Quatro de maio de 2015, ao sair de um restaurante nas proximidades da rua Sete de Setembro,  hora do almoço, avistei alguns livros, dez, doze talvez, cuidadosamente expostos na calçada. Parei e comecei a olhar, era uma especie de "sebo" na rua. Um homem muito simples expunha as obras, acredito que não tinha noção do valor sentimental que algumas obras exercem sobre  as pessoas, transeuntes comuns, conforme aconteceu comigo.

 Achei  interessante e logo reconheci um dos autores, o nome aguçou o meu interesse. HOMERO MAFRA - FLAUTA EM SURDINA . Um livro onde foram colecionadas as belas e sugestivas, ora alegres, ora tristes, realistas e folcloricas crônicas do professor, desembargador, excelente jurista do nosso Estado. Dr. Homero Mafra.

Não exitei em comprar aquele tesouro na calçada, para muitos passou despercebido era mais um livro, mais um nome, mais uma estória, que para alguns não tinha qualquer significado, porém para mim foi muito emocionante e absolutamente útil, primeiro pelo homem de bem que foi o professor Homero Mafra. Ao iniciar a leitura me identifiquei muito com a forma de escrever do saudoso mestre, objetivo, direto sem preâmbulos, em poucas palavras, colocava as suas ideias com clareza e lucidez, deixando o leitor viajar e divagar em suas linhas, sem se enfadar pela prolixidade.

As vezes fico imaginando, ( também gosto de escrever) eu jamais conseguiria escrever um livro, ante a minha  objetividade,  com a leitura das cronicas do professor, me senti muito animada e confiante, vi que não é necessário ser prolixo, podemos agradar contando os nossos "causos" com brevidade e clareza. Vi também que aqueles que se projetam pela bondade, pela retidão de carater, mesmo após a partida, ficam na memória física, e na memoria afetiva daqueles que de alguma forma partilharam da sua vida.

A lembrança  é a forma de  eternizar aqueles que contaram a sua historia e suas estorias, deixando gravado passado e presente, porém incognitos os segredos da  eternidade, que a nós não cabe decifrar.

Sigo os passos do mestre, na caminhada das crônicas!

Guarapari, 06 de maio de 2015.

Vera Carly Lopes.