Em um belo dia resolvemos comprar uma vaca. Fomos ao sítio de um vizinho chamado Arnaldo que tinha um grande rebanho e perguntamos sobre preços e raças que melhor se adaptariam ao nosso sítio e à nossa pouca prática no cuidado de animais de grande porte.

 

O Sr Arnaldo nos levou até o pasto para mostrar alguns animais e nos chamou a atenção uma vaca amarela, de raça Girolanda, bem gorda, grande e com chifres pontiagudos. Ele a chamava de “Serena” e ela obedecia ao seu comando vindo bem pertinho de nós.

Ele nos disse que ela era um animal dócil, que estava prenha do cruzamento com um touro da mesma raça e que, com certeza, daria a luz a um bezerro forte e produziria uns dez litros de leite por dia. Fizemos a compra e o Sr. Arnaldo entregou a Serena em nosso sítio.

Estávamos muito felizes com a chegada dela e providenciamos um estábulo todo arrumado com telhas de barro, cocho para água, cocho para ração, serragem no chão para não formar barro em dias de chuva.

 

Passados dois dias em que a Serena estava em nosso sitio ela fugiu por um vão existente na cerca e nós saímos à sua procura.  Fomos encontrá-la pastando junto ao rebanho do Sr Arnaldo.

Foi neste dia que descobrimos que ela não poderia ficar sozinha em nosso sítio e que precisaria de companhia, pois do contrário ou ela fugiria ou entraria em depressão. Compramos então uma novilha a quem chamamos de “Samantha” e juntas, pastavam o dia todo. Uns três meses depois a Serena deu cria e nasceu um bezerro a quem demos o nome de “Simão”.

 

A Serena produzia tanto leite que tivemos de aprender a ordenhá-la para tirar um pouco para o nosso consumo deixando todo o restante para o bezerro que até espumava quando estava mamando. Com o leite tirado nós fazíamos queijo, coalhada, manteiga, iogurtes, além de bolos, tortas, vitaminas. Era um leite grosso, forte, viscoso, puro e saudável.

 

Um belo dia, logo pela manhã, nós fomos tirar o leite da Serena, como de costume, e percebemos que ela estava brava e queria nos dar chifradas. Não sabíamos o motivo de sua braveza e passamos então uma corda em seu pescoço para que ela pudesse ficar mais quieta e nós pudéssemos assim ordenhá-la.

 

Quando começamos a retirar o leite, ela deu um coice e saiu desembestada correndo pelo pasto. Eu agarrei a corda que estava em seu pescoço na inútil tentativa de tentar segurá-la.

Foi a primeira vez que eu fiz esqui no pasto, pois fui arrastada de barriga no chão por vários metros, até que consegui finalmente soltar a corda. Hoje, temos outras vacas em nosso pasto, porém todas são mais calmas do que aquela vaca chamada Serena.