A Copa do mundo de 2014 no Brasil tem gerado muita polêmica em torno das construções dos estádios, no que diz respeito à seus preços , viabilidades e utilidades, principalmente no pós-copa. O que será feito após esta utilização? Vale tanto o investimento de uma reforma ou construção de um estádio que, em sua maioria, será utilizado apenas para um evento de um mês, alguns jogos?  O que ficará de herança? Em meio a tantas disputas, discussões e falcatruas, visíveis, invisíveis e iminentes, o tema da sustentabilidade entra em jogo trazendo ao menos um benefício para o pós-copa.

Em Minas Gerais, o governo do estado vem pensando de uma maneira promissora, vem pensando de forma sustentável. Não é só em Minas. Existe uma grande tendência e inclinação para que haja uma “copa verde” em 2014, mas por enquanto, apenas Minas Gerais tem algo concreto estipulado a respeito.

O projeto do novo Mineirão, que já começou a ser reformado para a copa do mundo, envolve entre outras modificações, a construção de sua cobertura com material captador de radiação solar, as chamadas placas Fotovoltaicas (formadas por células fotovoltaicas).  Energia Solar Fotovoltaica, como diz a palavra (foto = luz, voltaica = eletricidade) é uma fonte de energia renovável obtida pela conversão de energia luminosa em energia elétrica.  No caso, luz do sol.

As células fotovoltaicas são feitas de materiais especiais chamados de semicondutorescomo o silício, que é o mais comum. Basicamente, quando a luz atinge a célula, uma certa quantidade dela é absorvida pelo material semicondutor. Isso significa que a energia da luz absorvida é transferida para o semicondutor. A energia arranca os elétrons fracamente ligados, permitindo que eles possam fluir livremente. As células fotovoltaicas forçam os elétrons livres, pela absorção da luz, a fluir em um certo sentido. Este fluxo de elétrons é uma corrente, e pondo contatos de metal na parte superior e na parte inferior da célula fotovoltaica, podemos drenar esta corrente para convertê-la, armazená-la e usá-la externamente. 

casas a venda em Barueri

O novo Mineirão terá sua cobertura toda revestida com placas solares, fazendo com que ele mesmo gere a energia que irá consumir, e a energia excedente, poderá ser utilizada para levar eletricidade às casas vizinhas.  Porém, ainda não foi pensada a forma com que essa energia será comercializada.

A Companhia Elétrica de Minas Gerais, a CEMIG, planeja investir R$ 2,7 milhões em ampliações e adequações de suas redes elétricas na capital mineira até 2014, sendo R$ 1 milhão deste orçamento destinado às obras da parte elétrica do Mineirão e do ginásio poliesportivo Mineirinho, incluindo o projeto de geração a partir da energia solar. Posteriormente, com uma segunda planta geradora de energia solar no ginásio, o número de residências que serão beneficiadas subirá para 1.500.

A capacidade de energia instalada no Mineirão será de 1 mil quilowatts e uma produção calculada de 1.200 (Mwh) megawatts/hora, o suficiente para alimentar mais de 700 casas à venda em Belo Horizonte. Para se ter uma idéia, uma TV Lcd de 42” consome uma média de cerca de 33 Kwh e o consumo médio residencial brasileiro é de cerca de 157,2 KWh por mês. 

casas em Barueri

Essa iniciativa já deu certo em outros países como, por exemplo, nos Jogos Mundiais de 2009 (que inclui modalidades esportivas que não são praticadas nem nas Olimpíadas, como, por exemplo, boliche, rugby e paraquedismo) em Taiwan. O estádio nacional situado em Kaohsiung, comporta 55.000 pessoas e é totalmente abastecido por energia solar. O estádio sustentável possui 14 mil metros quadrados de cobertura e, cada centímetro, coberto por painéis solares. Os 8.844 painéis produzem eletricidade suficiente para acender as 3.300 luzes do estádio e fazer funcionar as duas imensas telas de TV que ele possui. Com um custo de 150 milhões de dólares, o estádio pode, potencialmente, produzir cerca de 1.14 Gwh por ano, energia suficiente para abastecer cerca de 80% das casas vizinhas.

O maior estádio solar de futebol do mundo, é o Stade de Suisse Wankdorf, fica em Berna, na Suíça e tem capacidade para 32 mil pessoas. Com 10.738 células solares (1.346.774 kWp de potência),  a planta completa produz um rendimento anual de energia de 1.134 Gwh e economiza na emissão de 630 toneladas de CO2 por ano.

Em todos os levantamentos e estudos feitos no campo da energia solar, é unânime que o Brasil é um dos países com mais potencial para utilização dessa energia limpa devido à constante exposição ao sol durante todos os meses do ano. Podemos dizer que somos privilegiados com a possibilidade de utilização, não apenas desta, mas de muitas outras fontes de energias limpas e renováveis. A “copa verde” ainda é apenas uma hipótese, mas já que as torneiras do dinheiro público já foram abertas, o mínimo que deveria ser feito, era padronizar esta utilização em todos os novos estádios pra Copa, para deixar ao menos uma herança para a população local, tendo em vista que muitos estádios serão construídos em locais onde não existe uma movimentação, uma utilização constante de um estádio de futebol. Como em Cuiabá, que possui a quarta pior média de público entre os times que disputam as 4 divisões do futebol nacional.

A copa já vem trazendo mudanças, como por exemplo, no setor imobiliário. Muitos imóveis ao redor de estádios que irão participar da copa, já estão subindo de valor, como é possível notar em buscadores de imóveis como, por exemplo, o nestoria.com.br, entre outros.