CULTURA EMPRASARIAL E CONSUMO ETICO
Vivemos numa sociedade regida por conceitos errôneos, onde o ser humano e regido pelo "ter e não pelo ser" as pessoas são medidas por aquilo que possui e não por aquilo que realmente são. E neste contexto muita coisa é desrespeitada, aspectos culturais, sociais são atropelados por estes conceitos implantados na sociedade moderna.
Percebo que este pensamento atual, também tem permeado a gestão empresarial, onde o principal objetivo de qualquer instituição seja o fator para o qual ela foi criada: o lucro. E as empresas fomentam na nossa sociedade através das grandes estratégias de marketing que esta idéia é verdadeira e você precisa possuir algo pra ser alguém, e de preferência deve possuir aquilo que eles estão te oferecendo.
Hoje há uma grande discussão sobre consumo ético, mas será que as empresas estão preocupadas com isto? Acredito que não. Depois da revolução industrial o que mais nós vimos foi à cadeia produtiva das empresas evoluindo através das inovações tecnológicas e também a mão de obra cada vez mais sendo explorada e mal remunerada. Ainda existem no mundo, multinacionais que despejam seus produtos no mercado mundial a custo de mão de obra infantil e ate mesmo com características escravocratas e o que dizer de outra grande empresa multinacional que ate pouco tempo tinha seus refrigerantes em latas de aço, quando suas concorrentes já usavam a muito latinhas de alumínio.
Sem contar que poucas são as empresas que estão preocupadas com o meio ambiente, e tem despejado nos lençóis freáticos e na própria atmosfera produtos químicos e gases que estão afetando nosso planeta agora e afetará muito mais no futuro. Aplicasse aqui a famosa teoria do caos "uma mudança muito pequena nas condições iniciais de uma situação leva a efeitos imprevisíveis". Estamos vivenciando hoje no nosso planeta os efeitos da Revolução Industrial, do crescimento do agro negocio, das desmatadas e da corrida pela industrialização.
Cabem aqui alguns questionamentos quem visa o lucro esta preocupado com o bem estar do outro? Será que respeitam as culturas nas quais eles estão inseridos? A modelagem dos padrões impostos pelo lucro respeita a diversidade cultural e social de uma sociedade? Estas questões talvez tenham uma única resposta, mas que prefiro responder com um fragmento de uma canção do poeta Cazuza "Não me sortearam a garota do fantástico, não me subornaram será que é o meu fim, ver tv a cores na taba de um índio, programada pra só dizer sim, sim"
Percebo uma dicotomia entre a cultura empresarial e o consumo consciente. Porque se eu quero vender como vou educar o meu consumidor a ser consciente na sua compra? Se eu estou visando esvaziar o meu estoque de produtos, como não vou inundar a mídia com uma falsa necessidade de ter?
Paralelo a esta usura empresarial tem do outro lado da situação, aquele que poderia dar um basta a este ciclo vicioso e tornar as empresas mais conscientes do seu papel social: o consumidor. Mas como? Despertando para fazer uso consciente do seu poder maior contra as empresas que é a compra.
Mas esta educação do consumo consciente passa por uma mudança de atitude dentro de seu próprio ambiente de convivência, consumimos desenfreadamente o que a mídia nos impõe, produtos, serviços, comportamentos. Compramos não pela necessidade de ter, mas pelo impulso. Se possuirmos um equipamento eletrônico, queremos um mais moderno. Somos impulsionados pelo instinto da compra, depois somos atraídos pela facilidade do consumo. Só que tem uma questão que não nos preocupamos nesta busca frenética pelo ter: o descarte.
Esta mudança parte de uma educação domestica que deveria ter melhor atuação dos poderes públicos orientando e incentivando a população a uma maior consciência do que fazemos com o nosso lixo. Dráusio Barreto, secretário de Serviços do Município de São Paulo, enfatizou que. "Em São Paulo, por exemplo, 10.400 toneladas de lixo de um total de 17.500 toneladas recolhidas diariamente, são domiciliares. Por isso, esse setor deve ser o foco da política que trata dos resíduos".
Devemos esta preocupados com o que vamos fazer com os produtos que por nós são consumidos e descartados, não fomos educados a reciclar na mesma proporção que não fomos educados a um consumo ético ou consciente. Devemos evitar produtos de empresas que agridem o meio ambiente, que não estão preocupadas com os recursos renováveis, que não respeitam as leis trabalhistas, que exploram mão de obra infanto juvenil, que tem seus produtos à custa de desmatamento ou de desrespeito à biodiversidade, precisamos estarmos atentos ao nosso poder de compra e desconfiar das propagandas que impõe a sociedade os padrões estabelecidos pelas grandes empresas que estão visando tão somente a expansão de seus negócios e consequentemente o lucro.
É bem verdade que apesar do pouco esforço das autoridades em educar o povo a um consumo consciente alguns avanços devem ser ressaltados como o código do consumido, que tem tratado dos direitos dos mesmos, e que se fossem mais amplamente divulgado e orientado poderia mudar em muito esta realidade. Porem o maior responsável por uma mudança de paradigma ainda é aquele que usufrui do poder final: O consumidor.
Que tem que se valer de seus direito e exigir que o mesmo seja respeitado e que as empresas não agridam, o meio ambiente, a sua cultura e nem o seu direito inegociável a um consumo ético consciente.
CONCLUSÃO
É de fundamental importância que os consumidores assumam o seu papel nas mudanças do conceito de consumo ético, buscando a conscientização da responsabilidade no consumo de bens e serviço, buscando conhecer o histórico dos produtos consumidos, e quem é e como se comporta a empresa que o produziu. Também é de suma importância uma educação a cerca do que fazemos com o descarte dos produtos consumidos, para não gerarmos um acumulo enorme de lixos que vão parar em aterros sanitários causando um grande prejuízo a nosso ecossistema.
Devemos evitar empresas que não respeitem os direitos trabalhistas, a legislação do país, e que não respeite acima de tudo o futuro de nosso planeta