Ensaio publicado no periódico Chico (jan. 2007)

Heráclito Ney Suiter

A todo momento vemos nos noticiários nacionais pessoas envolvidas com evasão de divisas do Brasil para outro país. São políticos, empresários e lideres religiosos que vira e mexe cometem este tipo de crime que muito prejudica a todos os brasileiros.

A evasão de divisas no nosso país está virando moda, isso porque, ela, de certa forma é facilitada por algumas prerrogativas legais além da falta de uma 'marcação cerrada' por parte dos aparatos legais – nesses casos, a imponidade dos mais poderosos continuam imperando no Brasil. Quando se trata de políticos, a coisa só aparece em época de campanha por meio de denúncia de opositores, no caso de empresários, através das chamadas sociedades Off-shores (empresas criadas em paraísos fiscais); com relação a líderes religiosos e suas congregações, utilizam da isenção fiscal e de sua imagem "moral" para montar verdadeiras fortunas fora do Brasil, como foi o caso dos bispos da igreja Renascer em Cristo presos recentemente nos EUA (11).

Se a coisa ficasse só por aí, "menos mal", o grande problema de nosso país talvez seja o envio de dinheiro de forma legal realizada por grandes multinacionais instaladas em nosso país. Estas, como têm sede em outras terras, não raro enviam seus lucros e dividendos para seus países de origem, e tudo isso de forma legal. São algumas das 'vantagens' de um sistema globalizado que incentiva o distanciamento das diferenças sociais no século XXI : nações ricas cada vez mais ricas e nações pobres cada vez mais miseráveis.

As remessas de lucros e dividendos ao exterior, feitas por empresas multinacionais e investidores estrangeiros no mercado de capitais, triplicaram no governo Lula. De US$ 5,1 bilhões em 2002, essas remessas totalizaram US$ 15,5 bilhões em 2006, no acumulado em 12 meses até novembro e estavam na expectativa de superar essa marca. Parte dos recursos remetidos -US$ 10,94 bilhões- é lucro enviado às matrizes das multinacionais. Outros US$ 4,53 bilhões são dividendos pagos a estrangeiros que fizeram aplicações em ações de empresas brasileiras na Bolsa de Valores local e em ADRs (recibos de ações estrangeiras negociadas nos Estados Unidos).

A expansão das remessas vem desde o início da década, mas ganhou força nos dois últimos anos em conseqüência da explosão do lucro das empresas - especialmente das exportadoras. Também resultam do aumento do fluxo de investimento direto e das aplicações em Bolsa, que elevaram o estoque de recursos estrangeiros no país para US$ 401,8 bilhões até novembro. Essa tendência deve prosseguir nos próximos anos, segundo analistas.

Para alguns economistas essa evasão é sinal de que a economia nacional é rentável, o que explica o alto volume de remessas de lucros e dividendos dos últimos anos. Nós preferimos ficar com a teoria de outro grupo de economistas que afirmam o contrário, pois se o país fosse atraente para investimentos não teria saído tanto dinheiro na forma de dividendos. As empresas teriam reinvestido nos seus negócios aqui no Brasil. Os investimentos realizados no país é resultado do que se chama de "investimentos direto bruto", já os lucros, esses vão para suas matrizes, para manter o luxo dos gringos ...