Andresa de Sena Silva

Glauber Vinicius Santos de Oliveira

Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior

- Faculdade Fase -

RESUMO

Este artigo remete a uma pesquisa reflexiva sobre o Cordel E Outras Literaturas Em Sergipe. Procuramos, pois centrar nossa exposição na problematização encontrada ao pesquisar sobre o tema e enfocar a interdisciplinaridade e a estrutura. A estrutura educacional está mudando, a educação antes vista de forma individual amplia seus horizontes passando a perceber e a aceitar que todos os integrantes ou componentes da educação estão conectados e que existe a possibilidade de educar de maneira integrada. A educação salta de uma vertente monocromática e passa a perceber a possibilidade de interação entre diferentes fontes do saber passando assim a ter uma visão coletiva da aprendizagem.

Palavras chaves: Cordel, Literatura Sergipana, Interdisciplinaridade.

INTRODUÇÃO

A interdisciplinaridade surge a todo vapor não como uma visão, mas como uma possibilidade real e concreta, tendo em vista que nasceu como resposta a reivindicação estudantil para existência de um ensino ligado as questões sociais. Assim como afirma Japiassú, a interdisciplinaridade é caracterizada pela presença de uma axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas e definida no nível hierárquico imediatamente superior, o que introduz a noção de finalidade.

Levando-se em consideração, que a presente análise é fruto de uma pesquisa de campo realizada no Mercado Municipal Thales Ferraz na cidade de Aracaju/SE; baseado nos diversos olhares dos profissionais das áreas: serviço social, fisioterapia, ciências contábeis, física médica, direito, design gráfico e administração, fazendo com que seja demonstrada a possibilidade de coexistência de todas essas áreas através da literatura sergipana e de cordel.

DESENVOLVIMENTO

Resende citando Bakhtin afirma que os gêneros do discurso comumente refletem a realidade social a que estão atrelados refletindo a mais ínfima mudança no comportamento social.

Os discursos textuais tanto de cordelistas, quanto da literatura sergipana não são diferentes, assimilam também os momentos e os elementos da prática social articulando com o contexto social a linguagem e a expressão estrutural de seus textos, relacionando - se com as mais diversas áreas.Embora a mudança na linguagem e nos atos dos cordelistas e dos escritores da literatura sergipana ocorram em conjunto com as mudanças sociais, infelizmente nem sempre essas são percebidas ou aceitas mantendo-se conceitos e idéias arcaicas sobre esses gêneros literários.

Tanto existe mudança nas construções textuais desses gêneros, em especial do cordel que os mesmos deixam de ser tradicionalmente romances contando histórias fictícias para passarem a tratar de temas ligados a várias áreas, explicando de maneira simples fatos complexos da vida social.

A vida social é constituída de práticas e redes de práticas sociais, e as práticas sociais são definidas por articulações relativamente estáveis entre os momentos dessas práticas. Assim como o contexto de distribuição foi profundamente modificado, também se modificaram as práticas de produção e consumo.

As transformações pelas quais passou o cordel são uma questão de como se articulam os momentos da prática e de que elementos da prática social são trazidos, articulados e internalizados. Uma definição cuidadosa do cordel deve, pois, atentar para os diferentes períodos de produção, e só pode ser feita a partir da observação das práticas discursiva e social em cada um dos períodos. O cordel é um tipo de literatura que retrata fatos históricos e situações atuais, tratando as questões sociais com uma linguagem popular. Preocupa-se em retratar a história como poesia, mas baseada em reais acontecimentos.

O cordel contemporâneo cumpre um papel social engajado com questões sociopolíticas atuais, o que se dá de duas maneiras principais: o comentário de fatos reais ocorridos no Brasil e no mundo ou, mais raramente, a narrativa sobre problemas contemporâneos, acrescentando-se sempre juízos de valor. A cultura de um povo representa as suas mais sentidas contradições, suas maiores emoções, seus grandes anseios de liberdade e suas buscas de conhecimento do mundo exterior e do seu mundo interior ou subjetivo.

Ela tanto pode ser um instrumento de conservação, como de transformação social. Dessa forma, um dos objetos da história cultural é identificar o modo como diferentes lugares e momentos de uma determinada realidade social é construída, pensada. No contexto atual, há uma necessidade muito grande de lidar com múltiplas linguagens, e na correria do dia-a-dia o homem tem-se robotizado.

Desse modo, as produções cordelistas têm inovado quanto aos temas, não com a mesma velocidade das mudanças sociais. Isso se explica pelo fato da literatura de cordel estar mais ligada a região Nordeste, onde as mudanças ocorrem num ritmo mais lento. Em virtude dessa mudança a literatura de cordel tem sido utilizada como ferramenta de ensino e aprendizagem de diversas áreas do conhecimento, apresentando assim um caráter educativo, tanto dentro como fora da sala de aula. Muitos dos versos descrevem trechos da História do nosso país ou mundial, leis, heróis, saúde, cidadania etc. Algumas das vezes o cordel é a forma mais acessível de conhecimento da população, sobretudo das classes menos favorecidas, tanto pelo preço quanto pela linguagem próxima do cotidiano destes indivíduos.

A literatura de cordel vem inclusive sendo utilizada em sala de aula para ensino de ciências. Pontua-se aqui acerca da utilização do cordel para o ensino de Física. Existem diversos trabalhos nessa área em que se utiliza a literatura de cordel. Encontram-se textos que versam sobre Albert Einstein, sua vida e suas teorias. Como por exemplo, "Einstein, Vida, Obra e Pensamentos", do Presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, poeta Gonçalo Ferreira da Silva. Como o próprio nome já diz, é uma obra que fala de um dos maiores gênios da humanidade, que muitas vezes não é conhecido pelo público leigo; o cordel tem assim o papel de fazer esta ligação da ciência com o povo.

Outro trabalho que chama bastante atenção é "O Ano Mundial da Física e o Papel de Sobral na Teoria da Relatividade", do poeta Eugenio Dantas de Medeiros. Esta obra torna próximo da população um acontecimento histórico, que consolidou uma das teorias mais importantes, a Teoria da Relatividade. Além de ser uma das teorias mais importantes, a relatividade possui, na sua comprovação algo pitoresco e bastante próximo de nossa realidade. Foi no dia 10 de novembro de 1919, no Ceará - Brasil, que uma equipe de cientistas, confirmou experimentalmente a teoria de Einstein.

Obviamente estes textos não são os textos principais para o ensino de tais disciplinas, são textos que vem a auxiliar e dar seu contributo no processo de dinamização do ensino e aprendizagem. O caráter mais regional aproxima o aluno do texto e vice versa. A facilidade de memorização também é uma poderosa ferramenta neste sentido.

Outro fato marcante é o tipo de impressão utilizada no cordel que é monocromática, diferenciando-se apenas na utilização de papel colorido em diferentes cores, amarelo, azul, verde dando assim o destaque na impressão das gravuras e do texto. É evidente um tipo de linguagem regional, com a utilização de palavreados regionais: ocê, pô, num sei, com o intuído de aproximar o leitor aos causos regionais que muitas vezes já significaram o primeiro contato do povo com as letras e que justifica assim o palavreado simples.

Do ponto de vista da semiótica podemos adentrar na representação sucinta de gravuras e objetos representativos do vocabulário nordestino em uma panacéia autentica utilizada pelo autor dos desenhos, a cosmovisão do desenhista limitasse a sua vivencia miraculosa. A proeminência deixa de ser discutida quando abordamos a arte interligada a educação, que o livreto representa para um povo em uma forma de demonstração simplória de cultura regional representativa.

Percebe-se então que assim como a estrutura comunicativa do cordel mudou, mudou também a maneira e principalmente o público para que ele seja comercializado. O cordel deixa de ter uma participação direta do público (Resende, 2006) e passa a sofrer uma mudança no seu eixo mercadológico. Deixa de ser comercializado em feiras e locais mais populares para ser comercializado em locais freqüentados por turistas que passam a ser o público alvo desse novo cordel.

Segundo Curran (1998,p.17) "A literatura de cordel é uma poesia folclórica e populares e raízes no nordeste do Brasil. Consiste, basicamente, em longos poemas narrativos chamados "romances" ou "historias", impressos em folhetins ou panfletos de 32 ou raramente 64 páginas que falam de amores, sofrimentos ou aventuras, num discurso heróico de ficção." , tal visão não mais se coaduna com a realidade cordelista, pode-se dizer que essa situação não existe mais ou que ao menos houve uma redução drástica no número de páginas dos livros de cordel e a grande maioria não consegue sobreviver unicamente de sua arte.

Tal situação foi facilmente verificada quando da realização da visita ao mercado para confecção do presente artigo.Com uma quase insignificante divulgação por parte de meios de comunicação, estas manifestações culturais ficam restritas a um público minguado, onde são comercializados em locais com estrutura física inadequada, sem grande retorno financeiro para os que comercializam. Os comerciantes não possuem empresa constituída e trabalham de forma autônoma como camelôs em espaço cedido pela FUNCAJU e EMSURB.

"Aqui nesta barraca ninguém tem prejuízo, porque ler não é prejuízo. Ler é cultura".

É assim que João Firmino Cabral chama as pessoas para conhecerem o que há de melhor em literatura de cordel no Estado. E quem por ali chega, encontra um vendedor diferente. Ele recita versos e conta histórias, com a sabedoria de um ancião e a alegria de uma criança. Além de fazer da venda dos "folhetos de feira" o seu meio de vida, há 46 anos ele faz do cordel a sua arte. Bastante premiado no país, o cordelista já recebeu prêmios inclusive das mãos do ilustre pernambucano Ariano Suassuna.

Pudemos ainda, observar e constatar em nossa visita ao Mercado Municipal de Thales Ferraz que este tipo de literatura no Estado, mesmo se tratando de uma cultura criativa, espontânea e muitas vezes de linguagem singular, é pouco procurada pelos sergipanos, o pequeno público que consome este tipo de cultura são turistas em visita ao mercado que ocasionalmente atentaram para as bancas de vendas de literatura já que não se existe um trabalho de divulgação do local de comercialização.

Em conversa com o cordelista João Firmino, o autor se queixa da falta de interesse pela literatura, em especial pela literatura de cordel. E culpa os meios de comunicação por isso: "Hoje o cordel não tem mais a afluência que já teve em sua época áurea. O povo tinha muito desejo de ler o livro. O livro era a diversão, a novela da época. Mas antes não existia a TV, e mesmo o rádio ainda tinha pouca expressão", contesta João Firmino. Para ele, até mesmo os estudantes lêem forçosamente. Se lerem, não o fazem porque gostam, e sim em troca de algum benefício concedido pelo professor.

A literatura sergipana está sendo tratada sem o mínimo de consideração pelo poder público. No mercado municipal Thales Ferraz, há um stand, ou melhor dizendo, um balcão próximo a uma das saídas, que abriga (o termo é esse mesmo) o comerciante José Rito, um apaixonado pela literatura sergipana. Trabalhador abnegado, ele conta que comercializa livros da nossa literatura, atendendo principalmente os turistas que comparecem ao local. Há várias obras expostas de artistas sergipanos e algumas de pernambucanos e paraibanos. Diversos temas compõem o acervo.

Prefeitura de Aracaju, apenas cobra mensalmente uma taxa de localização, pelo uso do espaço público. Não há uma estrutura que permita um bom comércio no local. Os livros são expostos de forma pouco convidativa. Não há iluminação adequada nem espaço para se folhear as obras. Há uma promessa do órgão fiscalizador (EMSURB), de instalação de uma estante com portas para abrigar as obras. Em frente ao balcão de livros, há um balcão onde se vende bebidas. Se um provável comprador de livro resolver ler algum trecho de alguma obra, mesmo em pé, encostado no balcão, descobrirá que é uma missão impossível. O barulho é ensurdecedor e há pouca ventilação, tornando a permanência no local uma missão para poucos. Por todos os lados há uma romaria sem fim de pessoas que entram e saem do mercado. Há ainda os bares e restaurantes que além de servirem refeições, proporcionam um tipo de música, bem popular e barulhenta.

Segundo José Rito, os autores lhe entregam os livros em um sistema de consignação, onde após a venda ele embolsa 30% do valor. Não há despesas com impostos, sejam eles municipais, estaduais ou federais. Na verdade, o comércio ali estabelecido funciona de maneira informal. Não há registro comercial de empresa, nem contratação de empregados.

Constata-se que a situação é similar em ambos os casos quanto à situação tributária, pois só é pago a taxa de localização e funcionamento – TLF, pois o produto comercializado é isento de imposto estadual, conforme Art. 2º do RICMS/SE. Não há a incidência de tributos federais porque ambos não têm empresa constituída.

Art. 2º O ICMS não incide sobre:

I - operações com livros, jornais e periódicos, e com o papel destinado à sua impressão, observado o estabelecido no § 1º deste artigo;

§ 1º A não incidência de que cuida o inciso I deste artigo não se aplica:

I - a papel:

a) encontrado em estabelecimento que não exerça atividade de empresa jornalística, editora ou gráfica impressora de livro ou periódico;

b) encontrado na posse de pessoa que não seja o importador, o licitante, o fabricante ou estabelecimento distribuidor do fabricante ou importador do produto;

c) consumido ou utilizado em finalidade diversa da edição de livros, jornais ou periódicos;

d) encontrado desacobertado de documento fiscal;

II - a livros em branco, riscados ou pautados ou destinados a escrituração ou preenchimento;

III - as agendas e todos os livros deste tipo;

IV - os catálogos, listas e outros impressos que não se destinem ao uso do encomendante.

Observa-se que a aquisição de lotes de compra do cordel, barateia os custos, fazendo com que o adquirente tenha uma maior liberdade de venda, e não fique atrelado a consignação do produto. Por ser um produto com um preço de venda acessível, desta forma conseguir-se-á ter um bom lucro nas vendas.

Para se complementar a renda, o vendedor de literatura sergipana, vende artesanatos, segundo o mesmo os sergipanos não buscam a leitura da sua cultura, e geralmente as aquisições das obras são feitas por turistas. Relata ainda que há meses que não se é vendido nenhum exemplar, por isto a necessidade da complementação da renda com outra atividade.

No stand de cordel, localizado próximo a saída norte do mercado, a situação não é diferente, João Firmino Cabral, um cordelista sergipano, comercializa cordéis expostos em uma tábua, presos com grampos de cabelo. A iluminação é precária e não há ao menos um balcão.

Unindo-se as dificuldades financeiras estão às deficiências da estrutura física, uma vez que como dito anteriormente não se pode falar que existe um lugar ideal e que tenha sido adaptado para proporcionar melhores condições de trabalho tanto aos cordelistas quando ao vendedor de literatura sergipana, condições estas que podem afetar diretamente a saúde daqueles que trabalham no mercado tanto com a literatura de cordel quanto com a literatura sergipana, sob um olhar de um fisioterapeuta ao aplicar-se a ergonomia que é a ciência que estuda a adequação do trabalho ao ser humano, buscando proporcionar conforto e saúde contribuindo para a melhoria de processos, produtividade, ambiente de trabalho, proporcionando uma melhor eficácia, percebem sérios problemas em relação ao ambiente de trabalho apresentado no mercado.

Algumas normas foram estabelecidas que permitissem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

A norma NR 17 é a responsável por regulamentar o mobiliário dos postos de trabalho. De acordo com esta norma, sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.

Para a realização do trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: (NR 17)

a) Ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;

b) Ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;

c) Ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: (NR 17)

a) Altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;

b) Características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;

c) Borda frontal arredondada;

d) Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.

Os lay-out dosespaços utilizados pelo comerciante José Rito e pelo cordelista João Firmino são inadequados e interfere ergonomicamente uma vez que precisam ser respeitados alguns aspectos como a adequação dos ambientes para uma melhor comercialização dos seus produtos. O primeiro expõe seus livros atrás de um balcão de alvenaria, sem espaço para uma boa movimentação, não possui assentos adequados para o conforto do comerciante, além de não possuir espaço onde as mercadorias possam ficar expostas permanentemente, tendo o mesmo que guardá-las e colocá-las em exposição todos os dias, o que acarreta uma grande sobrecarga de peso.

No caso do cordelista, o caso é um pouco mais grave, já que o mesmo não possui balcão e sim um stand de madeira de confecção própria, apesar de possui espaço para movimentação do corpo, pois não existe espaço limite; também não possui assentos adequados (foi observado cadeiras velhas e quebradas e bancos de madeiras), fazendo com que o Senhor João Firmino permaneça boa parte do tempo em pé; tendo também que guardar e expor sua mercadoria diariamente. Somando todos estes fatores, observa-se que tanto o Senhor José Rito como o Senhor João Firmino não possuem um espaço adequado e confortável para o seu trabalho diário.

Esta norma enfatiza, também, que todos os locais de trabalho devem possuir iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. O olho humano é considerado o receptor mais importante de informações, pois a maioria das nossas percepções ocorrem através da visão. A maioria dos trabalhos do homem exige muito da visão e pode-se inferir que parte da fadiga relativa ao trabalho passe pela sobrecarga dos olhos.

Ela estabelece que a temperatura efetiva do ambiente deva está entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus centígrados); a velocidade do ar não superior a 0,75m/s; e a umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. E que a acústica está relacionada com o nível de ruído em um ambiente. O nível de ruído aceitável para efeito de conforto está definido pela norma NBR 10.152. E para áreas de circulação, bibliotecas, áreas para uso do público, a variação de decibéis é de 40 – 55.

O valor inferior da faixa de decibéis representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa a nível sonoro máximo aceitável para a respectiva finalidade. Segundo Grandjean (1998) apud Tavares (2000), os ruídos afetam o desempenho do trabalho e prejudicam, freqüentemente, os trabalhos mentais complexos, além de determinadas produções que exigem grande destreza e a análise de informações.

Não foi observado nenhum fator ergonômico favorável, para proporcionar um conforto aos entrevistados, durante o trabalho, o que pode acarretar sérios problemas de saúde, tanto físicos como emocionais. O que pode ocasionar, em longo prazo, a diminuição da produtividade comercial devido a debilidade física dos supracitados.

De tudo acima descrita percebe que tanto a literatura de cordel, como a literatura sergipana estão interligadas mesmo que de maneira sutil em várias aparentemente estranhas a esse meio e o que se percebe ainda é que da falta de estrutura física a utilização do cordel dentro da educação existe uma forte ligação entre os problemas abordados das diversas áreas dos profissionais envolvidos com este projeto e o direito, uma vez que muitas das situações aqui descritas são ofensas diretas a direitos fundamentais garantidos constitucionalmente como direito a saúde, a educação entre outros.

Outro fato que atinge também o direito é a questão referente aos direitos autorais, em que pese a maioria das pessoas acharem no que diz respeito a literatura de cordel tratam-se de obras de domínio público, cabe aqui deixar claro que tal fato não coincide com a verdade uma vez que os cordéis devem obedecer as regras de direitos autorais, assim como qualquer obra autoral.

O que impede muitas vezes que os autores de cordel recebam um valor maior por suas obras, não é tão somente o fato do desconhecimento em relação aos direitos autorais destes, mas simplesmente em razão da cadeia que se forma muitas vezes de maneira imperceptível que se inicia com a falta de uma estrutura física que permita um ambiente agradável para venda, desencadeando por vezes sérios problemas de saúde por conta da má adequação do ambiente, impedindo que se venda o cordel e a literatura sergipana, o que diminui o ganho financeiro que acaba por dificultar o pagamento das taxas, influenciando diretamente na arrecadação tributária do município, área do direito tributário que por fim trazem problemas de ordem sociais dificultando muitas vezes a contratação de funcionários em função dos encargos trabalhistas que precisam ser pagos.

CONCLUSÃO

A interdisciplinaridade é a base para a construção do conhecimento global, irrestrito e capaz de se ampliar e de se renovar, por isso pressupõe romper com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos não seria suficiente, seria preciso.

Desta forma, buscamos um olhar sobre a integração e interação das atividades dos vendedores de Cordel e de literatura sergipana com as diversas áreas do conhecimento.

O cordel e a literatura sergipana vem no decorrer dos tempos tentando acompanhar as mudanças ocorridas dentro da vida social, vem criando novos espaços e mostrando sua capacidade de representar o pensamento de grupos variados.

Quando se chega ao mercado e se tem uma primeira visão do cordel e da literatura sergipana, não se consegue imaginar a possibilidade de ligação ou a existência de outras áreas de influencia dentro desses gêneros que fazem parte de seu conteúdo e se integram de tal forma que a simples mudança de conceito dentro de uma área causa uma reorganização em vários outros conceitos para que continue existindo uma integração de tal forma que um olhar menos avisado não consiga perceber a interligação existente entre tudo e continue a enxergar somente a individualidade de cada literatura.

A propriedade interdisciplinar do cordel é indiscutível, a sua pluralidade de idéias facilita a sua adaptação a qualquer meio ou comunidade tornando-se um meio muito fácil de organizá-lo em qualquer espaço seja educacional, social, administrativo,cultural, físico, criativo, até ligado as leis.

Por essa razão o retorno do cordel a sala de aula vem trazendo resultados positivos tendo em vista a possibilidade de trabalhar com visões de várias áreas, mostrando a vitalização desse gênero como ferramenta didática na educação, como citado anteriormente os cordéis que tratam de fatos da física.

Não só isso, com a modernidade vieram à facilidade na comunicação, com a "hibridização cultural" tem sido intensificado nos últimos tempos e o cordel vem recepcionando e integrando outros sistemas de informação trabalhando sua própria gramática e aliando aos seus próprios personagens.

E assim:

Literatura de Cordel
É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.
A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.
Ou pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Onde o título resume
O que diz a escritura;
É uma bela tradição
Que exprime nossa cultura.
Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.
A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.
Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.
O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra,
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e miséria,
Haja paz e harmonia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CURRAN, M. História do Brasil em cordel. São Paulo: Edusp, 1998.

LEMES, Cláudia Regina Lemes. Poesias de cordel como recurso interdisciplinar de ensino - aprendizagem nas séries iniciais no ensino fundamental. Professora Mestranda em Educação: Cláudia Regina Lemes.Universidade Braz Cubas de Mogi das Cruzes Departamento de Pós Graduação.

LIMA, Camila Calado LIMA. MOURÃO, João Paulo Santos. SAID, Gustavo Fortes. O menino João Hélio: do Jornalismo ao Cordel. Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI.

LOMBARDI, José Claudinei. Ética e Educação. São Paulo: autores associados, 2005).

MEDEIROS, Eugenio Dantas. O Ano Mundial da Física e o Papel de Sobral na Teoria da Relatividade. Cordel.

OLIVEIRA, Maria José. Benditos sejam - uma nova maneira de perceber a Literatura de Cordel. Artigo.

RESENDE, Viviane de Melo. Literatura de cordel: uma aproximação etnográfica ao gênero. Artigo.

SILVA FILHO, Wilson Seraine. SANTOS, Renato P. A literatura de cordel como texto auxiliar no ensino de ciências no Ensino Fundamental. Artigo.

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SILVA, Gonçalo Ferreira. Einstein, Vida, Obra e Pensamentos. Cordel.