Eu nunca fui popular nem nunca tive milhões de gatas aos meus pés, até porque estou enquadrado no padrão de beleza abaixo da média e não tenho carro com motorista particular pra me levar quinta o shopping, domingo os pais. Isso nunca me deixou frustrado. Mas se tem uma coisa que me impressiona é o sucesso que eu faço com a velharada. Não sei se antigamente as coisas eram muito diferentes, se elogios e cantadas disfarçadas eram mais usuais e melhores recebidas ou se eles são todos um bando de velhos depravados. O que eu sei é que não tem um canto que eu vá onde tenha algum velho desconhecido que venha falar comigo, que não solte um elogio ou pior: um cantada bem supimpa. Ah, mas os velhos são todos assim. Não exatamente. Um daquelas criaturas lentas, débeis e reumáticas já ficou uns 10 minutos no ônibus segurando na minha cintura alegando que não conseguia levantar o braço pra segurar na porra da cadeira...mas na minha cintura ...claro que ela conseguia. - Posso segurar em você? Eu não alcanço ai em cima. - Claro. (é f*** o cara ser educado com desconhecidos) - ;D - * vou descer na próxima parada e pegar outro ônibus* A minha sorte foi que ela desceu logo. Sabe aqueles velhos preguiçosos que dizem que não podem andar muito, esperam meia hora por um ônibus, sobem 3 degraus dele como se fosse mais fácil que andar e descem uma parada depois? Essa era uma dessas. Achou pouco? Ainda acha que esse foi um caso isolado? Lá vai outro. Estava eu voltando pra casa de ônibus mais uma vez, quando o infeliz para numa avenida e entra umas 50 pessoas duma vez só. Eu, sentado em uma daquelas cadeiras destinadas aos idosos (não sei por que as cadeiras mais altas são para os idosos, se eles têm que subir um degrau para sentar nelas. Não seria mais fácil sentar nas cadeiras baixas?) e uma velhinha entra e fica segurando no apoio da minha cadeira roçando em mim. Malandro que sou: - Senhora, quer sentar? Oferecendo a cadeira para a velha. - Muito obrigada meu filho. Com aquele sorrisinho de quem ganhou na loteria. Sim, eu ofereço a cadeira caso alguém esteja em pé, por mais estranho que isso seja nos dias de hoje. Não faço isso por educação, não porque eu me sinto bem, mas porque eu sei que no fundo aquela galera que fica em pé esta me xingando intensamente por não oferecer minha confortável e higiênica cadeira. E como devem saber, se é pra xingar, é melhor me levantar! Eis que eu escuto: - Quer sentar? Dando um tapinha no colo com um sorrisinho depravado na cara. - Não, eu desço na próxima!! Não, eu não ia descer na próxima!