comunidade desde o começo deste artigo até agora a que publico, não duma forma como devia ser, mais sim, dum jeito achado melhor para fins de facilitar o conhecimento e reconhecimento desta região e seu povo, cujo descrição não se faz sentir nas nossas bibliotecas ou pela inacessibilidade do mesmo. Devido a falta de fontes suficientes que versam sobre a área em descrição, o autor pautou-se pela interacção dos contos populares, das pessoas mais velhas, nas quais foram contadas desde a quando da sua origem até então. Recordasse, que em ciências sociais, principalmente em História, as fontes orais nos são úteis, desde que o seu conteúdo se aproxima ao real. Foi através de mundo de ideia, e das qualidades que as pessoas mais velhas lhes são vistas como biblioteca quando o assunto é sobre o passado a que ele estava sujeito, e da realidade vivida pelo autor na transmissão dos conteúdos, lhes atribui a qualidade de “Enciclopédias vivas”, devido a riqueza do saber histórico da área em estudo.

Tendo em conta, que um trabalho, não é um fim, mais sim, um princípio para um certo fim, e que a Ciência difere do Dogmatismo, pela existência de espaço de sugestões e acréscimo, o autor por meio deste e doutras formas pede e agradecer aos leitores pelas suas sugestões e acréscimos.

Palavras-chaves: Naico, regulado, Muniga e localização.

 


Resumo

Falar de um povo, uma comunidade ou povoado, implica necessariamente a noção de critérios básicos, critérios estes, que possam evitar-te a constância permanência do egocentrismo. Visto que na medida que nos comprometemos em fazer uma abordagem de uma determinada comunidade, estamos comprometidos em aceitar os seus hábitos e costumes.  

Foi a partir destes métodos que ditaram a realização e concretização de um sonho, fruto de um trabalho árduo e que parecia quase impossível mais graça a persistência e dedicação, pode fazer o presente artigo se assim o podermos considerar.

O artigo esta enraizado no Povo ou Regulado de Naico, no Posto Administrativo de Bajone, a terra que me viu a crescer e onde pela primeira vez na vida aprendi o ABCD e a escrever o meu nome e dos meus pais.

Ai vão dos aspectos importantes que identificam este povo, seus hábitos, costumes, crenças e actividades que exercem ainda das suas preocupações que enfrentam dia-a-dia que um dia esperam verem resolvidos.

  1. Povoado ou regulado de Naico

Localização física geográfica da região

Naico é uma região da Localidade do mesmo nome, localizada a Norte do Posto Administrativo de Bajone, no Distrito da Maganja da Costa, na Província da Zambézia na República de Moçambique, situado entre os Latitudes 17,08333 e 38,04722 de Longitude, e 8,52 distância em milhas e que para se evitar confundir com a localidade, alguns chamam de Muacipwá.

Limites

Norte: limita-se a com a localidade de Impaca, localidade este pertencente ao Distrito de Pebane através de um limite natural (pelo rio Muniga).

 Este: separa-se pela zona de Arare através do rio Milage.

Oeste: limita-se com a região de Nabrico, região este, que se encontra dentro do mesmo Posto Administrativo de Bajone e a zona de Marroane, região esta pertencente ao distrito de Pebane onde se regista a confluência dos rios Muniga e Milage.

Sul: separa-se com o povoado de Nabrico através do rio Milage formando um só rio na qual desagua no Oceano Indico.

 

Condições hidrográficas

Em relação a hidrografia, esta região é banhada por vários rios sendo a considerar como principais o Muniga e o Milage, devido a sua extensão. Encontramos também dentro desta região, os rios Muacipwá, Mudjeane, entre outros. Estes rios têm desempenhado um papel importante neste regulado, no que diz respeito a prática da pesca, captação de água para o consumo assim como lavar a roupa, banho entre outras actividades domésticas e lazer.

No que diz respeito ao banho, encontramos no decurso destes rios vários subsecções, estes servindo de lugares de lazer para este povo que habitam em ambas as margens dos mesmos rios como é o caso de Wababai, Vamoniana, (Alobuana/atiana), Wannansua, Vacarrone entre outros lugares que ao decurso desses rios vão ganhando e que os nomes atribuídos a este locais de lazer, vão de acordo com a profundidade, as características dos complexos rochosos e o ambiente.

São rios de água doce e que nas épocas secas ou de verão, tornam-se rios de águas salgadas devido a influências das marés, pois, estes dois rios se unem formando um braço na qual vão desaguar no canal de Moçambique ou melhor no Oceano Indico.

 

Condições Geomorfológicas

Sendo que Geomorofológia diz respeito as condições do relevo, nesta parcela do país, é geomorfologicamente, uma região de planície ou de terras planas devido a sua configuração do relevo e ou devido a sua proximidade ao mar. Notabiliza-se no meio destas planícies algumas elevações de recursos pedológicos em forma de montanha a que se denomina de Murro-muchem em linguagem popular e (ERUA) em língua local.  

 

Condições Pedológicas da região

Pela influência dos rios e das águas das chuvas, da vegetação e do subsolo, vêem-se nesta região solos argilosos, ricos e alguns recentes devido a acção das águas neste caso nos referimos de solos arenosos resultante da acção de depósitos de sedimentos oriundos pela acção das chuvas.

 

Breve historial 

Há vários dizeres sobre o historial desta zona e do seu povo. Povo este considerado por muitos, como acolhedor, compreensivo entre outros atributos que ao desenrolar deste trabalho farei a descrição do mesmo. Esta região está entre dois rios e que para evitar confudir-se com o nome da localidade alguns o chamam de Muacipwá, nome este que deriva dum rio que nasce na mesma zona e desagua no rio Milage e que apesar de ser um rio influenciado pelas condições naturais, ela, fornece água durante o ano.

Considerando que esta área é constituída por dois grandes rios a sul (rio Milage) e a norte (rio Muniga), pode considerar-se esta região como uma ilha, tendo em conta que em épocas chuvosas esta região chega a não ter acesso ao trânsito ou melhor, que o trânsito fica interrompido principalmente no rio Muniga devido a altura que a ponte apresenta, altura este que não ultrapassa 1 m, em relação a outra ponte, neste caso a do rio Milage, há vezes que o tracinho fica interrompido, mais isso não leva dias devido a sua altura que ronda entre 7 m de altura.

Origem

Segundo as vozes populares, Naico, provem dum Sultano (regulo), com mesmo nome que devidos os seus esforços e sua actuação pela área e o seu reconhecimento pelo seu empenho na resolução de conflitos tribais, lhe é atribuído o seu nome aquela área.

Outros partem do pressuposto de que: considerando-se esta região como uma ilha, ou melhor separado por dois rios, a sua origem esta relacionado com as condições físico geográfico da região, visto que até em meados dos anos 70, Naico era uma das áreas do Posto Administrativo de Bajone, cujo seu acesso era possível através de travessia via barcos de pequenos portes (Canoa) e que em sua língua local (o Muniga), recebe pelo nome de (Mutei), que tem a capacidade de transportar de cinco a Dez pessoas e suas bagagens, quando estas não forem de grande peso.

É através das margens dos seus rios que provem Naico, devido a sua designação de (Eico) em sua língua local e (Veico) que em português equivale ao local onde se apanha o barco para um certo destino.

População

Com uma população estimada em cerca de mil e novecentos e oitenta e três habitantes (1983 hab), segundo os resultados preliminares do terceiro censo geral da população e habitação realizada em 2007, creio que este número venha a aumentar.

Devido a sua actividade agrícola, na qual estão sujeitos a mudanças de residências para os locais de terras aráveis, presumisse que este número seja inferior ao número real desta população.

A cerca de 98,5% da sua população é da religião Muçulmana, cuja sua principal actividade económica é a agricultura, a pesca e em pequenas proporções a caça.

Educação

A educação é uma actividade muito importante e significativa para qualquer sociedade, tal é que em nenhuma sociedade que tenha existido não tenha tido esta pratica importante para a comunidade. Porem, nas sociedades actuais existe dois modelos de educação em vigor.

Segundo Pilleti (2004:12) “não há forma única e nem único modelo de educação… a transmissão de conhecimentos de velhos para os jovens nas aldeias africanas e o ensino nas modernas escolas das cidades grandes são modelos diferentes do processo educativo”.

Assim sendo, a educação tradicional é feita nas comunidades, casa que pressupõem a transmissão dos valores culturas dos mais velhos para os mais novos, e a educação moderna é feita em escolas formais criadas com o tal propósito.

Sendo assim, nota-se nesta comunidade a existência desses dois tipos de educação. Mas também como muitos dizem a educação é uma das chaves para o combate o analfabetismo e consequentemente como um meio para a erradicação da pobre, lamento bastante em descrever as condições actuais em que se encontra a instituição onde se dá a educação Moderna sob ponto de vista do Pilleti, devido as precárias condições que ela se apresenta.

Devido a falta de uma mão de ajuda por parte do governo na construção de uma escola melhorada, os encarregados de educação e o povo no geral tem evidenciado esforços para o melhoramento do mesmo e por causa do uso do material local, este não mostra resistência face as calamidades naturais como é o caso de vendavais e chuvas fortes que este canto do país tem sofrido ano a pois anos devido as ocorrências dos ventos alísios e por ser zona de convergências inter-tropical.

Povos este que nem mereceu, merece e mereceria a estas condições, há que hoje eles estão sujeitos. Falo-vos da actual condições da Escola primaria de Naico, hoje a chamada Escola Primaria completa Josina Machel de Naico.

Começou as suas funções na era dos meus pais, sem temor de erra, nos anos 80 e que dela até cá, nem os alunos que já passaram por lá até então já tiveram a oportunidade de se sentar numa carteira e nem muito menos de uma sala melhorada.

Nos anos 1998-2007, os alunos desta região, para continuarem com seus estudos neste caso, quando transitassem para a 4ª classe, viam-se obrigado a percorrer os 9 km de distância para fins de prosseguir com os estudos numa área chamada Alto Mutabide, e muitos desse perdiam os estudos por motivos de distância.    

É uma instituição do Estado, que lecciona de 1ª a 7ª classe actualmente, com um universo de 286 alunos inscritos e com 6 docentes.          

Saúde

É para toda a sociedade um bem indispensável para o bem-estar da mesma, bem como para a mitigação de doenças. A política do Sector de Saúde quanto à prestação de cuidados de saúde é de contribuir para a promoção de saúde da comunidade pela própria comunidade.

Segundo MISAU (2004:4) “o objectivo da política nacional de saúde é de contribuir através de formas específicas para a promoção, manutenção e melhoramento da saúde da comunidade em completo e a colaboração com os esforços desenvolvidos por outros”.

É neste sentido que são construídos centros e postos de saúdes ao longo dos distritos, postos Administrativos e localidades como forma de fazer com que os habitantes tenham um atendimento hospitalar e estejam saudáveis e aptos para contribuir para a problemática da pobreza que assola o país.

No que diz respeito a saúda, esta região possuía um centro de saúde, e que devido a luta de desestabilização, viu-se perder do seu grande símbolo, símbolo este que para alguns dizia respeito que esta região está dentro do reconhecimento do estado. Depois de tantos anos, por tantas crises viu-se o sonho realizar-se em 1998-9 aquando da construção de um posto de saúde, com material local, e com menos tempo de actuação viu-se o sonho deste povo a se perder mais uma vez e que até hoje, este povo clamam para este bem publico. Neste caso, vem-se pessoas a deslocar distâncias enormes, distancias estas que variam de 9 a 16 km para apanhar um posto de saúde.

 

Transporte e Comunicação

No que diz respeito ao transporte e comunicação neste canto do país, verifica-se a problemática da degradação das vias de acesso neste caso as estradas e pontes. Sendo que esta parcela do país, faz ligação entre o Posto Administrativo de Bajone-Maganja da Costa com a Localidade de Impaca no Distrito de Pebane numa distancia de 9 km com a estrada principal que liga Posto Administrativo de Mocubela com o Distrito de Pebane.

Condicionada esta via, ligando assim, o distrito de Pebane com o Posto Administrativo de Bajone poderia facilitar o fácil desenvolvimento em ambas as partes como é o caso de escoamento de produtos e bens do Posto Administrativo de Bajone para a Vila de Pebane e vice-versa. Considerando que Bajone é um dos celeiros do Distrito de Maganja da Costa e sendo que a distancia que os separa é três vezes mais que com o Distrito de Pebane via Naico, isto poderia impulsionar o rápido desenvolvimento e no facil escoamento de produtos agrícolas como é o caso do potencial produção de Arroz na Localidade de Missal, Castanha de Caju e Mandioca na Localidade de Naico, Copra e Peixe na Localidade de Nacuda.

A zona tem acesso as três redes de telefonia móvel existente no país, apesar da sua oscilação, devendo-se a este caso, a longevidade da fonte de aquisição, que é através da Vila de Pebane no caso da operado móvel da Vodacom e Mcel e que poucas vezes usufruem das mesmas operadoras localizadas no mesmo Posto Administrativo excepto a da Movitel.      

Língua

Esta região tem como a língua o Macua não profundo ou não cavado e que segundo eles a sua língua não é mais nem menos do que a Língua Muniga, e que a sua origem associa-se ao rio Muniga e que este difere do Emacuá, do Elomué e até do Échuabo, sendo assim, para eles, não faz sentido dizer-se que é Émacuá mais sim Muniga e que talvez ela seja resultado da junção destas três línguas acima mencionadas. 

 

Religião

Naico como tal, não tem outra religião alem do Islam (religião Muçulmana), e para que não caiamos ao erro, admitir que se existe pessoas de outras concessões religiosas são os funcionários afectos naquela área sendo que a probabilidade é de 0,005 pessoas não muçulmanos. Isto pode se explicar pelo facto de ser uma região localizada as margens dos rios ou por outra a faixa costeira, visto que foi estas regiões que o Islamismo tem mais adeptos. Eles acreditam que só existe um único Deus chamado (Allah) e que Mahome (Muhammad) é o seu mensageiro (profeita). Esta é a única defesa/chave dum irmão muçulmano crer e acreditar nesta religião.

Agricultura ou actividade agrícola

Considerando que a agricultura é a base de subsistência dos povos rurais e até urbanos, nesta região também não foge a regra. Pratica-se nesta região a agricultura tradicional, num sistema de policultura. Esta actividade em algum momento, leva este povo a ser nómadas no diz respeito a mudança de residência para os locais que as condições pedológicas são favoráveis a pratica desta actividade. Neste caso, vem-se pessoas deslocar para Arare, Maiva, Muham entre outros locais a procura de terras aráveis. Esta actividade envolve vários produtos como a destacar: (mandioca, amendoim, mapira, gergelim, tabaco, todos tipos de feijão e entre outras culturas.

Principais culturas

Mandioca, arroz, milho, feijão (em todos os seus derivados), amendoim, a castanha de caju entre outros.

A Caça

Este povo, apesar de que, em últimas instâncias, não vem se destacando neste tipo de actividade, eles já vinham praticando esta actividade, só que devido a extinção de animais que fazem parte dos seus alimentos, nota-se quase uma minoria que a pratica esta actividade. Há cinco anos atrás, notava-se como fruto da caça, a carne da impala, a gazela, o coelho e entras espécies.

A Pesca

Pode se dizer que a pesca é uma actividade praticada com maior relevo as comunidades das faixas costeiras e ou das proximidades dos rios que tem condições favoráveis a tais actividade. Neste caso, este povo, devido as condições que lhes são dadas desde que se implantaram nesta área, vem se obrigado a pesca como sendo a segunda maior fonte de rendimento, rendimento este que eu considero na medida em que alem de fornecer o pescado para a sua família, também, vende para suprir as suas necessidades de entre as quais é de mencionar, na compra de alimentos que lhes faz falta, sal, roupa, calçado entre outros desejos.

Esta actividade tem sido praticada quase por toda população, neste caso se distinção de sexo. E é efectuado em dois momentos, na qual, em sua língua local denominam (Orrubelela), que equivale dizer “ir a pesca e ficar uma ou mais semanas e ou um ou mais mês” e o de vai-e-vem. Esta actividade é executada por redes apropriados para tal actividade e no caso das mulheres por redes de mosquiteiros em alguns casos.

Principais tipos de pescado

Aqui lhes é apresentado os principais tipos de pescado e pela deficiência na sua nomenclatura alguns deles iremos utilizar a nomenclatura local, sendo assim, se destacam como principais pescados: o Camarão (mucahem), na língua local, a Lagosta, Muzha, miroce, pabahé, baxalão, ecuvavi, alapalapa, sarapwadjé, mitaracha, entre outras espécies.

Divisão do trabalho

Deste os tempos idos até então, em muitas sociedades encontramos os trabalhos divididos em sexo e idade, assim sendo esta comunidade não se escapuliu da regra. Aqui, os trabalhos são feitos de acordo com a idade e sexo.

Sexo masculino

As pessoas do sexo masculino visto deste os tempos remotos como pessoas dotados de forças superior em relação aos de sexo oposto, tem como tarefa, a construção do lar, a pesca, resolução dos conflitos familiares, a casa, o desflorestamento para dar lugar aos novos campos agrícolas, os negócios e assim como a agricultura.

Sexo feminino

Essas, consideradas por alguns, como classe dominadas e por outros como guardas de casa, são as que no meu entender trabalham muito. Vamos partir comigo, e tenho certeza que irão concordar no que digo. Imaginemos: um casal que acorda as cinco e vão e voltam a machamba juntos, chega a casa, limpa o pó, vare o pátio se se admitir que não tem filhos com idade de fazer esta tarefa, vai ao poço cartar água, para o banho do marido assim como para o consumo diário, faz almoço, almoça, lava os pratos e logo descansa” sinceramente, esta mulher. Todo este desenrolar de acontecimentos, me faz abandonar a ideia de ver uma mulher como um ser fraco. Ela vai a pesca, e cuida das crianças entre outras actividades que ela desenvolve.

Idade

No que se refere a idade, nesta e em qualquer sociedade, as actividades e ou, a pratica desta ou aquela actividade sem ir mais longe, depende do desenvolvimento físico do endividou. Se não se crer aceitar neste, seria absurdo na minha óptica dar-se a tarefa de carregar um bidão de 20 litros a uma criança dos seus 7 anos. Sendo assim, nesta comunidade, as crianças do sexo masculino dos 12 a 15 anos tem a tarefa de partir as lenhas, afugentar os animais entre outras actividades, e os de idade superior a estes tem a missão de ajudar os pais em algumas actividades como é caso pesca, casa, etc. as meninas (muamualis) em sua língua local, desempenham a função de tomar cuidado dos mais novos e se crescidas, ajudar em algumas actividades as senhoras.    

Parentesco

Como é de considerar que a maior parte da população a sul do rio Zambeze, são ou pertencem a linhagem patriliniar, também, a população desta região não fogem a regra, elas pertencem a linhagem matriliniar. Sendo assim, nota-se que os tios paternos das crianças, não têm maior relevo no que diz respeito ao comando sobre eles, papel este assumido pelos tios maternos. Sendo assim, vem-se na mulher na idade de procriação como uma fonte do crescimento de uma dada família e o homem só tem a missão de aumentar a família do outrem.

Tribo

 Da mesma linha que se concebe o parentesco neste canto do país, encontramos também o tribo (Nihímó), em língua Muniga, e que em linguagem mais simples e perceptível seriam de designar, pessoas da mesma linhagem e ou do mesmo antepassado comum, verifica-se nesta zona, vários tribos como é o de mencionar: (Amusoma), os considerados donos da área em estudo, neste caso, donos de Naico, (Thomodhó, Mahéha, Thabala, Umvedo, Chehé, Mucori, Namuli) entre outros. Na medida que se admite que o tribo é a menor porção de pessoa numa sociedade, chegar-se-á a concluir que dentro duma sociedade, nela se desenvolvem vários tribos.

Ritos de iniciação

Este povo, a sua cultura, admite-se fazer o que se chama de ritos de iniciação seja masculino assim como feminino. E que a diferença entre estes é de que os de o homem visam a preparação para o homem adulto, capaz de resolver qualquer eventualidade ou seja vem-se estar em condições físicas assim como psicológicas para os anseios das sociedades e que para as mulheres visa dotar a elas ou fazer delas senhoras de casa, ou melhor, o rito feminino concebesse como sendo centro de transmissão de hábitos e habilidades que a mulher deve ter e fazer enquanto senhora do seu marido. A duração do tempo de ritos varia de acordo com o sexo, assim por exemplo, as raparigas ficam apenas uma semana de ritos ao passo que os rapazes podem fazer um ou e meio de mês no mato.

Cultura e ou Diversão

Devido ter passado a minha infância com este povo que a descrevo, pode os notar como pessoas que em seus momentos de alegria e satisfação se lhes preguntar que tipo de som lhes é melhor acredito eu que diria: Baile, Sambie/Nassaba, Mussobe, entre outras.

No que diz respeito ao segundo ponto, 59% desta população preferia-o visto que é deste que envolve grande massa de pessoas em noites sagradas sonos, os homens se desviam deste para esta dança em conjuntamente com seus filhos, netos, irmãos/as e até avos.   

Gosto ver este lindo povo maravilhoso a dançar dum lado para outro, bem animado e inspirado nos ideias dos seus descendentes e dispõem tambem de desporto como sua modalidade.

Desporto

Foi este povo que me fez ser amante do desporto. Apesar de ser aquele desporto praticados nos anos 90, cujos seus critérios foram já ultrapassados, apreciou este povo quando lhes é posto a jogar. Lembro que já esteve na ADEBA e que por motivos de discordância com o seu adversário acabaram por serem demitido daquela agremiação mais mesmo assim, este povo não se rendou por isso ate hoje se divertem deste.   

Transporte e vias de comunicação

Esta região, localizada na localidade do mesmo nome, no Posto Administrativo de Bajone, ela pode ser usada como via para encurtamento de distância para quem sai de Bajone em direcção ao Distrito de Pebane e vice-versa. Sendo assim, é uma zona de livre circulação apesar de que este depende dos factores físicos naturais (cheias), mais também tem a ligação com a costa através dos seus rios que vão dando acesso até ao canal de Moçambique.   

Centralização do poder (Regulado)

Tradicionalmente, quase em todas zonas rurais, cada área tem um povo, uma linhagem ou tribo que se afirma como donos da área, como também, aqui isto se faz sentir. Apesar de que Naico, segundo a religião seria de deus, assim, como para o governo do nosso país a terra é propriedade do estado, Naico é da tribo (MUSOMA), tribo este onde nasceu a pessoa aquém foi posto o nome de Naico. Assim sendo, a sucessão do regulado ou do poder local faz-se com consentimento das pessoas deste tribo assim como qualquer actuação deve-se antes porem comunicar-lhes a eles.

Esta zona é constituída por um régulo o chamado régulo Naico, de 1ª escalão, um secretaria e seus súbditos.

Visão sobre o mundo

 Este povo, acreditam nas suas crenças que depois da morte há vida, e que o homem está na terra de passagem e que deve fazer qualquer coisa ou melhor prepara-se para as vidas futuras além morte. Defende que a adoecer é uma das formas de diminuir os pecados. Vem no Deus como pai e todo-poderoso, protector e as suas conquistas são fruto do desejo do senhor.

No que diz respeito ao elevado número de filhos, defende que, a riqueza provem do elevado efectivo, sendo assim, é rico aquele que tiver muitos filhos e pobre aquele ao contrário.

 No que diz respeito a poligamia, defende eles, que não é problema porque profeta Moammand o fez. E respeitam e invocam aos seus passados.

Em momentos de crises e ou de falta de uma das coisas que em varias épocas tiveram, eles fazem uma cerimonia para invocar aos espíritos a colmatação e resolução do problema que os apoquentam. 

Para eles, o fim do mundo virá, mais quando, ninguém o sabe. Eles diferem dos outros em relação a este ponto, visto que para alguns, muito mais académicos defende que o fim do mundo é individual e não colectivo.     

Dificuldades que o povo enfrentam

 Nota-se nesta zona a falta de um posto de saúde, escola melhorada, vias de acesso para o escoamento dos seus produtos, falta de fontes de águas, centro social e de diversão, acima de tudo instituições públicas de primeira necessidade.

Desde a ate então, a única coisa que faz sentir como acção por parte do governo a abertura de duas fontes de água, fontes estes influenciados pelas condições climáticas, ou melhor que depende das épocas chuvosas, falta de um mercado convencional, visto que um dos centros de recolha de impostos para o estado. 


Bibliografia

MISAU. Estratégia de Envolvimento Comunitário. Maputo: 2004

PILLETI, Claudino. Didáctica Geral. 23ª Ed., Editora Ática. 2006

Internet goolge.com

Fontes orais