RESUMO

Rodrigo Gonçalves Costa[1]

Este estudo objetivou descrever o papel da Comissão Própria de Avaliação da Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac na construção de uma proposta pedagógica com uma visão Transdisciplinar. Vislumbrandoa possibilidade de um fazer diferente, consolidando nestes tempos pós-modernos; uma educação voltada para uma formação holística e humanizada, através da interação e participação dos discentes nesta nova proposta. Partindo disso enfatizamos a importância da Transdisciplinaridade e a contribuição do CPA nesta construção coletiva.

PALAVRAS-CHAVES: Avaliação, Pesquisa em Educação, Transdisciplinaridade, Ensino de Enfermagem.

This study aimed to describe the role of the Commission Own Assessment of the School of Nursing Luiza de Marillac in the construction of a pedagogical proposal with a transdisciplinary vision. Seeing the possibility of a different make, consolidating these post-modern times, an education toward a humane and holistic education through interaction and participation of students in this new proposal. Assuming that emphasize the importance of Transdisciplinarity and the contribution of CPA in this collective construction.

KEY WORDS: Valuation, Research, Education, Transdisciplinarity, Teaching Nursing.

INTRODUÇÃO

Trata-se de um estudo de cunho históricosocial, com objetivo de enfatizar a importância da CPA na construção coletiva e melhorias na proposta pedagógica. A sistematização desse estudo ocorreu através de consultas bibliográficas e análise documental, assim como do jornal elaborado pelo mesmo.

Principalmente depois de Freire, preocupações advindas do sistema educacional emergiram com tanto força que, preocupou-se muito em adequar o sistema as necessidades dos alunos. No entanto, essa transformação resultou em procura por teorias equivocadas, e mergulhamos na década das teorias, muito se falou em Construtivismo, Piaget, Bruner, Gestalt, dentre outros, mas não se tinha a preocupação de envolver pais, alunos, comunidade, em proporcionar uma construção coletiva, que atendesse esse discente de forma humana, respeitando sua visão de mundo e da realidade.

Podemos lembrar, do comércio que envolveu todo esse período, de fato estávamos envoltos por grandes pressões advindas da sociedade, que passava por intensas transformações políticas, foi criando-se uma consciência social cada vez maior, que fez surgir um novo paradigma na educação, uma nova visão da realidade em que se prima por encontrar novos caminhosna busca de uma educação melhor.

Algumas instituições tentaram se adequar as estas necessidades, preparando-se para receberos discentes que procuravam uma educação de qualidade que primasse pela formação voltada não só para o mercado de trabalho, mas para a vida. Com o advento das novas tecnologias em prol de seu benefício, as Universidades aprimoraram seus sistemas de informação, proporcionando aos alunos maior qualidade e agilidade nos serviços. Dentro da perspectiva interacionista, e considerando que o ser humanonão só recebe estímulos, mas expressa comportamento e é livre para definir qualquer situação de modo único e imprevisível, surge a possibilidade de ampliar a formação acadêmica desse novo aluno.

Podemos então citar a Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac, que através da CPA, mantém um instrumento significativo, capaz de mensurar a qualidade do ensino, assim como, anseios, dúvidas e inquietações dos discentes. Uma comissão que de forma Transdisciplinar interpõe alternativas capazes de dar voz a quem pouco é ouvido.

REVISÃO DE LITERATURA SOBRE TRANSDISCIPLINARIDADE E O PAPELDA CPA

A Comissão Própria de Avaliação, coordenada pela Professora Milda Izaac Telles (também Docente da FELM), tem exercido o papel formidável de dar voz aos alunos, seja por questionários avaliativos que são agora respondidos através do portal acadêmico, seja através da caixa de sugestões colocadas no roll de entrada do IES. A CPAdivulga os dados através de um Jornal trimestral, onde os alunos podem ter acesso aos dados colhidos durante o processo. Através da análise desses dados a CPA traça perfis dos ingressantes nos curso de graduação; além de acompanhar as visitas dos avaliadores do MEC a instituição, adequando as normas estabelecidas pelo Ministério da Educação.

Essa forma de construção, na perspectiva de experenciar, novas formas de participação dos discentes, que não se restrinja simplesmente a sala de aula, começamos a compreender novos pontos de vista a respeito da educação; essa nova visão, além de ampliar a nossa compreensão, promoverá o desenvolvimento de novos métodos e de quebras de antigos paradigmas. Numa visão holística, essas novas formas de participação, incluem uma relação mais estreita tanto entre instituição/ aluno, como docente/discente; essa participação é fundamental na reflexão diária, na busca de novas maneiras de ensinar/aprender, fundamentada no processo de construçãoda realidade individual e coletiva.

O grande desafio lançado à educação neste início de século é a contradição entre, de um lado, os problemas cada vez mais globais, interdependentes e planetários, e do outro, a persistência de um modo de conhecimento que privilegia os saberes fragmentados, parcelados e compartimentados. Por isso, há urgência de uma reforma da educação, de valorizarmos os conhecimentos interdisciplinares ou, pelo menos, promovermos o desenvolvimento no ensino e na pesquisa de um espírito ou mentalidade propriamente transdisciplinar. (JAPIASSU, 2006).

A busca pelo diploma tornou-se mais importante do que a aprendizagem, e muitos são iludidos pelas promessas de ascensão social, importa mais as notas e o diploma do que o próprio aprendizado. Desenvolver profissionais críticos e capazes de assistir dignamente a pessoa humana anda a par com a necessidade de rever as novas exigências a formação desse profissional, e discutir dentro da universidade faz parte do processo de reflexão e de noção de sujeito, sujeito este participante do processo de ensino e aprendizagem.

É hora de pensar na abordagem do ser humano, baseado na totalidade e não nas partes, baseado no conhecimento, chegada a hora de ver o ser como todo, integrando- se a ele mesmo e aos outros, onde os conhecimentos se interagem, se complementam, se suplementam, se implementam. Olhar o ser humano como parte da natureza, do planeta, do universo.

A abordagem transdisciplinar será o complemento indispensável da abordagem disciplinar, pois ela conduzirá a um ser continuamente unificado, capaz de adaptar-se às exigências mutáveis da vida profissional e dotado de uma grande flexibilidade, embora permanecendo sempre orientado para a atualização de suas potencialidades interiores.

A transdisciplinaridade, diz respeito ao que está ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de todas as disciplinas, englobando e transcendendo o que passa por todas as disciplinas, reconhecendo o desconhecido e o inesgotável presente em todas elas, tentando encontrar seu ponto de interseção e um vetor comum. Onde os pilares são: Vários níveis de realidade (considerar cada problema não mais a partir de um úniconível de realidade); Lógica do terceiro incluído (não mais esperar encontrar a solução de um problema nos termos de "verdadeiro" ou "falso" da lógica binária, mas recorrer às novas lógicas); Pensamento complexo (reconhecer a complexidade intrínseca do problema, isto é, a impossibilidade da decomposição desse problema em partes simples, fundamentais). (BASARAB, 1999).

1. considerar cada problema não mais a partir de um único nível de Realidade, mas situando-o simultaneamente no campo de vários níveis de Realidade;

2. não mais esperar encontrar a solução de um problema nos termos de "verdadeiro" ou "falso" da lógica binária, mas recorrer a novas lógicas, particularmente à lógica do terceiro incluído: a solução de um problema só pode ser encontrada pela conciliação temporária dos contraditórios. Ligando-os a um nível de Realidade diferente daquele no qual esses contraditórios se manifestam; passando de um nível a outro.

3. reconhecer a complexidade intrínseca do problema, isto é, a impossibilidade da decomposição desse problema em partes simples, fundamentais. Na ausência de fundamentos, ausência que caracteriza o mundo atual, "mudar de sistema de referência" também quer dizer tomar como fundamento precisamente a ausência de fundamentos. Em outras palavras, substituir a noção de "fundamento" pela coerência deste mundo multidimensional e multireferencial.

Esse novo paradigma força e exige uma postura transdisciplinar, e o processo sistêmico postula que tudo é interdependente, que fenômenos apenas podem ser entendidos com a observação do contexto em que ocorre, postula ainda que á vida é relação. A transdisciplinaridade abre caminhos para uma assistência global, uma assistência que atenda o outro de todas as formas e em todas as possibilidades, não pode haver lacunas entre o ser biológico e o ser psicossociocultural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não pode haver a divisão da realidade, do sujeito em partes, assim como entendê-lo de forma racional, devem-se agregar valores ao sujeito, uma junção entre o que se é, o que se pretende, como se age e do que espera, dando a mesma importância ao relacionamento interpessoal assim como as técnicas.

No nosso caso, a saúde para ser holística precisa ser estudada como um grande sistema, como um fenômeno multidimensional, que envolve aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais, todos interdependentes e não arrumados numa seqüência de passos e medidas isoladas para atender cada uma das dimensões apontadas. É necessário tirarmos a transdisciplinaridade de apenas um espírito ou mentalidade.

Mais precisamente, conseqüência imediata da complexidade intrínseca do mundo em que vivemos, essas condições "iniciais" mudam continuamente. Em nossa vida universitária, deparamo-nos com isso todos os dias e, no entanto, ainda não perdemos a ilusão de uma "reforma", de um milagre capaz de eliminar todos os males que atingem as universidades. Se as condições iniciais dos diferentes problemas mudarem incessantemente e se uma reforma milagrosa for simplesmente impossível, estamos, então, condenados a assistir, impotentes, à decadência progressiva, mas certa das universidades? (BASARAB, 1999).

De acordo com o referencial adotado, nosso estudo possibilitou uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido pela CPA, assim como, relaciona-lo com a Transdisciplinaridade. Através da CPA, passamos de fato por vários níveis de realidade afim de encontrarmos a solução necessária paraos problemas que surgem a partir da inquietação dos discentes.

O orgulho de ver os avanços da CPA, inclusive no que se refere ao conteúdo das disciplinas, aos discentes, é motivo de intensa satisfação e abre caminhos pra a "REFORMA"que tanto esperamos nas Universidades.

Entretanto, surge indagações que por hora ficam se respostas, pois, se a CPA traça perfis dos alunos, sua situação socioeconômica e até mesmo cultural, fica a meu ver , muito fácil para o docente consultar esses dados e adequar os conteúdos, as técnicas do processo de ensino e aprendizagem, a realidade desses alunos, assistindo de fato o discente de forma holística. Logo, a CPA tem sido vista com a importância que lhe é devida?

REFERÊNCIAS

AMORIN E GOMES, A. A. Moutinho e C. Silva. Didática para o ensino superior: uma proposta em sintonia com a perspectiva da educação para a totalidade. 2º ed. Rio de Janeiro: Editora Central Universidade Gama Filho, 1999

NICOLESCU, B. Que universidade para o amanhã? Em busca de uma evolução Transdisciplinar da Universidade. Congresso internacional de Locarno (Locarno, Suiça, de 30 de abril a 02 de maio de 1997). Projeto CIRET-UNESCO: Evolução Transdisciplinar da Universaidade. Acesso em 10 de abril de 2008. Disponível em: Http:>//perso.club-internet.fr/nocil/ciret/

●NICOLESCU, B. A evolução transdisciplinar à universidade. Condição para o desenvolvimento sustentável. Conferência no congresso internacional " A responsabilidade da universidade para com a sociedade". International Association of Universities, Chulalongkorn University, Bangkok, Thailand, de 12 a 14 de novembro de 1997. Acesso em 04 de abril de 2008. Disponível em: http://perso.club-internet.fr/nicol/ciret/

●FREIRE. P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

●FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

●D ' AMBRÓSIO, U. Complexidade e seus reflexos na educação. Disponível em www.tvebrasil.com.br/boletins2002/cre/ Acesso em: 10 de dezembro de 2008.

JAPIASSÚ, H.. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

______. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.

______. A crise da razão e do saber objetivo: as ondas do irracional. São Paulo: Letras & Letras, 1996.

JANTSCH, A. P. & BIANCHETTI, L. Interdisciplinaridade - Para além da filosofia do sujeito. In: JANTSCH, A. P.; BIANCHETTI, L. (Orgs.) Interdisciplinaridade. Para além da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1997.

______. Imanência, História e Interdisciplinaridade. In: JANTSCH, A. P.; BIANCHETTI, L. (Org.). Interdisciplinaridade. Para além da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1997.

JODELET, D. Représentations Sociales: un Domaine en Expansion. In: JODELET, D. (Org.) Les Représentations Sociales. Paris: PUF, 1989.

______. Folies et représentations sociales. Paris: PUF, 1995.



[1]Discente do 8º período da graduação em Enfermagem da FELM/SC – Rio. Bolsista I.C. FAPERJ