CULTURA DE SUBSISTÊNCIA AFRO E INDÍGENA

ECONOMNIA SOLIDÁRIA

GRENI

 

INTRODUÇÃO

Queremos com este trabalho fazer um estudo e uma análise bibliográfica de alguns escritos que abordam a questão racial e o modelo colonizador/capitalista eurocêntrico cristão instalado no Brasil e, além disso, desenvolver um debate discursivo sobre a cultura de subsistência dos Povos de origem africana e indígena baseando nossa análise de estudo e reflexão especialmente sobre a campanha da fraternidade de 2010 que é ecumênica e tem como tema: Economia e Vida e, lema: Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. No entanto fazer um estudo destas culturas requer um pequeno histórico do colonialismo no Brasil e mesmo na América latina, pois sabemos que este modelo colonizador/Cristão (Católico) e capitalista implantado no Brasil/América Latina foram responsáveis pela dizimação dos povos indígenas e a escravização dos povos africanos. Além disso, abordaremos a idéia de raça, o que fundamentou o racismo e o eugenismo cultural. Infelizmente ainda persiste este modelo de exploração capitalista e genocida cultural, o que força estes povos a viverem na miséria e terem que optar por um novo modelo de vida imposto a eles o que é contrário a sua identidade cultural. Aqui fazemos uma pergunta: É correto aplicarmos o termo Economia solidária, Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro referindo-se a cultura dos Povos Africanos e Nativos (Indígenas)? Parece-nos errôneo este termo, pois, estas populações vivem na miséria, não tem acesso aos direitos fundamentais, não cairíamos em uma imposição, eles já vivem com o mínimo, vivem em harmonia com o meio ambiente, quase não fazem uso do dinheiro e, além disso, se suas culturas são de subsidência, portanto, não já estariam cumprindo os preceitos da Campanha da Fraternidade?

A palavra "Economia" significa "cuidado da casa". Então, quando falamos de gestão ou cuidado com a casa, já estamos fazendo economia. Mas, de que "casa" estamos falando? Do nosso planeta, nosso país, nosso Estado? Do bairro onde moramos? Das nossas escolas, teatros, cinemas, praças? Tudo isso é a minha casa onde moro com milhares e milhões de pessoas.

          Isso traz outra pergunta: "De que maneira eu contribuo para o bem viver na minha casa, no meu bairro, na minha cidade e em todos os outros espaços em que me faço presente, vivo e participo?" Acreditamos que a Economia Solidária oferece resposta a estas perguntas ou, pelo menos, um caminho para respondê-las!

Como os povos de origem africana e indígena podem administrar ou mesmo proteger a casa se a mesma esta sendo invadida pelas grandes empresas donas do capital?

 

Outra economia é possível?

         200 milhões de pessoas no mundo perderam o emprego.

         500 milhões de pessoas no mundo vivem em situação de falta de água potável.

 

 

Crise Econômica! Quem paga a conta?

Desigualdades sociais e territoriais

Concepção reducionista: progresso material - crescimento econômico

         Problemas climáticos aumentam: queimadas, desmatamento, indústrias poluem, países intolerantes.  

         Dizimação de culturas, intolerância religiosa.

 

[1]

ADAM SMITH, de alguma forma o fundador da economia moderna ou científica, baseou a sua análise na premissa de que não existe gratuidade na relação econômica: “Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover o seu próprio interesse”.

        

Desenvolvimento não é necessariamente desenvolvimento econômico. Precisamos em primeiro lugar pensar: Desenvolvimento Humano, Social, Cultural, Espiritual e político.

 

Saúde: tratada como questão econômica é se preocupar em vender remédios químicos, não interessa para os laboratórios, indústria farmacêutica remédios naturais feitos de ervas, raízes. Médicos querem ganhar dinheiro para comprar seus carros de luxo e suas mansões, não há preocupação nem compromisso em salvar vidas.

         Alimentação: Produz-se muito alimento, mais se estocam nos armazéns, o que não apodrece, vai para exportação com preços altos. O que é importante é o PIB Produto Interno Bruto. Além disso, tem-se aumentado muito o agronegócio, monocultura e o latifúndio. Assim diminuem-se as áreas agricultáveis e milhares de pessoas passam fome, morrem de fome. 

         Educação: Surgem todos os anos no Brasil, Universidades de fundo de quintal, escolas de ensino fundamental e de ensino médio em tudo quanto é esquina mais se percebe que não há compromisso com a educação, não formam opiniões críticas, não passam conhecimento nem saber. Querem ganhar dinheiro a custa do ensino.

         Família: Cada um em seu quadrado, não se senta mais na mesa para a partilha dos alimentos e da vida, cada um em seu quarto ouvindo música no MP 10, vendo o COCÔ do ORKUT na internet que não serve para nada, a família não dialoga mais, ninguém mais respeita o outro. Cada um tem seu CARRO, sua TV, NOT BUK. Individualismo e consumismo destroem a base da sociedade, a Família.    

        

 

Igrejas: Vive se o mercado da fé prega-se a prosperidade, o imediatismo, difama-se a religião do outro, fala-se mais no capeta do que de Deus. Religiões transformam-se em empresa de cura e libertação numa sociedade que produz cada vez mais pessoas enfermas, deprimidas, angustiadas buscando a cura e não encontram. Estamos vivendo o Fundamentalismo religioso exacerbado.

Cultural: o capitalismo é desleal para com os povos da floresta, pois justifica através de seus meios o falso discurso da auto-sustentabilidade. Hoje as comunidades tradicionais: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas estão sendo forçados pelos capitalistas a venderem sua produção a preços irrisórios, levando estas comunidades a se tornarem refém deste modelo capitalista vigente.  Geralmente se escuta através da mídia que: ovos têm colesterol, que o açaí provoca a doença de chagas, o óleo do coco babaçu é perigoso para a saúde e etc. No entanto os mesmos produtos referidos são vendidos depois de apropriados pelo capital a preços exorbitantes. Percebemos então uma força voraz em destruir a cultura de subsistências destes povos.

 

[2](Celso Furtado, 1974) nos chama atenção para as vertentes do capitalismo: O estilo de vida criado pelo capitalismo industrial sempre será o privilégio de uma minoria. “O custo em termos de depredação do mundo físico, desse estilo de vida é de tal forma elevada que toda tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma civilização, pondo em risco a sobrevivência da espécie humana”.

 

Estive com fome e não me destes de comer, estive com sede e não me destes de beber, estive doente e não me curastes, estive nu e não me destes de vestir, estive desabrigado e não me deste abrigo, queimastes tantos livros e não me deste nenhum para ler. A reflexão com base no texto bíblico não é de fazer apologia ao assistencialismo, mais sim de buscar uma transformação social.

 

Ezequiel 34, 2-10. Ai dos Pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os Pastores as Ovelhas? 

 

A história oficial do Brasil foi reduzida ao desembarque dos portugueses em 1500 e negou a existências de centenas de povos nativos. A partir desse referencial foi consolidada a concepção etnocêntrica pela Coroa Portuguesa, cujo interesse comercial e religioso submeteu a diversidade étnica e a multiplicidade de organizações sociais e culturais a uma única história, a uma cultura e a um só projeto de sociedade. 

 

 

As práticas de conquistas foram enaltecidas como fatores de crescimento do país e a invasão, a imposição de valores e costumes sobre os povos conquistados foram justificados sob essa ótica.

As Populações nativas tiveram suas culturas negadas, costumes, religiões e valores e, os relatos históricos as tratam de forma estereotipada e genérica, condicionada por interesses políticos, religiosos, econômicos e até mesmo intelectuais.

Os povos nativos, que somavam cerca de cinco milhões de pessoas no século XVI, foram dizimados pela guerra, pela escravidão, pelas epidemias e pelo avanço da fronteira econômica. No Nordeste, por volta de 1950, a presença indígena não passava de dez etnias.

Na década de 1980, os índios somavam 200 mil indivíduos em todo o território nacional. Os nativos foram obrigados a servir de guias para os invasores e instrumentos do interesse econômico e militar respaldado pela política determinada a civilizar e integrar os povos indígenas por meio da língua, dos costumes, dos valores e da cultura dominante européias, além de incentivar a miscigenação.  

Pensava-se que traços físicos distintos como cor da pele, dos olhos e do cabelo, formato da cabeça, do cabelo, estrutura física pudessem, além de diferenças aparentes, representarem níveis diferentes de inteligência, de aptidão, de formas de comportamento, até, de moralidade.

O conflito de identidades não é um simples conflito político: não diz respeito àquilo que fazemos ou queremos fazer; diz respeito àquilo que somos ou acreditamos ser. Portanto não há verdadeiras soluções. Entre adversários políticos existe a possibilidade de mediação, mas entre identidades que afundam suas raízes, verdadeiras ou presumidas, na antropologia ou na biologia, essa possibilidade não existe. Se elas não conseguem conviver, só resta mantê-las separadas e esperar que a trégua dure.

Discriminar as pessoas com base na cor da pele, na língua, na religião, na questão econômica ou no passaporte é um hábito que ganha cada vez mais adeptos, e escandaliza cada vez menos as sociedades.

Assim como o estudo da natureza levava a concluir que o homem é superior a todas as demais criaturas, o estudo da humanidade indicava aos brancos, que a ele se dedicavam uma indiscutível superioridade do homem branco em relação a todos os demais. Portanto, não só o homem não tem relações de parentesco com os macacos, mas o homem branco não tem relações de parentesco com o homem negro.

Optou-se por resolver o problema com leis que colocavam na raça inferior os filhos das uniões mistas, definindo como negro quem quer que tivesse uma só gota de Sangue  negro (one drop lows); “O mestiço de branco com índio, o mestiço de branco com negro é negro; o mestiço de branco com hindu é hindu, o mestiço das três raças européias com judeu é judeu”.    

 

 

 

 

 

 

Quando o estudo das características biológicas do homem (a antropologia biológica) já se valia de métodos estatísticos requintados, o pensamento poligênico não tinha ainda se afirmado nos Estados Unidos, onde a idéia evolucionista de um parentesco entre homens e macacos tinha tido menos dificuldade para afirmar-se do que a idéia de que os homens brancos ou negros que sejam, são apenas homens. Havia quem pensava assim: na África existem chimpanzés e gorilas, e, portanto os africanos têm que ser parente dos chimpanzés e dos gorilas; na Ásia existem os orangotangos, e, portanto os asiáticos têm que ser parentes dos orangotangos; na Europa... Não, na Europa não existem grandes macacos. Azar: quer dizer que para os europeus esse parentesco não existe. Que deriva dos macacos são os outros, não nós. No entanto se os homens brancos não derivam dos gorilas e chipanzés ou

orangotangos, só podem descender dos macacos brancos, albinos (os saguis, bastante violentos).

Em todo caso, mesmo os achados mais antigos que são atribuídos unanimamente a espécie a qual pertencemos, o gênero Homo, são todos africanos, e remontam a cerca de um milhão e meio ou dois milhões de ano. Aquele que é considerado como o primeiro Homo, O Homo Habilis, é documentado na África Oriental entre pouco mais de dois milhões e um milhão e meio de anos atrás. Por vários aspectos, se nos acontecesse encontrá-lo hoje, seria difícil reconhecê-lo como humano.

 Recentemente, porém, foram encontrados na Geórgia, no Cáucaso, restos de uma criatura semelhante, também de pequena estatura e também velha, de mais de um milhão e meio de anos. Portanto, num estágio muito precoce da história do homem, já havia quem tinha conseguido chegar muito longe da mãe pátria africana.  Mas que colonizou pela primeira vez metade da terra são os herdeiros do Homo Habilis.

Há cerca de dois milhões de anos, a terra esfriou e se tornou mais árida. Formou-se uma região deserta no Norte da África, e reduziram-se as florestas nas regiões habitadas pelo Homo. Nessas regiões, as primeiras formas de esqueleto que se assemelham às de um corpo humano moderno.

E a Europa? Os mais antigos fósseis encontrados até hoje datam de cerca de 800 mil anos. Assemelham-se ao Homo ergaster, provém da Espanha e, provavelmente, representam uma população vinda do norte da África que se extinguiu sem ir além da península ibérica. 

Nos 200 mil anos ou mais de sua permanência, o clima da Europa e da Ásia Ocidental passou periodicamente por alterações violentas, particularmente glaciações, durante as quais as temperaturas caíram para voltar a subir nos períodos interglaciais.

O fato é que esses homens anatomicamente modernos chegaram à Europa cerca de 40 mil anos atrás, esses também pelo oriente Médio. Passa um tempo relativamente curto, e só eles sobrevivem, ao passo que os neandertais desaparecem. Formas humanas anatomicamente modernas difundiram-se rapidamente pelo mundo todo; sua presença é documentada na Ásia desde há 65 mil anos, e em seguida na Austrália e também nas Américas.

 

 

 

Mas a evolução humana não foi linear. Houve várias vagas de saída da África, das quais sobraram restos de formas humanas com características muito diferentes de nossas, distribuídas aqui e acolá por todo o velho mundo: formas humanas que evoluíram e depois, provavelmente, desapareceram sem deixar descendentes.

Em última análise fica claro que, cerca de cem mil anos, a Terra era ocupada por formas humanas diferentes entre si.

Hoje em dia, em boa-fé, não é possível de maneira nenhuma ver em um de nós um membro de uma espécie diferente. Hoje em dia, o problema é entender até que ponto somos diferentes no interior de uma única espécie, e o que significam essas diferenças. 

A antropologia científica, do século XIX, reafirmou posições etnocêntricas da Europa, por meio das teorias evolucionistas. Tais idéias tomaram o mundo europeu por modelo e entenderam a cultura branca, cristã, maniqueísta, como a superioridade da condição humana, ante o atraso de outros povos, inclusive os africanos.

Os racionalistas cristãos inquietaram-se com o toteismo, o animismo e o fetichismo. Eles não compreendiam por que os elementos naturais: pedras, matas, cachoeiras, frutas, animais eram reverenciados pelos povos cujas culturas consideravam atrasadas. Nem entendiam como o cosmos podia ser a condição de sustento dos homens e mulheres de culturas “Primitivas”, tradicionais.

Pode-se entender como legado africano um conjunto de saberes trazidos em situação de diáspora pelos grupos étnicos africanos, no período do tráfico escravo, e hoje chamamos de culturas afro-brasileiras. A África tem saberes tradicionais milenares que antecedem a cultura cristã, moderna e letrada.

As identidades no Brasil marcadas por negações ou afirmações frutam de ensinamentos do colonizador. Os mitos gregos de Zeus, Afrodite e outros, têm espaço consagrado na educação brasileira, enquanto os mitos africanos são rejeitados e demonizados.

Na afirmação ou negação do mito de Exu, estão colocadas idéias de valor e diferenciação, o que corresponde respectivamente à identidade e a não-identidade. Então podemos afirmar que: tratando-se de uma sociedade colonizada (Invadida) por europeus, brancos, cristãos e maniqueístas, o que acusa nosso sistema de valor é a orientação de conduta social que aprendemos com os colonizadores e também com as “memórias culturais” dos nossos grupos de origem; portanto, o mito de Exu é narrado e percebido por universais culturais que não desconhecem a história, mais, por terem sido contados com categorias do pensamento do colonizador, discriminam estes saberes, considerando Exu um ser maléfico e perverso, pervertido em função de suas aprendizagens.

 

 

 

 

 

 

 

A luta e a organização frente à estrutura escravocrata caracterizaram o que se convencionou de “resistência negra”, cujas formas variavam de insubmissão ao trabalho, revoltas e fugas até aos chamados mocambos e quilombos. Diante disso, o povo negro engajado coletivamente, ultrapassou em sua luta a questão escravista, como comprovam fatos da revolta dos Alfaiates (Bahia, 1798-1799), da Cabanagem (Pará e Amazonas, 1835-1840), da Sabinada (Bahia, 1837-1838) e da Guerra da Balaiada (maranhão, Ceará e Piauí, 1838-1841). O principal desses movimentos, a Balaiada, reuniu os oprimidos contra os abusos dos proprietários de terra e dos comerciantes portugueses e teve nos quilombolas apoio efetivo até o fim, destacando-se o Negro Cosme, um dos mais importantes líderes da luta contra a escravidão.

Constata-se então, que o quilombo não foi apenas refúgio de fugitivos, mas uma sociedade livre, formada de pessoas que se recusaram a viver na escravidão e desenvolveram ações de resistência contra o sistema.

A propriedade do “racismo europeu” no mundo é certamente a conseqüência histórica de séculos de colonialismo europeu, mais isso não implica que as pessoas “brancas” sejam essencialmente racistas, pois o fato de que “há muitas pessoas brancas lutando contra o racismo”. Nesse sistema de dominação, os não-europeus (outros) foram sistematicamente segregados e tratados como inferiores, uma ideologia que serviu como legitimação da escravidão, da exploração e da marginalização.

Não é surpreendente que as mais explícitas formas de racismo também tenham coincidido com aquele período, não só na política, na economia e na literatura, mas também nas ciências: a primeira metade do século XX presenciou a publicação de numerosos estudos “científicos”, “provando” a superioridade dos homens brancos, o que propiciou o incremento das políticas e práticas eugênicas em muitos países e que culminou no Holocausto.

Do Norte ao Sul, no México, na Venezuela, na Colômbia, no Peru e, especialmente, no Caribe e no Brasil, as pessoas de origem africana foram sistematicamente inferiorizadas em todos os domínios da sociedade. Preconceitos contra os negros aliados a uma vasta rede de práticas discriminatórias reproduziram, por conseguinte, a pobreza, o baixo status outras formas de desigualdade social no que concerne ao branco dominante e às elites mestiças.

Em primeiro lugar, na perspectiva de uma política ideológica e de uma ideologia acadêmica de “democracia racial”, o racismo foi freqüentemente negado, por exemplo, na Venezuela, no Chile e no Brasil. As desigualdades na interação diária com indígenas e com as pessoas negras em sociedades tradicionais, em que todos os grupos tinham seu lugar e papel próprios, pareceram tão “naturais” que a idéia de dominação racista foi geralmente vista – e, muitas vezes, ainda o é – como acusação absurda.

 

 

 

 

 

 

 

Em segundo lugar, comparando com o racismo mais explícito, violento e legalizado nos Estados Unidos, as formas diárias de racismo na América Latina foram sempre consideradas pelos grupos dominantes como relativamente benevolentes. Em terceiro lugar, onde foi reconhecida, a desigualdade social foi geralmente atribuída à classe social, e não à raça, sem investigar completamente as várias raízes da desigualdade de classe e pobreza. Mesmo que concordemos que na América Latina o racismo está enraizado no colonialismo e nas subseqüentes formas de dominação social, econômica e cultural pelas elites (mais) brancas, falta ainda uma conexão que podemos considerar fundamental, haja visto que o racismo não é inato, mas aprendido, deve haver meios para esse processo de aquisição ideológica e prática. As pessoas aprendem a ser racistas com seus pais, seus pares (que também aprendem com seus pais), na escola, com a comunicação de massa, do mesmo modo que com a observação diária e a interação nas sociedades multi-étnicas.

 

Cultura Indígena:

 

Os Índios pedem que alguns costumes de sua cultura sejam revistos, corrigidos. Exemplo: Matança das crianças que nascem com deficiência física e as que nascem gêmeas.

Os indígenas afirmam que a matança destas crianças causa uma angústia coletiva. Eles dizem que a cultura não para, ela anda. É preciso corrigir erros internos (Infanticídio).

Para os indígenas os Antropólogos têm cometido equívocos com relação à cultura.

Índios sem estudo serão tratados como crianças, dominadas (os) e exploradas (os).

Dizem os índios: Somos iguais a vocês homens brancos, nos conheçam e depois saberá quem somos. Quando nos conhecerem façam suas conclusões. Somos Seres Humanos igual a vocês, queremos os mesmos direitos.

Essas palavras foram extraídas de um filme exibido na Tribuna Livre da (IV Conferência Internacional de Direitos Humanos - Belém Pará), coordenada da pelo Sr. Dalio Zipinn Filho (DF) e o Sr. Roberto Gonçalves de Freitas Filho (PR).

A análise demográfica dos povos indígenas, concluída em 2005 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), identificou 750 mil pessoas autodeclaradas como índios ou descendentes, das quais, cerca de 350 mil vivem em aldeias e 400 mil, nas cidades.

A constituição Federal de 1988 garante a autonomia das etnias indígenas como povos legítimos. Portanto, as políticas públicas não visam à integração do cidadão índio na sociedade e sim a inclusão das mais de 230 micro-sociedades indígenas na diversidade de povos que constituem a população brasileira.

 

 

 

 

 

 

O desafio posto à escola é dar a atenção devida às culturas e valores diferentes, nos quais podem estar soluções e respostas a problemas da sociedade, pois, como declara a escritora índia Renata Tupinambá, de Niterói (RJ), “a voz dos ancestrais ecoa pela eternidade e não há vento que apague nem concreto que destrua”.

A sociedade atual não considera os limites. As bolsas de valores, a economia, o desenvolvimento, o consumo, a indústria a produção precisam crescer sempre. Tudo deve aumentar continuamente.

E se chegar ao colapso? O preço dessa corrida, não se sabe para onde, é muito alto e quem paga é a MÃE TERRA, que já está sufocada pela fumaça e pede socorro. Podemos dizer que: “a terra sangra”.

Os povos indígenas lutam pela existência de todos os seres em um ambiente saudável. Quantos líderes deram a vida pela cultura do respeito à Terra!

Nossos (as) avôs já falavam do perigo de desequilíbrio ambiental e o faziam através da espiritualidade, dos rituais nas matas e rios e do respeito cotidiano pela MÃE TERRA. Nós aprendemos desde cedo que uma onça não mata dezenas de animais ao mesmo tempo. Nós só caçamos e pescamos o necessário para o momento. Não derrubamos todas as árvores, não destruímos tudo, o que se mata hoje faltará amanhã.

A vida indígena é impregnada de espiritualidade pela própria vivência nas florestas, onde tudo é uma constante expectativa de descoberta e o próximo passo é um desafio.

Reconhecer o Criador por meio da natureza é privilégio de quem adentra a floresta, sem medo de se perder ou ser consumido por ela, e sabedoria tudo o que esse ambiente saudável oferece. A espiritualidade que marca os povos indígenas por toda a vida é o permanente exercício de convivência com as outras criaturas.

As aldeias indígenas não possuem escolas de religião ou textos sagrados escritos. Não é na sala de aula que conhecemos o criador e aprendemos a conviver com a natureza. Somos educados na espiritualidade desde o nascimento e essas aulas informais marcam nossas vidas com o equilíbrio, o prazer de viver, a honestidade, a solidariedade e a reverência entre o criador e ante nosso maior patrimônio: o meio ambiente.

 

CONSIDERAÇÃOES FINAIS

 

Diante de nossos estudos e análises podemos dizer que: Fica difícil falar de um tema tão complexo quanto este: Economia e Vida - Não Podeis Servir a Deus e ao Dinheiro, se em um mundo capitalista globalizado onde o povo já vive na miséria, sem acesso a saúde, educação, geração de trabalho e renda, e em uma boa parte das sociedades as culturas de povos tradicionais são negadas. Instituições Estatais, Religiosas e Privadas tem estruturas poderosas o que vai de encontro com a campanha da fraternidade 2010. Parece vivermos um paradoxo em nossa sociedade e até mesmo entre membros que lutam em defesa da vida já que alguns deste vivem muito bem nestas estruturas e em alguns casos estão acomodados.

 

 

Se a Cultura dos povos é negada e o modelo econômico que já os atinge tomando suas terras seu único meio de vida os expulsando de seus lares e forçando os a migrar para as cidades, estes povos não poderão abdicar do dinheiro e dos bens de consumo que o capitalismo oferece e, também, eles têm o direito de consumir da mesma forma com que os da cidade consomem, e porque não, pois, no modelo econômico vigente tudo gira em torno do dinheiro. Na floresta eles não necessitariam comprar roupas, comidas, casa, pagar pelo transporte caro, comprar remédios e assim por diante, eles também são pessoas, seres humanos e devem ter os mesmos direitos que os outros.

Por que alguns poucos vivem com as regalias do luxo e da riqueza com comida farta na mesa, saúde, educação de qualidade, casa confortável, automóveis de luxo, roupas de melhor qualidade no mais alto padrão da moda e os povos da floresta não podem?

De que Economia da casa se está falando, que cuidar e administrar da casa referimos-nos, como fica a questão da igualdade de direitos no processo democrático brasileiro?

A má distribuição de renda e da terra permite que façamos uma reflexão sobre o tema estudado e nos leva a pensar que há aqueles que podem adotar o Tema e o Lema da Campanha: “Economia e Vida, Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Os que estão bem economicamente e socialmente a estes caem bem o assunto em questão, pois já tem muito e vivem bem dignamente. Mais há aqueles que vivem na miséria, passando fome, perdendo suas terras, seus lares, não tem acesso à saúde, a educação, a moradia, estes, precisam do dinheiro com urgência para adquirir alguns bens de consumo necessários para usufruir de uma vida digna. Só se economiza quando se tem algo para economizar, quando não há nada precisa se adquirir e, no modelo econômico precisa se de dinheiro para tal coisa.

O grande mau da Modernidade líquida é justamente a riqueza de poucos e a pobreza de muitos, poucos tem em demasiado e, muitos não têm nada. As desigualdades sociais são gritantes e a cada dia se aumenta mais o número de pessoas passando fome no mundo, comunidades tradicionais sendo expulsas de suas terras (êxodo rural) perdendo o único meio de vida e seus lares, migram para as cidades virando escravos e mendigos se aglomerando nas regiões baixas de alagados ou nos morros constituindo as favelas, onde são condenadas e condenados a exclusão social.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências Bibliográficas:

 

 

Diálogo: Revista de Ensino Religioso – História e Cultura Afro-Brasileira na escola.

Editora: (Paulinas) 2008

 

 

Diálogo: Revista de Ensino Religioso – Cultura Indígena e Educação.

Editora: (Paulinas) 2009

 

 

Cartilha Economia Solidária – Outra Economia a Serviço da Vida Acontece: 2010.

CAIC – Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs/  www.redecaic.blogspot.com

Cartilha ‘Economia Solidária’ CONIC e FBES

 

 

 

 

 

A invenção das Raças, Guido Barbujani. São Paulo: Editora: Contexto, 2007. Tradução de Rodolfo Ilari.

ISBN 978-85-7244-364-7

 

 

Racismo e Discursão na América Latina, Teun A. Van Dijk. Editora: (Contexto, 2008). Colaboradores: UNESCO, UNESCO Brasil.

ISBN – 8572443673, 9788572443678


[1]Adam Smith: foi um filósofo e economista escocês. Teve como cenário para a sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. É o pai da economia moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico.

 

[2]Celso Monteiro Furtado (Pombal, 26 de julho de 1920Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2004) foi um economistabrasileiro e um dos mais destacados intelectuais do país ao longo do século XX. Suas idéias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econômicas dominantes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia. Celso Furtado é considerado o maior economista brasileiro da história