O cordel como forma independente e popular desenvolveu-se tal como surgiu. No meio das feiras populares da península ibérica, pendurados em cordões, como grande meio de comunicação em massa. Desenvolveu-se como forma popular de se expressar em poesia narrativa, poesia popular e poesia impressa. E a combinação da utilização da oralidade de forma impressa e declamada deixou uma identidade para esse estilo que encantou semi-analfabetos, analfabetos, letrados, estudiosos, leigos, em fim, foi uma literatura que se tornou acessível da forma mais democrática possível.
Muitos pesquisadores dizem que o cordel surgiu de povos conquistadores como os saxões, cartagineses, gregos, entre outros. Mas o fato é que a literatura de cordel só se torna sucesso mesmo em Portugal. A cultura do Cordel saiu da Europa já com a influência da cultura árabe dos mouros da península ibérica ? nota-se a influência presente nas estórias da Donzela Teodora, João Grilo e Pavão Misterioso, aparentando ser inspiradas no conto das Mil e Uma Noites ? e se espalhou pelo Brasil. Exemplos conhecidos de literatura de Cordel são histórias de Carlos Magno e os Doze Pares de França, A princesa Magalona, histórias de João de Calais e A Donzela Teodora. Poderia ser escrito em verso ou prosa influenciando também o teatro. Adquiriu o nome inclusive em Portugal, entre os séculos XVI e XVIII, período do Renascimento cultural, e migrou para outras partes da Europa, como na França, com o fenômeno de "Litterature de Colportage" que eram carregadas nas mochilas que eram dirigidas ao meio rural. Nos meios urbanos da França, o cordel era divulgado em tiras de jornais de sátiras denominadas "Cardinad". Já na Inglaterra, Holanda e Alemanha a literatura já aparentava com a nordestina com suas xilogravuras. Ainda na península ibérica o cordel era chamado de "pliegos sueltos" pelos espanhóis e "folhas soltas", "volantes" em Portugal, até ser chamado de "cordel".
O cordel acabou migrando para a capital da América Portuguesa, Salvador, e se espalhou pelo Nordeste, mais precisamente da Bahia ao Maranhão. Há várias causas da popularização e consolidação da literatura de cordel na América e principalmente no nordeste. A falta de acesso ao conhecimento registrado é uma delas, já que esse tipo de informação era deixado apenas para os senhores de engenho, os coronéis, políticos e seus familiares; há também a questão geográfica, sendo a maior parte do nordeste marcado pela seca, um ambiente basicamente ruralista, onde a forma e maneira de produzir, passavam diretamente por uma cultura de subsistência humana; havia também neste espaço situações marcadas por um forte messianismo; um patriarquismo ortoxo; as peripécias do cangaço; do assistencialismo político, em especial com a indústria da seca. Todas essas causas eram também manifestações e temas da literatura de cordel. Bem, o cordel era Inicialmente difundido em folhas esparsas, manuscritos ou até mesmo oral, decorados por portugueses que chegavam da Europa. Porém só se firmou no nordeste brasileiro na segunda metade do século XIX. Entre o final do século XIX e a década de 20 do século XX corresponde o período de consolidação do cordel. É o período que ele adquire de vez as características que tem hoje. Neste período o cordel não tem mais vestígios do cordel lusitano. Isso se deve principalmente ao fato de que, no final do século XIX, com a introdução da xilografia e o aparecimento das tipografias no Brasil, começou a produção impressa dessa literatura de forma genuinamente brasileira. O primeiro cordel, tal como conhecemos impresso em terras brasileiras data de 1873, mas o mais antigo que existe até hoje tem sua origem em 1901. Os cordéis ganhavam temática cotidiana, religiosa, com lendas episódios históricos, entre outros. Mas foi no início do século XX que essas características ganharam força e, posteriormente, assuntos como as façanhas do cangaceiro Lampião, o Virgulino Ferreira da Silva, e o suicídio de Vargas tomaram espaço nas tiragens, principalmente entre a década de 40 e 80. Foi neste período, principalmente o que antecede a criação e popularização do radio e da televisão, que o cordel tornou-se único veículo de informações da população rural.
Após Salvador, é certo que o cordel se espalhou pelo nordeste tornando-se uma produção literária típica da região, localizando-se mais em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, sobretudo em Juazeiro do Norte, que se tornou maior pólo dessa literatura entre 1945 e 1980, com sua tipografia em São Francisco e Folheteria de Manoel Caboclo e Silva, enquanto Luiz da Costa Pinheiro, Moisés Matias de Moura e Joaquim Batista de Sena atuavam na capital. Muito antes a grande lenda do cordel, o maior poeta popular de todos os tempos e grande mestre de Pombal, o paraibano Leandro Gomes de Barros é considerado o primeiro autor do cordel brasileiro. Poeta e repente, produziu cerca de 230 obras, entre elas, a peleja de Riachão do Diabo escrita e editada em 1899.

"Esta peleja que fiz
não foi por mim inventada,
um velho daquela época
a tem ainda gravada
minhas aqui são as rimas
exceto elas, mais nada."

A febre dos folhetos de Leandro Gomes foi grande que seus versos se espalharam por todo o nordeste brasileiro. Posteriormente, João Martins de Athayde, ainda em Juazeiro do Norte, tornou-se o maior editor de cordéis e comprou os direitos da vasta obra de Leandro Gomes de Barros. Athayde resolve encerrar suas atividades em Recife e Zé Bernardo adquire os direitos autorais de suas edições, em 1949. O cordel teve uma queda na década de 90 e só começa a ser retomado como antes no final da década de noventa ganhando novos ares e hoje se faz presente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
O cordel no Brasil, antes vendido em feiras pelos próprios autores, declamados com violas de forma melodiosa, é vendido também em feiras culturais, casas de cultura, livraria e em apresentações cordelistas tendo ainda maior influência no teatro e televisão. A xilogravura representa um significativo bem importante para o imaginário popular. A literatura de cordel tem, acima de tudo, a importância na manutenção de identidades regionais, sobretudo no nordeste, que contribui para a perpetuação do folclore brasileiro. Apesar de ser acessível de diversas formas, tanto em gravuras como na oralidade, a literatura estimula a leitura combatendo o analfabetismo. Temas como política, crítica social e opiniões, presentes no cordel, torna essa literatura com teor didático e educativo. É uma literatura acessível a todos e genuinamente popular, confeccionada pelo povo e para o povo com a característica própria de seus mestres.
O cordel é antes uma grande fonte de informação e cultura. É mais do que um estilo literário, é a identidade de uma região. Através de suas histórias são transmitidos contos, costumes, hábitos, gírias e poesia popular. Mantém o povo conectado com o seu passado, mantém a identidade e o folclore cada vez mais vivo. O nordeste brasileiro é um "berçário" de inúmeras riquezas culturais com grande diversidade de costumes e tradições e o cordel, mantém e difunde para o Brasil esses costumes e essa identidade. O cordel é uma importante fonte de difusão da cultura popular nordestina. É um excelente meio de se conhecer o povo nordestino e suas crenças. É uma fonte inteligível e popular. Essa é uma das grandes importâncias da literatura de cordel.
Mas a literatura de cordel não é apenas uma identidade. A literatura de cordel é de grande relevância para a sociedade brasileira, pois também tem a função de levantar questões no âmbito social, econômico, religioso, histórico e científico. Um grande exemplo é a literatura de cordel no Rio Grande do Norte. Sabe-se que entre 1920 e 1950 teve sua "década de ouro" no Rio Grande do Norte. Portanto podemos utilizar o cordel como uma fonte de estudos deste estado entre essas décadas. Uma fonte histórica com conteúdos a respeito da economia, religião, ciência e até dos fatos históricos da região. É uma fonte informacional no estado do Rio Grande do Norte A literatura de cordel é de suma relevância para a sociedade brasileira, podendo permear questões no âmbito econômico, social, religioso, histórico e científico.
Como vimos antes o cordel se difundiu no nordeste, uma região em grande parte calejada pela seca em uma sociedade rural e com pouca informação, já que quem desfrutava desse privilégio eram os senhores-de-engenho, coronéis, políticos e familiares, pessoas da elite aristocrática. Então o cordel foi uma necessidade de informação para o povo através do povo. Ainda neste contexto de pobreza, seca, e problemas entre classes e economia, a literatura serviu como uma fuga de diversas formas. Tanto canalizada em contos e lendas, como em heróis como lampião, figuras populares como Getúlio Vargas.
Então, o cordel não é apenas um estilo literário, é uma manifestação artístico-cultural da cultura popular que registra a história e a trajetória de um povo. É uma ação poética que dá vida a sociedade. Pode ser declamado, ser utilizado no teatro e em tantas outras formas de manifestações culturais. Então não podemos reduzir a um estilo literário, pois o cordel é um complexo. Foi uma cultura que foi sucesso em Portugal, migrou para a América lusitana e se tornou uma das mais legítimas expressões culturais do povo nordestino.