CUIDADOS DE ENFERMAGEM FRENTE AO IDOSO HOSPITALIZADO

Silva, Cirléia Gatti
Priscilla Perez ²
RESUMO
Em 2020 a população idosa chegará a 32 milhões, o objetivo desse estudo e identificar o cuidado da enfermagem no contexto hospitalar relacionado aos cuidados de enfermagem com os idosos e também ao conhecimento dos familiares sobre a maneira do cuidar. Metodologia: o método utilizado para a coleta de dados foi o levantamento bibliográfico através da busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados LILACS (literatura latino americana de ciências e saúde). Critérios de inclusão artigos limitados a idosos e idiomas português. Critérios de exclusão artigos não pertinentes ao tema, não disponíveis para visualização ou em língua estrangeira. Sendo utilizados 15 artigos. Resultados e discussões: O envelhecimento da população é uma perspectiva real e necessita de reflexões, em especial, na área da saúde e da enfermagem no que se refere aos cuidados prestados aos idosos internados. O profissional de saúde que assiste o idoso tem uma enorme carência de profissionais treinados, com formação específica e cursos reconhecidos pela qualidade acadêmica. Conclui-se que a enfermagem necessita-se de uma prática que valorize a humanização do cuidado; o cuidado que tem como foco as dimensões espirituais, éticas e estéticas, abandonando a prática que privilegia exclusivamente a dimensão técnica. Conclui-se então que os idosos necessitam de alem de cuidados especiais da equipe de enfermagem também amor, carinho, compreensão tanto da equipe profissional como também da família.


Palavras-chave: idoso, família, cuidados de enfermagem, hospitalização.
1. INTRODUÇÃO
O crescimento relativamente mais elevado do contingente idoso é resultado de suas mais altas taxas, em face da alta fecundidade prevalecente no passado comparativamente à atual e à redução da mortalidade. Enquanto o envelhecimento populacional significa mudanças na estrutura etária, a queda da mortalidade é um processo que se inicia no momento do nascimento e altera a vida do indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade. O envelhecimento saudável deve não só fazer parte das preocupações do setor saúde, mas também ser incluída como prioridade na agenda social do país. Um dos estrangulamentos dos sistemas de saúde é a captação eficiente dos que mais necessitam de cuidado, no momento certo.
O declínio da capacidade funcional, característica do processo de envelhecer humano, é influenciado por vários fatores, quais sejam: físicos, orgânicos, ambientais, condições socioeconômicas e educacionais, hábitos, crenças, costumes e valores que emergem das estruturas sociais e da cultura de que faz parte. (Alvarez AM. 2001 apud MARTINS J J, 2009)
A ação do enfermeiro ao cuidar do idoso, identifica à perspectiva do enfermeiro as necessidades de cuidados do idoso hospitalizados. Estas necessidades são aquelas que envolvem apoio emocional, alívio da dor, comunicação, dentre outras, que visam o enfrentamento da situação vivida, assistida através da ação de cuidar de Estar Junto Com e o Proporcionar Conforto Físico. Os elementos que compõe o cuidar são subsídios para a sistematização das ações de enfermagem, no entendimento de que o enfermeiro assiste as necessidades de cuidados da pessoa. Desta forma, o cuidar do enfermeiro deve estar voltado para assistir as necessidades físicas, assim como as necessidades não físicas, sendo estas de igual valor para a assistência de enfermagem, pois no momento em que não se tem expectativa de recuperação do idoso o cuidar pelo enfermeiro é direcionado para a pessoa - cliente. (Brum A K R, Tocantins FR, Silva TJ E S. 2005).


2. OBJTIVO
Analisar o aumento da população idosa e o cuidado da enfermagem frente ao idoso hospitalizado.

3. METODOLOGIA
O método utilizado para a coleta de dados foi o levantamento bibliográfico através da busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados LILACS (literatura latino americana de ciências e saúde). Inicialmente utilizamos o descritor de assunto cuidados de enfermagem e idosos. Foram empregados os seguintes critérios de inclusão artigos científicos limitados a idosos e com idiomas de publicação em portugueses. Foram obtidos 72 artigos sendo que destes exclui 57 artigos por não condizer com o assunto proposto neste presente estudo ou não estar disponível para visualização ou apresentar-se em língua estrangeira, sendo utilizados 15 artigos.
3.1. Procedimento de análise
Os artigos foram lidos e relidos e separados de acordo com as seguintes categorias: cuidados de enfermagem, idosos e família.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. A fase do envelhecimento

No Brasil, o número de idosos (60 anos de idade) passou de 3 milhões em 1960, para 7 milhões em 1975 e 14 milhões em 2002 (um aumento de 500% em quarenta anos) e estima-se que alcançará 32 milhões em 2020. Em países como a Bélgica, por exemplo, foram necessários cem anos para que a população idosa dobrasse de tamanho. Sendo um desafio a promoção e educação em saúde. A cada ano que passa mais 650 mil idosos são inseridos à população brasileira. (Costa e Veras, 2003). O aumento elevado da taxa de crescimento da população idosa comparada a outras faixas etárias é explicado por vários fatores, como: a melhoria da qualidade de vida e o avanço da ciência e tecnologia, principalmente na área da saúde. (Alvarez AM. 2001 apud MARTINS J.J.2009).
Embora se tenha uma dificuldade em se ter uma definição universalmente aceita de quem é idoso, reconhece-se também a vantagem de se utilizar o critério etário para a sua definição. Envelhecimento tem sempre varias formas diferentes de se perceber e entender tendo que levar sempre em conta as variações culturais. Podendo ser referido a processos biológicos, aparência física, eventos de desengajamento da vida social, como aposentadoria, e o aparecimento de novos papéis sociais, como o de avós. Como o segmento idoso compreende um intervalo etário amplo, aproximadamente 30 anos, é comum distinguir dois grupos: os idosos jovens e os mais idosos. (Camarano A, 2002).
De acordo com os atuais conceitos de gerontologia, o idoso capaz de manter sua autodeterminação e que dispensa qualquer ajuda ou supervisão para agir no seu cotidiano, é considerado saudável, ainda que possua uma ou mais de uma doença crônica. Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a capacidade de manutenção das habilidades físicas e mentais necessárias a uma vida independente e autônoma. Envelhecimento saudável, nessa ótica, é resultante da interação multidimensional entre saúde física, mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica. (Gordilho A, 2000 apud Sales E Santos, 2007).
4.2. Participação da família na hospitalização dos idosos
A presença do familiar durante a hospitalização do idoso e sua participação no cuidado, não devem ser vistos como uma regra e responsabilidades ou como complementação de recursos humanos para a assistência de enfermagem. A motivação e os aspectos estruturais e afetivos da família precisam ser respeitados, bem como os aspectos de competência e limites de atuação, que são insignificantes e inexatos. (Pena S B, Diogo M J D?E, 2009).
A família estar presente durante a hospitalização do idoso não confere somente para acompanhá-lo, mas para ser orientado em seu papel de cuidador, pelo profissional de saúde, principalmente após a alta hospitalar. O ato de cuidar, realizada com a equipe de enfermagem do hospital, torna o familiar um cliente e um parceiro da enfermagem (Lima MGD. 1997 apud Pena S B, Diogo M J D?E, 2009).
A presença do cuidador durante o período de hospitalização é de grande importância para o idoso. Porem, dificuldades são identificadas e relacionadas à falta de preparo e orientação do cuidador e dos profissionais sobre os direitos e os deveres do cuidador. (Marin M J S, 1999 apud Pena S B, Diogo M J D?E, 2009).
Os profissionais de saúde ressaltam que são importantes ações que sejam realizadas e integradas entre a equipe de enfermagem e o cuidador familiar; a fim de favorecer a continuidade do cuidado realizado no domicílio, antes e após a hospitalização (Sharp T, 1990 apud Pena S B, Diogo M J D?E, 2009).

4.3. Assistência de enfermagem aos idosos
O enfermeiro é o profissional de saúde que mais tempo acompanha o doente no contexto hospitalar, por isso conhecer os comportamentos dos enfermeiros avaliados como positivos e negativos pelos usuários idosos é uma forma de criar indicadores para a melhoria dos cuidados de enfermagem e dos cuidados de saúde em contexto hospitalar (Carvalhais M, Sousa L. 2007).
Em decorrencia do crescente numero de idosos no contexto populacional, ocorre um aumento da demanda por serviços de saude, pois este fenomeno de transiçao demografica é acompanhado pela transiçao epidemiologica, onde permanecem e prevalecem as doenças cronicas, com baixo indice de letalidade, mas com alto grau de incapacitaçao (Rodrigues MR, Bretas ACP, 2003).
Os cuidados de enfermagem são baseados em torno de dois componentes: os cuidados técnicos que envolvem conhecimento, juízo e competências de execução; e a relação com o paciente (e família) que envolve cortesia, compreensão e privacidade (Bottorff J, Morse J, 1994).
A relação entre enfermeiros e pacientes muito idosos no ambiente hospitalar, ganha um impacto porque os idosos constituem os principais utentes desse serviço de saúde e os enfermeiros são os profissionais mais presentes e confiáveis no ambiente hospitalar.
Os idosos hospitalizados olham de modo positivo os comportamentos e as técnicas dos enfermeiros que garantem a execução correta e sem causar desconforto e danos, num ambiente de amabilidade, carinho, disponibilidade e preocupação. Estas circunstâncias ajudam o paciente a sentir-se confiante, seguro e, principalmente, a acreditar que o seu estado de saúde vai melhorar e a contribuir para a realização de técnicas se necessário. (Carvalhais M, Sousa L, 2007).

O cuidar é referido como um potencial do humano, relacionado a uma atitude diante da vida, diante do outro, do social, do ambiente. Uma atitude que depende de o indivíduo reconhecer a condição humana do outro. Uma dimensão de cuidado é oferecer um acolhimento humanizado e respeitoso, reconhecendo a singularidade do paciente. O cuidado social, que é colocado como referência central de uma atitude diante da vida, esta inserido em um movimento mais amplo de reformulação social necessário para o acolhimento da velhice. Assim, ele engloba a dimensão clínica ? referida à saúde propriamente dita ?, a dimensão política, social, cultural e jurídica (Maffioletti VRL et al, 2006).
A equipe de enfermagem, num mesmo contexto hospitalar, atende uma demanda de clientela variada em relação à complexidade assistencial. O enfermeiro deve se preparar teoricamente e se instrumentalizar para saber gerir a complexidade do paciente diante das múltiplas implicações na sua área de governança (Araújo VB et al 2009).
A dependência é inevitável à medida que se envelhece porem não a pode julgar como características exclusivas dos idosos, atribuindo a dependência ao surgimento ou agravamento de doenças. (Rodrigues MR, Bretas ACP, 2003). A dependência na velhice e multideterminada por eventos biológicos, socioculturais e psicológicos. A associação de velhice com doença, perdas ou incompetência acaba atribuindo apenas ao individuo a responsabilidade de uma ma qualidade de vida. (Pavarini, Neri, 2000 apud Rodrigues MR, Bretas ACP, 2003).
A internação hospitalar correlaciona-se a diversos problemas e riscos específicos para a população idosa, principalmente porque o envelhecimento enfraquece diversos mecanismos fisiológico protetores. No entanto, muitos idosos chegam ao hospital com problemas de auto-estima, pois algumas situações da vida são fonte de depressão e sentido de inutilidade, por exemplo: a reforma e a perda de um papel social ativo; a orientação social para a juventude e a falta de respeito pela experiência de vida criam no idoso a idéia de que já não é útil. Neste contexto o papel do enfermeiro é fundamental para a qualidade de vida, pois se torna um vinculo muito forte com o idoso hospitalizado, a fim de melhorar a situação de saúde do doente e promoção do envelhecimento bem sucedido (Rabkin M.1989 apud Carvalhais M, Sousa L, 2007).
Para Figueiredo et al 2003 apud Castro M R, Figueiredo N M A,2009.Atuar de forma decisiva junto ao idoso e sua família, cabe aos profissionais de saúde. A assistência de enfermagem ao idoso deve ter como objetivo a manutenção e valorização da autonomia. Para tanto, é necessário avaliar o grau de dependência e instituir medidas voltadas para o alcance do maior grau possível de independência funcional e autonomia. Comunicar com o idoso é um papel de destaque e confiabilidade, pois deverá romper as barreiras impostas por limitações de fala, audição, confusão mental e diferenças culturais. Uma única palavra pode resumir este esforço: cuidado. Essa é a nossa tarefa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Faz-se necessário repensar a concepção do que é velhice, cuidado prestado à velhice e os conceitos que orientam e preparam cuidadores de idosos ou a formação de outros profissionais da saúde. Ao elaborar uma intervenção que cuide do idoso e o mantenha na comunidade e na família, assumindo isso como um recurso terapêutico, o investimento deve se destinar a fazer da rede social de suporte um instrumento de aceitação da diferença e não de normalização do social. Esta é a fronteira entre o mandato terapêutico e o mandato social de exclusão (Tenório F A, 2001 apud Maffioletti V R L et al, 2006).
Observa-se a necessidade urgente de se desenvolver propostas educativas para os trabalhadores de saúde, pois novas modalidades de assistência vão ganhando relevância, em particular o cuidado gerontológico, em virtude de sua significância na saúde pública mundial, requerendo, para tanto, novas competências profissionais para atender essa demanda, propondo transformações e desafios necessários a serem enfrentados por quem luta pela saúde como bem público e pelo trabalho em saúde como tecnologia a serviço da vida individual e coletiva.


Os trabalhadores de enfermagem devem ser incentivados a identificar e compreender a dualidade sofrimento e prazer em sua jornada laboral na busca de um trabalho mais construtivo e feliz, possibilitando um cuidado de enfermagem de melhor qualidade aos idosos hospitalizados.

REFERÊNCIAS
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