As armadilhas das potências financeiras, mediante um público fragilizado.

Mais um momento de crise econômico que depara-se a sociedade brasileira.

Como dizem os “papas” da economia: “é no momento de crise que destacam-se as oportunidades e, cresce quem sabe aproveitá-las”.

Ora, no caso que abordamos aqui, a oportunidade que vislumbra-se é a crise econômica brasileira que está levando milhões de brasileiros a uma situação financeira delicada, com aumento do desemprego, aumento dos índices de inadimplência, diminuição do consumo, maior procura por crédito, todas situações típicas de uma sociedade envolvida em uma grave crise econômica, com diminuição da atividade econômica mediante uma intervenção do “estado” totalmente desastrosa, levando a um maior agravamento dessa crise, pois adota remédios que aceleram o “coma” do paciente, no caso a nossa economia, pois o “estado” é incapaz de fazer a sua lição de casa, o básico, a contenção e diminuição das despesas públicas, aquelas consideradas improdutivas, como gastos com pagamento de juros da divida pública, gastos com deslocamentos do servidores públicos, aumentos desenfreados dos salários públicos, aumentos dos gastos com supérfluos.

Agora, na contramão de tudo isso, em ponto totalmente antagônico às literaturas especificas, o “estado” atua com mão de ferro, cirurgicamente, cortando os orçamentos das bases de crescimento de qualquer sociedade, o tripé “educação, saúde e infra estrutura”.

É básico o ensinamento do tema, que, em momentos de crise, em qualquer situação, são esse três itens que não podem ser afetados no seu desenvolvimento, pois é através desses tópicos que qualquer sociedade sairá de eventual crise, ressurgindo com maior força, haja vista, o exemplo recente de economias, como a norte americana, a alemã, a japonesa, entre outras.

Assim, a sociedade brasileira vê-se sozinha, navegando em mares revoltos, sem um timoneiro que possa levá-la a um porto seguro, restando apenas a “sorte”, o que por acaso, não tem sorrido muito por aqui.

Desta forma, leva-nos em retorno ao tema desta abordagem, a crise, a oportunidade única e exclusiva para os “intocáveis” monstros financeiros, os bancos brasileiros, que fazem e desfazem, à sua vontade, traduzindo-me em uma realidade às vistas de todos, a divulgação de lucros maiores do que em qualquer outros tempos, mesmos aqueles tempos de bonança na economia brasileira.

Juros de cartão de crédito em 350 % (trezentos e cinqüenta) por cento ao ano, juros de cheque especial em 300 % (trezentos) por cento ao ano, juros de crédito pessoal em 270% (duzentos e setenta) por cento ao ano, tudo isso mediante uma taxa de juros nacional, já exorbitante, de 14,25 % a a, a maior taxa real do mundo.

Desta forma, os bancos vislumbram a oportunidade de ganhos financeiros maiores, mediante a oportunidade, ou seja, a sociedade necessita de maior crédito e, nesse momento, as instituições bancárias podem por em prática a máxima “maior lucratividade por unidade vendida”, ou seja, a lei do menor esforço, pouco dispêndio operacional com maior margem de lucro, o sonho de qualquer empreendedor, em uma sociedade totalmente injusta, como a nossa.

Nesse momento, a sociedade, refém de uma situação econômica provocada pela ineficiência do “estado”, encontra-se provocada pela tentação das volumosas e exageradas enxurradas de propagandas de oferta de crédito, supostamente fácil, com taxas de juros absurdamente imorais, em que surtem uma única opção de fuga à sociedade que necessita de capital para a sua sobrevivência social, criando uma verdadeira armadilha financeira para essa sociedade.

Após a primeira aceitação dessa tentação, a sociedade perceberá que o compromisso financeiro assumido com aquela determinada instituição financeira, tornar-se-á impagável, sendo obrigada a enfrentar refinanciamentos e acordos bancários que superam qualquer bom senso moral, pois é sabido dessas instituições financeiras, que aquela divida assumida, será um crédito mensal que será computado aos seus ativos, pelo resto da vida daquele devedor, envolvido em “uma teia de aranha”, mais forte do que a mais pegajosa e poderosa armadilha existente.

Senhores, não é possível que sempre acabe da mesma forma qualquer enfrentamento a uma crise na nossa sociedade, ou seja, as instituições bancárias acabam mais fortalecidas do que qualquer outro segmento da sociedade, em detrimento do sofrimento da sociedade, que vê-se acuada mediante as contas que acumulam-se diariamente em sua cabeceira, tirando-lhes o sono, já pouco aproveitado...

Chega, tem-se que dar um basta neste dogma financeiro, exclusivo da nossa cultura, a oportunidade e a necessidade tem que resultar em equilíbrio, não em vantagens únicas e exclusivas a apenas uma das partes, os bancos brasileiros.

A sociedade brasileira não pode ser a única responsável pelos erros do “estado”, sempre por culpa de políticos que praticam a verdadeira politicagem tupiniquim, nunca a essencial política de estado, aquela voltada para o resgate da dignidade da sociedade.

Se alguém tem que pagar um preço, esse alguém é a pouca vergonha e imoralidade do pouco caso do “estado”, em proteger a fragilidade da sociedade, pois somente dessa forma conseguiremos resgatar o mínimo de dignidade de um povo que sempre diz “amém’ para o descaso público.

Não podemos esquecer-nos, o poder emana do povo e, do povo nasce a essência da sociedade...