CRENÇA RELIGIOSA: ONDE ESTÁ A VERDADE?

 

Mestre Maria José de Azevedo Araujo

RESUMO

O trabalho pedagógico e de paradigma religioso dentro da escola deve ser feito de maneira a atender aos paradigmas da nova sociedade, numa visão despreconceituada, sendo o professor um agente do conhecimento e devendo transmitir aos educandos uma forma de viver em meio à sociedade sem discriminações culturais ou religiosas. O ensino religioso na escola é um processo dinâmico. O educador de ensino religioso, sem passar para os alunos qual a religião supostamente correta, deve defender a liberdade religiosa, a enorme diversidade das crenças religiosas da população brasileira. É ignorância pensar em religião como uma verdade absoluta; partindo da questão que a religião é uma criação do homem, um ser imperfeito e não uma equivalência a Deus como criação humana. Por fim, através da escola podemos vincular o ensino religioso aos aspectos de cidadania cristã em meio à uma sociedade mais irmanada. A escola deve ajudar o educando a adquirir instrumentos universais que o auxiliem na superação das contradições das respostas isoladas e procurar dar coerência à sua concepção do mundo em respeito à cidadania. Dessa forma o educador tem papel fundamental, o respeita às diversidades e ao pluralismo religioso, levando em consideração as diferenças entre o sagrado e o profano. O artigo trata das concepções, a partir de reflexões sobre o sagrado e o profano.


PALAVRAS-CHAVE

Ensino religioso, crença, sagrado e profano.


ABSTRACT


The educational work and religious paradigm within the school is done peacefully, with the teacher an agent of knowledge and must convey to students a way to live in a society without cultural or religious discrimination. Religious instruction in school is a dynamic process without going to the students that the supposedly correct religion because it advocates religious freedom, the great diversity of religious beliefs of the population. It is ignorance to think of religion as an absolute truth, starting from the question that religion is a creation of man, an imperfect being and not an equivalent to God as a human. Finally, through the school can link the teaching of religion in the society. The school should help the student to acquire universal instruments that help in overcoming the contradictions in the isolated responses and try to give coherence to their world. Thus the educator's role, the respect of diversity and religious pluralism, taking into account the differences between the sacred and the profane. The article deals with the concepts, from reflections on the sacred and the profane.

KEYWORDS
Teaching religious belief, sacred and profane.

 

O PROFISSIONAL DO ENSINO RELIGIOSO

O ensino religioso por muito tempo esteve prioritariamente relacionado ao catolicismo. Afirma-se que o Brasil é um país católico. No passado, para alguns religiosos, conhecer outras religiões era uma ofensa, espécie de “heresia”. Com a evolução da humanidade, percebe-se que houve mudanças, pois, especialmente no século XXI há muita diversidade no que diz respeito à religião, devido ao fato de o homem ter reduzido sensivelmente o preconceito e ter a liberdade de escolher a religião que mais se identifica ou de continuar com a sua religião de origem.

A teologia, a filosofia, o conhecimento cientifico e o conhecimento religioso são alguns dos diversos instrumentos universais que auxiliam na superação das contradições das convicções da crença religiosa. Existem diferentes e isoladas respostas de integrantes, representantes de religiões diferentes, cada um deles com a sua própria concepção de mundo. É importante destacar que se faz necessário um desprendimento muito grande para colocar em paralelo a razão e a emoção.

Levando em consideração as diversidades religiosas, como não há uma comprovação física incontestável e absoluta, da existência Divina, somente a nossa fé, vai justiçar o que ocorre no mundo. Somente a partir da fé é possível explicar os eventos religiosos. O que dizer dos milagres inexplicáveis até hoje pela ciência? Casos e mais casos de doenças curadas sem explicação pela ciência, e o caso, por exemplo, do “Santo Sudário”?...

Na historia, temos exemplos de nações de grande poder aquisitivo que impuseram a sua religião e cultura aos povos dominados. É ignorância pensar em religião como uma verdade absoluta; partindo-se do ponto que a religião é uma criação do homem, um ser imperfeito e não uma equivalência a Deus como criação humana. Apresentam-se para a sociedade, algumas vertentes religiosas, que estão mais relacionadas às questões político-econômicas do que propriamente a divindade.

 

Portugal ao colonizar o Brasil introduziu o catolicismo, impondo dessa forma sua cultura aos índios. Temos também o exemplo de Henrique VIII, o chamado Rei Sol, que através de um golpe de Estado o ato da Supremacia, tornou-se além de chefe de estado, o chefe da igreja, criando uma própria religião, o Anglicanismo na Inglaterra permitindo-se casar inúmeras vezes. É importante salientar que essa religião predomina até hoje na Inglaterra. Podemos constatar que religião é uma questão, acima de tudo cultural.

No Brasil a religião é um entrelaçado já que a sua composição é tão diversa. O profissional do Ensino Religioso é aquele que busca constantemente o conhecimento das manifestações religiosas, tem clareza quanto à sua própria convicção de fé e tem a consciência da complexidade da questão religiosa; é sensível à pluralidade, disponível ao diálogo e vive a reverencia da alteridade, colocando seu conhecimento e sua experiência pessoal a serviço da liberdade do educando. O Ensino Religioso é trabalhado nas escolas com profissionais nem sempre qualificados, embora a maioria esteja comprometida com o seu papel social, conforme a explanação de Klein.

[...] uso a metáfora gaúcha do tripé para falar de três aspectos fundamentais e interligados no Ensino Religioso: o amparo legal, a definição de conteúdos e a formação específica de professores. A meu ver, os dois primeiros pés deste tripé estão, entrementes, legalmente firmados e assegurados, seja pela Constituição Federal, pelas Constituições Estaduais e pelas Leis Orgânicas dos Municípios, seja pela nova redação dada ao artigo 33 da LDB, pela Lei 9475/97, e por resoluções e pareceres dos sistemas de ensino, bem como pela elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) pelo FONAPER e de propostas de Referenciais Curriculares e Planos de Estudos pelas Secretarias de Educação, e pelo CONER nos diferentes Estados e Municípios, mesmo que sua implantação nem sempre esteja acontecendo de forma efetiva na escola, desde a sua inclusão nas propostas pedagógicas (Projeto Político-Pedagógico e Planos de Estudos) até a sua prática no cotidiano da sala de aula, independentemente de serem escolas públicas ou particulares. (Klein, 2008, p. 131)

Conforme Klein, em termos de burocratização e de legalização, o educador de Ensino Religioso está protegido. O problema está na formação do profissional e na exigência de que o professor do ensino religioso deve estar apto para a busca do conhecimento e ter participação nos eventos de gênero religioso. Precisa ser sensível aos problemas do educando, disponível ao dialogo, ser reverente ao sagrado, colocando-se a serviço de liberdade e do desenvolvimento do educando, respeitando sua experiência e conhecimento até então adquiridos.

O professor aprende, compreende e transforma a situação de ensino e, ao mesmo tempo é transformado por ela. Isso só é possível quando o professor se permite estar em processo de contínua autoformação. Para o professor adquirir competências profissionais, um conjunto de conhecimentos é necessário. Essas competências são, ao mesmo tempo, de ordem cognitiva, afetiva, conotativa e prática. Entende-se como um conjunto diversificado de conhecimentos da profissão, de esquemas de ação e de posturas que são mobilizados no exercício do ofício. (Perrenoud, 2001, p. 12).

O ser humano sofre influencia do círculo religioso ao qual está inserido, seja ele: espírita, católico, umbandista, evangélico... Portanto, isso nos revela que, a religiosidade é algo criado e alimentado pelo homem, sendo assim faz-se necessário respeitar a diversidade religiosa e a escolha de cada um, pois o próprio Deus nos deu livre arbítrio.

O conhecimento religioso está presente em nossa vida desde pequenos. É uma questão de crença e é individual. Faz-se presente de maneira informal dentro das casas, dentro das escolas, inclusive quando os pais, família e educadores falam “Deus castiga” para as crianças mais afoitas, desobedientes. O trabalho religioso dentro da escola é feito de maneira pacata, o professor é um agente do conhecimento e não deve passar para seus alunos qual a religião supostamente correta.

A religião, o ensino religioso tem um papel de aguçar a procura dos alunos de encontrar em qual grupo ele se completa de maneira concreta, proporcionando a partir daí sentimento de caráter e princípios que norteiam práticas sociais. De maneira geral a Escola deve auxiliar o educando a adquirir conhecimentos universais que o oriente, através do conhecimento e do respeito, na procura do seu grupo religioso, dando respostas aos questionamentos isolados encontrando coerência para suas concepções de mundo físico e espiritual.

Acredita-se que é possível educar o homem, educar o mundo, educar para a vida e para a diversidade. Educar exige respeito ao conhecimento do outro e a compreensão de suas diferenças, com humildade, tolerância e luta em defesa dos sonhos e ideais; exige disponibilidade para o dialogo, consciência critica, liberdade e bom senso e alem de tudo, exige compromisso político com a causa da educação. Esta proposta está conivente com os anseios da sociedade de maneira universal.

A escola é um espaço que tem como objetivo central a formação do cidadão, essa abrange todas as diversidade étnicas, religiosas, culturais da humanidade, logo, não é dever e nem direito da instituição de ensino impor sua religião aos educandos.

Os educadores devem mostrar, explicar, fazer com que o aluno entenda e respeite o diferente, o pensamento contrário, sobre todas as manifestações religiosas na sociedade, transmitindo aos educandos uma forma de viver em meio à sociedade sem diferenças culturais ou religiosas.

Por fim, através da escola podemos veicular o ensino religioso no meio da sociedade, ensino esse que esclarece os cidadãos a não ter nenhuma forma de preconceito às manifestações religiosas. E com isso fazer com que as pessoas entendam que a religião não é excludente, e, sim forma harmoniosa, amorosa e prazerosa no meio de toda sociedade.

A escola deve ajudar o educando a adquirir instrumentos universais que auxiliem na superação das contradições das respostas isoladas e procurar dar coerência a sua concepção do mundo.

Como já foi dito o homem tem liberdade até o momento em que se sente seguro, pois, o mesmo quando inseguro busca no sagrado a segurança na investigação do desconhecido, do mistério. Para o educando chegar à dimensão da fé, ele tem que romper com objetos que o prende a ilusão de falsas situações.

É necessário conhecer para avaliar, amadurecer pesquisando sobre as religiões, trabalhando temas que envolvam todas as crenças abolindo assim todo tipo preconceito. Dessa forma, o educador tem papel fundamental, o respeita às diversidades e ao pluralismo religioso, levando em consideração as diferenças entre o sagrado e o profano

Reafirma-se portanto que o profissional do ensino religioso deve estar apto para a busca do conhecimento e a participação nos eventos de gênero religioso. Sendo necessário ter certeza de sua própria fé e ter consciência da questão religiosa, como algo complexo.

 

Precisa ser sensível aos problemas do educando, disponível ao dialogo, ser reverente ao sagrado, colocando-se a serviço de liberdade e do desenvolvimento do educando, respeitando sua experiência e conhecimento até então adquiridos. A capacidade de reflexão crítica do professor, tanto sobre as contradições das diversas abordagens teóricas existentes no contexto da evolução do conhecimento, quanto sobre as condições do ensino, aumentam as chances de resistência à aceitação impositiva de processos educacionais que representam os equívocos de uma pedagogia meramente instrumental e a - histórica. Uma pedagogia disjuntiva, descolada de uma visão crítica dos fatores sociais e políticos que condicionam o ato educativo e que não é capaz de promover a consciência crítica.

 

A determinação de um posicionamento favorável a construção de uma educação crítica-reflexiva, promove autonomia de pensamento e amplia a capacidade de questionamento. Ao contrapor as teorias explicativas da realidade e a própria realidade, concorre-se para superação das distorções ideológicas que subjazem às práticas pedagógicas coercitivas e mecanizadas que culminam, quase sempre, na perspectiva da submissão e da passividade.

 

A sociedade voltará a respeitar o professor quando nossas atitudes voltarem a ser transformadoras de vidas, com nossa conduta e nossa formação. A luta de ser o mais próximo da perfeição deve existir mesmo que estejamos mais próximos do erro e da podridão. O modelo para que nossa sociedade siga o caminho de um mundo melhor vem de quem dirige a sala de aula com ÉTICA. Um professor não deve ensinar valores: deve vivê-los. 

Ser educador no Brasil exige do professor ideal a busca constante da dignidade e da competência, ambas univitelinas. Ser digno, como professor, traz respeito e novas condutas nas salas mais desordeiras, na escola mais desorganizada, nos dirigentes mais corruptos e dos colegas mais estressados e perturbados. E, como resultado, o professor digno e competente transforma a Educação em VIDA. Fácil não é, mas caro Mestre, tua busca será recompensada!([email protected]).

 

Preparar para a transformação social, intelectual e espiritual não é catequizar ideologicamente, mas fomentar as capacidades intelectuais, as atitudes e os comportamentos críticos produtivos de bens materiais e culturais. Assim o conhecimento religioso na escola deve ser tratado de forma ampla, respeitando todas as religiões e crendices, porque através destes conhecimentos o homem evolui e até mesmo quem pensa que não acredita em nada, contribui para o conhecimento humano. É através da escola que a sociedade, vai sentindo-se estimulada ao conhecimento consciente e critico sem preconceito.  

Para sermos promotores da paz temos que possuir a sensibilidade de consentir a opinião do outro. O respeito a essa diversidade de opiniões nós leva a grandeza da união de vários pontos de vista. Esse convite a construirmos uma sociedade mais justa e igualitária começa no momento em que nos dispomos a aceitar as diferenças, pois apesar das divergências, existe um ponto comum entre todas as religiões, por isso podemos dizer que a paz é fruto do amor, é fruto dos ensinamentos de Jesus de Nazaré, O Filho de Deus.

REFERÊNCIAS

PERRENOUD, Philippe etti allis. Formando professores profissionais: Que estratégias? Que competências? 2 ed. Porto Alegre: Artmed. 2001.

OLIVEIRA, Gilmar. A dor e a delícia de ser professor. [email protected]. Disponível em: http://www.jornaldaeducacao.inf.br

 

OLIVEIRA, Lílian Blank de etti allis. Formação de docentes e ensino religioso no Brasil: Tempos, espaços, lugares. Blumenau: Universidade Regional de Blumenau. Edifurb. 2008