DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO OU VIVER NO NOVO MUNDO?

            O artigo 1º da LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, define educação como os “processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. E aponta, no artigo 2º da mesma lei, para a família e o Estado a obrigação da educação quando diz que “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Portanto, a lei que rege a educação desse país reconhece na família e no Estado o dever de educar seus filhos e futuros cidadãos para a sociedade.

Essas duas instituições são indispensáveis ao desenvolvimento humano e sem elas a sociedade, como a conhecemos, seria um verdadeiro transtorno. Logo, o sistema educacional é composto por uma parte referente ao Estado e outra parte referente á família. Entre outras atribuições, o Estado deve garantir o acesso ao ensino de qualidade e condições necessárias de infraestrutura pessoal e material para que esse ensino aconteça. O Estado permite ainda que a iniciativa privada contribua oferecendo ensino diferenciado através de escolas, colégios ou faculdades que podem ser particulares, comunitárias, confessionais ou ainda filantrópicas, compondo assim a parte que cabe ao Estado de promover acesso á educação. Para a família cabe educar seus filhos na moralidade e ética, na formação do caráter e personalidade, que segundo diversos pesquisadores, ocorre através dos estímulos ao estudo responsável, incentivando-os à pesquisa para uma contribuição positiva à sociedade e sendo um exemplo de cidadania.

Conhecedoras de seus papeis e atribuições, essas instituições, família e Estado, estão destinadas ao sucesso pleno, pelo menos no contexto da educação, certo? Errado! Infelizmente esse não é o quadro da atual educação nacional, mesmo em escolas particulares. O que se vê são crianças e jovens que não vão à escola ou abandonam-na antes mesmo de completarem o ensino básico; Escolas desestruturadas com professores que se utilizam de ferramentas legais – uma constituição que tem mais emendas e remendos que uma reforma - para não sofrerem redução salarial mesmo faltando às aulas; Famílias transferindo para a escola o papel de educar os filhos nos valores mais básicos como a moral e ética; Um verdadeiro “deixa para o outro”. Dizem a plenos pulmões que são os professores que devem educar os filhos, afinal o serviço está sendo pago, seja no contexto particular, através das mensalidades ou no contexto público com os impostos altos! Onde vamos chegar?

Por sua vez a escola não consegue cumprir com seu papel mais básico, ensinar as ciências, o ler e escrever, os cálculos matemáticos, a história geral e do Brasil. O velho dever de casa, que servia para apreender a matéria nova, não está sendo feito. Os alunos perderam o estímulo ao aprender com alegria e prazer. Os professores não estão mais motivados, estão com medo de tanta violência que cerca a escola e tem feito deles vítimas. A mídia, com todos os programas e estímulos, contribui para que o aluno não perceba a importância de uma ótima formação, afinal, jogar bola pode fazer dele um milionário. EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA não faz parte do currículo básico, para que serve ensinar o hino nacional?

Desse jeito continuaremos deitados eternamente em berço esplêndido e nunca veremos o sol do novo mundo. Na verdade esse berço não é mais esplêndido há muito tempo. Já no novo mundo as coisas são diferentes, as pessoas se envolvem, se preocupam com o país, ou melhor, com a pátria. Lá, todos os políticos têm vergonha ou medo da justiça, caso haja algum escândalo que envolva seu nome, pois ela vem, não é cega e é imparcial. Lá, não há preocupação em apresentar índices ao mundo, mas resultados palpáveis nos exames internacionais de medição da qualidade do ensino. Lá, a população analisa não só o exemplo de vida e cidadania dos líderes que escolhem, mas o profissionalismo, a formação na área específica. Lá, se pensa como cidadão e uma bolsa de compras de mercado, esquecida no ponto de ônibus, permanece no mesmo local por dias, pois ninguém vai pegar o que não lhe pertence. Lá, não há nem sequer lixeira nas ruas, pois cada um cuida do próprio lixo. Lá, há cidadania e respeito. Lá, há educação. Não cabe outra pergunta: Até quando deitado em berço? Eternamente?