UM POUCO SOBRE O VOLUNTARIADO NO BAIRRO BOA ESPERANÇA

 

 

 Antes de escolher o assunto, pesquisei e conversei com várias pessoas sobre diversos temas, porém nem um havia me tocado como o da pessoa que é voluntária,  um trabalho onde não esperam nada em troca, intuito de cada um é ajudar o seu semelhante no que pode, tentar dar as pessoas que necessitam um pouco de apoio, compreensão, e tentar repassar a elas um pouco daquilo que sabem.

Talvez esteja se perguntando o que este trabalho tem a ver com o que pediu não é? Nada e tudo, o nada porque talvez não seja aquilo que a professora queria e tudo porque onde pesquisei e conversei o foco e principal importância no trabalho destas pessoas é a “criança”.

O nome da voluntária que escolhi para participar da minha pesquisa é a Denise Garcia Cavini, ela é formada em Administração de Empresas e na maior parte de suas horas vagas incluindo finais de semana é trabalhar como voluntária, este trabalho já vem sendo feito deste 1998. Além de trabalhar aqui no Centro Espírita, Denise me disse que é voluntária deste que se conhece por gente, pois já trabalhou em Apae, Clínica Psiquiátrica, Asilo de Idosos, Orfanatos, Hospital do câncer ela me disse-me que está no sangue, que se sente bem com este tipo de trabalho.

O Bairro que escolheram e que já até compraram uma casa para ser a sede é conhecido como “Posto de Assistência” é no Jardim Boa Esperança, onde ela  disse que 80% das pessoas que vivem no Bairro tem uma grande carência cultural e de moralidade, onde predomina o materialismo, onde matam apenas por matar, batem nas esposas, é grande o número de abortos, a média do salário é muito baixo onde trás também a bebedeira, brigas, etc.

Logo que iniciaram este trabalho no Bairro, começaram por cadastrar as famílias mais carentes, visitando suas casas, fazendo amizades com estas pessoas, verificavam se os filhos tinham registro caso não providenciavam, pois o grande número de crianças sem registro no Bairro é grande e assim por diante.

Um dos trabalhos que predomina lá são as palestras sobre prostituição, pois uma boa parte das mulheres se prostituem para trazer o pão de cada dia para casa, elas falam quais as conseqüências que este tipo de “trabalho” pode trazer, também sobre alcoolismo, até mesmo sobre higiene, e todos os tipos de vícios, elas pesquisam e aquilo que mais pesa é trabalhado com as mães.

A média de filhos no Bairro é de 05 filhos por família, então ajudam como podem com cestas básicas, remédios, até que a pessoa arruma um trabalho.

Ela me disse ainda que uma das dificuldades em trabalhar com pessoas carentes é que acham que você vai resolver todos os seus problemas, e nosso trabalho não é este e sim dar a vara para aprenderem a pescar, passando ainda um pouco de educação, cultura, respeito entre a família, para que possam se levantar e poder prosseguir sozinhos.

Eles ainda trabalham com alfabetização com as mães, reforço para as crianças, tudo feito por uma pedagoga, já conseguiram alfabetizar um grande número de pessoas.

Denise me contou que já conseguiram evitar abortos com este trabalho de orientação e de palestras, suicídios de mães, ela já teve que correr para o PA levando mães que apanharam do marido e estava jogada numa cama.

    Num destes momentos de conversa ela me disse que na grande parte do tempo o trabalho no Bairro é uma incógnita, porque nunca sabem o que pode acontecer, e que para prevenir elas batalham em cima das palestras, e que este ano é trabalhado todos os tipos vícios.

Elas tentam explicar para estas pessoas que elas podem ser uma pessoa melhor sem ter que agredir seu próximo, que o objetivo do trabalho que fazem no bairro é fazer com que cada um fazendo um pouquinho pelo outro possam assim fazer um mundo melhor, a começar por respeitar seus semelhantes.

Trabalham com as crianças de 0 a 12 anos ensinando também todos os princípios de 6respeito um ao outro, de ajudar o colega no que pode ensinar a repartir o que tem, reforço para aqueles que estudam.

Com a ajuda do Rotary estão fazendo um trabalho com as crianças desnutridas, pois com a colaboração de uma nutricionista e uma pediatra fizeram um cardápio com leite, carne, etc.. assim montam uma cesta básica que é distribuída entre 26 famílias que tinham crianças abaixo do peso o que já vem tendo um bom resultado.

Cada um pode ajudar como pode como cestas básicas, mensalidades, podem doar o que puderem.

Denise me disse ainda que é através das crianças que elas já estão vendo mudanças até consideráveis dos pais, me disse que os próprios pais vão lá falar que mudaram por causa dos filhos, é todo um trabalho voltado para a criança com a ajuda de uma psicóloga, elas acreditam que as crianças podem fazer muitas coisas mudarem, que é através delas que pode ter um mundo melhor.

Denise finalizou me falando que o objeto principal de seu trabalho é fazer com que crianças e adultos que participam no Bairro é ter equilíbrio, respeito, fraternidade ao próximo, de resignação perante as dificuldades, tentar melhorar a qualidade de vida não só material mais de harmonia, equilíbrio de moralidade.

E que qualquer pessoa pode ajudar o próximo da maneira que puder. E que o trabalho de voluntariado nada mais é do que boa vontade, de você ajudar naquilo que está ao seu alcance, dentro de suas possibilidades, não querer ser o salvador do mundo, carregando bandeira ou mesmo brigar com todo mundo achando que você está certo, é fazer as coisas animadamente para o seu bem estar e para o bem estar do outro.

E que o mundo está ai para a gente ajudar, basta querer.

Sem sombra de dúvidas é um trabalho bonito, mas que exige tempo, dedicação e muita persistência o trabalho que elas fazem no Bairro é de tirar o chapéu, as mudanças estão ocorrendo gradualmente, afinal trabalhar com a miséria, com pessoas deprimidas, que não tem sonhos, vontade de mudar não é fácil.

Admiro a Denise e as outras pessoas envolvidas com as famílias no Jardim Campo Verde e todos os outros voluntários que estão nesta luta não sei se conseguiria ter toda esta dedicação, pelo menos este trabalho serviu para mim olhar com mais carinho o meu próximo e assim quando for lamentar por coisas tão pequenas pensar que existem pessoas com problemas muitos maiores.