Em relação especificamente ao caso de Bullying, tanto para agressores, quanto para vítimas e espectadores existe a carência de habilidades relacionais pelo fato de não as desenvolveram individualmente e porque lhes faltou oportunidade de se sentirem inseridos em contextos caracterizados pedagogicamente, nos quais poderiam aprendê-las e exercitá-las.

Porém, o problema não é apenas familiar, pois nem sempre o contexto-escola e o grupo-classe têm sido para agressores/intimidadores e nem para as vítimas, nem educativos, nem significativos e nem úteis, porque o sistema educativo que os cerca não foi suficientemente incisivo para evitar que caíssem nesses dois estereótipos. Assim, um contexto significativo, para a vítima, é aquele que, antes de mais nada, consegue protegê-la das intimidações e humilhações; e que, depois, permite que desenvolva com menos tensões sua capacidade de autodefesa.

Para o agressor, por sua vez, é um contexto que, de um lado, o paralisa e o revela em sua ação transgressiva e, de outro, o induz a aprender as regras básicas da vida em comum (respeito ao outro, controle dos impulsos etc.), da sociabilidade e da solidariedade.

Em relação ao dever do governo, do estado, e do município, a minha Dissertação de Mestrado, bem como as pesquisas realizadas para a sua elaboração, demonstraram a possibilidade de existência de despreocupação e despreparo dos governos em todas as esferas em lidar com o Bullying, pois, por mais que se criem leis (e, elas já existem) abordando o tema, não existe um treinamento específico para que os servidores públicos (e aqui refiro-me aos servidores da educação, saúde, segurança pública e judiciário), para que as ações sejam eficazes a ponto de acabar com essa problemática.

Escrevi, em 2013, o livro BULLYING: CONHECIMENTO É A MELHOR FORMA DE PREVENIR (2013), a fim de propor políticas públicas em favor do combate e prevenção ao fenômeno e o meu objetivo foi prevenir e combater o Bullying a partir do conhecimento, criando meios de potencializar as relações sociais, diminuindo as diferenças entre os vários atores sociais participantes do processo denominado educação, pois em minha opinião, é dever da escola, sim, oferecer meios de desenvolver as relações sociais, satisfazendo as habilidades cognitivas, dando limites às ações em grupo, oferecendo normas para boa convivência e, ao mesmo tempo, criando oportunidades a seus alunos para a sadia socialização secundária.

Assim, a finalidade da instituição escola não é criar um sistema educacional milagroso e deixar a responsabilidade nas mãos apenas dos professores, pois a solução do problema, ou pelo menos a sua minimização, necessita do desenvolvimento de um sistema, resultante de um conjunto de esforços envolvendo pais, alunos, professores, funcionários, diretores e membros da comunidade.

Em 2016, escrevi QUANDO UM PROJETO QUEBRA O SILÊNCIO (2016), com o intuito de auxiliar professores, pais e alunos a respeito do fenômeno, demonstrando a importância de se identificar, prevenir e combater esse mal, de forma eficaz tanto quanto os resultados apresentados desde 2005, pelo projeto “Desvendando e Prevenindo Bullying”, criado por mim e adotado em escolas públicas e particulares da região de Araraquara-SP, como uma sugestão para alcançar os objetivos propostos na lei 13.185, em vigor no Brasil, desde 06.02.2016.

DESVENDANDO E PREVENINDO BULLYING (nome, também, do livro de minha autoria, lançado em 2016) e é um projeto de prevenção, conscientização e combate ao fenômeno, adotado em escolas públicas e particulares, na região de Araraquara/SP, desde 2005, e está na vanguarda do Programa de Combate à Violência Sistemática (Lei 13.185), no âmbito escolar, sobretudo, pois oferece resultados positivos quanto à sua proposta inicial.

A criação do projeto veio ao encontro do meu desejo de oferecer à sociedade, uma sugestão de políticas públicas voltadas aos atores sociais participantes de casos de Bullying no âmbito escolar, sendo uma alternativa positiva e simples, que usa materiais disponíveis na escola, para prevenir, minimizar, combater e conscientizar a respeito dos malefícios impostos pelo fenômeno Bullying.

* Profª Ms. Juliana Munaretti de Oliveira Barbieri, com Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (2007) e Licenciatura Plena em Geografia (1998), é professora efetiva no Governo do Estado de São Paulo e no Ceeteps - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Ministra palestras e oferece treinamento sobre os temas: Bullying e Mobbing, pois é de sua autoria a primeira Dissertação de Mestrado publicada, no Brasil, sobre o tema, intitulada por Indícios de casos de Bullying no Ensino Médio de Araraquara-SP. Autora do Projeto Desvendando e Prevenindo Bullying, aplicado em Instituições de Ensino Públicas e Privadas, desde 2005. Por fim, atua de forma independente como editora, autora e co-autora de livros, artigos e textos que abordam os temas: Bullying, Mobbing, Violência Sistemática e o que é previsto na legislação vigente, no Brasil.

Contato: www.facebook.com/bullyingjulianabarbieri