Curitiba, celeiro da arte e do paisagismo

 

 

“Não há na arte nem passado nem futuro.

“A arte que não estiver no presente jamais será arte”.

 

                                                Pablo Picasso

 

 

A partir do desenvolvimento do projeto proposto no curso de arquitetura e urbanismo da universidade Positivo, apresento neste texto algumas reflexões acerca do tema integrado 2011, por considerar que esta atividade é uma das diversas maneiras de compartilhar idéias que podem vir a contribuir socialmente com a nossa cidade.

Acredito que Curitiba, sem dúvida alguma, possui inúmeros espaços que permitem a nós acadêmicos pensar na elaboração de projetos voltados para a sustentabilidade e paisagismo. Desta forma, para desenvolver este trabalho tomei como base um dos pensamentos de Picasso, o belo potencial paisagístico de Curitiba e a beleza das obras de Burle Marx; obras estas que merecem ser contempladas por todos. Contudo, mesmo que suas obras sejam merecedoras desta contemplação, talvez alguns perguntem porque um espaço destinado a esta personalidade em Curitiba? A resposta é simples – O projeto “Galeria Burle Marx” nasce como uma proposta urbanística maior, a qual está presente tanto nas políticas públicas de valorização da natureza e sustentabilidade da nossa cidade, como também nas criações de Burle Marx.

A ideia

Fundamentado nas diretrizes propostas e em meus estudos, comecei o projeto pela análise da topografia original do terreno, inicialmente um simples retângulo com um leve declive, rodeado por importantes construções e vasta área verde. Como a atividade era desenvolver uma obra arquitetônica temporária (que existiria por um tempo determinado) com a finalidade de ser um espaço para as exposições de Burle Marx, pensei em valorizar três aspectos no planejamento estratégico da obra: o menor impacto em termos da preservação paisagística do local, total reaproveitamento do material quando da ocasião da mudança e velocidade na construção. Assim, com foco no objetivo, optei por propor a tecnologia Fast construction – produção de moldados, tecnologia esta que valoriza não só a velocidade necessária nas construções atuais, mas busca minimizar os impactos ambientais no caso de mudanças pontuais ou totais na construção arquitetônica.

 

A obra

 

A edificação principal é composta de dois pavimentos que brotam da terra para conviver com as edificações irmãs: museu Oscar Niemeyer, praça Burle Marx, bosque do Papa e secretarias adjacentes. É importante destacar que este espaço, mesmo sendo uma construção provisória, pode sofrer mutações no seu objetivo final, visto que todo espaço público construído para o convívio das pessoas, sem dúvida alguma gera sentimentos de bem estar aos seus visitantes, os quais podem solicitar a prefeitura a permanência definitiva do empreendimento.

Há outros aspectos relacionados a Marx e a cidade de Curitiba que procurei destacar neste projeto, como por exemplo as treliças metálicas da obra central que refletem os efeitos  geométricos e o abstrato presentes nas obras de Burle Marx. Um outro ponto, foi o paisagismo do terraço jardim, com intuito de presentear aqueles que o visitam com a sensação de bem estar.

Como pensei num cenário harmônico com o local, os pavimentos estão de algum modo, ligados a percepções ou sensações de contemplação do natural, proposta esta que visa causar atitudes de aproximação a que estão sujeitos os indivíduos inseridos no seu contexto construtivo. Quanto a área externa, aquela destinada a circulação, foi planejada para favorecer ao máximo a mobilidade e acessibilidade de todos, visto que a edificação principal é ladeada por dois excelentes espaços que viabilizam a criação de áreas de estacionamento que permitem a mobilidade livre de obstáculos. Ainda no espaço externo é possível perceber refletido no espelho de água, as araucárias da terra natal, importante símbolo paranaense.

E, por fim, no interior da edificação, o visitante é convidado a apreciar um conjunto de literaturas e de telas, cuidadosamente organizadas e distribuídas propositalmente para levá-lo ao primeiro andar. Assim, ao passo que as pessoas sobem, encontram um espaço para a reflexão máxima em meio a um “jardim celestial”, onde é possível explorar a vista Curitibana.

Em síntese, atividades como esta são, sem dúvida alguma, uma excelente oportunidade de reforçar o nosso compromisso como futuros profissionais - Criar projetos de cunho social e impacto positivo, com intuito de favorecer o convívio harmonioso e seguro do homem, da natureza e da arte construtiva.

   

 

Wilson Schettini Neto, discente de Arquitetura e urbanismo na Universidade Positivo.