CRACK: DROGA QUE DESESTRUTURA A FAMÍLIA E DESAFIA AS AUTORIDADES.

Eduardo Veronese da Silva[1]

Até bem pouco tempo essa droga era desconhecida da sociedade brasileira, muitas pessoas pensavam tratar-se de droga distinta da cocaína. O nome crack surgiu do estalido que é produzido quando a pedra de coca está sendo queimada.

Ressalta-se, que essa nova forma de uso da cocaína surgiu na Colômbia, no final da década de 70, quando usuários começaram a fumar o bazuco, isto é, restos do refino da cocaína que contêm substâncias corrosivas como ácido sulfúrico e acetona. Tempos mais tarde, começaram a ser produzidas pedras de crack, ou seja, um precipitado de cocaína com bicarbonato aquecido em água.

A droga é introduzida no organismo através da absorção da mucosa respiratória (pela via nasal), fumada com tabaco ou cachimbos improvisados em embalagens de refrigerantes em lata, isqueiros de plástico etc. Ao fumar a pedra de crack a cocaína se volatiliza e entra no organismo sob a forma de vapor, ganhando a circulação sanguínea e chegando rapidamente ao sistema nervoso central (SNC), órgão responsável por enviar os estímulos nervosos para as demais partes do corpo humano.

Na esteira do despreparo da família, do poder público (aparato de segurança nacional) e da sociedade como um todo, em relação à prevenção, à repressão e ao tratamento dos efeitos dessa droga, tem contribuído para o aumento do consumo com certa desenvoltura no Brasil. Este uso indiscriminado tem multiplicado os relatos de sua gravidade nos grandes centros urbanos e avança vertiginosamente para cidades do interior. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil apontam para uma possível epidemia deste subproduto da cocaína, que provoca agressividade, emagrecimento, exclusão social, desagregação familiar, além de estimular a prostituição infantil e a pratica da criminalidade.

A Revista Veja trouxe matéria recentemente, dando conta de que na década de 90 o crack era usado inicialmente por mendigos, marginais e menores de rua. Segundo estudiosos é um autêntico "fast-food" das drogas. Promove um "barato" quase que instantâneo, mas seus efeitos desaparecem rapidamente, assim, as pessoas fumam várias pedras durante o dia/noite, o que acaba trazendo uma grande lucratividade para os traficantes. No entanto, os estudiosos do assunto afirmam que a estimativa do tempo de vida do dependente desta droga é muito curta. Estima-se que esse tempo pode estar compreendido entre 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Estudo recente realizado nos estados de Salvador, São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, demonstrou o aumento do número de usuários de crack. Como também, o acréscimo do número de internações para tratamento de usuários da droga, como relata o psiquiatra Marcelo Machado, de Pernambuco: "o crack está por trás de 80% (oitenta por cento) das internações. O que é surpreendente nessas internações é o público atendido, composto por advogados, estudantes de faculdades particulares, publicitários e até médicos".

O levantamento foi coordenado pelo psiquiatra Félix Kessler, vice-diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas (Abead).

Acrescenta o psiquiatra que: "No Hospital São Pedro, o número de usuários de crack vindos do interior é muito grande. A cada dez pacientes que procuram a emergência psiquiátrica do hospital, cerca de sete são usuários de crack vindos do interior", conta Kessler.

Nota-se que urge a necessidade do incremento maciço de políticas criminais de maior rigor penal para os traficantes, e de políticas públicas voltadas para o atendimento às famílias (vítimas da droga) para sua inserção socio-familiar, como também campanhas educativas nas comunidades e palestras ministradas por profissionais da área médica, na tentativa de levar maior conscientização popular e, assim, tentar refrear o avanço desse câncer social.

EDUARDO VERONESE DA SILVA

Licenciatura em Educação Física – UFES.

Bacharel em Direito – FABAVI/ES.

Instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD.

Subtenente da PMES.

Contato: (27) 9863.9443



[1] Graduado em Educação Física - UFES. Bacharel em Direito - FABAVI/ES. Instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD. Subtenente da PMES. Email: [email protected]