CRIANÇA – RESPONSABILIDADE DE TODOS NÓS
Milhões de crianças estão caminhando vulneráveis pela vida em situação de absoluta pobreza, de abandono, de desnutrição, de discriminação e negligência. Para estas, a vida tem sido uma luta diária e primitiva pela sobrevivência! Expostas, frequentemente, a exploração e abusos, a infância como o tempo de crescer, aprender, brincar e sentir segurança não tem nenhum significado, isto porque não têm, sequer, condições de acessar os serviços essenciais básicos, que lhes são devidos (hospitais e escolas), carentes que são, inclusive, da proteção familiar e comunitária. 

É visível, mas difícil de aceitar, que nós, adultos de todo mundo, não estamos cumprindo com a nossa responsabilidade de respeitar esse período de formação de modo a garantir à TODAS as criança uma infância respeitada. Desde 1989, o Brasil assinou um tratado internacional - na Assembléia Geral das Nações Unidas - denominado Declaração do Direito da Criança. Esse documento foi ratificado por 192 países, e, em termos específicos, dispõe sobre as obrigações legais dos governos em relação à criança. A partir desse compromisso, os governos são obrigados a assumir a responsabilidade pelos cuidados dedicados à criança, em que a sobrevivência, o desenvolvimento e a proteção passam a não ser mais questão de caridade e filantropia, mas, sim, de obrigação moral e legal, o que impõe que não mais seja permitido aos governos, simplesmente, o repasse dessa responsabilidade para as administrações e gerações futuras.

Sustentada pela mesma preocupação com a vulnerabilidade da infância, em setembro de 2000, no Encontro de Cúpula do Milênio, foi estabelecida a Declaração do Milênio, e a geração do documento Um mundo para as Crianças. O documento estabelece (e sonha) com um mundo onde as crianças mais vulneráveis tenham a possibilidade de receberem cuidados e atenções especiais, cuja meta seja a construção de um mundo de paz, igualdade, tolerância, segurança, liberdade, solidariedade, respeito ao meio ambiente e responsabilidades compartilhadas e com isso melhorar a vida das crianças, que hoje representam mais de 40% da população dos países em desenvolvimento e 50% da população dos países menos desenvolvidos. Nesse encontro, demarcaram o ano de 2015, como data final para a realização de avanços em diversas áreas importantes para o desenvolvimento, tais como: sobrevivência infantil; pobreza; fome; educação; igualdade de gêneros e capacitação; saúde materna; água limpa; prevenção do HIV/AIDS; da malária e de outras doenças.

O Documento Um Mundo para as Crianças objetiva garantir que TODAS as crianças tenham o direito de crescer em um ambiente protetor, em que toda a sociedade trabalhe individual e/ou coletivamente para protegê-las contra a violência, abusos e negligência, assim como contra a exploração e discriminação e que TODAS as crianças recebam cuidados, e que NENHUMA criança seja deixada de lado. Se os objetivos traçados forem cumpridos nos próximos sete anos, isto é, até 2015, milhões de crianças serão poupadas de contraírem doenças, de terem morte prematura, da pobreza extrema e desnutrição. Se a meta for alcançada, será possível poupar a vida de 3,8 milhões de crianças.

É evidente que, ao ocasionar melhorias visíveis para suas vidas, estaremos dando um passo definitivo em direção ao objetivo final, ou seja, a criação de um mundo em que cada criança desfrute de uma INFÂNCIA PROTEGIDA, CUIDADA E AMADA. No entanto, para que isso se torne uma realidade, é necessário que, real e urgentemente, se crie um ambiente protetor, que inclua o fortalecimento das capacidades das famílias para cuidarem de suas crianças; o comprometimento dos governos com a proteção da criança (orçamento e políticas); a ratificação e implementação de legislações, nacionais e internacionais; a condenação de pessoas que cometam crimes contra a criança; a discussão aberta pela sociedade civil e meios de comunicação; a garantia para que as crianças conheçam seus direitos; a disponibilidade de serviços sociais básicos e o acompanhamento de todos esses programas e projetos, a elaboração de relatórios transparentes e o controle de abusos e explorações.

É importante e urgente entender que, apenas por meio de parcerias eficazes e da união de todos, será possível criar-se um movimento com voz global e peso político tamanho que nos acorde de fato e nos faça refletir sobre a profundidade e a amplitude desses compromissos. É responsabilidade de todos trabalharmos para que salvemos 3,8 milhões de crianças. Especialmente aquelas, tão, frequentemente, privadas das mínimas oportunidades de que necessitam para crescer e prosperar, as excluídas e as invisíveis – que continuam esperando e ESTÃO CONTANDO CONOSCO.

Esse é o nosso compromisso, a nossa responsabilidade e o desafio do milênio!