Cotas e Educação

 Wanderson Vitor Boareto Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

 Resumo

 A educação é uma preocupação e uma necessidade na formação do ser social. A escola é um dos polos formadores do ser humano no sentido de agente social, porém vem enfrentando uma série de dificuldades na preparação de seus alunos para ingressarem nas Universidades Públicas de nosso país. Esta dificuldade é um problema de todos os setores de nossa sociedade

. Palavras Chaves Cotas,

 Universidade Pública, Educação, Escola de Base.

 A educação é uma das grandes preocupações dos dias atuais, já que a qualidade do ensino passa por variáveis dependendo da região e do poder aquisitivo dos grupos que optam pela educação particular. Para muitos que buscam o ensino se deparam com um sistema mal formulado no sentido de formação e de abordagem de uma grade curricular que vai ao encontro da realidade de cada área habitada de nosso país. Pensando assim, temos na prática os livros didáticos, ferramentas indispensáveis dentro das instituições de ensino de base, tanto particulares como na pública.

 A realidade do uso instrumental para o prático é bem diferente, já que o contexto social, político e econômico é desigual do sudeste, onde fica a maior parte das editoras de livros didáticos, para a região norte e nordeste que utilizam os mesmos livros. “Sempre que as pessoas vivem em lugar de interdependência continua, esses lugares complementares se desenvolvem.” (CARDOSO, Pág. 79).

 No entanto, o livro é uma das muitas questões que põem em dúvida a qualidade da educação em nosso país. Nesse sentido, a educação é uma necessidade real que deveria ser levada a sério pelos órgãos competentes, já que a relação saúde passa pela educação, a relação viver bem depende de uma formação mínima para ter-se discernimento do que é bom e ruim, neste mundo consumista e com os valores mutáveis a todo estante.

O Brasil lançou uma lei para tentar sanar as irregularidades das diferenças das camadas populares ao acesso as universidades públicas, já que durante todo período de nossa história o ensino de “melhor” qualidade foi reservado para a elite monetária de nosso país.

Quando se pensa assim, a realidade das universidades públicas tem um contexto muito mais eliminatório que o próprio acesso de entrada, já que o ensino busca a excelência dentro dos padrões acadêmicos de pesquisa e de formação, que vão dar suporte para as necessidades de mercado e da sociedade que tem necessidades cada vez mais mutáveis devido ao consumo e o acesso de bens duráveis e tecnológicos.

 “O destino do Brasil, dentro dessa opção, estará mais pendente das forças que controlam o mercado mundial do que das decisões políticas dos brasileiros. A autonomia do Brasil com um projeto próprio não possui centralidade. O projeto neoliberal magnifica o neoliberalismo com sua proposta política, econômica, cultural e mundial” (BOFF, Pg. 59).

 A reserva de 50% das vagas nas universidades para uma parte considerada como excluída, é um avanço para vários setores que identificam esta política como sendo uma luz no final do túnel da educação brasileira. Porém, existe outra análise mais séria, a facilitação do acesso a universidades de negros, índios e estudantes da rede pública de ensino de base é uma forma preconceituosa de encarar o ensino de nosso país? Talvez num curto espaço de tempo isso venha beneficiar um grande número de brasileiros dentro do acesso a educação superior no Brasil.

Outra análise aponta que a medida de cota é uma forma barata de o governo estar tentando amenizar a desigualdade social e acadêmica no Brasil, já para muitos professores o caminho para uma inclusão real na educação superior pública, seria investir na escola de base, mas para isso teria que mudar toda a estrutura das escolas e adequando a realidade de cada região.

Pensando assim, nas escolas públicas o fantasma do vestibular, que é o acesso utilizado por instituições de ensino brasileiras, seria extinta. O próprio Enem não teria mais necessidade já que o ensino seria uniforme e de qualidade total. Fazendo uma pesquisa mais analítica deparamos com outra pergunta dento do setor de cotas, este aluno que não teve uma boa base, vai se adaptar bem ao ritmo de pesquisa de uma universidade federal? Será que as universidades federais vão abaixar o nível de cobrança no sentido acadêmico para se adequar a este novo perfil de estudante imposto por lei e não pelo processo tradicionais de acesso a educação superiora pública. Ainda são muitas as duvidas, mas como diz Rubem Alves só tempo dirá se foi melhor ou pior.

 “A valorização da maior liberdade individual no uso da própria razão provocou o surgimento de novas concepções políticas e de organização social. Também se começou a encarar de nova maneira a tarefa da ciência e a função das universidades” (CORTELLA, Pág. 21).

 Talvez a falta de interesse de uma política pública voltada para a formação do saber seja o caminho para termos uma educação de qualidade, já que a escola é um dos quatro polos formadores do ser humano social e ativo dentro de uma sociedade que é voltada para a busca novos paradigmas.

 Porém a responsabilidade não é só de nossos governantes e nem da escola já que a sociedade também é um polo educador, pois ninguém vive sozinho e com a globalização os acessos a informação esta cada vez mais fácil, porem menos seletivo devido ao baixo interesse pela formação. O grande escritor Teólogo e filosofo Frei Betto nos ensina que “devemos aprender a aprender”.

 A educação de qualidade é o nosso grande desafio, já que aprender é uma necessidade de uma vida mais humana, e não somente econômica, já a relação entre pessoas esta cada vez mais difícil devido ao individualismo e a má formação humana, que a alvora mestra para uma sociedade mais justa no sentido de convivência, já que a questão econômica requer outra analise.

 “Dentro desse quadro de possibilidades concretas precisamos situar o educador dentro de um contexto social. As situações são múltiplas e variáveis, dependendo de tempo e lugar. Não existe, portanto, regras válidas para sempre e em todos os locais”. (GADOTTI, Pág. 65)

São muitos os desafios da educação, porém, é certo que o nível está caindo no sentido do interesse e da valorização do profissional da educação que perde espaço. Se o aluno, que é o mais interessado, não se preocupa com o aprender, pois sabe que as politicas “de dar” são mais importantes do que a política de conquistar por esforço próprio, fica difícil falar em qualidade na educação.

 O melhor termômetro é a violência, que mostra que a nossa sociedade está passando por uma crise política, social e principalmente econômica, já que em uma sociedade com tamanha diferença social, falar em isonomia é impossível para qualquer sistema a ser estudado.

 Bibliografia

BOFF, Leonardo, Depois de 500 Anos Que Brasil Queremos? , Ed Vozes, 2000, Petrópolis, RJ;

 CORTELLA, Mário Sergio, A Paixão Pela Razão, Ed FTD, 1988, São Paulo, SP;

 GADOTTI, Moacir, Educação e Poder Introdução á Pedagogia do Conflito, Ed Cortez, 1980, São Paulo, SP;

 CARDOSO, Fernando Henrique, Homem e Sociedade, Ed Companhia Editora Nacional, 1975, São Paulo. SP;