1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi desenvolvida a partir da observação de um aluno cadeirante excluído das atividades físicas durante o meu primeiro Estágio Supervisionado no início do ano de 2010 em uma escola particular de Fortaleza. Propus-me então a desenvolver um trabalho sobre a inclusão do deficiente nas aulas de educação física. Àquela época, não tinha eu a menor ideia de como se dava de forma prática a inclusão muitas vezes abordada na grade curricular do curso de graduação. Via ainda de forma romântica as questões que envolvem a inclusão sob o ponto de vista de profissionais da pedagogia, muitos deles ainda envolvidos apaixonadamente em teorias de cunho psicológico/pedagógico como os notáveis autores construtivistas ou tradicionais tão em voga nas últimas décadas. Pus-me a observar aquele garoto de 12 anos presumíveis, que era levado em sua cadeira de rodas até a quadra de esportes da escola. De olhos vidrados no que seus coleguinhas faziam, parecia deslumbrar um sonho distante, ou algo vivido em outras épocas, como se pudesse se vir em meio àquelas atividades repletas de movimento, interação, gritarias e tudo o mais que aquela faixa etária comporta e que ele não podia participar. Diria que aquela criança privada de movimentos, simpático, de sorriso espontâneo, embora o respeito de todos os coleguinhas desejava bem mais do que ser aceito pela turma. Talvez sonhasse em participar das atividades, como se esperasse a qualquer momento ouvir de alguém lá do meio da quadra: ―Maurício, venha participar conosco!‖ Soube depois, que devido à falta de movimentos nos membros inferiores causados pela Poliomielite, ele jamais participava das atividades físicas. Razão: os profissionais daquela disciplina naquela escola, não sabiam como incluí-lo.
Cogitei então, a possibilidade de me aprofundar sobre o tema, visando descobrir as razões pelas quais as crianças com deficiência, desde as mais comuns às mais complexas, eram praticamente relegadas ao abandono, tanto pela família quanto pela sociedade. Descobri um tanto decepcionada, que a coisa ia além de minhas mais profundas indagações. Envolvia políticas públicas específicas, engajamento da família, compromisso dos professores, o corpo administrativo das unidades escolares e a participação da comunidade, desde a elaboração do PPP (Plano Político Pedagógico) até a execução das adaptações necessárias a receber as crianças com deficiência física. Pareceu-me razoável pensar que, a maior dificuldade em se desenvolver as crianças com deficiência física no contexto da escola, estaria nas inúmeras formas pelas quais as deficiências se manifestam. Havia, segundo pensei, uma relação direta entre o número de crianças que se propõem a buscar a escola e a qualidade (ou especialização) dos profissionais de cada unidade escolar...